Conversa na porta de casa

Por GESIEL MARCONE MEIRA SANTOS | 24/06/2015 | Crônicas

É comum nas cidades do interior, pessoas se sentarem à porta das suas residências para conversar sobre os variados assuntos, inclusive com uma dose de fofoca sobre a vida alheia. Esta conversa se dá principalmente entre moradores mais adultos ou de idade mais avançada. Cumpre salientar que isso se configura um meio de comunicação e troca de ideias interessantes e relaxantes para os que dela participa. E qual seria a hora do dia para este amistoso encontro? Ah amigos, de preferência no finalzinho da tarde. Quando a noite jáoferece seus primeiros avisos de que o dia esta se rompendo.

Em um dia destes chamaram-me para participar destemomento de tranquilidade e de um bate-papo descontraído. Era eu; um primo da minha amiga, Darlene; a dona da casa, senhora Joana; um vizinho; o dono da casa, senhor Rogério; Dr Rivaldo, homem de boa cultura, médico conhecido da cidade, era uma espécie de cabeça pensante do grupoe um jovem bem falantetodo metido a culto,sempre achava uma saída mirabolante para suas histórias como se soubesse de tudo. Este jovem comunicativo era o Ricardo, que amava histórias de pescador, gostava de jogarfutebol e de trabalho no campo. Lá pelas tantas, ele tocou em um assunto que intrigou todo mundo: Eledisse que havia conhecido uma moça linda á qual namorou, por nome Rosemeire.

- Ricardo, você tem certeza disso? Aqui na cidade não tem nenhuma senhorita com esse nome que você citou, disse seu Rogério.

Mas existia sim...

- O nome dela é Rosemeire. Ah Doutor não tenho culpa se mulher bonita só aparece pra mim aqui. Disse Ricardo todo presunçoso...

- E como você prova que teve este caso com ela? Perguntou o Doutor Ricardo...

- Era trabalha com o tio dela e foi embora... No fim das contas só deixou comigo a solidão, a tristezae a saudade. Desconversou o rapaz. E todos ali fingiam que acreditaram.

Para minha surpresa, essa era o nome da garota que eu estava namorando. Mas não falei nada... No outro dia falei com ela e a mesma informou quefoi uma brincadeira do Ricardo, fiquei então mais calmo.

Na verdade eu nunca fui muito afeito a estas conversas de porta de casa, contudo, tentava me entrosar. Eu procurava não ficar para trás, tentando lembrar-me de fatos do cotidiano, noticias ou alguma piada... O interessante que muitas destas vezes que eu participava destes momentos presenciei situações que aconteciam na rua em frente à casa que eu estava. Seja na minha casa ou na casa de um amigo, tais como: Briga de um casal de namorados que, infelizmente, um de nós teve que intermediar; um garoto que caiu da bicicleta; garotas que passavam que passavam com saias ou shorts tão curtos que chamavam minha atenção e a última de que me lembro  foi a residência do vizinho da frente que começou a pegar fogo devido a explosão de botijão de gás. Foi preciso chamar o corpo de bombeiros, por sorte ninguém se feriu gravemente.

Mas não é que o destino se mostrou a meu favor? Eu perdi um pouco a vontade por estes momentos, me isolando paulatinamente dos amigos. Uns dois meses depois que terminei o namoro com Aline, estava eu andando por uma das ruas que davam acesso à orla da cidade, dei uma olhada para o lado, onde havia pessoas conversando, observei uma linda moça que parecia estar com pensamento distante, mas por questão de segundos olhou pra mim também... Não tive coragem de parar para falar com ela. No dia seguinte descobri que ela morava lá e no mesmo horário estava lá ela de novo. Consegui o número do celular dela, a convenci para sair comigo e começamos a namorar. 

Nunca mais me esquecerei deste momento, destas conversas, pois resultou numa grande felicidade para mim, afinal, estou com ela até hoje. O nome dela? Aline Moreira! Você também já participou desses momentos ou se comunica só pelos meios virtual e celular? Seja como for não podemos de deixar de comunicar com nossos parentes e amigos sempre que puder!...