Contribuições didácticas para potenciar a Educação Pré-escolar em Angola (parte 1)

Por Mesac Catombela | 29/05/2018 | Educação

Autor: MSc. Mesac Catombela1

Resumo:

O presente artigo teórico aborda a Educação Pré-escolar (Iniciação), precisamente na sua classe terminal em Angola, de acordo a Lei de Bases do Sistema de Educação, de 31 de Dezembro de 2001, revogada pela Lei 17/16 de 7 de Outubro.

A abordagem do autor funda-se sob a perspectiva do Enfoque sócio-histórico e cultural, pondo em evidência o objectivo integrador como base da formação de competências nos níveis do saber, saber-fazer e saber-ser.

São discutidos os componentes didácticos (programa, objectivo, avaliação, papel do professor e aluno, etc.) por formas a se estabelecer uma concepção didáctica dinâmica para lograr melhores resultados na classe de Iniciação e, claro, na Educação Pré-escolar.

O autor conta com uma experiência no Ensino Geral em Angola de quinze anos, não obstante, para a cientificidade que se impõe, aplicar a observação científica para a constatação do problema; a Dinâmica Grupal para aproximar os agentes escolares ao objectivo estabelecido, para a objectivação do problema e discussões de possíveis soluções; a Revisão Bibliográfica e o Método sistémico – estrutural para a fundamentação epistemológica e desenho da estratégia didáctica e o Critério de Experto pela metodologia de preferência para validar a fatibilidade e pertinência das contribuições.

Tendo colectado os resultados, analisados (pela Inferência Matemática), é a considerar que a aplicação dos Recursos Didácticos de forma dinâmica e sistémica nas actividades de Comunicação Linguística e Literatura Infantil, os jogos didácticos orientados aos temas das habilidades a serem desenvolvidos nas áreas de conhecimento indicado no programa escolar; a exploração e a resolução de problemas são determinantes para um Pré – escolar de excelência.

Palavras-chave: Educação Pré-escolar, Formação de habilidades, Didáctica Participativa.

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1 É mestre em Didáctica Participativa e Director Pedagógico do Instituto Politécnico Epatuluko do Huambo em Angola. Contactos: (+244) 924436054, mcatombela@gmail.com. É investigador Pedagógico e Social e membro da Rede Internacional de Investigadores da Ciência e da Técnica. Tem publicado diversos artigos e livros científicos.

INTRODUÇÃO

O Ensino Pré-escolar em Angola é a primeira etapa da educação básica, de acordo ao actual contexto educativo, visa o desenvolvimento equilibrado de todas as potencialidades da criança, proporcionando-lhe oportunidades de socialização e autonomia, preparando-a para uma escolaridade bem sucedida e constituindo apoio importante as famílias na sua tarefa educativa.

O Pré-escolar é o alicerce da educação, cuidando da primeira infância, numa fase da vida em que se devem realizar as acções do condicionamento e de desenvolvimento psicomotor segundo Augusta Cláudio (2011, p.5)

Para Regina Sebastião Undolo1, o ensino pré-escolar é tão importante por ser nessa faixa etária, dos 2 aos 6 anos, onde as crianças aprendem a socializar, aprendem sobre cidadania, a respeitar, saber comunicar, onde vão saber diferenciar entre si e sobre a diversidade, etc.

A Educação Pré-escolar, definida pelo INIDE (2011, p.7), aquela que é oferecida antes da escola, aquelas habilidades que preparam a criança para o ensino obrigatório.

A Enciclopédia Técnica da Educação define, Educação Pré-escolar aquela que consiste na acção educativa sistemática sobre a criança de 2 a 6 anos.

Segundo Montenegro (2001, p.40) a Educação Pré-escolar é aquela onde se articula de forma harmoniosa a função de educar com a função de cuidar de crianças.

Faz sentido no conceito de Montenegro conciliar harmonicamente a educação e a experiência social que a criança enfrenta no Pré – escolar sabendo que é a experiência mais estendida de socialização que a criança enfrenta depois daquela com a família. Não descurando o jogo, actividade reitora nesta faixa etária.

A Educação Pré-escolar como ponto de partida a Educação Escolar onde inicia o processo de socialização da criança, a exploração do meio circundante, sua relação com conceitos cognoscitivos, é fundamental haver maior atenção nos pontos (estrutural, funcional e metodológico) da formação do indivíduo.

Assim, entende-se por Educação Pré-escolar o processo formativo da criança com competências através da acção didáctica, dinâmico – participativa em função dos objectivos estabelecidos, onde se propicie um ambiente inclusivo e interactivo em que as actividades concorram para a promoção da colaboração e cooperação e os resultados educativos motivem os intervenientes à realização pessoal e solidez do processo.

O Estado Angolano tem envidado esforços para galvanizar as Instituições e agentes que tutelam o Ensino em Angola no sentido de ver melhorado a qualidade de Ensino como se reconhece no Discurso de Abertura do Ano Lectivo 2018, no Namibe, proferido por Sua Excia. Sr. João Lourenço quando assume que "a Educação é a via incontornável para a formação do homem… para uma vida mais plena e interventiva na sociedade."

 Ademais, no Conselho Nacional da Educação 2018, o Executivo apresentou a sua aposta na melhoria da qualidade da Educação e Ensino, assumindo o aumento de 20 por cento do OGE para a educação que representa o triplo daquilo que hoje é oferecido ao Sector. Segundo pronunciamento do Vice-Presidente, Dr. Bornito de Sousa.

Como é óbvio, o Executivo está preocupado com a melhoria da Educação e Ensino em Angola, não obstante, responder as exigências de fórum administrativo, cabendo aos professores e investigadores, as soluções didáctico-metodológicas.

A situação actual da Educação Pré-escolar em Angola carece de cuidados e redimensionamento sério e urgente. Em seguida, apontam-se algumas insuficiências, debilidades e fracassos na ordem: Instituições, Professores, Famílias.

Instituições

  1. Falta de instalações propícias para um bom funcionamento das turmas da Iniciação (número elevado de alunos por turmas); escassez de material didáctico, falta de assistência médica e medicamentosa, etc.
  2. A falta de cantinas escolares/capacidade financeira para oferecer pequeno-almoço aos alunos/filhos faz com que as actividades lectivas cessem às 10H00, prejudicando fortemente o processo.
  3. Insuficiências na contratação de vigilantes de infância para ajudar no seguimento das actividades lectivas.
  4. Falta de conciliação e harmonização de Metodologias nas várias instituições que tutelam o Pré – escolar (Creches, Centros infantis, Escolas Primárias, etc).
  5. Ausência de Estratégias Didácticas para os alunos lerem, desenvolverem o pensamento e viverem experiências significativas na escola para sua felicidade.
  6. Falta de homogeneidade do programa curricular com o extracurricular.
  7. O perfil de saída não é determinado com os pressupostos didácticos requeridos nem são postos em conta pois que pais e encarregados de educação prescindem deste ciclo de aprendizagem, comprometendo grandemente o alcance dos objectivos do ensino básico obrigatório.

Professores

  1. Falta de Metodologias próprias para o tratamento efectivo e exitoso dos temas de acordo às áreas de conhecimento desta classe.
  2. Insuficiente concepção didáctica que atrasa/debilita/anula desenvolver aprendizagens significativas. As fichas usadas como material de apoio ao tratamento dos conteúdos são precárias,
  3. Dificuldades na organização e direcção do trabalho em equipa/grupo, falta de estratégias didácticas para o tratamento da representação matemática, dificuldades em orientar e promover valores cívicos e morais por falta de metodologias e programas específicos de educação a cidadania, etc.
  4. Falta de literatura específica para elevar os conhecimentos dos professores com metodologias, estratégias e outros para um óptimo desempenho do trabalho docente.

Família

  1. Pouca participação dos pais nas actividades escolares com seus filhos
  2. Incapacidade na prestação alimentar no período lectivo.
  3. Insuficiente acompanhamento nas actividades lectivas dos alunos em casa.
  4. Ausência de um Programa Nacional de Educação dentro das famílias que orienta de forma metodológica os pais e encarregados de educação na direcção da educação familiar.

Os elementos apontados são reais e debilitam de forma decisiva a Educação Pré-escolar em Angola. Aquando do encerramento do Conselho Nacional da Educação em Angola 2018 a organização (Ministério da Educação, pela voz da Ministra) fez conhecer que o insucesso da Reforma Educativa (2003 – 2016) deveu-se a qualidade dos professores angolanos.

Diante desta realidade, elaborou-se o presente artigo para servir de um instrumento de análise, consulta e material de discussão nos vários ciclos de formação de professores, centros de investigação, professores, etc.

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