CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

Por Maria Madalena Lemos | 22/08/2019 | Educação

Contribuição da psicomotricidade para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.

MARIA MADALENA LEMOS

RESUMO

A psicomotricidade é uma das principais técnicas que está relacionada com o processo ensino aprendizagem, contribuindo no desenvolvimento pleno das crianças nas primeiras etapas de educação sistematizada nos espaços escolares. O estudo e a forma de aplicação desta técnica são comprovados por diversas fontes científicas, que afirmam as vantagens que são adquiridas por esta ferramenta. O trabalho em questão relata possíveis contribuições da psicomotricidade no desenvolvimento e aprendizagem das crianças nas primeiras etapas da escolarização. Para o presente estudo foram realizadas leituras exploratórias e interpretativas dos materiais bibliográficos pesquisados, após foi realizada a seleção qualitativa do material.

PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade. Desenvolvimento do Corpo. Movimento.

 INTRODUÇÃO

Este trabalho propôs ressaltar como a psicomotricidade pode contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem da criança nas primeiras etapas de escolarização. Existe uma grande preocupação do sistema educacional no geral em desenvolver o cognitivo da criança e esquecendo-se de que ela é um ser em movimento. Portanto o educador precisa conhecer novas técnicas de aprendizado através da utilização de brincadeiras e jogos, que podem gerar um grande impacto no desenvolvimento psicomotor da criança, trazendo grandes benefícios.        

O objetivo geral desta pesquisa é relacionar a possível contribuição da psicomotricidade no desenvolvimento e aprendizagem das crianças nas primeiras etapas da escolarização. Os objetivos específicos deste trabalho foram: compreender a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento e aprendizagem na educação, tendo como referência as atividades desenvolvidas em contexto escolar, educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental; apresentar aspectos teóricos sobre a contribuição da psicomotricidade para o bom desenvolvimento e a aprendizagem da criança.

A psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do esquema corporal, incentivando a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio de atividades as crianças, além de se divertir, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. A educação psicomotora contribui para o processo de aprendizagem do educando, propiciando um enriquecimento cognitivo, preparando-o para diversas habilidades através de atividades de movimento. Tem ainda a finalidade de auxiliar no desenvolvimento físico, mental e afetivo do indivíduo, com o propósito de um desenvolvimento sadio.

É importante assegurar o desenvolvimento funcional da criança e auxiliar na expansão e equilíbrio de sua afetividade, através da interação com o ambiente. A psicomotricidade ajuda a criança a viver em grupo, pois nos exercícios e atividades lúdicas as crianças devem respeitar regras e fixar comportamentos para participar das brincadeiras e jogos. Cada uma com o tempo passa a fixar e compreender rapidamente que o desrespeito às regras torna o jogo ou brincadeira impossível ou injusta e, por esse meio, aceita mais facilmente as regras da vida social. O conhecimento das partes do corpo depende do meio, da educação, da aprendizagem e do exercício, e o melhor instrumento a ser utilizado seria o próprio corpo, sem qualquer outro material.

HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE E CONCEITOS

Foi em um longo caminho, de milhares de anos, que o homem construiu sua corporeidade. O homem representa, ele próprio, diante da natureza, o papel de uma força natural. Ele põe em movimento, por meio de suas pernas, braços, cabeça e mãos, as forças de que é dotado e se apropria das matérias para lhes dar uma forma útil à sua vida. Foi assim que construiu sua corporeidade e, por isso, pode-se afirmar que a formação dos cinco sentidos externos faz parte da história da humanidade.

A explicação da criação das atividades corporais se relaciona ao caráter dos processos.         Os estudos da psicomotricidade estão relacionados com os estudos do corpo humano, onde no século XIX começou aparecer nos discursos médicos os termos psicomotricidade que existiam com relação às deficiências psicológicas e deficiências motrizes.

            Botelgo expõe que:

A partir do século XX, a psicomotricidade começou a ser utilizada como prática independente e terapêutica para reeducação de deficiências motoras, já que a reeducação estimula as ações psicomotoras que, por algum motivo, tiveram um deficit em seu desenvolvimento (Botelle, 2016, p.10).

 

            No começo os estudos sobre a psicomotricidade eram mais voltados para as patologias, porém as contribuições de vários especialistas foram responsáveis para a evolução do tema, levando a ciência para o campo do desenvolvimento. Se destacam: Wallon, Piaget e Ajuriaguerra.

            De acordo com Botelle (2016) o filósofo, médico e psicólogo, Henri Wallon contribuiu com seus estudos para o tema e seus trabalhos foram pontos determinantes para o desenvolvimento da ciência. Wallon afirma que a emoção está ligada, ao mesmo tempo, ao comportamento tônico, transformações de atitudes e reações musculares, e procurou comprovar as leis dessas ligações. Também, foi responsável com seus estudos para o desenvolvimento de técnicas para curas de problemas motrizes, pois levava em consideração a relação psicomotora com a emoção e a afetividade.  

            Segundo Fonseca:

Podemos acrescentar que Wallon conseguiu construir todo um corpo  teórico sobre a motricidade, de alto significado psicológico. Foi dos primeiros a confirmar o seu interesse e a sua contribuição para o desenvolvimento mental da criança. Toda a sua obra mostra claramente a significância do movimento e as suas alterações ontogenéticas. Em Cada um dos estados do desenvolvimento, o movimento assume uma importância cada vez maior. Nos primeiros meses, a agitação orgânica e a hipertonicidade, global caracterizam uma atividade rítmica essencial que progressivamente se vai abrindo, permitindo as primeiras relações afetivas e emocionais com o meio ambiente, a que a que o autor chamou estado impulsivo, caracterizado por descargas ineficientes de energia muscular, espasmos, estereótipos  e gestos desordenados(Fonseca,1983,p.18).

O desenvolvimento para Wallon é um processo pelo qual a pessoa passa de um estado de profundo envolvimento com o meio e no qual não se distingue e passa a se reconhecer como diverso dele, ou seja, desenvolver é se enxergar em oposição ao meio. Esse desenvolvimento ocorre com a sucessão de estágios, oscilando entre a afetividade, na busca da construção do eu, e a razão (inteligência/cognição) como forma de entender a realidade, acontecendo de forma constante, mas não de forma linear e fixa podendo ainda assim existir retrocessos. Esses retrocessos não fazem com que o que foi adquirido seja suprimido, mas um amplia as competências adquiridas pelo outro.

Completando esse pensamento, Nascimento (2004, p.51) indica que “a descrição das etapas evidencia o que Wallon denomina princípios funcionais – integração, preponderância e alternância-, que definem o desenvolvimento como um processo descontínuo, marcado por rupturas e crises”.

O primeiro dos estágios, segundo Wallon, é o impulsivo emocional que abrange o primeiro ano de vida, quando o bebê não sabe diferenciar o que é ele e o que é o mundo. Nesta fase, ocorre a predominância da afetividade a qual orienta suas primeiras reações, sendo que as relações com mundo físico se dão a partir das emoções, sendo a motricidade a expressão delas. Há a afetividade impulsiva, emocional, que se nutre pelo olhar, o contato físico expressando-se pelos gestos, mímicas e posturas.

Seguindo tem-se o estágio do sensório-motor e projetivo que vai até os três anos de idade, onde o interesse é voltado para a exploração sensorial e motora do mundo físico, o que está pensando projeta em atos motores, vai fazendo e pensando ao mesmo tempo, ocorrendo o desenvolvimento da função simbólica. Assim, o cognitivo dá margem ao ato motor, a ideia que a criança tem, ela projeta.
O estágio do personalismo abrange dos três aos seis anos de idade, cuja tarefa principal é a formação da personalidade. A criança tenta se compreender e compreender o mundo. A afetividade incorpora os recursos intelectuais, a chamada afetividade simbólica, se expressa por palavras, ideias.

O quarto estágio é o categorial. Por volta dos seis anos de idade, o cognitivo auxilia na entrada do mundo da alfabetização, avanços no cognitivo que dirigem o interesse das crianças pelas coisas, para o conhecimento e conquista do mundo externo. No plano motor os gestos são mais precisos, elaborados mentalmente com previsão de etapas e consequências.

O último estágio é o da Adolescência, que traz questões pessoais, morais e existenciais, pergunta quem sou eu enquanto pessoa no mundo. Iniciada pela puberdade, com as mudanças hormonais. A afetividade encontra-se mais elaborada, mais racionalizada, os sentimentos são elaborados no plano mental, com isso os jovens teorizam sobre seus sentimentos.

A motricidade na obra de Piaget tem papel de extrema importância na construção da imagem mental, ou seja, na questão da representação. Para a formação dessa representação é preciso que tenha acontecido a experiência vivida com o objeto, a ação direta com ele, ou seja, o movimento que se pratica transformando esse objeto por meio de processos sensório-motores. É um período que Piaget denomina como “inteligência prática”, no qual a criança passa a imitar e representar as situações as quais vivencia e que são interiorizadas como imagens mentais (PULASKI, 1986).

            Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, líder da escola de psicomotricidade, delimitou com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia.

 

DEFINIÇÕES DE PSICOMOTRICIDADE

 

 A psicomotricidade pode ser definida como a ciência que estuda o homem por meio de seu corpo em movimento, suas relações internas e externas. O estudo da psicomotricidade está ligado a três premissas principais: o movimento, o intelecto e o afeto. Todavia, a mesma contribui com o desenvolvimento psicomotor da criança, de quem depende, ao mesmo tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar (LE BOULCH,1987).

Fonseca define psicomotricidade em uma de suas obras como sendo:

 

O campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistêmicas entre psiquismo e a motricidade. O psiquismo, nesta perspectiva, é entendido como sendo constituído pelo conjunto do funcionamento mental, ou seja, integra as sensações, as percepções, as imagens, as emoções, os afetos, os fantasmas, os medos, as projeções, as aspirações, as representações, as simbolizações, as conceitualizações, as ideias, as construções mentais, etc., assim como a antecede as aquisições evolutivas ulteriores (FONSECA,2008, p. 9)

 

Bueno (2014) salienta que a psicomotricidade tem o homem como objeto de estudo em seu corpo e engloba várias áreas: educacionais, pedagógicas e de saúde. Percebe-se que está se envolve com o desenvolvimento global e harmônico do indivíduo desde o nascimento, buscando a ligação entre o psiquismo e a motricidade. O homem interage, conhece o mundo e vive através do seu corpo, por meio dele que o ser humano ira ter a capacidade de adquirir conhecimentos e ter novos conceitos das coisas para poder classificar o que apreendeu destas vivências.

É da interação das diversas funções motoras, relacionada à ação psíquica com o ato motor que acontece o desenvolvimento da criança onde, através de movimentos, desenvolve funções do organismo. A psicomotricidade é o controle sobre a expressão motora, portanto é uma organização para entender de forma consciente as necessidades do corpo. Pode-se também definir como a ciência da educação que norteia o movimento, ao mesmo tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. A partir daí pode-se notar a relação íntima das funções motoras cognitivas e que, também pela afetividade, encaminha o movimento.

 Segundo Fonseca (1987), com a revisão da literatura na área de psicomotricidade, foi possível chegar a uma classificação de algumas funções psicomotoras, destacando-se:

  • Esquema Corporal: compreende a imagem do corpo e suas partes;
  • Tônus da postura: compreende-se como tensão dos músculos, pela qual as posições, relativas das diversas partes do corpo são mantidas corretamente e que se opõem as modificações passivas dessa posição;
  •  Motricidade Ampla: define-se com vistas à execução de movimentos amplos, envolvendo principalmente o trabalho de membros inferiores e superiores do tronco;
  •  Motricidade Fina: é o trabalho de forma ordenada dos pequenos músculos, envolvendo atividades manuais, digital, ocular, labial e lingual;
  •  Ritmo: tratando-se de movimento, o ritmo é definido como ordenação específica de um ato motor;
  •  Equilíbrio: considera-se como a capacidade de manter-se sobre uma base reduzida de sustentação do corpo.

 

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM NAS PRIMEIRAS ETAPAS DE ESCOLARIZAÇÃO.

 

O estudo da psicomotricidade objetiva auxiliar a resolução de problemas que são enfrentados no desenvolvimento e aprendizagem da criança em seu processo educativo. Nos tempos atuais devemos salientar que as crianças vivem cada vez mais em espaços pequenos ou em frente a componentes eletrônicos sem terem oportunidades para se dedicarem a interações e brincadeiras que exijam o movimento do corpo. Como relata Rau:

Muitos vivem em espaços limitados, como apartamentos e casas em ruas movimentadas, que impedem a exercitação corporal necessária a sua idade, como correr, jogar bola, subir em árvores, brincar de bonecas, montar casinhas com outras crianças (Rau, 2012, p.194).

            Essas atividades desenvolvem as habilidades criativas colocando em ação o corpo e a mente. Por falta dessas atividades motoras, muitos professores encontram dificuldades de aprendizagem e desenvolvimentos em seus alunos. Assim quando o educador recebe a criança no espaço escolar, deverá observá-lo em suas atividades, e nesse sentido proporcionar atividades de psicomotricidade individuais e coletivas em que poderá promover o desenvolvimento psicomotor dos alunos. Estimular o desenvolvimento motor, psicomotor, cognitivo e afetivo na criança nas series inicias é de extrema importância para que o mesmo não enfrente dificuldades quando adulto.

É importante que a escola encoraje um repertório mais vasto de atividades enriquecidas de oportunidades de exercícios motores os mais variados possíveis. Segundo Bontei:

 

As crianças hoje são nutridas muito mais e melhor do que no passado, por isso possuem uma grande quantidade de energia, que, no entanto, é muito pouco empregada, porque a escola frequentemente privilegia as atividades em sala de aula, que não esgotam os seus recursos disponíveis (Bontei, et tal, 2013, p.69)

 

 

Bontei (2013, p. 69) ressalta ainda que “a saúde física e o equilíbrio emotivo podem facilitados com um empenho físico muito maior do que aquele que medianamente acontece hoje”. Várias situações nos estudantes, como inquietações, irritações e problemas de aprendizagens, falta de concentração e atenção quando é exigida, são resultados da limitada oferta de atividades motoras.

O estímulo ao desenvolvimento motor é de tal importância que quando deficiente, ocasiona falhas no processo de aprendizagem da criança, tais como: dificuldade na aquisição da linguagem verbal e escrita. A falta de um repertório de vivências concretas para a criança, que faz parte do universo simbólico constituído na linguagem, consequentemente afetará o processo de aprendizagem. Quando o desenvolvimento psicomotor é mal constituído, a criança poderá apresentar problemas sérios na fase de alfabetização.

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na educação infantil e séries iniciais. Ela influencia e torna-se requisito para o processo de alfabetização. Levando a criança a tomar consciência de seu corpo, de sua lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, adquire a prática de agir, como também, a coordenação de seus gestos e movimentos.

Atualmente, muitos professores destacam mais os problemas de aprendizagem enfocando o lado cognitivo e ignoram o processo de desenvolvimento  como um todo, que envolvem o aluno por inteiro: corpo e mente. Rau destaca os estudos de Le Boulch(1987) e Wallon(1989) que:

 

Possibilitam perceber características das crianças com dificuldades psicomotoras na sala são percebidas quando elas não conseguem pegar um e utilizar um lápis corretamente; elas também possuem uma letra ilegível na escrita; ora escreve muito claro, o que dificulta a visão de quem lê; possuem uma postura relaxada, tem dificuldades de se concentrar e entender as ordens, não conseguem, manusear a tesoura, pulam letras quando leem e quando escrevem e não conseguem controlar o tempo de suas tarefas(Rau,2012, p.197).

 

Para Lassus (1984) a educação psicomotora envolve e comanda todo o processo de aprender, tanto na coletividade ou no individual. A própria psicomotricidade quem auxilia o educando no processo de aprendizagem e que contribui no processo de apreensão nas atividades escolares, dando a base para o desenvolvimento intelectual.

 

 HABILIDADES PSICOMOTORAS A SEREM DESENVOLVIDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

No espaço escolar existem muitas atividades que são de suma importância e que estão no cotidiano da sala de aula e que o professor pode explorar de modo a estimular o desenvolvimento psicomotor da criança. Para que isso aconteça, é importante uma observação das necessidades e dos interesses dos pequenos, o que deve fazer parte do planejamento do educador comprometido com sua prática pedagógica. Segundo Botelle (2016, p. 18 e 19) “por se tratar de uma educação preventiva é indispensável que os educadores estejam preparados e aptos a aplicar técnicas que desenvolvam a psicomotricidade no aluno, uma vez que tal desenvolvimento é importante para o aprendizado”.

De acordo com Botelle (2016), deve-se considerar que a criança tem consciência do seu corpo e movimento através da educação psicomotora, e este conhecimento do seu corpo é importantíssimo e serve de base para o aprendizado escolar. O profissional de educação deve conhecer como se desenvolve o sistema psicomotor da criança, em que faixa etária isso deve ocorrer, para criar incentivos corretos para cada uma delas e aplicar técnicas corretas e necessárias. Podem-se observar a seguir algumas habilidades realizadas para desenvolvê-las:

• Coordenação Global (0 aos 7 anos) - Atividades: rolar, rastejar, engatinhar, andar, correr; soltar, transpor, dançar e a realização de jogos imitativos.

• Coordenação Fina e Viso motor (2 aos 7 anos) - Atividades: transportar, agrupar, bater, segurar, encaixar, manipular, atar, desatar, aparafusar, lançar, abotoar, riscar, modelagem, recorte, colagem e escrita (iniciação do movimento de pinça);

• Imagem Visual (3 e meio a 7 anos) – Atividades: observação do corpo no espelho e desenho do próprio corpo.

• Esquema corporal (3 e meio a 8 anos) - Atividades: autoidentificação, localização abstrata corporal, reconhecimento de todas as partes do corpo.

• Lateralidade (6 a 7 anos) – Atividades: dominância lateral dos três níveis, olho, mãos e pés.

• Organização Espacial (5 aos 7 anos) – Atividades: jogos de identificação de cores, formas, tamanhos, direcional e de relações espaciais (em cima, em baixo, lado direito, lado esquerdo, atrás, frente, etc. Amarelinha, jogos de comandos, letras e números gigantes para serem observados e manipulados corporalmente.

• Orientação Temporal (6 aos 8 anos) - Atividades: perceber os intervalos de tempo entre as palavras, rimas musicais, danças cantadas, (servindo de estímulo, podendo utilizar-se das cirandas, construção de instrumentos musicais rítmicos (tambor, chocalho, etc.), acompanhamento dos ritmos musicais com o corpo, trabalho com sequências sonoras e gráficas.

• Discriminação Visual e Auditiva (4 aos 8 anos) – Atividades: Jogo de memória com letras e sílabas, dominó de letras e gravuras, quebra cabeças de letras e palavras, sequências de fatos, leitura de histórias, escritas espontâneas de palavras, reescritas de histórias, músicas (NOGUEIRA, et al, 2007, p.15)                                     

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            A escola configura-se como o lugar onde a criança passa o maior tempo de sua vida desde o nascimento, assim, ela tem um papel importante quanto ao desenvolvimento global da criança e a necessidade da Educação Psicomotora na idade em que mais precisa de se mover e se autoafirmar como ser humano. Verifica-se que os profissionais que atuam nestas etapas tanto na educação infantil e séries iniciais estão mais preocupados com o cuidar e o conhecimento cognitivo da criança, e muitos esquecem que a psicomotricidade deve caminhar lado a lado, pois esta atua no esquema corporal, auxiliando no trabalho de desarmonia tônico, emocional, instabilidade postural e perturbações nas habilidades psicomotoras, e também na parte cognitiva. Auxilia no trabalho das funções cognitivas, organização perceptiva, simbólica e conceitual, proporcionando o trabalho educativo nas aprendizagens escolares. Por último, no lado afetivo e relacional, ela trabalha as dificuldades de comunicação, inibição, hiperatividade, agressividade entre outros.

            Não podemos esquecer de destacar também o momento único na história que é o contato desde bebê com o mundo digital. Demonstrando assim que o desenvolvimento físico também é histórico. Diante deste desenvolvimento tecnológico atual uma criança tem habilidades que gerações não possuíam antes, como o uso das mãos para mover teclado. O uso de computadores, celulares, televisão e vários outros recursos, por muito tempo expõem a criança a um excesso de estimulação que, eventualmente, pode levar a dificuldade de concentração e irritabilidade e até mesmo a incorreta postura corporal.

            Consequentemente, é valioso que educadores proporcionem às crianças outras experiências, ricas em exploração de espaços e objetos reais. No dia a dia da instituição de Educação Infantil e série iniciais deve oportunizar e proporcionar à criança a experimentar espaços e objetos com a finalidade de desenvolver as habilidades motoras específicas respeitando a individualidade, limites de cada individuo. Nossa gestualidade, coordenação motora ampla e fina, nossas expressões corporais são, desde sempre, habilidades culturais desenvolvida com uma educação psicomotora responsável.

REFERÊNCIAS

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Botelle, Andréa. Psicomotricidade: a importância do lúdico na infância. Rio de Janeiro, 2016.

Both, Ivo José. Avaliação Planejada, aprendizagem consentida: é ensinando que se avalia, é avaliando que se ensina – Curitiba: InterSaber,2012.

Bueno, Jocian Machado. Psicomotricidade:Teoria e prática da escola aquática . 1ª edição. São Paulo: Cortez, 2014.

FONSECA, Vítor da. Psicomotricidade- São Paulo Artmed, 1983

FONSECA, Vítor da. Desenvolvimento psicomotor e a aprendizagem- Porto Alegre: Artmed, 2008.

LE BOULCH, Jean. Educação Psicomotora: psicocinética na idade escolar; trad. De Jeni Wolff. – Porto Alegre:, Artmed 1987

LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 6. ed. São Paulo: EPU, 1986.

LASSUS, E. Psicomotricidade: Retorno às Origens. Rio de Janeiro: Panamed, 1984.

NASCIMENTO, Maria Letícia B.P. A Criança Concreta, Completa e Contextualizada: a Psicologia de Henri Wallon. In: Introdução a Psicologia da Educação: seis abordagens. Kester Carrara (Org).São Paulo: Avercamp, 2004.

NOGUEIRA, Liliane Azevedo. et al. A psicomotricidade na prevenção das dificuldades no processo de alfabetização e letramento. Revista Perspectivas online,v.1,n.2,2017.Disponívelem:http://www.seer.perspectivasonline.com.br/index.php/revista_antiga/aVrticle/view/251/163> acesso 01 jul. 2017.

PULASKI, Mary Ann Spencer. Compreendendo Piaget: uma introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: LTC Editora,1986.

RAU, M. C. T. D. A Ludicidade na Educação: uma atitude pedagógica. Curitiba: InterSaberes, 2012.

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