Contexto Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo
Por Avanisia Maria | 09/01/2010 | EducaçãoAvanisia Maria de Souza*
RESUMO
Um dos fatores que mais chamam a atenção no contexto de mudança mundial é
a ênfase na utilização de novas tecnologias de informação e comunicação. (TICs)
Tem sido alvo de polêmica e discussão a crescente utilização das TICs na
formação acadêmica, através da modalidade Educação a Distância (EAD). Em um
país como o nosso, o ensino a distância representa um valioso instrumento para
ampliar o acesso à educação. Um dos maiores problemas educacionais, a formação
de professores está no alvo da EAD. O artigo aborda os vários aspectos da EAD:
conceitos, ferramentas, ambientes, papéis do professor e aluno, os aspectos
históricos no Brasil e no mundo, legislação, avanços. Apontando da Educação a
Distancia para a Educação sem Distância e os Projetos de EAD no Brasil.
Palavras-chave: Educação a Distância; Tecnologias da Informação e Comunicação;
Legislação.
1. Introdução
Levantar
os dados históricos referentes ao surgimento da EAD e seu desenvolvimento no
Brasil e apresentar as ferramentas utilizadas na EAD,
constitui o objeto desta pesquisa
bibliográfica.
As mudanças que marcaram as últimas
décadas do século XX revelaram várias tendências mundiais. Observa-se que as
tecnologias de informação e comunicação – TICs – têm provocado uma
transformação radical na relação do homem com o tempo-espaço, com os corpos e
com a economia, modificando as próprias bases das atividades cognitivas. Redes
digitais, espaços virtuais, ritmo vertiginoso de informações, além de
conhecimento simulado, provocam desafios a nossa capacidade de entender,
estudar e conceituar o atual mundo caracterizado pela globalização e pela
telemática, apontando as tendências que marcaram o novo milênio.
Esses temas, usados hegemonicamente nas diferentes
áreas do conhecimento, apresentam aspectos amplos e diferentes pontos de vista
ideológicos, diferentes conceitos, bem como diferentes concepções. Análises
centradas no econômico e no social, minimizam outros aspectos e características
de igual importância, como o aspecto cultural e educacional. Abordar alguns
desses aspectos demonstra a complexidade e contraditoriedade que constituem o
atual fenômeno das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs. Nesse
sentido, enfocar as nuances culturais de conceitos de tempo, espaço e globalização,
em caráter interdisciplinar, oferece oportunidade de apresentar reflexões
teórico-metodológicas sobre fatos, argumentos e opiniões de aspectos relevantes
a serem considerados na compreensão do fenômeno contemporâneo por autores que
proclamam a emergência do “admirável mundo novo”.
Trata-se, pois, de um ponto de partida que permite
analisar conseqüências e possibilidades a fim de articular e criar processos
político-educacionais que respondam à realidade globalizada.
Primeiramente, vale a questão sobre as razões que
levaram McLuhan a declarar, na década de 60, que “a nova interdependência
eletrônica recria o mundo à imagem de uma aldeia global”. Segundo a interpretação
de Fiore (1969, p.14), “a aldeia é uma espécie de agrupamento pré-urbano em que
ninguém é estranho a ninguém e em que todos os atos e fatos são
instantaneamente sabidos por todos”. Freire, na década de 70, ao contribuir
para o debate do uso das tecnologias como Estudioso da obra de Paulo Freire e
de sua política educativa, McLaren (1999, p.30) assim considera:
Tal pedagogia é um modo de pensar, de
negociar e de transformar a relação entre o ensaio em sala de aula, a produção
do conhecimento, as estruturas institucionais da escola e as relações sociais e
materiais da comunidade mais ampla, da sociedade e do estado-nação. É fato que
a obra freiriana foi referência marcante à época, no panorama instrumento de
transformação e evolução na área educacional, posiciona-se de forma crítica e
responsável, assegurando que: O desenvolvimento tecnológico deve ser uma das
preocupações do projeto revolucionário. Seria simplismo atribuir a
responsabilidade por esses desvios à tecnologia em si mesmo. Seria uma outra
espécie de irracionalismo, o de conceber a tecnologia como uma entidade
demoníaca acima dos seres humanos. Vista criticamente, a tecnologia não é outra
coisa senão a expressão natural do processo criador em que os seres humanos se
engajam no momento em que forjam o seu primeiro instrumento com que melhor
transformam o mundo (FREIRE, 1977, p. 83).
Cada vez mais, pessoas trabalham em suas casas ou em
“escritórios-satélites” fora da cidade. Assim, a cidade pode tornar-se um
centro de informações em vez de um centro de trabalho. Nesse ponto, com
fundamentos em economia e administração, o projeto das novas cidades e a
própria educação universitária para enfrentar mudanças radicais no futuro
também terão alterações nos hábitos e modos de vida. Referindo-se à universidade,
Drucker preceitua o seguinte:
Ela poderá lembrar as catedrais
medievais em que os lavradores dos arredores se reuniam vez ou outra nos
importantes feriados religiosos; entre uma festa e outra ficava vazia, exceto
pela presença dos clérigos eruditos e dos alunos da escola. E será a
universidade do futuro um ‘centro de conhecimento’ que transmitirá informações,
e não mais um lugar que terá a efetiva presença dos alunos? (DRUCKER, 2001; p.
170).
Na mesma linha argumentativa tem-se a confirmação de
Castells (2000), delineando que, tanto espaço quanto tempo estão sendo
transformados sob o efeito combinado do paradigma da tecnologia da informação,
das formas e processos sociais induzidos pelo processo atual de transformação
histórica. Diante disso, apresenta a conseqüente proposição de que é o espaço
que organiza o tempo na sociedade em rede e confere maior clareza no enfoque
dos serviços avançados, fluxos de informações e à cidade global, ao concluir
que:
O
desenvolvimento da comunicação eletrônica propicia com uma crescente dissociação
entre a proximidade espacial e o desempenho das funções rotineiras: trabalho,
compras, entretenimento, assistência à saúde, educação, serviços públicos,
governo e assim por diante. Por isso, os futurologistas freqüentemente predizem
o fim da cidade ou pelo menos das cidades como as conhecemos até agora, visto
que estão destituídas de sua necessidade funcional (CASTELLS, 2000, p. 403).
Ao analisar o fenômeno da globalização, suas
relações entre condições sociais, tecnológicas e mudanças geográficas, a
contribuição conceitual de Santos (1997, p. 207), merece uma análise atenta
quando afirma: A ordem global é ‘desterritorializada’,
no sentido que separa o centro da ação e a sede da ação. Seu ‘espaço’, movediço
e inconstante, é formado de pontos, cuja existência funcional é dependente de
fatores externos. A ordem local, que ‘reterritorializa’, é a do espaço banal,
espaço irredutível porque reúne numa mesma lógica interna todos os seus
elementos: homens, empresas, instituições, formas sociais e jurídicas e formas
geográficas. O cotidiano imediato, localmente vivido, traço de união de todos
esses dados, é a garantia da comunicação.
Permanecendo
nesse entendimento, o autor propõe “uma outra globalização” que
considere novas relações, técnicas emergentes e novas idéias. Por conseguinte,
a possibilidade de superação do imperativo da tecnologia hegemônica O “capital”
da sociedade do conhecimento segundo Drucker (1995) e Toffler (1990), não será
mais a matéria-prima ou bens produzidos e acumulados, mas sim o conhecimento. A
sociedade da informação sintetiza o surgimento de um paradigma
técnico/econômico, na qual a informação é o insumo central. Com o auxílio
adequado de especialistas pode-se atingir graus de excelência cada vez maior na
área de trabalho e, com isso, uma melhor e maior quantidade de conhecimento,
segundo Valente (2002). Para tanto, é necessário criar meios para que as
pessoas possam ter chance de construir conhecimento e, portanto, aumentar a
demanda por mais e melhor educação.
2.
Educação a Distância: aspectos históricos
Do conjunto dos aspectos históricos da
institucionalização da EAD identificam-se instituições particulares nos Estados
Unidos. Na Europa, criam-se instituições particulares no final do século XIX,
fornecendo cursos por correspondência, destinados ao ensino de temas e
problemas vinculados a ofícios de escasso valor acadêmico.
Litwin (2001, p. 15) assinala:
É provável que
essa origem de educação a distância tenha fixado uma apreciação negativa de
muitas de suas propostas. Além disso, o fato de ter se transformado em uma
segunda oportunidade de estudo para pessoas que fracassaram em uma instância
juvenil não evitou essa depreciação, mas imprimiu-lhe um novo selo.
Registra-se, em 1892, um curso por correspondência
instituído pela Universidade de Chicago. Em 1930, 39 universidades
norte-americanas já ofereciam cursos a distância. Portanto, existem
universidades que oferecem cursos a distância em várias partes do mundo. Na
Alemanha, registra-se a criação da Fern Universität, e na Espanha, a
Universidade Nacional de Educação a Distância – UNED.
Na década de 60, com a institucionalização de várias
ações nos campos da educação secundária e superior, se rompem muitos
preconceitos com a criação de universidades a distância, competindo com a
modalidade presencial. Em nível de ensino secundário, Walter Perry e Greville
Rumble (apud NUNES, 1992); Hermods – NKI Skolen, na Suécia; Rádio ECCA,
nas IIhas Canárias; Air Correspondence High School, na Coréia do Sul; Schools
of the Air; na Austrália; Telesecundária no México; e National Extension
College, no Reino Unido. Em nível superior destaca-se a Universidade de
Wisconsin; a Universidade Aberta da Grã-Bretanha – Open University;
FernUniversität, na Alemanha; Indira Gandhi National Open University, na Índia;
Universidade Estatal a Distância, na Costa Rica. Na América Latina, a
implantação da Universidade Aberta da Venezuela e a Universidade Estatal a
Distância de Porto Rico. Posteriores, e que de igual forma são marcos
fundamentais, também foram criadas, tais como: a Universidade Nacional de
Educação a Distância, na Espanha; o Sistema de Educação a Distância, na
Colômbia; a Universidade de Athabasca, no Canadá; a Universidade para Todos os
Homens, na China Popular.
A partir da década de 90, com o advento da internet
e da Web, vem crescendo exponencialmente o número de Universidades que investem
em EAD. Ao
contrário do que se possa pensar, a EAD, no Brasil, não é tão recente.
Segundo Alves (apud RIBEIRO, 2000, p. 19), o seguinte:
A implantação
das ‘Escolas Internacionais’, em 1904, representando organizações
norte-americanas. Entretanto, o Jornal do Brasil, que iniciou suas atividades
em 1981, registra, na primeira edição da sessão de classificados, anúncio
oferecendo profissionalização por correspondência (datilógrafo), o que faz com
que se afirme que já se buscavam alternativas para a melhoria da educação
brasileira, e colocava dúvidas sobre o verdadeiro momento inicial da EAD.
A narrativa histórica elaborada por Ribeiro (2000)
registra que, apesar dos questionamentos sobre o verdadeiro início da EAD no
país, certo é o exemplo do IUB – Instituto Universal Brasileiro, desde 1941,
oferecendo vários cursos por correspondência, inclusive o Supletivo de Ensino
Fundamental e Ensino Médio. Em 1973, instituiu-se a ABT – Associação Brasileira
de Tecnologia Educacional, que oferece cursos de metodologia e pós-graduação em Tecnologia Educacional
para professores.
Registram-se, ainda, atividades relacionadas a
cursos profissionalizantes oferecidos pelo SENAC – Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial, o SENAD – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, o
CETEB – Centro de Ensino Técnico de Brasília, dentre outros. Sem sombra de
dúvida, não se pode negar a expansão da EAD no país via correspondência,
televisão ou rádio, uso de fitas cassete e de vídeo, bem como através de
jornais brasileiros em convênio ou não com outras instituições, a exemplo da
UFCE – Universidade Federal do Ceará e o Jornal o Povo. Na década de 80,
registra-se o Projeto Piloto de Ensino Tutorial a Distância desenvolvido pela
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; o CFE,
pelo parecer nº 891/80, concedeu a CAPES autorização para ministrar cursos de
especialização lato sensu. Acontece que, após o término do trabalho,
Alves constatou algumas deficiências em sua estrutura organizacional, qual seja
(1994:23): “Muito embora considerado
válido, o CFE não recomendou sua manutenção e, com isso, inviabilizou recursos
públicos para desenvolvimento de novo experimento”.
O Ministério da Educação, através da Secretaria de
Educação a Distância tem delimitado metas, no sentido de “levar para a escola
pública toda a contribuição que os métodos, técnicas e tecnologias de educação
a distância podem prestar à construção de um novo paradigma para a educação
brasileira” (MEC, 2002). Consoante programação da Secretaria de Educação a
Distância/MEC, busca-se um trabalho entre instâncias educacionais (Secretarias
de Educação dos estados, municípios, centros de pesquisas, televisões e rádios
educativas e outras instituições que utilizam a metodologia de educação a
distância) visando: desenvolvimento de projetos estratégicos;
institucionalização da educação a distância no país; articulação do campo
institucional e da sociedade civil. Dentre as linhas de ação da SEED,
destacam-se as seguintes: familiarizar o cidadão com a tecnologia que está no
seu cotidiano; dar respostas flexíveis e personalizadas para pessoas que exigem
diversidade maior de tipos de educação, informação e treinamento; oferecer
meios de atualizar rapidamente o conhecimento; estender os espaços educacionais
e, finalmente, motivar os profissionais e alunos para aprenderem continuamente
em qualquer estágio de suas vidas.
3.
A EAD na atual LDB
A EAD no Brasil nunca foi consagrada por legislações
abrangentes e nunca figurou explicitamente, como na atual LDB, conforme se
observa a partir das considerações de Fernando Floriano Rocha (apud.
RIBEIRO, 2000, p. 24): Pela primeira vez a Educação a Distância é
explicitamente mencionada numa lei educacional brasileira, corrigindo lacuna
existente entre todas as leis em vigor, o que colocava o Brasil em atraso e em
desvantagem, em relação a dezenas de outros países.
Em meio aos artigos que a atual LDB dispõe sobre
EAD, Ribeiro (2000, p. 24-27) ressalta e comenta o reconhecimento da
importância da EAD, assim como do ensino presencial. A preocupação de que ambas
sejam oferecidas encontra guarida no artigo 32, § 4º. Já no artigo 37, § 3º,
resolve-se a questão das interpretações equivocadas das legislações anteriores
quanto à exigência de freqüência de alunos e professores em programas de EAD. O
autor evidencia, no texto da lei, a percepção de que o poder público deve dar
atenção a EAD para todos os níveis e modalidades de ensino e de Educação
Continuada. Entende, entretanto, que a EAD necessita de uma organização e
regime diferentes de educação presencial, ao levar-se em conta a
impossibilidade de se estabelecer exigências iguais para realidades diferentes,
nestes termos:
“(...) ao se
conferir à EAD a possibilidade de organizar cursos ou instituições de ensino
experimentais, isto não denota anarquismo, no sentido restrito da palavra, mas
antes confiança em que as instituições estão aptas a realizar um trabalho digno
e de conformidade com a lei”.
Ribeiro
(2000, p. 26).
As bases legais da Educação a Distância no Brasil
foram, portanto, estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996), pelo Decreto nº 2494, de 10
de fevereiro de 1998 (publicado no D.O.U. DE 11/02/98), Decreto nº 2561, de 27
de abril de 1998 (publicado no D.O.U. de 28/04/98) e pela portaria Ministerial
nº 301, de 07 de abril de 1998 (publicada no D.O.U. de 09/04/98).
No
tocante ao ensino médio e fundamental, de acordo com o artigo 2º do Decreto nº
2494/98, “os cursos a distância que conferem certificado ou diploma de
conclusão do ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino médio, da
educação profissional e de graduação serão oferecidos por instituições públicas
ou privadas especificamente credenciadas para esse fim (...)”. O Decreto nº
2.561/98 delegou competência às autoridades integrantes dos sistemas de ensino
de que trata o artigo 8º da LDB, para promover os atos de credenciamento de instituições
localizadas no âmbito de suas respectivas atribuições.
4.
Avanços com os meios de comunicação
A partir do século XVIII, o meio de comunicação mais
utilizado pelo sistema de ensino a distância foi o correio impresso até que o
telefone, o computador, a internet e os e-mails o suplantaram. Durante muitos
anos, a comunicação escrita entre estudante e professor tornou-se o símbolo de
ensino a distância e esses cursos não eram muito respeitados pelos acadêmicos
mais tradicionais, que resistiam às novas possibilidades de ensino e estudos. Recentemente,
o panorama mudou. A crescente tendência é combinar vários meios de comunicação
e usá-los em um só programa ou curso. Todavia o texto impresso e a comunicação
escrita através do correio impresso continuam sendo básicos e não podem ser
menosprezados. Em vários países, como o Brasil, esse é um meio de comunicação
econômico e eficiente, facilitando a implementação e a manutenção desse tipo de
ensino nas regiões onde o uso de meios de comunicação mais modernos e
tecnologicamente sofisticados ainda não vigoram.
Outra possibilidade de ensino a distância é a
transmissão pelo rádio. Este é também um meio de comunicação bastante
econômico, eficiente e com algumas vantagens sobre o correio. O rádio tem um
longo alcance e pode atingir áreas de difícil acesso para o correio. Além do
mais, o rádio é um meio de comunicação quase que instantâneo, dada a rapidez da
propagação das ondas sonoras. O advento do rádio de pilha permitiu que este se
tornasse um dos meios de comunicação mais populares. Presentemente, o rádio não
é tão explorado para fins educacionais quanto pensamos que poderia ser.
Moore (1972, p. 77) afirma que há menos estudos
sobre o uso do rádio como meio de instrução, do que sobre o uso da televisão.
Isto sugere que o rádio como um meio instrucional não tem sido muito
significativo. Contudo, recentemente, parece haver crescente interesse na
implementação de cursos por rádio, talvez em conseqüência da crise econômica
que vem atingindo as nações. É conveniente lembrar que o rádio pode atingir
áreas onde a TV ainda não tem recepção ou a recepção não é de boa qualidade. A
utilidade dos programas de rádio pode variar. Seu uso vai desde educar ou
instruir povos cujos idiomas não têm forma escrita, até o ensino de línguas
estrangeiras e de cursos nas mais diversas áreas ou níveis do conhecimento.
A Universidade de Purdue (E.U.A.), por exemplo,
oferecia, pelo menos, 14 programas educativos através do rádio durante o
segundo semestre de 1969. Uma vez aprovados nos exames, os estudantes poderiam
ganhar créditos válidos para o curso de graduação. Em 1980, a Universidade West
Virgínia, Wesleyan (E.U.A.) oferecia curso de graduação completo por rádio. No
Brasil o rádio foi usado para transmitir programas dos antigos cursos de
primeiro e segundo graus, atualmente ensino fundamental e médio
respectivamente. Hugo Osório (1974, p. 25-26) se refere a, pelo menos, dois
programas de rádio no Brasil: Madureza e Projeto Minerva. Outros programas
educacionais transmitidos pelo rádio ocorreram e ainda ocorrem no Brasil. O
Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia, por exemplo, vem desenvolvendo um
papel significativo junto à população, contudo atualmente a força da televisão
parece ser bem maior.
O telefone como meio instrucional popularizou-se nos
últimos 48 anos, sobretudo nos países onde o desenvolvimento tecnológico fez do
telefone um meio de comunicação relativamente barato e acessível à grande
maioria da população. As experiências, realizadas na década de 1960, indicaram
que o telefone é um excelente motivador da aprendizagem, seu efeito é superior
ao do rádio e ao do material impresso, devido a comunicação de dupla via. Desde
então, houve uma verdadeira proliferação de programas educacionais por telefone
tanto nos Estados Unidos, como na Europa, embora a oferta de curso por TV e,
mais recentemente, por internet ainda seja maior que por telefone. A grande
maioria das instituições que oferece cursos por telefone nos Estados Unidos
mantém números especiais que os estudantes podem ligar sem precisar pagar,
mesmo que a ligação seja interurbana, é o caso do 0-800 - atualmente bem disseminado
no Brasil. Até mesmo cursos de tutoria a distância por telefone, acoplado a
outros elementos tecnológicos, como Internet, e a copias impressas do material
de estudos, já acontecem, hoje em dia, entre países, como Índia e Inglaterra. Companhias
como Growing Stars e Career Launcher India em Nova Deli, Índia,
oferecem reforço escolar a distintos países, é a chamado tutoria “online”. Com
essas e outras experiências similares, já podemos falar em ensino sem
distância. A grande vantagem do telefone é permitir diálogo instantâneo entre
estudante e professor ou tutor, facilitando discussões, esclarecimentos de
dúvidas e reforço imediato. O uso adequado do telefone é bastante eficiente,
sobretudo se aliado a algum tipo de material visual ou internet e material
impresso. Tal combinação ajuda a ativar a motivação dos estudantes e,
conseqüentemente, o sucesso da aprendizagem.
A utilização da televisão como meio de ensino a
distância é bem documentada na literatura. Shulman (1981, p.7) registra que na
década de 1950 cerca de 114 faculdades independentes e universidades americanas
já mantinham, com sucesso, aulas por TV, combinando-as, às vezes, com aulas
presenciais. Durante algum tempo, os cursos por TV entraram em declínio, mas o
advento do video-tape e do satélite os reativaram. Em 1979, cerca de 71% das
universidades americanas ofereciam cursos por TV em circuito fechado.
A TV tem uma característica peculiar: poder combinar
audição, visão e emoção com grande vantagem para a aprendizagem do estudante.
Por causa desta característica, a televisão se adapta muito bem ao ensino de um
número imenso de assuntos, que variam desde arte culinária, desenho,
matemática, línguas estrangeiras, engenharia, entre outras. Na Flórida, por
exemplo, há curso de pós-graduação por TV para engenheiros. No Brasil, há
programas de TV de ensino médio, técnico profissionalizante desde o final do
século XX. Mas, foram as transmissões de programas educacionais via satélite
que deram novo impulso aos programas de TV e a Internet. Os Estados Unidos têm
longa experiência com o uso do satélite para a transmissão de programas
educacionais. Em 1971, a
Universidade de Washington já oferecia treinamento médico, via satélite, beneficiando
as áreas de Seattle, Alaska, Montana e Idaho. A Universidade do Pacífico Sul
(University of the South Pacific) conduzia programas via satélite, desde 1977,
como uma maneira de superar sua própria carência de professores. A Índia
também, aproximadamente no mesmo período, transmitia programas educacionais via
satélite para cerca de 2.400 vilas, que de outra maneira não teriam acesso à
educação. Segundo Long (1982), a Austrália já planejava transmitir programas educacionais
via satélite a partir de 1986. Atualmente, PUC de Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, já vive a experiência de oferecer cursos de extensão a distância para
médicos de vários países da América do Sul. Com o desenvolvimento da tecnologia
e seu uso para as comunicações de massa, as transmissões via satélite se
fizeram, cada vez mais, importantes para vários campos do conhecimento humano
(história, geografia, física, química, matemática, desenho e outros) e em todos
os níveis, assim como para obter informações imediata e visualmente do que
ocorre em todo mundo. Desde 1983, era pensado um Banco Educacional, via
satélite, que poderia ser utilizado por todos os países que tiverem acesso ao
sistema. Esta proposta foi feita por La Bounty durante o Terceiro Congresso da
Organização Universitária Interamericana, realizada em Salvador-Bahia, em 1983.
5.
Da Educação a Distância para a Educação sem Distância
A educação a distância, enquanto ensino formal,
surgiu no século XIX, em forma de material auto-instrucional de cursos por
correspondência, desprestigiados e encarados com desconfiança, especialmente no
ensino superior, o que contribuiu para o preconceito que se formou em torno
dela, acentuado pelo fato de essa modalidade ter-se destinado,
predominantemente, àqueles que não conseguiam escolarizar-se pela forma
convencional e no tempo próprio. Assim, a educação a distância era marcadamente
a distância do ponto de vista geográfico e do ponto de vista político, pela
marginalização dos seus usuários em comparação com quem usufruía da modalidade
convencional.
Na década de 90, com a incorporação da rede de
satélites, o correio eletrônico, o surgimento da Internet (em 1994) e com os
recursos associados a outras mídias, a distância deixa de ser um obstáculo para
a interação pedagógica. É um momento importante no que se refere à passagem da
educação a distância para a educação sem distância, tanto no que se refere ao
espaço/tempo, quanto à democratização da educação de qualidade pela sua
utilização. O uso de tecnologias e da Internet na educação pode não representar
uma inovação pedagógica, pois a utilização de sofisticados recursos
tecnológicos em velhas práticas educacionais não é garantia de uma nova
educação. Logo o que, em essência, determina o valor da EAD é a qualidade do projeto
pedagógico a ser implementado: seus objetivos, a concepção de
ensino/aprendizagem adotada, a pertinência e a atualidade dos conteúdos, as
estratégias didáticas, as relações entre os participantes, a liberdade para
buscar informações e colocar e discutir problemas reais levantados pelo grupo.
O novo cenário digital promove mudanças na maneira como pensamos, conhecemos e
aprendemos.
Isso pressupõe novos papéis para estudantes e professores:
estes podem ser considerados não apenas como facilitadores como também como
administradores de curiosidades, ao passo que os alunos devem ser vistos como
arquitetos do conhecimento. O desafio que se impõe é a transição de um
paradigma conservador que predominou nos últimos séculos para um novo paradigma
– emergente – que venha proporcionar a renovação de atitudes, valores e crenças
neste início de século.
O processo de construção, desconstrução ou
reconstrução do conhecimento em rede aponta para a ultrapassagem da visão
compartimentada, disciplinar, única e isolada, num esforço de reaproximar as
disciplinas que devem se desencadear e se interconectar como uma rede – uma
teia interligada e interdependente – composta por galerias temáticas
transdisciplinares.
Considerando a EAD, antes de tudo, educação,
admitimos que ela também se define como processo de formação humana cujas
finalidades podem ser resumidas no preparo do aluno para o exercício da
cidadania, com toda a complexidade que isso implica.
O
papel e o potencial do ensino-aprendizagem via Internet neste novo século têm certamente
constituído um campo fértil de discussão entre educadores. A sala de aula deixa
de ser o único espaço para a educação formal e os principais envolvidos nesse
processo – professor e alunos – se deparam com um contexto de ensino com novos
recursos tecnológicos. A Internet tem se destacado na EAD como uma resposta
nova para velhos problemas, porque pressupõe a redefinição do papel do
professor e do aluno, bem como a constituição de uma nova prática
interativo-educacional. Não resiste a uma análise dos fatos o preconceito
referente à EAD em razão do uso das tecnologias digitais e da Internet que, na
opinião de muitos, não atende aos objetivos educacionais.
6.
Ensino Superior a Distância no Brasil
Durante a década de 1980, aconteceram, no
Brasil, várias iniciativas frustradas para a criação de uma Universidade Aberta
a Distância. A motivação ocorreu pela divulgação das experiências da
Universidade Aberta da Inglaterra, da Universidade Aberta da Venezuela, da
Universidade Aberta de Costa Rica e de outras experiências bem sucedidas. Nesse
período, a Universidade de Brasília criou um centro para desenvolver cursos de
extensão sob a modalidade à distância, o que representou um grande avanço.
Na década de 1990, a Universidade Federal
da Bahia iniciou timidamente algumas experiências de ensino a distância em
várias de suas Unidades de Ensino. Outras resistiram até a presente data,
embora algumas tenham sido consideradas bem sucedidas, como a criação de uma
disciplina optativa sobre educação a distância na Faculdade de Educação, uma
iniciativa de Fernando Floriano e Kátia Siqueira de Freitas, e a oferta de
cursos de especialização em alfabetização para professores do interior do
Estado da Bahia. Estes cursos foram desenvolvidos e implementados por Fernando
Floriano.
Com a ascensão do EAD
via Internet no Brasil, vários projetos começaram a surgir, sendo em sua
maioria desenvolvidos em universidades, com o objetivo de promover a pesquisa
na área, divulgar projetos, artigos, eventos e resultados e integrar a comunidade
de EAD do país. Alguns desses projetos disponibilizam cursos completos a distância,
enquanto outros possuem caráter apenas informativo, oferecendo coletânea de textos
e artigos da área, relatos de especialistas ou dicas de links. Alguns dos
projetos desenvolvidos no Brasil são:
Kidlink Brasil
(http://venus.rdc.puc-rio.br/kids/kdlinkv1.0/) – Projeto que faz parte do
projeto Kidlink internacional e tem o objetivo de promover a comunicação entre crianças
de 10 a
15 anos de diversas partes do mundo através de mensagens eletrônicas.
Estudio@Web
(http://www.estudioweb.com.br/) – Reúne mais de 4 mil páginas sobre educação e
passou a fazer parte da Starmedia. Foi desenvolvido por uma equipe
pedagógica do Instituto Kidlink do Brasil, e reúne informações sobre o ensino
fundamental.
·
Projeto LUAR – Levando a
Universidade à Aprendizagem Remota (http://penta.ufrgs.br/edu/telelab/luar.htm/)
– Conjunto de projetos desenvolvidos na disciplina Laboratório de Teleducação
do Programa de Doutorado de Informática na Educação da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, onde se estuda, projeta e testa diferentes cenários que
oportunizem a interação na aprendizagem remota.
·
Projeto Aprendiz (http://www.uol.com.br/aprendiz/)
– Realizado por um grupo de jornalistas e educadores e tem caráter informativo,
ou seja, possui uma coletânea de textos, relatos e artigos disponíveis para
consulta.
·
LED – Laboratório de Ensino
a Distância (http://www.led.ufsc.br/) – Desenvolvido na Universidade Federal de
Santa Catarina, tem atuado como estrutura de suporte para ações de educação a
distância, oferecendo modelagem instrucional de cursos, definindo mídias e
treinando técnicos e professores para o gerenciamento dos cursos.
·
Centro do S.A.B.E.R. –
Suporte à Aprendizagem Baseado em Educação Remota (http://www.centrodesaber.com.br/)
– Central de serviços educacionais que disponibiliza material e ferramentas
para educação a distância a escolas, estudantes, governos e empresas, para que
os alunos estudem em
casa. Oferece instrumentos de reforço a estudantes de nível
médio ou superior, candidatos a concursos públicos e vestibulares.
·
Escola Virtual
(http://www.escolavirtual.com.br/) – Possui a mesma estrutura de um colégio,
sendo que nas salas, é possível assistir a aulas temáticas e cursos interativos,
e na cantina, dicas de alimentação e receitas. No recreio, é disponibilizada
uma lista de endereços para diversão. Todos os alunos podem consultar, 24h por
dia, de segunda a segunda, os professores virtuais. Eles esclarecem dúvidas e
ajudam a fazer os exercícios e trabalhos de casa. É voltada para alunos do
ensino fundamental e médio, candidatos a concursos públicos e vestibular. Pais
também estão incluídos no público do site, desde que a escola onde seus filhos
estão matriculados faça parte do cadastro. Eles podem acompanhar o desempenho
das crianças através da secretaria virtual.
·
Escola do Futuro (http://www.futuro.usp.br/) – A Escola do Futuro faz parte do projeto da USP, para
cursos a distância. São disponibilizados dezenas de cursos, a maioria
basicamente para educadores de diversos níveis
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CliqueVestibular
(http://www.cliquevestibular.com.br/) – Projeto da UFMG, configura-se de um
site voltado ao vestibular, com mais de 60 aulas a disposição dos alunos:
História, Geografia, Português, Matemática, Literatura, Física, Química e Biologia.
Basta escolher a matéria e o assunto. São aulas gravadas, com áudio e vídeo
sincronizado com apresentações de slides, através de Real Player e SMIL.
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Telecurso 2000 (http://www.bibvirt.futuro.usp.br/acervo/matdidat/tc2000/tc2000.html/)
– Site que disponibiliza material didático utilizado nas aulas do Telecurso
2000 em arquivos pdf.
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Campus Global – PUCRS
(http://terra.cglobal.pucrs.br/) – Projeto que integra o “Plano de Pesquisa e
Formação de Recursos Humanos” estabelecido pelo convênio entre PUCRS e IBM. O
objetivo é pesquisar recursos tecnológicos para o ensino colaborativo a
distância mediado por computador com vista a estruturação de uma Universidade
Virtual.
A comunicação pode ser feita através de e-mails,
fóruns de discussão, quadros de avisos, chats, murais, espaços de
publicação de arquivos, perguntas freqüentes, fale com o tutor ou monitor, etc.
No caso dos AVA, o papel do professor é o de um
planejador e animador do grupo que pode tanto estar a distância como realizar
uma parte de seu aprendizado on-line. Segundo Palloff e Pratt (2004) é muito
importante que as diretrizes sejam apresentadas logo no inicio, normalmente
junto com o plano de ensino e com o roteiro do curso, e, de preferência,
colocadas em discussão, pois é o momento em que devem ser apresentadas as
estratégias necessárias para obter a confiança do aluno: estabelecer diretrizes
claras para a participação; promover a discussão
destas diretrizes até que todos concordem; ser claro quanto aos quesitos de
avaliação, pesos e notas; criar um plano de ensino claro, flexível e de fácil
compreensão; ser claro sobre o tempo necessário para a participação; criar um site
de fácil navegação e troca de mensagens e arquivos; dar o exemplo de
participação, estando presente diariamente; intervir prontamente quando a
discussão estiver fraca ou indo na direção errada; telefonar para os que não
estão participando e trazê-los de volta; empenhar-se na criação de uma
comunidade. Neste sentido, as recomendações de Moran (1999) também podem ser
utilizadas pelo professor para motivar e garantir a aprendizagem.
O Plano Nacional de Graduação destaca, ainda, a
questão de formação continuada, entendida como maneira de aperfeiçoamento e
atualização profissional quando se refere à qualificação de professores, assim
registrando: A concretização das propostas desse plano requer um novo perfil
docente. Este docente terá, necessariamente, formação científica na sua área de
conhecimento, o que requer, na maior parte dos casos, pós-graduação “stricto
sensu”, preferentemente ao nível do doutorado, com permanente atualização. Ele
precisa dar conta do complexo processo histórico de constituição de sua área.
(Plano Nacional de Graduação, 1999, p.23 trata-se da utilização de ferramentas.
Dando continuidade às discussões, debates e propostas sobre temas relativos ao ensino
superior, o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras,
gestão 2001/2002, elegeu como tema para discussão a Educação a Distância como
modalidade para o ensino de graduação. Elaborou-se em Curitiba –outubro de 2001
– um documento preliminar denominado “Educação a Distância na Graduação: as
políticas e as práticas”. Face às novas exigências paradigmáticas, o referido
documento declara o que se segue: Por suas peculiaridades, pode ser concebida
pelas IES como uma modalidade de organização da prática pedagógica que
possibilita uma (re)significação de paradigmas educacionais, sobretudo no que
diz respeito: à compreensão da educação como sistema aberto; ao conhecimento
como processo; a dimensão tempo-espaço escolar, como construção subjetiva; à autonomia
do estudante no processo de aprendizagem; à interlocução no processo de
comunicação dos sujeitos da ação educativa; à compreensão da educação como
processo permanente; à compreensão do conhecimento em rede (Educação a
Distância na Graduação: as políticas e as práticas, 2001, p. 14).
Dentre outras, essas considerações de
políticas e práticas demonstradas estão contribuindo no sentido de apontar a
necessidade de superação do modelo tradicional de formação educativa. Destinada
a pessoas adultas, a introdução de uma visão ampliada de educação continuada
visa o aperfeiçoamento e atualização profissional, encontrando amplas possibilidades
de ser ancorada num projeto de formação cultural e tecnológica quando se tem em
vista a modalidade de EAD.
Conclusão
As novas tecnologias de
informação, aliadas à proliferação das mídias interativas, têm colocado
recursos como o computador, a Internet e o vídeo, a serviço da educação. A
tendência atual é aliar tecnologia à educação e, em virtude desta nova realidade,
torna-se cada vez mais necessária a implementação de uma nova cultura docente e
discente nas instituições educacionais do nosso país. A Educação a Distância
acarreta numa revolução tão intensa nos paradigmas educacionais que revoluciona
até o ensino presencial e, apresenta uma oportunidade impar para que a
instituição e os professores repensem sua prática educativa.
Ensinar
a distância é democratizar o saber. É permitir que todos tenham acesso à
educação, mesmo aqueles que, por um motivo ou outro, não estejam sendo
atendidos satisfatoriamente pelos meios tradicionais de ensino. Entende-se essa
afirmação pelo fato do EAD permitir que pessoas em locais distantes ou sem
tempo para deslocamentos, possam ter acesso a cursos e aperfeiçoamentos que
presencialmente não conseguiriam realizar. Existe, entretanto uma indagação a
ser feita: até que ponto pode-se chamar “democratização” a utilização de novas
tecnologias na educação, uma vez que nem todas as pessoas podem ter acesso a
essas tecnologias.
Assim, tem-se consciência que com a
utilização de tecnologias indisponíveis para a maioria da população, ocorre
também uma marginalização nos processos de aprendizado, decorrente não só de
poder aquisitivo, mas também de falta de acesso a certas tecnologias, devido a
distância dos principais centros urbanos, com alternativas de conexões rápidas.
A EAD ainda é assunto polêmico. As vozes
exaltadas de seus acusadores e apologistas se levantam apenas para apontar os
seus problemas e as suas controvérsias. Como se pode observar a EAD ultrapassa
a função de redentora de alguns fracassos do sistema educacional, como foi
historicamente seu caso, e torna-se mecanismo para atender a demandas de grande
relevância no ensino, inclusive na graduação e na pós-graduação.
Por se tratar de um
novo conceito de ensino, por suas peculiaridades e pelos desafios que enfrenta,
a EAD via Internet precisa ser acompanhada e avaliada em todos os aspectos que
a envolvem, a começar por um minucioso planejamento de todas as ações
envolvidas na concepção, produção e implementação de um curso a distância. Não
só o desempenho dos alunos deve constituir o objeto de preocupação desse ensino
como também a atuação dos professores e tutores, a adequação da metodologia,
das estratégias didáticas e dos instrumentos utilizados.
Várias questões
permanecem polêmicas, como, por exemplo: como utilizar mais e eficazmente as
novas tecnologias da informação e da comunicação no processo de
ensino-aprendizagem, a relação entre o formato do curso e o sucesso escolar do
aluno, as estratégias tutoriais adequadas para gerar situações mais efetivas de
aprendizagem etc. Outras já são consensuais, como a necessidade de um minucioso
planejamento de todas as ações envolvidas na concepção, produção e
implementação de um curso a distância.
REFERÊNCIAS
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Madrid: UNED, 1994.
CRUZ, D. M.; MOURA, T. R. A. O professor midiático na educação
presencial: um estudo sobre a virtualização da sala de aula. In: SALÃO DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA SIC – UFRGS, 17, 2005, Porto Alegre. [Anais...] Porto Alegre: UFRGS,
2005.
Educação,
Ministério da. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBE).
MORAN, J. M.; MASETTO, T. Novas
tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.
_________.; ARAUJO FILHO, M.; SIDERICOUDES, O. A ampliação dos vinte por cento à distância:
estudo de caso da Faculdade Sumaré-SP. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABED –
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, 12, 2005, Florianópolis. [Anais...] Florianópolis, 2005.
Disponível em: http://www.abed.org.br/congresso2005/por/pdf/172tcc3.pdf. Acesso
em: 20 jun. 2006.
MOTTA, G. P. O ensino a distância: potencialidades
e impactos no transporte rodoviário de cargas brasileiro. 1999. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 1999.
Nunes, Ivônio B. Noções de educação a distância.
Brasília, Instituto Nacional de Educação a Distância.
PALLOFF, R. M.; PRATT, K. O aluno virtual: um
guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SIEVERT, M.; TONELLI, A. Educação à distância no ensino presencial:
uma nova cultura de aprendizagem?. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS
CULTURAIS EM EDUCAÇÃO, 1, 2004, Canoas/RS. [Anais...] Canoas/RS: ULBRA, 2004