Contexto escolar vs influências familiares

Por Raquel Rocha Drews Valadares | 13/09/2023 | Educação

 

Contexto escolar vs influências familiares

Glauciane Paiva de Freitas Lopes [1]

Ilma Alves de Oliveira [2]

Luiza Savelli dos Santos [3]

Maria Edleuza da Silva Almeida [4]

Raquel Rocha Drews Valadares [5] 

Vilma de Araújo Pereira [6]

 

Inicialmente a expressão popular “Filho de peixe, peixinho, é!”, vai trazer uma alegoria tradicional da breve reflexão que esse artigo trará. “Contexto escolar vs influência familiares.” No entanto, aprofundar-se-á com mais clareza sobre as regras e imposições que muitas pessoas têm ao levar consigo o legado familiar. A educação de uma criança é um empreendimento complexo e multifacetado, que envolve tanto o ambiente escolar quanto as influências familiares. O contexto escolar e as interações familiares desempenham papéis cruciais no desenvolvimento acadêmico, social e emocional de uma criança. Neste artigo, exploraremos a dinâmica entre esses dois pilares da educação, destacando a importância de uma parceria colaborativa para o bem-estar e sucesso da criança. A escola é muito mais do que um local de aprendizado acadêmico. Ela é um ambiente onde as crianças têm a oportunidade de interagir com colegas, desenvolver habilidades sociais, explorar interesses e aprender a trabalhar em equipe. Professores desempenham um papel significativo ao oferecer orientação educacional e apoio emocional. A escola também pode ser um local onde as crianças são introduzidas a atividades esportivas, artísticas e culturais, enriquecendo suas experiências. Além disso, a escola é um espaço onde as crianças aprendem a lidar com desafios, superar obstáculos e desenvolver a resiliência. A variedade de experiências proporcionadas pela escola contribui para a formação de uma visão mais ampla do mundo. Pois, segundo Lahire:

A regularidade das atividades, dos horários, as regras de vida estritas e recorrentes, os ordenamentos, as disposições ou classificações domésticas produzem estruturas cognitivas ordenadas, capazes de colocar ordem, gerir, organizar os pensamentos (LAHIRE, 1997, p. 26).

A família é o primeiro ambiente em que uma criança é inserida. As influências familiares são essenciais para moldar valores, crenças e hábitos. É dentro da família que a criança aprende sobre empatia, respeito, amor e responsabilidade. A comunicação entre pais e filhos promove a compreensão emocional e a conexão. Além disso, a família é um ambiente onde as crianças desenvolvem seu senso de identidade e autoestima. O apoio e incentivo dos pais são fundamentais para o desenvolvimento de confiança e segurança emocional. Em vez de serem entidades separadas, o contexto escolar e as influências familiares devem formar uma parceria colaborativa para proporcionar uma educação completa e holística para a criança. Quando escola e família trabalham juntas, as crianças se beneficiam de uma abordagem integrada que aborda todos os aspectos do seu desenvolvimento. A comunicação entre escola e família é um pilar fundamental dessa parceria. Pais e professores devem compartilhar informações sobre o progresso acadêmico e emocional da criança. Isso permite uma abordagem coesa para apoiar as necessidades individuais da criança. Encontrar um equilíbrio entre o contexto escolar e as influências familiares é fundamental. As crianças prosperam quando há coesão entre o que estão aprendendo na escola e os valores que estão sendo transmitidos em casa. Os pais podem apoiar o aprendizado acadêmico, fornecendo um ambiente de estudo tranquilo e incentivando o interesse pela aprendizagem. Da mesma forma, a escola pode enriquecer a educação, promovendo valores como a cooperação e a responsabilidade. Sabe-se que as ordens, as imposições, as regras e os pensamentos, estão tão enraizados que muitas vezes as pessoas tem grandes dificuldades em quebra-las ou transpô-las, assim, seguem suas vidas carregando um fardo que não são delas, mas imposto pela sociedade familiar.  Desse modo, trazendo essa linha de reflexão para o contexto escolar vemos que NOGUEIRA e NOGUEIRA (2002), explica que:

As famílias e os indivíduos não se reduzem à sua posição de classe. [...] Cada família, no entanto, e, mais ainda, os indivíduos tomados separadamente, seriam o produto de múltiplas e, em parte, contraditórias influências sociais (Nogueira e Nogueira, 2002, p. 27).

            A colaboração entre a escola e a família é fundamental para transmitir valores e ética consistentes. Quando pais e professores estão alinhados na promoção de valores como respeito, honestidade e responsabilidade, a criança recebe mensagens claras e coerentes em ambos os ambientes. Isso contribui para a formação de um caráter sólido e guia o comportamento da criança tanto na escola quanto em casa. Quando escola e família trabalham juntas, é mais fácil identificar as necessidades acadêmicas individuais da criança e fornecer o suporte necessário. Professores podem compartilhar informações sobre o desempenho acadêmico, permitindo que os pais ofereçam ajuda extra em áreas que precisam de reforço. Por outro lado, os professores podem ajustar seu ensino com base no conhecimento que os pais têm sobre os interesses e pontos fortes da criança. O desenvolvimento socioemocional é uma parte crucial da educação. A colaboração entre a escola e a família pode ajudar a abordar questões emocionais e sociais que a criança possa enfrentar. Quando os pais estão cientes dos desafios que a criança está enfrentando na escola, podem oferecer apoio emocional em casa. Da mesma forma, os professores podem trabalhar para criar um ambiente escolar seguro e inclusivo que promova o bem-estar emocional. Tornando essas regras e imposições um desafio no contexto escolar. Por isso, cada vez mais o sistema governamental tem se preocupado em inserir campanhas que mudem a realidade de nossas crianças independentes da classe social através de projetos que auxiliem o desenvolvimento das crianças e lhes garantam condições de acesso ao sistema publico de ensino. Pois, GOMES (2005) considera:

Um dos maiores desafios da história da educação é organizar uma escola que seja, ao mesmo tempo, de qualidade e democrática, isto é, que não ofereça aos pobres uma escolaridade pobre, mas que efetivamente consiga que os alunos, mesmo socialmente desprivilegiados aprendam [...] Evidentemente, é preciso considerar primeiro as origens sociais dos alunos. (GOMES, 2005, p. 282).

            A parceria entre a escola e a família não apenas influencia o presente, mas também prepara a criança para o futuro. Ao colaborar na promoção de habilidades como comunicação eficaz, pensamento crítico e resolução de problemas, escola e família estão capacitando a criança para se destacar em um mundo cada vez mais complexo e interconectado. Quando pais e professores trabalham juntos, a criança é incentivada a participar ativamente em sua própria educação. Ela percebe que seu aprendizado é uma jornada que envolve múltiplos aspectos da vida, tanto na escola quanto em casa. Isso cria um senso de responsabilidade e compromisso com sua própria aprendizagem. No entanto, torna-se um desafio proporcionar a todos os estudantes de distintas categorias um ensino de qualidade, pois mesmo que lhe sejam ofertados essa melhoria muitos estão presos ao círculo cultural originados de suas famílias e dão invasão ao fracasso escolar. A colaboração entre a escola e a família também pode fortalecer os relacionamentos entre os próprios pais e professores. Quando ambos os lados reconhecem o papel fundamental que desempenham na vida da criança, isso cria um ambiente de respeito mútuo e compreensão. Esse relacionamento positivo é benéfico para todos os envolvidos e, em última análise, beneficia a criança. Assim, segundo MACEDO (19940):

Ora, a questão é coordenar esses três compromissos (haveria outros) de uma forma específica, com suas leis, exigências e valores. E, igualmente, não esquecer o plano da integração, da solidariedade partida ou reciprocidade entre os compromissos científicos, psicológicos e didáticos. Ora, essa articulação, necessária ao ato pedagógico, fica mais viável se houver uma visão relativista do erro e do acerto. Por isso, o ensino é uma arte ou construção, cuja realização plena só pode ser pensada como ponto de chegada, nunca de partida. (MACEDO, 1994, p.65-66)

            Enfim, MACEDO (1994), traz uma reflexão sobre o plano de integração que atinja os diversos campos articulados em um plano pedagógico (geral) que apõem os estudantes nas áreas científicas, psicológicas e didáticas para que fluem conjuntamente e tenham êxito.  O relacionamento entre o contexto escolar e as influências familiares é um elemento essencial da educação da criança. Quando escola e família trabalham juntas de maneira colaborativa e harmoniosa, a criança se beneficia de uma abordagem holística para o aprendizado e desenvolvimento. Essa parceria não apenas melhora o sucesso acadêmico da criança, mas também promove valores, habilidades socioemocionais e uma base sólida para o futuro. Ao unirem forças, escola e família desempenham papéis complementares e fundamentais na jornada da educação da criança. O contexto escolar e as influências familiares desempenham papéis interconectados e complementares no desenvolvimento da criança. Quando esses dois elementos trabalham em harmonia, a criança é beneficiada por uma educação abrangente e enriquecedora. A parceria entre escola e família é fundamental para criar uma base sólida para o crescimento acadêmico, emocional e social da criança. Ao unir forças, escola e família podem criar um ambiente de apoio que nutre o potencial da criança e a prepara para enfrentar com confiança os desafios do futuro.

 

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

GOMES, C. A Escola de Qualidade para Todos: Abrindo as Camadas da Cebola Ensaio: aval. Pol. Públ. Edu., Rio de Janeiro, v.13, n.48 p. 281-306, jul.set/.2005.

LAHIRE, B.Sucesso escolar em meios populares – as razões do improvável. São Paulo: Ática, 1997.

MACEDO, L. Ensaios construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

NOGUEIRA, C. M. M.; NOGUEIRA, M. A. A sociologia da educação de Pierre Bourdieu: limites e contribuições. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 78, p. 15-36, abr. 2002.

 [1] Graduação: Ciências Física e Biológica; Especialização em: Biologia e professora na Rede de Ensino na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[2] Graduação: Ciências biológicas; Especialização em: Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[3] Graduação: Pedagogia; Especialização em: Educação infantil e alfabetização/ Educação Inclusiva e o Atendimento Educacional Especializado e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[4] Graduação: Pedagogia. Especialização em: Educação Especial e inclusão no Espaço Escolar e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[5] Graduação em: Pedagogia; Especialista em: Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Neurociência Aplicada a Aprendizagem/ABA e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[6] Graduação: Pedagogia; Especialista em: Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

 

 

 

 

 

 

 

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