CONTEXTO DE COMUNIDADES INDÍGENAS

Por ivan Dionizio da Cruz | 16/10/2017 | Saúde

                      IMP. ISTITUTO DE POS GRADUAÇÃO DO ESTADO

                                        DO MATO GROSSO - MT

        NOME DO ARTIGO: CONTEXTO DE COMUNIDADES INDÍGENAS.

 

Autor: Ivan Dionizio da Cruz.Prof. de Filosofia e Mestre em Sociologia

 

 

                                       SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA - MT

                                                        2017

 

                                      

          NOME DO ARTIGO: CONTEXTO DE COMUNIDADES INDÍGENAS.

*

*

Nome do autor: Ivan Dionizio da Cruz. Prof. Filosofia e Mestre em Sociologia

 

                                                             SUMÁRIO

1-INTRODUCÃO.

 

1.1. REVISÃO- A TENSÃO A SAÚDE INDÍGENA E O SUS: BREVE ITRODUÇÃO A FORMULAÇÃO DA SAÚDE INDÍGENAS______________6
1.2. A POPULAÇÃO INDIGENAS BRASILEIRA: A ETINIAS KARAJA___10
1.3. A QUESTÃO DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E A SAÚDE DA CRIANÇA ÍNDIGENAS______________________________________12
2. ALGUMAS VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­___________14
2.1
-CLASSIFICAÇÃO DE ALEITAMENTO MATERNO________________15
3
- INDICADORES DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO NA ETNIA
KARAJA_____________________________________________________16
4-
OBJETIVOS._______________________________________________19
4.2
.ESPECIFICO.______________________________________________19
5. METODOLOGIA.____________________________________________20
6. RESULTADOS._____________________________________________22
61. APRESENTANDO UMA ESTRATÉGIA PARA PROMOÇÃO ALEITAMENTO MATERNO______________________________________22
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS____________________________________22
8
. BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS______________________________23

 

                                                     RESUMO


1. O presente trabalho busca fazer algumas reflexões, por meio de revisão
bibliográfica, sobre a saúde da criança indígena brasileira, enfatizando a contribuição do profissional de saúde na promoção do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, especialmente das crianças da etnia Karajà cujas comunidades indígenas estão localizadas nos estados de Goiás, Tocantins, e Pará. Ao destacar a importância da amamentação, especialmente o Aleitamento Materno Exclusivo - AME até o sexto mês de vida do bebê, conforme recomenda O Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), este Trabalho de Conclusão de Curso volta a percorrer caminhos já trilhados por estas instituições que, defendem e fundamentam a necessidade da promoção do aleitamento materno, possibilitando conhecer sua importância para a saúde infantil. A revisão da literatura possibilitou constatar que a amamentação traz inúmeras vantagens para a saúde de crianças, especialmente nos primeiros meses de vida, como medida de saúde pública, e em muitos casos, garante a sobrevivência das crianças, particularmente, daquelas em condições desfavoráveis e ou que nascem com baixo peso. Neste sentido, considerando que a relação maternidade e aleitamento possibilitam que profissionais de saúde atuem próximos às mães e futuras mães, a pretensão desse estudo é conhecer quais as possibilidades de contribuição dos profissionais de saúde, no contexto da saúde indígena, para o incentivo ao aleitamento materno.

 

Palavras-Chave: Amamentação; Indígena; Promoção da Saúde; Infantil; Profissionais de Saúde.

                                                INTRODUÇÃO

1.1- Revisão da Literatura: A atenção à saúde indígena e o SUS: Breve introdução da formulação da política de saúde indígena. Para debater a saúde, especificamente, foram realizadas, em 1986 e 1993, a I Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio e a II Conferência Nacional de Saúde para os Povos Indígenas, por indicação da VIII e XIX Conferências Nacionais de Saúde, respectivamente. Essas duas Conferências propuseram a estruturação de um modelo de atenção diferenciada, baseado na estratégia de Distritos Sanitários Especiais Indígenas, como forma de garantir aos povos indígenas o direito ao acesso universal e integral à saúde, atendendo às necessidades percebidas pelas comunidades e envolvendo a população indígena em todas as etapas do processo de planejamento, execução e avaliação das ações1. No início de 1991, pelo Decreto Presidencial nº. 23 foram transferida para o Ministério da Saúde a responsabilidade sobre as ações de saúde para os povos indígenas. Nesse mesmo ano o Conselho Nacional de Saúde instituiu a Comissão Intersetorial de Saúde do Índio (CISI), com a função de assessorá-lo no acompanhamento da política governamental
no campo da saúde indígena. Na contramão desse processo, em 1994, o Decreto Presidencial nº. 1.141 constituiu a Comissão Intersetorial de Saúde (CIS) e, na prática, devolveu ao Ministério da Justiça e FUNAI a coordenação das ações de saúde. A partir daí o Ministério da Saúde e Funasa e o Ministério da Justiça e a Fundação Nacional do Índio - Funai passaram a dividir
a responsabilidade sobre a saúde indígena, executando, cada um, parte das ações, de forma fragmentada e conflituosa. No final de 1998, diante da situação precária de atenção à saúde do índio, o Ministério da Saúde e Fundação Nacional de Saúde-Funasa abriu discussão interna, no âmbito do Governo Federal, visando assumir integralmente esta responsabilidade.

   AS LIDERANÇAS ÍNDIGENAS

1.2 Além disso, abriu um processo público de discussão sobre o assunto, com a realização de dezesseis grandes seminários regionais, com ampla participação de lideranças indígenas e de seus aliados, onde apresentou uma proposta concreta de Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Essas reuniões expressaram com nitidez a necessidade de reformulação da atenção à saúde indígena e enriqueceram a proposta formulada pelo Ministério da Saúde, fortalecendo, ainda, as bases políticas para a decisão governamental, ocorrida em agosto de (1999), de transferir definitivamente para o Ministério da Saúde a completa responsabilidade pela atenção à saúde do índio.

7
1.3 A implantação de uma Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos
Indígenas, em consonância com os princípios do Sistema Único da Saúde - SUS requereu a adoção de um modelo organizacional dos serviços, que levou em conta as especificidades culturais, epidemiológicas e operacionais desses povos. O modelo adotado foi os Distritos Sanitários Santa Isabel Indígenas- DSSIs, concebidos com sistemas locais de saúde, orientados para populações definidas, dentro de espaços geográficos e administrativos específicos,
contemplando um conjunto de atividades técnicas, que visam prover medidas racionais e qualificadas de atenção, promovendo a organização da rede de serviços de saúde e o repensar das práticas sanitárias, levando em consideração as especificidades culturais dos usuários e efetivando o controle social1. Os Distritos Sanitários possuem a função de base organizacional dos serviços e, por sua vez, subdivide-se em Polos-Base compostos por equipes multidisciplinares de saúde para o atendimento primário e a saúde bucal nas aldeias. Consultas e exames complexos são realizados na rede credenciada do SUS. A seguir apresenta-se o organograma construído pela Fundação Nacional de Saúde- Funasa com a organização interna de um DSEI e seu modelo assistencial:

1Fonte:http://www.funasa.gov.br

Neste contexto a participação do deputado Sérgio Arouca foi definitiva na
8
elaboração da Lei de Saúde Indígena que remonta a 8ª Conferência Nacional de Saúde CNS, em 1986, nas discussões de integração da saúde pública e a criação do SUS. Conforme aponta na literatura, para escrever a Lei, o deputado manteve contato frequente com indigenistas e profissionais da Faculdade Paulista da Medicina, além de vários representantes
dos povos indígenas. Sérgio Arouca ressalta que a Lei é o fruto do que ele observou nas aldeias e do que os grupos discutiram.

1.4) Foi criada em 2010, a Secretaria Especial de Saúde Indígena-SESAI, área do Ministério da Saúde com o objetivo de coordenar e executar o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena em todo Território Nacional, dando continuidade às ações desenvolvidas no contexto da saúde indígena pela instituição antecessora Funasa. Portanto, talvez o Brasil seja o país que mais tenha avançado na implantação de uma Política Nacional à Saúde dos Povos Indígenas, mediante a criação de um subsistema de saúde
integrado ao Sistema Único de Saúde, sendo a preparação de recursos humanos um dos seus eixos estruturantes. Nesta perspectiva, visando preparar recursos humanos, a Universidade Aberta do Brasil-UAB em parceria com a Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP, por meio de sua Educação à Distância, vem dando sua parcela de contribuição na formação de
profissionais promovendo Curso de Especialização em Saúde Indígena, que certamente marcará a capacitação dos profissionais de saúde indígena.

1.5) Espera-se que se produzam outras iniciativas que contribuam para a     integração entre ensino e serviço, que se acredita ser objeto de preocupação das instituições que tem responsabilidade sanitária sobre a saúde coletiva no Brasil, na perspectiva de consolidar a estratégia da Saúde Indígena no desenvolvimento do Subsistema de Saúde Indígena. O DSEI- Canarana. MT, TO, desde o ano 2011, presta assistência às populações indígenas em todos os 14 municípios da área de sua abrangência e ainda possui sob sua jurisprudência as populações indígenas do Estado do Goiás contempladas por 04 Pólos Base, 01 Pólo Base Tipo II e o Escritório Local. As ações de saúde são desenvolvidas pelas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena-EMSI e as equipes administrativas, que juntamente com outros atores executam as ações de saúde junto às comunidades indígenas.

1.6) Os Carajás, também chamados karajá e iny mahãdu (que é sua autodenominação]), são um grupo indígena que habita a região dos rios Araguaia e Javaés, nos estados de GoiásMato GrossoTocantins e Pará, no Brasil. Sua língua, a língua carajá (denominada, pelos Carajás, como inyrybe, que significa "a fala dos iny), pertence à família linguística carajá, a qual, por sua vez, pertence ao tronco linguístico macro-jê. Sua população atual é de 2.927 pessoas, distribuídas em 21 aldeias.

            Figura – 2 mapas da localização da etnia karajá.

O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) é a unidade gestora descentralizada do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Sasi - SUS). Trata-se de um modelo de organização de serviços – orientado para um espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo bem delimitado –, que contempla um conjunto de atividades técnicas, visando –

medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, promovendo a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolvendo atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, com o Controle Social. No Brasil, são 34 DSEIs divididos estrategicamente por critérios territoriais e não, necessariamente, por estados, tendo como base a ocupação geográfica das comunidades indígenas. Além dos DSEIs, a estrutura de atendimento conta com postos de saúde, com os Pólos base e as Casas de  Saúde Indígena  (Casais) Mapa da etnia Xavante.

      Fonte: http://www.funasa.gov.br

10

1.0).A atual população indígena brasileira, segundo dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, é de 896,9 mil indígenas. De acordo com a pesquisa, foram identificadas 305 etnias, das quais a maior é a Tikúna, com 6,8% da população indígena. muito aquém dos cerca de cinco milhões, que ocupavam o território nacional, no início do século XVI. O principal fator de dizimação desta população foram epidemias trazidas pelos homens brancos e por doenças infecciosas decorrentes das mudanças no seu modo de vida imposto pela colonização e cristianização. Estes grupos diferem nos aspectos de concepção e organização social, política, econômica, de relação com o meio ambiente e ocupação do território. Diferem ainda quanto à temporalidade e experiência na relação com as frentes de colonização e expansão da sociedade nacional.

1.1)Também foram reconhecidas 274 línguas. Dos indígenas com 5 anos ou mais de idade, 37,4% falavam uma língua indígena e 76,9% falavam português. De acordo com informações colhidas por meio do ISA em pleno século XXI agrande maioria dos brasileiros ignora a imensa diversidade de povos indígenas que vivem no país. Neste sentido, lembro-me de que quando acompanhava os usuários indígenas que vinham para a Casa de Apoio á Saúde do Índio - CASAI para visitas, atendimentos médicos especializados na rede de referência algumas pessoas me perguntavam se aqui na região existiam índios, só na região do Araguaia tem uma população de 2.927 O Instituto Sócio Ambiental estima que, na época da chegada dos europeus, fossem mais de 1.000 povos, somando entre 2 e 4 milhões de pessoas. Atualmente encontramos no território brasileiro 238 povos, falantes de mais de 180 línguas diferentes. Os povos indígenas somam segundo o Censo IBGE 2010, 817.963 pessoas. Destas, 315.180 vive em cidades e 502.783 em áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,42% da população total do –

11

1.2).País. A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas no interior de 670 Terras Indígenas, de norte a sul do território nacional. No tocante a população indígena da etnia Karaja, a mesma tem suas terras localizadas no Vale do Rio Araguaia, nos municípios Aruanã GO, São Miguel do Araguaia GO, São Félix do Araguaia MT, Formoso do Araguaia TO, Xanbioá TO totalizando em torno de 2.927 pessoas. Em 2006, houve um conflito e cisão entre grupos não indígenas. Posteriormente a Funai entrou com uma ação judicial no Supremo Tribunal Federal, a terra indígenas foram invadidas, no município de São Felix do Araguaia MT, no distrito Posto da Mata da etnia Xavante que ouve a reintegração de posse por ordem do STF. Para essa etnia, as crianças são fundamentais e estão no centro da dimensão sagrada e de toda sociabilidade e geralmente estudam a língua materna para depois aprenderem à língua do “branco”, pois os mais velhos alegam que elas podem se afastar da língua materna. Karaja e Javaés, no caso de aprenderem primeiro a língua do branco. Para o povo Karaja, as crianças são as almas de outras crianças mortas que retornam ao mundo dos vivos trazendo de volta todo conhecimento e os cânticos dos rituais. Os rituais estão relacionados a todas as dimensões da vida desse povo: a doença, a iniciação das crianças, a guerra, o plantio e a caça. Os Karaja são denominados de povo do canto. Segundo Álvares (2009) isso se faz em função da importância que é dada à música. A música é tida como elemento da natureza e as almas dos mortos transmitindo aos Karaja o conhecimento necessário para a vida. O destino pós-morte de um Karaja é transformar-se em canto. A antropóloga Myriam Álvares, da Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG, desenvolveu durante muitos anos trabalhos com os índios Maxakali, o que a conferiu conhecimentos suficientes para redação de diversos relatórios e textos sobre este povo. Ela cita ainda, que: de acordo com as regras da etiqueta, os Karaja, devem-se primeiro dirigir-se às crianças.

          OS JAVAÉS

1.0) (Particularmente os JAVAÉS usa a mesma língua iny), quando em visita a um grupo familiar aliado ou em qualquer outra situação de distância social. Só após agradar às crianças, carregar e acariciar os bebês é que o visitante deve dirigir o olhar e a palavra aos seus anfitriões adultos. É a segunda maior população indígena aldeias, atualmente, no estado de TO.  Poucos são os adultos com mais de 45 anos, 6,98%. A moradia etária se concentra na faixa etária de 0 a 5 anos, representando observado na Figura 3 a seguir.

Figura – 03 Fontes- SIASI Local – Pólo Base Tipo II de Machacalis-Dsei-MT e TO, 2009.

12 

1.1) - A questão do Aleitamento Materno Exclusivo - AME e a saúde da criança indígena. Pode-se observar que a partir dos anos 90, há um incremento de estudos sobre a saúde da criança com destaque para o AME. Haja vista a produção de vários livros e artigos pautados nesta questão, especialmente produções que focam o AME.  Uma recente pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo-USP mostra que o AME no Brasil aumentou entre as décadas de 1990 e 2000. Esse trabalho resultou numa Dissertação de Mestrado do nutricionista Vitor Fernandes Bersot, dissertação defendida no ano de 2011 e intitulada: ”Mudança temporal do aleitamento materno exclusivo na América Latina e Caribe.

 “Atualização de seus determinantes e da tendência secular”. É relevante
destacar que as investigações empíricas sobre a amamentação realizada no Brasil, tanto as pesquisas epidemiológicas, quanto aos estudos antropológicos, desenvolveram-se mais voltadas ao contexto urbano. Assim, tais discussões esbarram numa quase que absoluta ausência de informações no tocante a população indígena infantil, com destaque para o aleitamento materno exclusivo.

13
1.1) Há registro de que a partir de pesquisas com população indígena, a maioria das mães indígenas não apresenta dificuldade para o início da amamentação6, daí a importância dos profissionais de saúde, em suas ações, fortalecer essa prática, para a sua manutenção, sobretudo o Médico, esse profissional. Isso porque, ele tem, de fato, uma presença e importância inquestionável nos serviços de saúde de nosso país. Ele participa efetivamente das equipes de saúde e de um trabalho articulado, complementar e autônomo. O trabalho em equipe, em todos os níveis dos serviços e programas de saúde indígena, é estratégia, importante para garantir a qualidade da assistência à criança indígena.

    

1.2) Contudo, o DSEI-MT e TO, em cujo âmbito desta pesquisa pôde - se desenvolver e priorizando ações, por meio dos profissionais de saúde, que buscam auxiliar as mulheres indígenas a superarem as dificuldades do início do processo da amamentação, se por ventura houver, além de orientar sobre a não administração de outros alimentos e líquidos (excetuando-se os medicamentos) além do leite humano que deve ser oferecido nos primeiros
seis meses de vida da criança. Diante deste contexto, as dificuldades encontradas para manutenção do AME nos primeiros seis meses de vida das crianças em geral e em especial das crianças indígenas, a desnutrição e mortalidade infantil, constitui-se um importante problema de saúde pública,
cujo enfrentamento depende, também, do desenvolvimento econômico, de melhor distribuição de renda, da eficácia das políticas públicas, ente outros fatores. A implementação da Política Nacional de Atenção aos Povos Indígenas requer a adoção, no País, de um modelo complementar e diferenciado de organização dos serviços voltados para a proteção, promoção e recuperação da saúde desses povos.

   O modelo deve reconhecer as especificidades étnicas e culturais e direitos territoriais dos povos indígenas, bem como, a atenção nutricional especialmente voltada para a criança indígena, considerando suas implicações nos indicadores de saúde e garantia de sobrevivência dessas populações.
Neste sentido, tem-se o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional Indígena SISVAN-I como um sistema de informação para descrição e predição contínua das condições de nutrição e alimentação de uma população e seus fatores determinantes. Trata-se de uma ferramenta de trabalho que é uma forte aliada no monitoramento da alimentação da criança, em especial a menor de seis meses de idade, indicando fragilidade e riscos para a má alimentação, adoecimento e a desnutrição.

   ALGUMAS VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO

14
1.0) No que dizem respeito ao aspecto nutricional e digestivo, os relatos científicos evidenciam que se trata de um alimento indiscutivelmente completo para a criança no seu primeiro semestre de vida. A prática da amamentação.
●Aumenta o vínculo afetivo entre mãe e filho;
● Diminui o risco de desnutrição;
● Diminui o risco de a criança ficar ictérica;
● Proporciona melhor resposta às vacinações e capacidade de combater doenças mais rapidamente;
● Protege contra infecções (sobretudo pneumonias e diarréias) pela presença de anticorpos e fatores anti-infecciosos e pela ausência de risco de contaminação;
● Diminui a probabilidade de desencadeamento de processos alérgico, pelo retardo da introdução das proteínas heterólogas, ou seja, “Que consiste em elementos diferentes, ou em elementos iguais em proporções diferentes” que não corresponde presentes no leite de vaca, entre outros.

15
1.0) No que tange as vantagens de oferecer o peito a criança, a mãe igualmente a seu filho, também se beneficia, pois:
● Reduz o risco de desenvolver câncer de mama e ovário;
● Espaça as gestações;
● Previne contra osteoporose;
● Facilita o estabelecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho;
● Reduz o risco de complicações hemorrágicas no pós-parto e favorece a involução uterina;
● Contribui para o retorno ao peso pré-gestacional, etc.
1.1) A UNICEF traz a discussão que a família, por sua vez, evita custos com a compra de leite de vaca, com os cuidados necessários para a produção do leite artificial e com o gás para aquecer o leite, pois o leite materno está pronto, em temperatura adequada, e sempre fresco e livre de contaminações. Há ainda, redução do número de internações em razão da desnutrição e infecções respiratórias e gastrintestinais, contribuindo para redução da taxa de mortalidade infantil, diminuindo o ônus alto à família, instituições de saúde e à nação, conforme aponta a literatura.  

Classificação de Aleitamento Materno
1.2) A revisão da literatura mostra que conforme padroniza o Ministério da Saúde10 o aleitamento materno pode ser exclusivo, predominante ou complementar. É considerado Aleitamento Materno Exclusivo (AME) quando é oferecida a criança apenas leite materno diretamente da mãe ou ordenhado, não recebendo, portanto, nenhum outro líquido ou alimento sólido.

16
1.0)
Trata-se de Aleitamento Materno Predominante (AMP) quando a principal
fonte de alimentação da criança é o leite materno, sendo permitido oferecer água, chá e medicamentos, e o Aleitamento Materno Complementar é quando a criança, além de ser amamentada ao seio, recebe antes da fase de vida adequada, outros tipos de alimentos, tais como cereais, legumes, frutas, leite, etc. em alguma refeição. Refere-se, portanto, esse estudo à promoção do AME.


Figura 4. Desenho de participante da “Oficina de Aleitamento Materno”

No tocante à alimentação da criança Karaja segundo o estudo que fizemos relatamos que depois de sete meses as mamães Karaja já pode dar alimento para os bebês, porque o leite não sustenta. A mãe cozinha e amassa batata ou coloca mandioca no pilão e machuca bem machucado e dá para o bebê de
sete meses para cima. Ugtok (criança) fica desnutrido, quando a mãe engravida e ele ainda está mamando, aí o leite da mãe diminui. Portanto, a questão do aleitamento materno tem uma boa aceitação na comunidade Karaja e Javaés, mas precisa ser fortalecida.

 

Sobre o tipo de alimentação que era oferecida aos filhos menores de seis meses, às vezes não conseguíamos entender direito se amamentação era exclusiva ou não devido à falta de compreensão da língua.

 18
Em programas de saúde pública além de eles assegurarem a atenção primária podem possibilitar a comunicação na sociedade como um todo, entre as populações indígenas e os sistemas de saúde com enfoque na promoção e prevenção da saúde. Nesse contexto, há necessidade de formular políticas específicas para capacitação de agentes indígenas de saúde, sem perder de vista a formação permanente que se faz necessária para o desenvolvimento das atividades do cotidiano das aldeias, considerando tanto o aspecto
técnico quanto político, e a complexidade e diversidade nas quais estão inseridos

Figura - 5

 

        Fonte: Acervo Próprio: Drº Marcio Alves Duarte.

19
 OBJETIVOS

 Combater a desnutrição das crianças das comunidades indígenas

4.2. Específicos


● Verificar a existência de trabalhos relacionados com a população indígena no tocante à
predominância do Aleitamento Materno Exclusivo;
● Analisar a prevalência do AME, na Etnia Karajá e Javaés, no período de outubro de 2009 a dezembro de 2014, por meio do SISVAN-I;
● Apresentar uma estratégia de promoção ao aleitamento materno, especialmente das crianças indígena.

20
5-METODOLOGIA


5.0) Inicialmente realizou-se levantamento bibliográfico sobre aleitamento materno, especialmente aleitamento materno exclusivo em comunidades indígenas de 1986 até atualmente, pela consulta à base de dados: Scielo, Nescon, Bireme e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), além de livros de referência, manuais técnicos, boletins, revistas, dissertações, monografias, relatórios especializados, publicações avulsas, pesquisas entre outros títulos
autorizados e disponíveis para uso público na área relacionada com o tema desse trabalho. Foram utilizados os descritores: saúde da criança indígena; amamentação; aleitamento materno; aleitamento materno exclusivo; amamentação exclusiva e desmame precoce. Foram levantados 09 artigos e selecionados 02 para o estudo, no período de Janeiro a Maio de 2017. –
5.1) Além disso, foram feitas consultas a programas e protocolos do Ministério da Saúde, bem como a documentos da OMS, livros técnicos, revistas científicas, tese, monografias e dissertações de mestrado. Após leitura atenta dos resumos dos periódicos e demais documento consultado selecionou-se aquelas publicações que mais atendiam aos objetivos do trabalho. Foram incluídos na análise dos resultados os mapas de Vigilância Alimentar e Nutricional dos Pólos Bases que prestam assistência à população Karaja no período de 2010 a 2016. Desses mapas destacou-se o aleitamento materno observando-se o quantitativo de crianças menores de seis meses alimentadas exclusivamente de leite materno.

Houve ainda, outra etapa que foi a sistematização de experiência com ações


5.2) preconizadas pelas equipes de saúde local e do DSEI, entre essas ações está o desenvolvimento de uma oficina para construção de material educativo e nutricional de promoção e prevenção da saúde infantil, especialmente visando promover o aleitamento materno exclusivo. A elaboração e organização das atividades para a construção da cartilha foram desenvolvidas por meio de discussões em rodas interativas com temas relacionados ao aleitamento materno, entre eles: Porque o aleitamento materno é importante? Conhecendo o processo de amamentação, problemas relacionados com a amamentação e fase de introdução de novos alimentos, etc. Enfim, buscou-se avaliar a proximidade que a comunidade já tinha com o tema e identificar os fatores que levam ao desmame precoce. A próxima etapa desse processo é agregar todo material construído analisar, selecionar os desenhos feitos pelos indígenas, editar e traduzir os textos baseado na literatura médica e na experiência em saúde indígena no qual vai resultar em um produto educativo que é a criação da cartilha propriamente dita.

21

6-RESULTADOS


6.1) Apresentando uma estratégia para a promoção do Aleitamento Materno
Na cultura indígena há relatos de proibição da prática da amamentação quando o recém nascido era indesejado, por conta de ser produto da concepção inimiga de mulheres da tribo ou quando havia a bigamia entre as mulheres indígenas. Há relatos14 de que mulheres indígenas das tribos Tupinambás acreditavam que a amamentação dos seus filhos por outra mãe poderia transmitir doenças e sentimentos ruins existentes em outras mulheres, estas
indignadas obrigavam o bebê a esvaziar o resíduo lácteo do seu estômago para assim poder livrar-se da maldição. Neste sentido, o reconhecimento da diversidade social e cultural dos povos indígenas é imprescindível para execução de projetos de saúde e para elaboração de propostas de prevenção, promoção e educação para saúde adequada ao contexto local.

6.2) Dentro dessa perspectiva no que concerne aos aspectos socioculturais da amamentação quando fiz as abordagens (no período Janeiro 2017 a 2017) nas aldeias para registros que foram utilizados no SISVAN-I, sobre o tipo de aleitamento materno oferecido às crianças etnias Karaja, percebi que várias mães estavam atreladas aos mitos associados à amamentação como a hipogalactia, que diz respeito ao pouco leite é MITO não leite fraco que não sustenta o que leva a desmamar seus filhos precocemente. Essa compreensão pode resultar que as crianças da etnia Karaja sejam desmamadas precocemente. Neste sentido, esses achados reafirmam a importância da reflexão da amamentação no contexto da questão da subjetividade da mulher que amamenta.

22

7-CONSIDERAÇOES FINAIS
O objetivo do tema foi buscar refletir como os profissionais de saúde indígena
podem contribuir para a prática do aleitamento. É fundamental que os profissionais dessas equipes criem um canal de diálogo com as mulheres que amamentam, as gestantes, sobretudo as indígenas adolescentes grávidas e seu grupo familiar, respeitando seus valores culturais e suas limitações, pois a família é o primeiro espaço que o indivíduo se insere. É neste contexto
que se espera ter o apoio para ser saudável ou um contexto para o adoecimento. É necessário ir ao encontro da família e conhecê-la na sua totalidade, e na sua singularidade desnudar-se dos medos, dos temores e preconceitos. Só assim será possível estar ligada aos acontecimentos de uma forma aberta, para poder estabelecer empatia numa perspectiva que resulte em crescimento pessoal e profissional. Por meio da reflexão realizada com a pesquisa proposta, foi propiciado o entendimento de que o ato de amamentar deve ser uma prática rotineira que as mães devem adotar, considerando que o leite materno é o alimento essencial para os recém-nascidos, fortalece o organismo das crianças e que os nutrientes presentes nessa alimentação, são
capazes de prevenir contra doenças, entre outros, e que, através da contribuição dos profissionais de saúde, essa prática pode e deve ser cada vez mais ampliada no âmbito da saúde indígena.

8- BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

1-Brasil. Ministério da Saúde. Glossário temático: alimentação e nutrição. Brasília, 2009.


2- Revista da Saúde. Brasília: Organização do distrito especial indígena e fluxo de atenção à saúde. Conselho Nacional de Saúde; 2000; p.8. 1(1).


3- Brasil. Fundação Nacional de Saúde, Departamento de Saúde Indígena. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Brasília (DF); 2002.

4-

 Instituto Sócio Ambiental. Disponível em: http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/quem-sao/povos-indigenas. Acessado em: 05 de fev 2017.


5- Álvares MM. Yamiy, os Espíritos do Canto: A construção da pessoa na sociedade Karaja. Unicamp. Campinas, 1986. [Dissertação de Mestrado].


6- Brasil. Ministério da Saúde: Manual de atenção à saúde da criança indígena brasileira. Yamamoto RM, organizador. 2. Ed. Brasília; 2004.

7- Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Norma Técnica: Vigilância Alimentar e Nutricional para os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Disponível em:
http://sis.funasa.gov.br/portal/publicacoes/pub44.pdf.> Acesso em: 07 de Nov 2011.


8- Brasil. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos- Organização Pan-Americana da Saúde. Brasília: Ministério da saúde, 2007.


9- UNICEF. Um exame de políticas: Estratégia para melhorar a nutrição de crianças e mulheres nos países em desenvolvimento. New York, 1990, p.5-17, São Paulo, 2007.


10- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. As cartas da promoção da saúde. Brasília: 2002.