CONSULTA DE ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL DE ADOLESCENTES

Por POLLYANNA DE SIQUEIRA QUEIRÓS | 01/10/2009 | Saúde




 QUEIRÓS, POLLYANNA DE SIQUEIRA (1)



 

 


RESUMO: Relato de experiência de acadêmica de enfermagem do décimo período de graduação em consulta de enfermagem (CE) à adolescentes. As consultas de enfermagem foram realizadas em uma Unidade Saúde da Família em Goiânia-Goiás, no primeiro semestre de 2009. Realizou-se a anamnese e exame físico dos jovens e trabalhou-se muito na promoção da saúde sexual dos adolescentes com inúmeras orientações de acordo com a realidade da vida do jovem e seus questionamentos e/ou dúvidas e foi distribuído códon masculino aos adolescentes. Dessa forma, nota-se que os conhecimentos e práticas adquiridos pela acadêmica de enfermagem através da Consulta de enfermagem foram imprescindíveis para o seu crescimento profissional e também pessoal.

 

PALAVRAS-CHAVE: Educação Sexual; Sexualidade; Adolescente; Promoção da Saúde; Enfermagem; Cuidados de enfermagem; Alunos de enfermagem; Centros de saúde.




INTRODUÇÃO

 

A estratégia do Programa Saúde da Família estimulou a implantação de Unidades Básicas de Saúde (UBS) denominadas de Unidades de Saúde da Família, tendo com um de seus principais objetivos a geração de práticas de saúde que possibilitem a integração das ações individuais e coletivas (BRASIL, 2001).

As UBS, responsáveis pela atenção básica e porta de entrada do usuário no sistema, têm como equipe multiprofissional: um médico, um enfermeiro, um ou dois auxiliares de enfermagem e quatro a seis agentes comunitários. Assim, têm como desafio o trabalho em equipe, com responsabilidade sobre o território onde vivem ou trabalham em torno de 4.500 pessoas, ou mil famílias (BRASIL, 2001).

O profissional enfermeiro, integrante da equipe, no contexto da atenção básica de saúde, tem atribuições específicas entre outras, como realizar a Consulta de Enfermagem (CE), solicitar exames complementares, prescrevendo e transcrevendo medicações, conforme protocolos estabelecidos em programas e disposições legais da profissão (BRASIL, 2001).

As ações do enfermeiro na CE, prescrição de medicamentos e requisição de exames, estão previstas na Lei Nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que regulamenta o exercício profissional da enfermagem no Brasil (BRASIL, 1986) e no Decreto Regulamentador Nº 94.406, de 8 de junho de 1987, conforme artigos 11 alínea “i”e 8º alínea “e” (BRASIL, 1987).

A realização da CE pressupõe que os enfermeiros possuam o domínio das habilidades de comunicação, observação e de técnicas propedêuticas. Deve ter objetivos claros e metodologias próprias, fazendo com que o enfermeiro tenha, de fato, uma atuação definida no serviço de saúde (SANTOS et al, 2008).

A ação profissional do enfermeiro na consulta à saúde sexual deve amparar-se em uma abordagem integral do indivíduo, ou seja, deve contemplar o mais amplamente possível os aspectos biológicos, sociais, subjetivos e de comunicação pertinentes às experiências eróticas, à autopercepção corporal, às trocas afetivas e relacionais humanas significativas, lidando com vulnerabilidades, potenciais, necessidades e/ou problemas relacionados (MANDU, 2004).

Dessa forma, segundo Mandu (2004) a consulta de enfermagem em saúde sexual deve ter por objetivos, a promoção de percepções e relações favoráveis ao livre, saudável e prazeroso exercício da sexualidade; a geração da autonomia, autocontrole corporal e responsabilização com a vida e saúde sexual; a ampliação da participação dos sujeitos alvos da atenção na tomada de decisão e controle em torno de questões relativas à sua vida e saúde sexual; o reconhecimento de direitos sexuais, do direito à atenção à saúde e à proteção contra abusos do corpo; a prevenção e controle dos sofrimentos e desgastes psicoemocionais, relacionais e orgânicos e a redução de problemas como a DST/AIDS/HIV (Doenças Sexualmente Transmissíveis/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida/Vírus da Imunodeficiência Adquirida), o câncer de mama e colo uterino, contracepção indiscriminada, gestação indesejada e abortos provocados, violências domésticas e sexuais.

Assim, a definição dos objetivos da consulta de enfermagem em cada localidade e serviço de saúde deve igualmente considerar: o perfil sócio-epidemiológico dos sujeitos que serão alvos de atenção; os recursos sociais e de saúde disponíveis; o direcionamento político nacional, estadual e local para a atenção à saúde/saúde sexual; e as demandas expressas dos sujeitos que serão alvos dos cuidados de enfermagem (MANDU, 2004).

Além disso, a CE deve ser pautada em uma nova abordagem interacional, permeada pela contínua ação reflexiva e criativa dos profissionais. É preciso levar em consideração que a consulta de enfermagem deve se constituir, eminentemente, em um espaço de expressão/captação de necessidades e de resolução de problemas do âmbito da competência profissional de enfermeiros, mediados estes pela participação ativa dos sujeitos alvos de cuidados (MANDU, 2004).

Para isso, é fundamental tornar a consulta um momento de troca e crescimento de todos os envolvidos, usuários e enfermeiro. A abordagem tradicional (centrada no profissional, interrogativa, informativa) deve ser substituída por uma relação favorável à construção conjunta de novos conhecimentos, valores, sentimentos e possibilidades práticas no campo da saúde sexual, cabendo ao enfermeiro o papel de facilitador e aos sujeitos da atenção o de líderes de seu próprio processo (MANDU, 2004).

É imprescindível evitar a prática do interrogatório no levantamento de vulnerabilidades e necessidades, tomando-se o roteiro de atendimento e as perguntas mais importantes que o próprio sujeito e a interação com ele. A confiança e a troca são construídas de modo gradativo. Pois as questões de sexualidade são culturalmente tidas como da ordem do íntimo e privado, comumente requerendo, no seu trato, que o vínculo e a confiança no profissional estejam bem estabelecidos. Assim, é preciso fugir dos esquemas que procuram esgotar informações num primeiro contato. Além disso, deve-se avançar no processo respeitando a iniciativa e o direito das pessoas de falarem ou não sobre suas vidas e sexualidade (MANDU, 2004).

Os enfermeiros devem nortear a consulta de enfermagem e os objetivos a atingir os processos socioculturais, institucionais, familiares, subjetivos e comportamentais geradores de vulnerabilidades ou promotores de potenciais de enfrentamento dos problemas no campo em questão (MANDU, 2004).

A consulta de enfermagem (CE) em saúde sexual deve assumir uma perspectiva promocional de atenção. É necessário que se valorizem os aspectos relacionados a vulnerabilidades e aos potenciais das pessoas no campo em questão, apoiados no desenvolvimento de inter-relações e ações educativas adequadas ao incremento de capacidades como as de interpretação, confrontação e participação ativa no controle da própria sexualidade, dos cuidados públicos e ambientes sociais e institucionais à saúde sexual (MANDU, 2004).

Na CE o reconhecimento de suscetibilidades e/ou potenciais particulares é uma perspectiva importante à adoção de processos educativo da promoção da saúde e prevenção de doenças (MANDU, 2004). Dessa forma, um grupo considerado altamente vulnerável a aquisição de DST/AIDS/HIV e gravidez na adolescência são os adolescentes; pois esses jovens iniciam sua vida sexual cada vez mais precocemente, influenciados por fatores econômicos, socioculturais, religiosos e psicológicos (BRASIL, 2005).

Pesquisas apontam que o percentual de adolescentes que relataram procurar esclarecimentos, sobre tal temática, junto aos profissionais de saúde, foi aumentando gradativamente. Há uma forte tendência de que os assuntos relativos à DST/AIDS/HIV e questões biológicas sejam prioritariamente discutidos por estes profissionais (BORGES; NICHIATA; SCHOR, 2006).

Oliveira e Bueno (1997) afirmam que os jovens têm um conceito de AIDS relativo, ligando-o, sobretudo, a sentimentos de fatalidade, ressaltando, assim, como prevenção, o uso da camisinha e revelando desconhecimento em relação a alguns aspectos do HIV/ AIDS, do seu corpo e do outro. Portanto, embora tendo informações, mesmo elementares, sobre sexualidade, o vírus e a doença, eles carecem de uma educação mais efetiva neste sentido, tendo em vista a necessidade da aquisição destes conhecimentos e habilidades, para a garantia da mudança de comportamento, visando assim a melhoria da qualidade de vida, tanto para si quanto para o outro, respeitando e compreendendo sua contextualidade global e resgate à cidadania (OLIVEIRA; BUENO, 1997).

A vivência da sexualidade baseada em convicções errôneas, idéias falsas e escrúpulos sem fundamento positivo, desencadeiam conseqüências irreversíveis, como a gravidez precoce e favorecem condições de risco para a adolescente contrair DST/AIDS/HIV; isso sem mencionar os danos de ordem psicológica (SOUSA; FERNANDES; BARROSO, 2006).

A desinformação, por sua vez, tem peso significativo neste processo, favorecendo, consideravelmente, a vulnerabilidade aos riscos de contaminação, na aquisição de doenças, sobretudo as DST/AIDS, como também, prejudica o enfrentamento de muitos outros problemas, nesta área (OLIVEIRA; BUENO, 1997).

Dessa forma é muito importante que o enfermeiro aborde na CE sobre os Comportamentos, sentimentos e percepções do adolescente em relação à anticoncepção, como, conhecimentos, valores e práticas contraceptivas; uso associado de anticoncepção e proteção das DST/AIDS/HIV (preservativos); dificuldades, medos, mitos, preconceitos, preocupações, informações/desinformações e dúvidas sobre os contraceptivos; percepção de vantagens/desvantagens e aceitabilidade dos métodos; reconhecimento de seus efeitos no organismo; condições de uso (clandestinidade, intermitência, continuidade, acesso ao recurso e ao acompanhamento dos serviços de saúde). Assim como os comportamentos, sentimentos e percepções desses jovens em relação às DST/AIDS/HIV, como, o conhecimentos/desinformação, interpretações, sentimentos e comportamentos em relação às DST/AIDS/HIV, sua prevenção e tratamento; dificuldades na procura dos serviços; medo de possíveis julgamentos e preconceitos em relação à situação vivida; medo das conseqüências e repercussões familiares frente ao problema vivido; desconfiança e conflito em relação ao/a companheiro/a (MANDU, 2004).

Conhecer o funcionamento do próprio corpo e os cuidados a ele associados emergem como de grande importância para os adolescentes. Alguns dos problemas mais preocupantes nesta faixa etária e que, por isso, configuraram-se como áreas prioritárias no atendimento ao adolescente trata, justamente, da saúde reprodutiva e da sexualidade (FERREIRA, 2006).

É preciso enfatizar que quanto mais o adolescente participa de programas de orientação sexual e quanto mais oportunidades tiver para conversar sobre o assunto sexo e sexualidade, gravidez e DST/AIDS/HIV, melhores serão os resultados em termos de adesão a medidas de promoção da saúde sexual e reprodutiva e proteção contra as DST/AIDS/HIV e gravidez precoce, o que pode influenciar consideravelmente seu comportamento (PAIVA, 2000).

 

OBJETIVO

 

Relatar a experiência de acadêmica em consulta de enfermagem na promoção da saúde sexual de adolescentes em uma Unidade Saúde da Família em Goiânia-Goiás.

 

METODOLOGIA

 

Trata-se de um relato de experiência de acadêmica de enfermagem do décimo período do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (UFG) durante realização do Estágio Supervisionado I. Esse estágio compõe a grade curricular do curso de graduação de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da UFG.

O Estágio Supervisionado I foi realizado em uma Unidade Saúde da Família da Região Leste de Goiânia-Goiás, no primeiro semestre de 2009.

Durante as Consultas de Enfermagem (CE) à adolescentes, além da anamnese e exame físico, trabalhou-se muito na promoção da saúde sexual desses jovens.

Realizou-se inúmeras orientações de acordo com a realidade da vida do jovem e seus questionamentos e/ou dúvidas e foi distribuído códon masculino aos adolescentes.

 

CONTEXTO DA EXPERIÊNCIA

 

Os adolescentes constituem um grupo não são priorizados no atendimento na rede básica de saúde. Geralmente esses jovens atendidos chegam à unidade por demanda espontânea.

Ao receber o adolescente para a CE, deve-se realizar uma acolhida cordial e compreensiva, o profissional deve ser treinado/capacitação técnica para acolher o adolescente compreendendo as mudanças físicas e emocionais próprias da fase; além de priorizar o atendimento individualizado.

 A acadêmica de enfermagem após se apresentar, iniciou um diálogo com o adolescente, objetivando deixá-lo à vontade, ao mesmo tempo em que era estabelecido uma relação de confiança. Necessitou-se conhecer a linguagem, idéias e conceitos dos adolescentes. Entretanto isso não se configurou um problema ao acadêmico que por ser jovem conseguiu compreender bem as falas do adolescente. É importante não ser preconceituoso e evitar fazer julgamentos, manter confiabilidade, neutralidade, sigilo profissional e estimular responsabilidades. O adolescente tem o direito para consentir ou recusar o atendimento, ou seja, deve ser assegurado ao adolescente o direito de escolha.

Nesse momento, a acadêmica ficou atenta para detectar, refletir e auxiliar na resolução de outras questões distintas do motivo principal da consulta.

No exame físico do jovem não deve ser realizado por um profissional desacompanhado, a avaliação de necessidades e problemas, o profissional deve levar em consideração possíveis medos e constrangimentos, sobretudo em torno da avaliação física. A conversa e explicações em torno de cada momento da avaliação são fundamentais para ajudar a relaxar, para pôr a par do que vai ser feito, e obter consentimento e participação. Todos os elementos que estão sendo avaliados devem ser objetos de troca. Aproveitar o momento para identificar percepções e vivências em torno do corpo e conversar sobre elas. Em momento apropriado, deve-se dialogar sobre os sentidos, cobranças e repressões socioculturais em torno do corpo (MANDU, 2004).

Dessa forma, foi possível reconhecer as vulnerabilidades sociais, institucionais e subjetivas, trabalhando com elas no âmbito individual; avaliou-se os processos orgânicos e psicoemocionais, identificando possíveis alterações; adotou-se as medidas assistenciais clínico-educativas, no âmbito individual e articulou-se os apoios mais amplos necessários

Na CE ao adolescente realizou-se educação em saúde referente a temática sexualidade (namoro, preferências sexuais, atividade sexual,    prevenção de gravidez e DST/AIDS/HIV); afeto (amizades, relações com o parceiro e família); Drogas (conhece? usa?); Sentimento (felicidade, tristeza, pensamentos de suicídio, dúvidas); ambições (motivações, planos para o futuro - profissão, formar família, continuidade nos estudos, trabalho); calendário vacinal; padrão alimentar; atividade física e habilidades; história familiar; fumo, álcool e anabolizantes; cuidados com a higiene.

A anamnese realizado na CE é um momento apropriado para se avaliar o estado de saúde; avaliar/estimular o autocuidado; trabalhar informações e orientações sobre as transformações físicas e psicossociais próprias da fase.

A CE ao adolescente seguiu as seguintes etapas:

1) Atendeu-se o adolescente com muita atenção (ambiente reservado), evitando a exposição (corpo físico);

2) Explicou-se as etapas do exame físico, de forma que ele possa participar de todos os momentos da consulta, oportunizando o diálogo entre os pares;

3) O exame deve ser o mais completo possível, conduzido com calma e delicadeza, utilizando-se uma linguagem compreensível e se possível apresentar figuras e desenhos esclarecedores, quando necessário;

4) Realizou-se a aferição dos sinais vitais;

5) Realizou-se o exame físico, observando anormalidades/deformidades/assimetria e coloração.           

-Cabeça e pescoço: presença de acnes, palpação da glândula tireóide, realizar testes de acuidade auditiva e visual e observou a cavidade bucal (avaliando a integridade dos dentes, das gengivas e língua) e encaminhado ao serviço odontológico.

-Tronco: coluna vertebral: observado postura, estirão e desvio do eixo; região peitoral: mamas – orientar sobre o desenvolvimento fisiológico e ensinar a técnica do auto exame para ambos os sexos;

-Abdome e membros: observar anormalidades

-Genitália masculina e feminina: orientado sobre as funções de cada órgão, observar presença de secreção, discutir sobre as DST/AIDS/HIV, gravidez e métodos contraceptivos, ensinar e estimular o auto exame; realizar o exame ginecológico.

6) Realizou a aferição de medidas antropométricas e sua respectiva disposição em gráficos (Desenvolvimento Pondo-Estatural Masculino e Feminino) e Estadiamento Puberal.

7) Levantar informações sobre o estado de saúde do adolescente.

Além da CE o enfermeiro está habilidade também para a solicitação de exames básicos que são rotineiramente solicitados como, Hemograma, EAS e Parasitológico, Esfregaço de Papanicolau (deve ser realizado, no mínimo, anualmente); VDRL; Exame microscópico a fresco de conteúdo vaginal. Outros exames podem ser solicitados, de acordo com as condições e problemas apresentados e as normas e rotinas específicas de atendimento de cada serviço e da consulta de enfermagem (MANDU, 2004).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O cuidado de enfermagem objetiva promover o bem-estar, o conforto, o alívio de tensões, contribuir para a cura de doenças, a prevenção de agravos à saúde entre outros aspectos (FERREIRA, 2006).

Assim, a consulta de enfermagem voltada à saúde sexual deve fazer parte do conjunto de ações planejadas à atenção à saúde, e se articular a outras ações/medidas internas e externas ao setor/serviço, envolvendo a equipe de saúde, práticas interdisciplinares e intersetoriais (MANDU, 2004).

Lidar com os adolescentes é um desafio, pois a adolescência é uma fase marcada por mudanças intensas e multidimensionais, que abarcam a esfera física (biológica), psicológica e sócio-cultural. O adolescente vivencia essas mudanças e enfrenta processos conflituosos que, muitas vezes, não ganham uma escuta sensível, nem por parte da família, nem por parte da maioria dos profissionais de saúde (FERREIRA, 2006).

Nesse sentido, são importantes o estabelecimento de vínculo e uma relação de confiança. A interação entre os envolvidos na consulta deve se basear na troca, e no respeito à privacidade e ao modo de ser e se colocar das pessoas. As observações e posturas do enfermeiro devem traduzir respeito aos sentimentos, valores, conhecimentos e dilemas expressos/vividos. Devem ser evitados os juízos de valor, as reprovações, imposições, práticas discriminatórias ou que gerem desigualdades. As mensagens precisam ser claras e objetivas e as informações sempre discutidas e fundamentadas. A base da relação deve ser o diálogo, fundamentado na escuta livre de pré-julgamentos, na atenção às diversas formas de expressão e no acolhimento do que se expressa (MANDU, 2004). Os enfermeiros e acadêmicos de enfermagem poderão assistir o adolescente através de aconselhamento, troca de idéias, esclarecimentos e ações que possam prevenir problemas, tornando essa etapa de vida mais saudável, segura e harmoniosa (ALMEIDA; CENTA, 2009).

Dessa forma, deve-se buscar em todo os contatos, acordos em torno da continuidade dos encontros e do encaminhamento dos passos e ações seguintes, com base na interlocução sobre necessidades, desejos, dificuldades, riscos, problemas, alternativas possíveis e seus benefícios. O tempo dispensado ao atendimento deve possibilitar as trocas e a realização das ações necessárias (MANDU, 2004).

Não há um modo único de trabalhar com os adolescentes através da consulta de enfermagem voltada à promoção da saúde sexual. As experiências, possibilidades e necessidades locais é que devem dar direção, forma e conteúdo ao processo. Na sua condução, é importante estar aberto a novas experimentações, apoiando-se em processos de avaliação e participação, em especial, daqueles que se encontram diretamente envolvidos na atenção à saúde sexual e dos que dela são alvos (MANDU, 2004).

Dessa forma, nota-se que os conhecimentos e práticas adquiridos pela acadêmica de enfermagem através da Consulta de enfermagem durante o Estágio Supervisionado I na Unidade Saúde da Família Região Leste de Goiânia, foram imprescindíveis para o seu crescimento profissional e também pessoal.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, A. C. C. H.;  CENTA, M. L. A família e a educação sexual dos filhos: implicações para a enfermagem. Acta paul. enferm. [online]. 2009, vol.22, n.1, pp. 71-76. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v22n1/a12v22n1.pdf>. Acesso em: 08 agos. 2009.

 

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______. Ministério da Saúde. Sistema único de Saúde – Legislação Federal. Decreto Regulamentador Nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Brasília; 1987.
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BORGES, A. L. V.; NICHIATA, L. Y. I.;  SCHOR, N. Conversando sobre sexo: a rede sociofamiliar como base de promoção da saúde sexual e reprodutiva de adolescentes. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [online]. 2006, vol.14, n.3, pp. 422-427. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n3/v14n3a17.pdf>. Acesso em: 08 agos. 2009.

 

FERREIRA, M. A. A educação em saúde na adolescência: grupos de discussão como estratégia de pesquisa e cuidado-educação. Texto contexto - enferm. [online]. 2006, vol.15, n.2, pp. 205-211. Disponível em:

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MANDU, E. N. T. Consulta de enfermagem na promoção da saúde sexual. Rev. bras. enferm. [online]. 2004, vol.57, n.6, pp. 729-732. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n6/a20.pdf>. Acesso em: 29 set. 2009.

 

OLIVEIRA, M. A. F. C.; BUENO, S. M. V. Comunicação educativa do enfermeiro na promoção da saúde sexual do escolar. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 1997, vol.5, n.3, pp. 71-81. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v5n3/v5n3a11.pdf>. Acesso em: 29 set. 2009.

 

PAIVA V. É difícil se perceber vulnerável. In: Paiva V. Fazendo arte com a camisinha: sexualidades jovens em tempos de aids. São Paulo (SP): Ed. Summus; 2000.

 

SANTOS, S. M. R.; JESUS, M. C. P.; AMARAL, A. M. M.; COSTA, D. M. N.; ARCANJO, R. A. A consulta de enfermagem no contexto da atenção básica de saúde, Juiz de Fora, Minas Gerais. Texto contexto - enferm. [online]. 2008, vol.17, n.1, pp. 124-130. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v17n1/14.pdf>. Acesso em: 29 set. 2009.

SOUSA, L. B.; FERNANDES, J. F. P.;  BARROSO, M. G. T.  Sexualidade na adolescência: análise da influência de fatores culturais presentes no contexto familiar. Acta paul. enferm. [online]. 2006. vol.19, n.4, pp. 408-413. Disponível em:

< http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n4/v19n4a07.pdf>. Acesso em: 10 agos. 2009.

 

Nota:
(1)  Acadêmica de Enfermagem do décimo período do curso de graduação de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, e Bolsista do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-SAÚDE), Goiânia-Goiás, Brasil. E-mail: pollyannasq@gmail.com.