Considerações sobre o Amor
Por Alfredo Mello | 12/09/2010 | FilosofiaConsiderações sobre o Amor
Por Alfredo Mello
O amor e tido por alguns como o mais nobre dos sentimentos na medida em que é regado de benevolência, amizade, carisma, e outros adjetivos do gênero. Na história da filosofia alguns pensadores refletiram sobre esse sentimento com o intuito de conceituá-lo de maneira contundente e objetivo. No entanto, suas teorias remetem a um conceito subjetivo e debilitado na medida em que são extensões de suas respectivas filosofias, ou seja, ao estabelecer seus conceitos centrais esses vão servir de base para resolver todo e qualquer problema que envolva a espécie humana. É mister, salientar que se trata de estabelecer um conceito no sentido amplo e não restrito como poderia ser o conceito de amor materno ou amor paterno.
Nesse sentido, quando observamos o que diz Platão, Marx e Schopenhauer será possível interpretar o que cada pensador conclui seguindo sua linha de raciocínio, ainda que não trate do tema diretamente ? que é o caso de Marx. Vejamos o que nos diz cada uma das teorias dos citados filósofos para vermos se é possível uma dialética e se nossa conclusão condiz com a atualidade.
O filósofo grego Platão trata do conceito de amor especificamente na obra intitulada "Banquete" em que Sócrates e seus interlocutores divergem sobre o que acreditam ser o amor, mas em outras obras - O Sofista, Leis e Fedro - também se alcança a idéia da concepção platônica. Depois de Empédocles - que utilizou a ideia de amor em sentido cósmico-metafísico, ao considerar o amor e a luta como princípios de união e separação, respectivamente, dos elementos que constituem o universo ? Platão deu uma noção de amor com uma significação simultaneamente central e complexa. Em Platão as referências ao amor alcançam uma pluralidade de descrições e classificações. Assim, o amor pode ser comparado a uma forma de caça ou como uma loucura e até mesmo a um Deus poderoso.
Nesse sentido, segundo Platão, pode haver três espécies de amor: o do corpo, o da alma e uma mistura de ambos. Em geral, o amor pode ser mau que o torna ilegítimo ou bom que garante sua legitimidade: o amor mau não se caracteriza propriamente pelo amor do corpo pelo corpo, mas aquele que está isento do amor da alma - não iluminado - e que não tem em conta a erradicação que as ideias produzem sobre o corpo. Nesse sentido, seria precipitado afirmar, no caso de Platão, um desprezo do corpo; o que sucede é que o corpo deve amar, por assim dizer, por amor da alma. O corpo pode ser, deste modo, aquilo em que uma alma bela e boa resplandece, transfigurando-se aos olhos do amante, que descobre no amado novos valores, talvez invisíveis para os que não amam. Segundo Platão, o amor é somente amor a algo. O amante destituído deste algo que ama, caso contrario não haveria amor. Também não se encontra completamente desprovido dele, pois do contrário nem sequer o amará; o amor é uma oscilação entre o possuir e o não possuir, o ter e o não ter. Na sua aspiração para o amado, fica tácito que o ato de amor engendra a Beleza, ou seja, a ideia do Belo em si. Nesse sentido, sob a influência do verdadeiro e puro amor, a alma ascende à contemplação do ideal e eterno.
Em síntese, segundo Platão, eu amo aquilo que me falta ou que valorizo, ou seja, temos a tendência de procurar no outro àquilo que não possuímos - ou que temos em parte - e que, uma vez conseguindo, nos completa e nos sentimos satisfeito com o nosso amado. O que tem o amado que nos completa segundo Platão? Inteligência e caráter que estão acima dos atributos físicos.
E o que nos diz Schopenhauer? Sua explicação é menos complexa, mais muito polemica. Segundo Schopenhauer, o amor é o um impulso sexual baseado na Vontade da Natureza de perpetuar a espécie, ou seja, o amor é uma representação da Vontade de vida inerente a éspecie humana. Os outros animais, salvo especie homana, não precisam de setimentos semelhantes ao amor para se aproximarem de seus parceiros e procriarem, mas os homens necessita de um impurrãozinho daquilo que Schopenhauer chama de Vontade presente na natureza e que está manifesta na espécie humana. O amor é entido como uma artimanha que é usofroída pela Vontade para os homens se reproduzirem, pois, se de pendessem do próprio homem para se aproximarem do sexo oposto para procriarem a espécie estaria ameaçada de extinsão devido ao egoísmo. Mas essa afirmação não justifica o fato do amor causar tanto tormento; do desejo causado pela paixão, e não se estabelecer o critério para tal desejo; não justifica o fato da ilusão atribuida a algo que é transcendente à nossa vontade ? a Vontade manifesta na natureza e que regi todas as espécies - como uma autoconservação.
Ora, na medida em que nos apaixonamos, afirma Schopenhauer, nós desejamos as qualidades presentes no sexo oposto nas quais farão parte de nossa futura cria; além disso, não iremos desejar aqueles que não podem nos dar frutos e também não desejaremos aqueles que nos darão frutos nos quais não correponderão com as espectativas de beleza e de vivacidade. Assim, o amor é uma ilusão que nos aproxima do sexo oposto afim de fazer com que procriemos. Nesse sentido, fica tácito o fato de que se dá maior relevancia a cria do que ao parceiro, isto ocorre pelo fato de que o amor somente serviu para reproduzir a especie, neste momento não há mais o amor, mas somente uma consideração.
Portanto, concluindo, o amor é baseado no conceito central do pensamento de Schopenhauer, a saber: a Vontade. Ela é maior do que a nossa ? é a Vontade da espécie -, que ludibria os homens para se aproximarem visando a procriação, ou seja, perpetuando nossa espécie escolhemos os parceiros desejando ? de modo inconciente - as qualidades que desejamos para nossos filhos. Assim, o amor é isento de romântismo, uma ilusão, ou seja, a natureza manifestada na Vontade de perpetuar a especie não está nem um pouco preocupada com a felicidade humana.
Marx vai regeitar toda idealização dos conceitos. Materialista que é afirmaria que o amor é um produto secundário do modo de produção em vigor que caracteriza cada época, ou seja, o amor é o que o modo de produção condiciona que ele seja. Para Marx, os homens não tem uma essencia que caracteriza-o independente da sociedade em que vive. De fato, o amor para os gregos conteporaneos de Sócrates não corresponde ao dos Vinks ou Persas. Nesse sentido, temos a concepção de amor derivado do meio social em que vivemos e isso serve para a concepção de moral, arte, política e religião.
Pois bem, vimos a concepção de Platão. Realmente quando estamos apaixonados sentimos falta da pessoa amada como afirma o pensador grego. Temos uma tendencia natural de vivermos acompanhados e sempre queremos estar com pessoas a qual gostamos e nos sentimos bem proxima a elas, sobretudo, de uma em especial. Pois apesar de gostarmos de varias pessoas tem uma que nos completa efetivamente aponto de nos alienarmos. Pode parecer exagero, mas quando não temos alguem assim ? que nos proporcione esse tipo de emoção ? algo está errado. E o que poderia ser então? É aqui que entra a teoria de Marx. Se o natural é tedermos a gostar de alguem e isso não ocorre, é porque ha algo errado com o vínculo social. E se você me perguntar: o que impede que os individuos ajam de acordo com o que ha de natural em si? Acreditamos que os valores de uma determinada sociedade tem toda influencia nas nossa supostas escolhas.
Atualmente a mídia nos dar um conceito de beleza americanizada, ou seja, tudo o que é belo tem que seguir o paradigma americano, o que leva a regeitarmos nossa cultura ? que já tem sua concepção de beleza ? e nos leva a crer que amamos o que é belo - e isso é a causa central dessa anomalia.
Nesse sentido, somos induzidos "amar" o que corresponde a cocepção de belo seguindo o modelo americano-europeu apologiada pela mídia e ignoramos, na maioria das vezes, a tendencia natural de valorizar a inteligencia e o carater da pessoa amada e que, segundo Schopenhauer, desejamos transmitir aos nossos filhos.
Mas toda regra tem sua exeção. Percebemos que há ainda poucos casos em que nossa concepção de amor se efetiva. Se levarmos em conta o carater e a inteligencia formamos nossa concepção ? não conceito - de beleza subjetivamente. Acreditamos que se formos capazes de superar essas influencias que a sociedade capitalista nos proporciona realmente seremos capazes de amar novamente.
Por fim, espero que a pessoa que amo tenha essa concepção de amor porque é assim que eu a amo. O amor é uma alienação? Claro que sim, mas não com a noção perjorativa do termo. Eu preciso amar alguem - com a conciencia que ela é outra pessoa e a amo por essa pessoa que ela é, e não como algo que me pertença ? mas que me faz sentir completo. Nesse sentido, o ciumes é uma doença que deve ser diagnosticado pelo proprio portador, pois o que possívelmente leva ao amor mutuo é a conciência e respeito pela subjetividade do amado.