Considerações sobre Gestão do Conhecimento e ambiente Web Warehouse

Por Eduardo Pascoal de Souza | 01/10/2009 | Adm

I - Introdução

Por conta da globalização o meio ambiente corporativo tornou-se instável, suscetível às mudanças bruscas, o que exige das organizações a capacidade não só de perceber essas alterações, mas principalmente, a habilidade de adaptar-se a elas, a fim de sobreviver.

Antes deste cenário global, as organizações ainda subsistiam competitivamente por encontrarem uma condição de equivalência quanto a bens, finanças, tecnologias e pessoal, ou seja, sobreviviam uma vez que faziam frente aos seus rivais e adversidades, com o aporte nesses tipos de recursos.

Todavia, no momento em que vivemos, estes recursos se tornaram secundários quanto ao aspecto competitivo, uma vez que a necessidade de cada vez mais se perceber as mudanças, bem como se posicionar vantajosamente em relação às mesmas, exige a habilidade da organização tomar decisões dentro de um planejamento bem definido e para que isto aconteça, é evidente que a organização precisa ter ampliada a sua capacidade de produzir e aplicar conhecimento.

No passado, a atividade de conhecer e decidir pela organização cabia exclusivamente a quem a presidia, após um tempo, quando isto já não atendia às necessidades, criaram-se centros ou departamentos na organização para exercer essa tarefa, senão vejamos os departamentos de marketing, na iniciativa privada, e os centros de inteligência, em instituições públicas.

Igual a um corpo humano, a organização possuía um cérebro situado no topo do organograma, como uma cabeça, e os demais elementos funcionais, assim como braços e pernas, distribuídos pelas outras partes da organização.

Mas hoje, a palavra de ordem é que a organização construa o conhecimento em conjunto, em que cada envolvido ao pensar sobre alguma coisa que realiza, independentemente de sua posição no negócio, o faça movido por uma força coletiva, a sua reflexão deve partir de uma gama de conhecimentos oriundos de todas as terminações da organização.

Em contrapartida, este membro corporativo deve disseminar o seu pensamento para que realimente aquele conhecimento coletivo, assim, o saber daquele colaborador será aproveitado por todos, conforme a "responsabilidade" de cada um, bem como abrangerá os diferentes níveis da organização: estratégico, tático e operacional.

Trata-se de uma maneira especial de "identificar", vou além, redefinir os papéis dos atores envolvidos neste processo, valorizando pessoas e organizações em suas qualidades, uma vez que neste contexto, o potencial particular de cada um acaba sendo liberado e otimizado numa perspectiva coletiva.

É uma situação em que cada pessoa e organização "percebe" a sua parcela de contribuição na construção do conhecimento organizacional, bem como a aplicação deste para obter vantagem competitiva, ou seja, inteligência.

Mas para que a organização funcione desta forma, é necessário que haja o direcionamento do aporte dos recursos secundários (dinheiro, bens, pessoas e tecnologias) para uma estrutura que viabilize identificar, avaliar, capturar, estruturar e difundir, enfim, compartilhar e construir conhecimento, fazer Gestão de Conhecimento (GC).

Estes recursos ao ser reorientados dentro de princípios de gestão do conhecimento, permitirão um processo em que o dado, a informação e o conhecimento, movidos pela necessidade em atender os usuários, circulem de forma fluída e em constante processo de qualificação, o que evita ficarem isolados e dispersos em arquivos, documentos e principalmente, na mente das pessoas.

Concebido dentro de princípios de GC, a Web Warehouse (WW) é um resultado desta reorientação desses recursos, em que se observam situações como o auxilio na identificação dos papéis e das responsabilidades individuais nos negócios, além de outros benefícios percebidos pela organização.


II - Benefícios do ambiente de Web Warehouse

Com a explosão global da tecnologia e ciência, a escala de produção de dados, informação e conhecimento está cada vez maior, inclusive por conta do advento da internet (Web), que face ao seu caráter de fluxo e acessibilidade fácil, dependente apenas de um clicar de mouse, viabilizou a captação, concentração e produção de todo e qualquer conteúdo, dentro deste tipo de estrutura.

Esta situação chamou a atenção das organizações, haja vista terem percebido que se explorassem a Web como infra-estrutura, haveria um contexto de Gestão de Conhecimento interessante, uma vez que estar conectado aos constantes ciclos de eventos intelectuais que se manifestam na internet, implicaria em aumentar o potencial da construção de conhecimento e sua respectiva aplicação nos negócios.

As organizações então passaram a fazer suas Datas Warehouse a partir da internet, estruturando-as dentro de um contexto Web, inclusive a partir de dados produzidos por este, em que os mesmos são unidos aos dados e informações da organização distribuídos pelos seus setores.

Isto promoveu a formação de uma infra-estrutura que interage comdiversas fontes, oriundas da internet e organizações, atribuindo um aumento na dinâmica da utilização e reutilização do conhecimento corporativo, bem como do conjunto de áreas para aplicação do mesmo.

Momento em que se vislumbra o ambiente de Web Warehouse, que além de oferecer o benefício de agregar dados e informações entre internet e organização, promove também a fusão de web com a organização no sentido de ambos produzir, compartilhar e disseminar conhecimento dentro de uma perspectiva nunca antes vista.

A partir disto, as pessoas e entidades envolvidas com a organização vieram a experimentar o acesso fácil a um conhecimento, com fluxo livre e qualificado, auxiliando-os a atuar de maneira mais significativa em seus papéis e respectivas relações junto ao negócio, correspondendo assim, às suas responsabilidades individuais.

III - Auxílio do ambiente Web Warehouse na identificação dos papéis e das responsabilidades individuais

A atividade de Gestão do Conhecimento depende de um conjunto de situações, são algumas delas: a atitude de compartilhamento, a interação de conhecimento tácito com explícito, a possibilidade de uso do conhecimento corporativo para atender a necessidade das pessoas envolvidas com a organização e a sinergia de recursos secundários organizacionais para a atividade de GC, dentre eles os recursos humanos.

Como se observa, a dinâmica da Gestão do Conhecimento se manifesta muito pelas pessoas e suas relações, motivo pelo qual a importância disto é um dos princípios que se destaca nessa atividade.

Até porque, a atitude de compartilhamento é dependente da vontade humana e o conhecimento tácito e explícito é oriundo das pessoas: o primeiro da nossa história de vida, construído das percepções particulares do indivíduo com o seu meio ambiente, e o segundo daquele saber próprio dentro da sua mente, que pode passar a ser explicito quando em certa atividade a pessoa o manifesta no mundo exterior, ficando retido em livros, produtos etc.

Enfim, a questão humana na Gestão do Conhecimento é de tal forma considerável que se entende que a Gestão de Pessoas deve estar alinhada à GC:

"A motivação para tal objetivo está na crença de que a Gestão do Conhecimento se relaciona com a Gestão de Pessoas e que tal relação gera características específicas nesta última, sem as quais, as empresas não conseguem ambiente e condições propícias para o desenvolvimento continuado, para a criatividade, para a inovação e aprendizado organizacional." (SOUSA, ELOY, MATOS, FURASTE E SILVA FILHA.2009).

O ambiente Web Warehouse, em analogia a internet, também promove uma interface dinâmica entre homem e máquina, bem como viabiliza um aprofundamento e ampliação dos relacionamentos pessoais, o que é pertinente à Gestão do Conhecimento cuja atividade prima pelo elemento humano, desta forma, verifica-se o impacto da WW na identificação dos papéis e responsabilidades individuais dos envolvidos com o negócio da organização.

Isto porque, a Web Warehouse por ser fundamentada dentro de uma atividade que tem atenção especial às pessoas, bem como estar amparada numa tecnologia que possui a capacidade de promover um contato sensível com o ser humano, acaba por permitir que este tipo peculiar de Data Warehouse seja capaz de abordar, verificar e monitorar as pessoas que executam os principais processos de negócios da organização.

Este mapeamento aprofundado pela Web Warehouse acerca dos atores e respectivas relações, auxilia no entendimento de como são os principais processos dos negócios da organização, o que inclui aí a identificação das pessoas que os executam e suas respectivas responsabilidades.


IV - Conclusão

O atual cenário corporativo exige das organizações a atenção com o seu principal capital: o conhecimento, mas cabe ressaltar que este tem origem humana, assim, ou fica tácito na mente ou explícito quando a pessoa o expressa no meio ambiente, porém, retido em fontes de conteúdos.

Assim, seja de uma forma ou de outra, o conhecimento fica isolado e não se desenvolve, muito menos é aproveitado pelos que dele dependem nos negócios da organização.

A Gestão do Conhecimento é uma atividade cujos princípios a legitima a transformar este cenário, modificando substancialmente a forma como os atores e recursos envolvidos nos negócios corporativos se relacionam, no que diz respeito ao conhecimento.

As organizações perceberam que a internet, face ao seu caráter de fluxo e acessibilidade fácil, com um único clicar de mouse, é capaz de captar, concentrar, produzir e disseminar todo e qualquer tipo de conteúdo.

Na busca então de se alinharem à Gestão do Conhecimento, as organizações passaram a fazer suas Datas Warehouse a partir da internet, estruturando-as dentro de um contexto Web, a fim de levarem os seus negócios para um novo tipo de ambiente: ao do círculo intelectual pela rede global de computadores e assim, vislumbrar um conjunto considerável de benefícios.

Surge o ambiente de Web Warehouse, que além de oferecer o benefício de agregar dados e informações entre internet e organização, promove também a fusão de web com a organização no sentido de ambos produzir, compartilhar e disseminar conhecimento dentro de uma perspectiva nunca antes vista.

O ambiente Web Warehouse, igualmente a internet, acaba por viabilizar uma interface dinâmica entre homem e máquina, o que resulta em um contato sensível com o elemento humano, desta forma, além do aprofundamento e ampliação dos relacionamentos dos atores pertinentes, isso permite também a possibilidade de abordar, verificar e monitorar as pessoas envolvidas com os principais processos de negócios da organização.

Portanto, a Web Warehouse auxilia significativamente no mapeamento dos principais processos de negócios da organização, o que inclui aí os seus executores, identificando assim, os seus papéis e responsabilidades individuais. Essa capacidade de entendimento é essencial para a aplicação de conhecimento, voltado à otimização dos processos corporativos e assim, termos inteligência.

V- Referências Bibliográficas

ATSOLUTIONS. Data Warehouse. Último acesso em 15/09/2009, disponível em: http://atsolutions.com.br/solucoes/datawarehouse.htm.

BARRADAS, Jaqueline Santos. Contextualizando e caracterizando a sociedade do conhecimento. Rio de Janeiro, IBMEC, 2008.

DALFOVO, Oscar; GHODDOSI, Nader e MAIA, Luiz Fernando Jacinto. Sistema de apoio à tomada de decisões em empresas, utilizando técnicas de data warehouse e tecnologia web. Santa Catarina/SC. Último acesso em 15/09/2009, disponível em: http://inf.unisul.br/~ines/workcomp/cd/pdfs/2806.pdf.

FIGUEIREDO, Saulo. Para entender o que é gestão do conhecimento. São Paulo/SP: 2006. Último acesso em 15/09/2009, disponível em:

http;//webinsider.uol.com.br/index.php/2005/08/29/para-entender-o-que-e-gestao-do-conhecimento/

PASCOAL DE SOUZA, Eduardo. Posicionamento quanto ao conceito e princípios de Gestão do Conhecimento. Conteúdo postado na sala de discussões gerais da turma ICOMPEAD_T0015_809, no tópico – Orientação da Atividade do Módulo 2, referente ao Curso de Inteligência Competitiva On Line da Fundação Getúlio Vargas – FGV. Brasília/DF: 2009.

SOUSA, Alcir Moraes de; ELOY, Elisabeth Ribeiro; MATOS, Francisco Silvino de Jesus F.; FURASTE, Luiz Fernando Sartori E SILVA FILHA, Maria José da. GESTÃO DO CONHECIMENTO CAPÍTULO IV – A Gestão das Pessoas Alinhada à Gestão do Conhecimento. Último acesso em 15/09/2009, disponível em: http://www1.serpro.gov.br/publicacoes/gco_site/m_capitulo04.htm.

Por Eduardo Pascoal de Souza - pascoaldesouza@yahoo.com.br