Consciência Negra: a luta não pode parar
Por Ivanildo Severino da Silva | 08/12/2015 | LiteraturaConsciência Negra: a luta não pode parar
No dia 20 de novembro
Se comemora a Consciência Negra.
Devido aos africanos
Que aqui sofreram muita peleja;
Mas alguns muito valentes,
Provaram serem bons combatentes,
Superaram os brancos com destreza.
Da África para cá
Eles vieram acorrentados.
Nos porões de navios
Todos eles amontoados;
Com pouca alimentação,
Remédio não tinha não,
Eles morriam aos bocados.
Ao chegar em terra firme
Viravam mercadoria.
Eram escolhidos e agrupados
Com alguns de outra etnia;
Por muito durou esse processo,
Que representava progresso,
Para quem os vendia.
Por quase 400 anos
O Brasil foi escravocrata.
A lei era a do senhor:
“Da ponta da chibata”;
Quem se metesse apanhava,
Alguns, o feitor matava,
Só pra curar a ressaca.
Para todos os serviços
Os negros eram usados.
Desde cuidar de meninos
Até limpar o roçado;
Fosse noite ou fosse dia,
Era o negro quem fazia,
E os seus “donos”, bem sossegados.
Mas com o passar do tempo
O negro reconheceu sua bravura.
E pra não viver mais acorrentado
Cometia qualquer loucura;
Colocava veneno na comida,
De feitores tirava a vida,
E fugia pra mata escura.
Para se fortalecer criaram agremiação.
Se juntaram, se agruparam de fato.
Criaram alguns quilombos
Bem no meio do mato;
Para não serem encontrados
E novamente escravizados,
Invadiam as fazendas de assalto.
Existiu um importante quilombo
Nas terras nordestinas.
Os negros que aqui viveram
Trocaram as suas sinas;
Lutavam por liberdade,
Por vida de qualidade,
Pros homens, mulheres e meninas.
Dentre muitos desses heróis
Alguns vale destacar.
Tem Ganga Zumba
O primeiro a lutar;
E depois veio Zumbi,
Que mostrou a todos daqui,
Que era mestre em guerrear.
O Quilombo de Palmares
Como era conhecido.
Sob a guarda desse guerreiro
Ficou muito fortalecido;
Construíram paliçadas,
Cercas bem fortificadas,
Para ficarem protegidos.
Mas as tropas do Governo
Com apoio dos engenhos.
Organizaram um grande levante
Mataram com todo empenho;
Dentro da fortificação,
Abateu-se a aflição,
Mas Zumbi nem mexeu o cenho!
Depois de muito lutar
E ver amigos abatidos.
Zumbi parecia uma fera
Lutando e fazendo ruído;
Defendia a sua causa,
Na luta mandava brasa,
Que do inimigo se ouvia os gemidos.
Mas a luta era desigual
Pois as tropas, armadas fortemente.
Nem todos os negros sabiam lutar
A maioria era inocente;
Armados de porretes,
Ou pedaços de cacetes,
Lutando contra insolentes.
Mesmo na desvantagem
Lutavam que nem gigante.
Não descansavam
Nem paravam um só instante;
Enquanto estivessem de pé,
Lutavam com muita fé,
Seu vigor era constante.
Em determinado momento
Zumbi foi alvejado.
Veio a desfalecer
Teve seu corpo esquartejado;
Mas a luta continuou,
E a única coisa que sobrou,
Foi seu sonho eternizado.
A escravização ainda não acabou,
Nem Zumbi perdeu a vida.
Lutemos pela igualdade
Na Constituição garantida;
Mas enquanto houver preconceito,
Ou Racismo contra o preto,
Nossa bandeira continuará erguida!
Ivanildo S. da Silva