Consciência Descartável?
Por TARIQUE LAYON LIMA VILHENA | 11/06/2019 | EcologiaPor alguma vez você já se deparou com alguma pessoa próxima de você atirando lixo na rua ou pela janela do ônibus? Mesmo havendo lixeira nos ônibus ou em locais de grande circulação de pessoas, por que as pessoas insistem em se livrar de seus lixos ao se eximir de sua posse independente do local onde estejam jogando? Tornam-se suas vítimas rios, praças, calçadas e até mesmo a frente de latas de lixo...
Tendo como base a “Teoria XY de McGregor”, e ao se separar as pessoas que somente se estimulam com uma figura imponente próxima supervisionando-as e em comparativo com as pessoas que se auto estimulam com a devida dose de permissividade, notamos uma boa dualidade. Este conceito pode nos ajudar a traçar um paralelo entre a grande maioria das pessoas que arremete seu lixo nas ruas (vide as mesmas estarem frequentemente sujas e a responsabilidade da limpeza recair sobre a COMLURB) e as pessoas que zelam pelos seus semelhantes ao optarem por manter a posse de seus lixos até avistarem uma lata de lixo para dar a correta destinação do tal.
Temos como bom exemplo o que ocorre em Curitiba, onde as cidades são modelos nacionais de boa urbanidade e limpeza, graças à consciência adotada por seus habitantes. Em contrapartida, temos como exemplo as pessoas que em grande parte usam do “jeitinho tupiniquim” para lançar lixos dos mais diversos tipos de locais inapropriados (ainda que seja em frente à lata de lixo, mas não dentro dela).
Em contrapartida, temos o exemplo de Pequim onde as pessoas fazem uso de máscaras para tentar respirar melhor pois a poluição se tornou tamanho que uma massa de smog se formou na cidade fazendo com que o ar ficasse pesado e a poluição neblinasse as ruas e a visualização das pessoas, além claro da qualidade do ar respirado ter sido prejudicada.
O ser humano raciocinando na atualidade acelerada tem buscado paulatinamente se livrar o mais rápido possível de seus problemas como pode se exemplificar no descarte de lixo de maneira injustificada em vários locais, mesmo por grandes corporações, somente para se livrar da posse do lixo e se isentar de portá-lo ainda que o descarte não seja no local mais adequado. A má gestão ambiental e a falta de zelo com as futuras gerações também é explicitada no documentário “An inconvenient true” do Al Gore que norteia o que a poluição tem feito com o ar e com as geleiras graças desdém e descuido coletivo. Assim como podemos ver, como alguma frequência, catástrofes ambientes como o ocorrido em MG recentemente no rompimento da barragem e por parte de grande empresa de mineração brasileira ao contaminar com resíduos tóxicos o ar da cidade onde ficou alocada. Ao passo que nos EUA também já ocorreu situação semelhante onde uma advogada entrou com abaixo assinado visando que a empresa em questão cessasse seus trabalhos e parasse de contaminar os lençóis freáticos, conforme inclusive ambientado no filme “Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento”.
As pessoas têm adotado um senso egoísta e se portam de uma maneira a zelar pelo “seu” e não necessariamente pelo “nosso”. Agem de maneira a optar pelo bom andamento das coisas em sua casa, mas não necessariamente prezam pelo bem estar coletivo. Optam por despachar suas latinhas, garrafas e embalagens plásticas nas ruas, mas muito provavelmente não agiriam assim em casa. Caso se adotasse o cuidado que se tem pelo seu domicilio no ambiente coletivo, muito dos dejetos e enchentes seriam evitados, pois os profissionais de limpeza se ocupariam apenas com a manutenção da limpeza e não a execução frequente da mesma. Caso não se jogasse lixo na rua, nenhum lixo na rua haveria.
Caso se assuma o lixo que emanado como responsabilidade própria e não de outrem, haverá a contribuição pelo bem estar público e por ruas mais limpas, além de uma paisagem visual mais harmônica. Traçando um paralelo emocional, será que todos têm agido desse modo com os problemas pessoais também? Ocorre a delegação de funções a terceiros e leniência com as funções as quais deveria haver dedicação?
Por vezes a opção de postergar é adotada como a principal alternativa para lidar com a esmagadora rotina do cotidiano, todavia a consequência tende a ser acúmulo de situações mal resolvidas graças ao modo “automático” que se instaura durante o dia-a-dia das pessoas.
Caminhando sempre de encontro à autossatisfação e sem levar em consideração nossos semelhantes ou os resultados de nossas escolhas, assumimos posturas despreocupadas que acarretarão resultados desagradáveis em nossos semelhantes, como demonstrado no filme “Click” em que o protagonista opta por acelerar os momentos de rotina em sua vida. Mas ele acaba sentindo falta de tais momentos e vivências com seu pai e da infância de seus filhos. Deste modo apenas seus semelhantes que arcam com as consequências das escolhas do mesmo nesse filme.
Ao optar por assumir as consequências de nossos atos, adotamos um modus operandi ímpar de resolução de problemas e foco. Ao ir de encontro frente às consequências, evita-se que vire uma “bola de neve” e atinja outras pessoas que terão de arcar com as consequências destas situações. Assumir essa postura nos leva a optar pela “porta estreita” e colhemos mais resultados mais frutíferos nessa trajetória.Por que a opção de se livrar de diversos lixos (quiçá emocionais) são feitas com tamanho desdém e falta de capricho? Simplesmente por não possuir mais nenhuma serventia aparente? Por que não se opta pelo devido trato com o mesmo e o destina para o local apropriado a ele?
Uma maior consciência pelo “nosso” deve emergir de nossos corações para que todas as pessoas venham a se beneficiar por essa onda de coletividade. Solucionando os contextos que criados e lidando com as consequências, a vida e mesmo os rejeitos gerados podem ter a devida destinação: a melhor atribuída e que seja das mais eficientes e visadas para este propósito.