Consciência Ambiental
Por Nagib Anderáos Neto | 23/05/2007 | AmbientalConsciência Ambiental
A grave crise ecológica que a humanidade atravessa é o resultado da crise moral e espiritual que vem se acentuando há séculos pelo afastamento do homem de valores essenciais à sua natureza como o respeito para consigo mesmo e para com os outros seres humanos seus irmãos.
O homem vem se brutalizando, apesar do avanço tecnológico, produto do desenvolvimento intelectual que foi incapaz de humanizá-lo. As grandes descobertas e os grandes avanços têm servido para infernizar a sua existência e endurecer o seu coração incapaz de abrandar a ira de uma razão instintiva que o tornou inimigo de si mesmo e da Natureza.
A crise ambiental é conseqüência desta grave crise espiritual. Para salvar o meio ambiente o ser humano deverá salvar-se utilizando a sua inteligência e o seu coração.
Há problemas emergenciais a serem resolvidos: a destruição das florestas, da camada de ozônio, a contaminação dos solos e das águas, o consumismo desenfreado, a explosão demográfica, a educação. Mas sempre será um enfrentamento às conseqüências e não às causas, como no caso da violência, que emergencialmente deve ser combatida com policiamento, leis severas, justiça rápida, mas que ao longo prazo deverá ser combatida com educação e distribuição de renda.
Às crianças se deve ensinar a respeitar o semelhante e a Natureza, nos bancos escolares e nos lares. Mas quem haverá de fazê-lo se os próprios docentes não adotam este comportamento?
Uma grande revolução educacional deverá ser levada a cabo, começando por educar os adultos para que aprendam a controlar e dominar os pensamentos violentos que de mente em mente fazem os estragos que se conhece muito bem.
O homem deixou de pensar seriamente, espiritualmente, para pensar superficialmente, materialmente, egoistamente. A crise moral e espiritual é produto da ignorância e poderá levar o planeta à falência.
Além de reinventar um automóvel que produza menos dióxido de carbono, uma indústria que não dependa da queima de carvão e petróleo, cidades ecológicas que tratem seus afluentes e privilegiem o transporte público, que cuidem do lixo, reciclem e reusem, deveremos reinventar o homem, cada um reinventando-se, transformando-se, mudando o comportamento, deixando de ser o que é para transformar-se num ser humano melhor.
O colapso social é iminente defronte da violência incontrolada, da dependência das drogas e da pobreza.
Há muito se vem dizendo que é necessário que se amplie a consciência humana que é signo de conhecimento e evolução, e que este é o único caminho que cada um deverá percorrer com os próprios pés. Mas como fazê-lo? Como deixar de ser inconsciente para ser consciente?
E o que é afinal a consciência?
Alguém já disse que uma mente distraída é uma mente separada de Deus. A distração é uma ausência, uma inconsciência. É possível que Deus esteja relacionado a este estado de atenção interior, a uma atitude consciente.
Numa sociedade doentia onde o objetivo da vida é o prazer, as pessoas ficam felizes quando matam o tempo conquistado com suor sem se aperceberem que ao matarem o tempo estão matando a vida. A mola principal de uma sociedade de infelizes é o egoísmo, a ganância que promove um progresso duvidoso.
A única alternativa para a catástrofe iminente é uma profunda revolução psicológica para o surgimento de uma nova sociedade formada por novos seres humanos que desmontem o egoísmo e o materialismo herdados de civilizações fracassadas.
O homem dever aprender a viver equilibradamente em dois mundos simultâneos: o interior e o exterior, ambos intimamente relacionados, que merecem a maior atenção. Eles se complementam e fazem parte de uma mesma e única realidade. O desequilíbrio ou a ausência de qualquer deles causa o vazio e a depressão.
Viver sempre fora de si mesmo, só para o mundo exterior é triste, vazio, incompleto. Enquanto que viver só para dentro de si mesmo é solitário, egoísta, monótono. As duas vidas, a interior e exterior, devem caminhar bem, e paralelamente. A crise em uma significa o desastre na outra.
A crise espiritual e a ecológica são uma e a mesma, pois o homem tem vivido fora de si mesmo, materialmente, desequilibradamente, solitariamente, desumanamente. Ele deve preocupar-se agora com o meio ambiente, e também consigo mesmo. Ser melhor para conviver melhor consigo mesmo, com seus amigos e com a Natureza. Deveremos estar mais atentos para não nos afastarmos mais ainda de Deus, que outra coisa não é que atenção, amor, harmonia, consciência, e que se resume numa palavra: Verdade.
Tudo o que distancie o ser humano de seus semelhantes e da Natureza não é verdadeiro e é contrário a Deus, pois Ele está em tudo e em todos, e magnificamente representado em cada inteligência, em cada coração, em cada amanhecer, em cada criança, em seu maravilhoso templo exterior chamado Natureza, e em seu magnífico templo interior chamado consciência.
Nagib Anderáos Neto