Conhecendo a linguística

Por Beatriz Melo de Oliveira | 27/01/2021 | Educação


CONHECENDO A LINGUÍSTICA
                                                                    OLIVEIRA, Beatriz Melo 
                                                 
A pesquisadora Eni de Lourdes Puccinelli Orlandi, possui Mestrado e Doutorado em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP) em conjunto com a Universidade de Paris/Vincennes. De 1967 até 1979 foi professora da USP, no departamento de linguística, dedicando-se à análise do discurso e a história das ideias linguísticas. Atualmente é coordenadora do laboratório de Estudos Urbanos (LABEURB) e do curso de mestrado em Linguagem e Sociedade na UNIVÁS (MG) desde 2002. A segunda edição da obra “O que é Linguística” foi publicada em 2009, possui 80 páginas, sendo estruturada em 9 capítulos, que tratam de uma forma específica sobre a linguística, além de abordar seus conceitos e suas variadas funções. O alvo desta produção será do primeiro ao oitavo capítulo, da página 10 à 18, onde Orlandi defende que a sedução que a linguagem exerce sobre o homem existe desde sempre, por meios como; a literatura, a poesia, a religião, a filosofia etc. Diante disso a autora esclarece o que é, e o que não é linguística, distinguindo-a da gramática, pois a mesma tem o objetivo de prescrever normas ou ditar regras de correção para o uso da linguagem. Sendo que para a linguística, tudo o que envolve a língua interessa, passando a ser matéria de reflexão. No decorrer do livro, a autora traz dois momentos chaves da história da constituição da linguística, um ocorrido no século XVII, que ficou conhecido como o século das gramáticas gerais, onde a linguagem é regida por princípios racionais e lógicos, procurando assim atingir uma língua ideal, sem equívocos e sem ambiguidades. É interessante a observação da autora ao dizer que “Não é difícil reconhecer já aí o sonho do homem moderno em ter o controle do mundo por meio das máquinas. Esse ideal, traduzido para a atualidade, é a língua metálica,  a dos computadores, universal e sem “falhas". Porém cabe ressaltar, que atualmente a linguagem usada nos meios tecnológicos, como em computadores, smartphones e entre outros, não contribuem para esse ideal do século XVII, pois as abreviações e gírias, são tipos de variações linguísticas que mais estabelece a comunicação entre as pessoas ultimamente. Por isso, é  inútil negar que a língua é um elemento mutável e universal. É a partir desse pensamento que surge no século XIX, a linguística histórica, com as gramáticas comparadas, prendendo a atenção  dos estudiosos sobre a transformação da língua, já não é mais válido o universal, e sim o fato de que as línguas se transformam com o passar do tempo. Não buscando mais a perfeição e  sim a origem. Durante esse século, também se descobre a semelhança entre a maior parte das línguas europeias e o sânscrito, passando a ser chamadas de línguas indo-europeias. Por fim a autora esclarece que a linguística, só se tornou ciência, logo depois do surgimento da escrita simbólica, desenvolvida também no século XIX, sendo uma escrita que faz uso dos símbolos para descrever a própria língua, a chamada; Metalinguagem. No fim da página 17, Orlandi conclui que na história da linguística houve duas tendências principais; a Linguística formalística, que observa a relação entre linguagem e pensamento, prioriza o que é único, universal e constante; a Linguística sociologista, é a outra tendência que se aplica em estudar o processo social, explorando a relação entre linguagem e sociedade, procura o que é múltiplo, diverso e variado. O texto de Orlandi é de suma importância para o mundo contemporâneo, que mostra a necessidade de conhecer e explorar mais a linguística, tendo a mesma desde o princípio, vista como algo essencial para a vida humana. Traz explicações e informações valiosas para quem busca em primeira mão, conhecer melhor essa ciência. Pode-se comparar o texto de Orlandi ao segundo capítulo do livro de Carlos Alberto Faraco :”A realidade empírica central da linguística histórica é  o fato de que as línguas humanas mudam com o passar do tempo. Em outras palavras as línguas humanas não constituem realidades estáticas; ao contrário, sua configuração estrutural se altera continuamente no tempo. E  é essa dinâmica que constitui o objeto de estudo da linguística histórica.” Dessa forma é preciso estar sempre adapto há possíveis mudanças ocorridas na língua. O livro de Orlandi é indicado aos graduandos em Letras e Comunicação, também aos já docentes nas diferentes áreas, especialmente aos futuros pedagogos e a todos que possam reservar um tempo para apreciar a linguística, pois como finaliza a autora, “Você só existe dentro do mundo. O mundo só existe dentro da linguagem. O resto é mistério.”

ORLANDI, Eni Puccinelli. O que é Linguística. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2005.

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