Confinamento de Gado de Corte
Por jociel michelon | 27/04/2016 | AdmRESUMO
O confinamento de gado de corte é uma técnica que vem sendo cada vez mais utilizada pelos pecuaristas, o que se deve ao fato de oferecer diversas vantagens. Em primeiro lugar, uma das vantagens desta prática é aumentar a eficiência produtiva do rebanho, fazendo com que os animais ganhem mais peso em menor tempo, reduzindo a idade de abate dos animais, o que permite ao produtor ter matéria-prima contínua. O sistema de confinamento de gado de corte também é uma boa opção para as regiões que não contam com um pasto de qualidade, pois substitui a grama por uma ração de qualidade, composta por vitaminas que aceleram o ganho de peso. Além disso, o uso do confinamento de gado de corte também libera o pasto para as outras categorias de gado, acrescentando flexibilidade para a produção.
Palavras-Chave: Confinamento; Gado de Corte; Bovino; Manejo.
INTRODUÇÃO
É chamado de confinamento o sistema de criação de bovinos, apartados por lotes de animais separados em piquetes ou currais com área limitada, onde os alimentos e água são fornecidos em cochos, podendo ser um sistema aplicado a todas as categorias do rebanho.
Contudo, o confinamento é comumente utilizado para a terminação de bovinos, na fase que antecede ao abate do animal, ou seja, envolve o acabamento da carcaça que será comercializada. A qualidade do produto (bovino) produzido no confinamento é assim dependente das outras fases da produção.
Busca-se no sistema de confinamento animais sadios, fortes, com ossatura robusta, e desenvolvimento muscular satisfatório (quantidade de carne) e gordura que baste para dar sabor à carne e dar boa cobertura da carcaça. A produção de animais terminados em confinamento pode ser feita por proprietários de rebanhos ou por produtores comerciais.
Produtores ou confinadores comerciais são aqueles que recebem animais de proprietários de rebanhos, produzem ou adquirem alimentos, têm instalações e, engordam os animais recebidos de terceiros em sistema de parceria na produção, aluguel de instalações e vários outros sistemas de contrato.
É comum no Brasil que o confinamento, via de regra, seja conduzido durante a época seca do ano, ou seja, durante o período de entressafra da produção de carne. Os animais são comercializados no pico da entressafra quando então tendem a alcançar melhores preços.
Podem ser alimentados em confinamento bezerros desmamados (recria-engorda), novilhos e novilhas em recria, bois magros, garrotes e vacas boiadeiras (de descarte). A recria-engorda em confinamento pode produzir um animal jovem e acabado, dito "novilho precoce". Vacas boiadeiras, em boa condição e bom estado sanitário, respondem bem à engorda em confinamento, pois são animais adultos com baixa exigência nutricional relativamente a outras categorias.
Contudo, é mais frequente a utilização de novilhos recriados para a engorda em confinamento e após o período de confinamento, estes apresentem condições de abate, uma vez que não é recomendável que animais confinados retornem às pastagens.
1 – CRIAÇÃO DE GADO CONFINADO
O gado confinado surgiu da necessidade de manter a produção deste animal em períodos de seca, visando evitar a perda de peso do animal, com alimentação balanceada. Atualmente visa-se a produção de novilhos precoces, em alta escala de produção, em menor espaço de tempo e área de pastagem.
1.1 - LOCALIZAÇÃO E INFRAESTRUTURA
Na engorda em confinamento, os custos estão especialmente na alimentação, porém é tão importante quanto, que é a localização do confinamento, pois deve viabilizar a aquisição do alimento com fartura, com fácil acesso, que facilite a aquisição e venda dos animais.
Mas a propriedade rural, que será utilizada para a implantação do sistema deve ser em local retirado, de forma a manter os animais afastados de lugares com elevada movimentação, ou até mesmo próximas a rodovias, pois estes fatores quando evitados, previne o criador de transtornos como contaminações, furtos bem como o estresse dos animais. Outro fator a ser observado quando buscar o local para instalação do confinamento, é o acesso a água limpa e farta e a acesso a energia elétrica.
Ao elaborar o projeto para a locação do confinamento, é importante que as instalações sejam avaliadas, planejadas em todos os aspectos, na sua forma ampla e global. (LOPES, 2005).
A vantagem do projeto é poder iniciá-lo por etapas, de forma a admitir o crescimento e ampliações futuras, atingindo os setores que assim necessitar. Assim, deve-se analisar com cautela o local da implantação, pois além do cuidado com o impacto ambiental, deve-se evitar por exemplo, áreas margeadas por rios ou córregos, podem trazer na água algum tipo de contaminação com os próprios dejetos dos animais, bem como áreas declinadas ou com ventos canalizados, pois, havendo vilas ou cidades nas proximidades do confinamentos, onde o odor dos animais e de suas fezes será desconfortável e indesejável aos habitantes. (PEIXOTO, 1988).
O projeto para o confinamento deve abranger um centro de manejo de animais, destinado à recepção e preparo dos animais a serem confinados, contendo curral com brete, balança e apartador, bem como piquetes de espera, que será ainda utilizado para vacinações, pesagens intermediárias e finais bem como para embarque do gado para abate.
Deve conter ainda a área para produção e preparo dos alimentos como milho, lavouras, dentre outras; e área para armazenamento e conservação dos alimentos, como armazéns para sacaria, forrageiros; área de preparação dos alimentos como por exemplo, galpão para moagem, mistura e pesagem dos alimentos; e depósito para máquinas e equipamentos, como tratores, carretas e etc.
Nas áreas destinadas aos currais de engorda, assim como na área de plantio, deve atentar e estruturar para coleta de fezes e urina, utilizando-se, por exemplo, de canais de drenagens, tanques de sedimentação; zelando pela conservação do solo e água, com fito no manejo e conservação das áreas e controle de eventuais poluições.
A área destinada a instalação de gerência é formada por um escritório e equipamentos de comunicação, arquivos e demais itens para que possa manter organizado e arquivados informações, fichas de controle de aquisição e venda de animais, produtos, controle de desempenho dos lotes dos animais confinados, itens de consumo como alimentos, combustível, funcionários, dentre outras finalidades.
Há ainda que se tratar de um local próprio para armazenagem de produtos farmacêuticos como vacinas, produtos de manejo sanitário, medicamentos e demais instrumentos a serem utilizados em algum tratamento dos animais.
Podendo ainda utilizar de instalações preexistentes na propriedade, desde que tenham capacidade suficiente para atender às necessidades do projeto, e tenham localização adequada. (CERVIERI, 2009).
Os currais ou piquetes de engorda devem ter área suficiente para atender ao número de cabeças almejados para fechar um lote, e estes terão o tamanho ditado pelo quanto de cabeças a serem confinadas, visando a facilidade ou dificuldade na obtenção de animais homogêneos e da obtenção de um número de animais numa mesma ocasião.
Se o confinador é quem faz a cria e recria dos animais, poderá estabelecer a quantidade de animais, selecionando-os, podendo fechar um lote com animais desmamados em determinada época, outro por raça, um outro com animais cruzados, mantendo em cada curral ou piquete um grupo de animais de forma homogênea, pois este fator e relevante ao desempenho dos animais, de forma que facilita na administração do uso de rações apropriadas àquele a determinado lote, auxiliando no controle da produção tornando o processo eficiente.
E o controle dos lotes, na coleta dos dados de cada, possibilita ao confinador aprimorar o processo, utilizando-se informações para planejar e melhorar os lotes seguintes.
Durante o período de seca do ano, o confinamento pode requerer 10 a 12 m²/cab, o piso poderá ser de chão batido com declive mínimo de 3%, e em regiões mais chuvosas, com possível formação de lama nos currais, que atrapalha no desempenho dos animais, a área deverá ter a declividade de até 50 m²/cab e 8%, por cabeça[1].
Havendo o fator da região chuvosa, poderão ser adotadas medidas como calçadas ao longo dos cochos, com 1,8 a 3,0 m de largura, utilizando-se como por exemplo, cascalho, concreto; podendo ainda fazer uma cobertura nos cochos, com aproximadamente 3,0 metros. Poderão ainda ser feitas cercas divisórias com altura mínima de 1,8 m, utilizando arame liso, cordoalha, tábuas e outros.
Na área em frente ao piquete ficarão os cochos de alimentos, que por sua vez, terá à frente o corredor de alimentação, para circulação dos veículos de distribuição de alimentos; atrás as porteiras que se comunicam com o corredor de serviço ou circulação, ou seja, nos corredores de passagem do gado para entrada e saída. No lado interno do curral, ficarão os esteios de cerca e coberturas.
Os cochos de alimentos poderão ser feitos de tambores, madeira, e deverão ter capacidade de suportar o volume de alimentos (volumoso) que serão oferecidos aos animais, devendo ser colocados a uma altura máxima de até 40 cm do solo, medida do fundo do cocho ao solo, com disponibilidade de 70 cm disponíveis por cabeça, permitindo que todos os animais se alimentem ao mesmo tempo.
Já os bebedouros precisam ter capacidade de fornecer 50 litros de água/cab/dia, os cochos para sal mineralizado precisarão ser instalados longe dos bebedouros, com intuito de evitar a aglomeração dos animais, sendo suficiente, quatro metros de cocho para sal, para 100 animais, e este serão cobertos levando em consideração as condições climáticas na região do confinamento.
As instalações remetem a serem funcionais e práticas e simples, sem necessariamente haver algum padrão, prezando por facilitar o manejo dos animais, abastecimento e limpeza de cochos, o suficiente para o bom andamento do confinamento, porém, sem excessos para não comprometer a rentabilidade do processo.
1.2 - OS ANIMAIS
1.2.1 - Tipos e características
Quando se pensa em confinamento, já se tem a ideia de seleção de animais sadios, que possuam boa característica genética, que influencie no desenvolvimento do animal, bem como contribua no ganho de peso, com o aumento de massa muscular, gordura e tecido ósseo, como já havia sido citado anteriormente.
Em tese, qualquer tipo bovino pode ser criado em confinamento com fins de engorda, porém, vai da meta que o criador deseja alcançar. Os animais jovens por terem melhores conversões alimentares, ganham peso um pouco mais rápido. As fêmeas ganham alcançam o ponto de abate mais rápido do que os machos castrados, porém com o peso mais leve. Os animais machos inteiros demoram mais em ganhar peso do que os machos castrados. Os bezerros desmamados demandam mais tempo em confinamento, porém ganham peso mais facilmente.
1.2.1 - Manejo dos animais
Quando se trabalha com animais pelo sistema de confinamento, deve atentar-se ao manejo destes, que devem ser feitos com calma, com fito de evitar o estresse dos animais, bem como acidentes. Outra cautela se dá em relação ao comportamento destes, pois deve ser constante, onde na ocorrência de situação indicativa de mudança, pode emanar problemas. Quando identificados animais que tenham desencadeado alguma doença ou outro tipo de problema, deve imediatamente ser separado para que receba os cuidados devidos, onde recuperados, poderão retornar ao confinamento de onde foi retirado, ou seja, poderá retornar ao lote de origem.
Recomenda-se também que os lotes não excedam a 100 cabeças por piqueti, com animais homogêneos em relação ao sexo, estrutura corporal, grau de sangue dentre outros aspectos definidos pelo confinador. Deve-se levar em consideração a viabilidade de que o lote equivalha com a capacidade de carga suportada pelos caminhões que farão o transporte.
Ao avaliar o transporte de um lote ao qual tenha pretensão de venda, deverá ser feito o cálculo para que o número de animais a serem transportados sejam devidamente distribuídos nos caminhões de transporte de forma que não fique animais para trás, pois não é aconselhado a mistura de lotes, bem como colocar animais em lotes já formados.[2]
Deverão os animais, antes de confinados, serem vacinados contra a febre aftosa, vermifugados, tratados contra parasitas como bernes e carrapatos. Os cuidados em relação a saúde dos animais, o manejo, a pesagem, o embarque e transporte deverão receber atenção especial de forma que não se machuquem e tampouco ocorram edemas que venham influenciar negativamente no aproveitamento e qualidade da carne.
2 - OS ALIMENTOS
Deve haver um cuidado com os animais que recém chegaram, pois em razão da distância percorrida em viagem podem estressados, com mais ou menos fome. Com isso, deverá haver água em disponível e acessível aos animais, uma alimentação composto por mineral, volumosos, distribuídos em pequenas quantidades várias vezes ao dia sob a avaliação dos tratadores, evitando o uso de uréia nos primeiros dias.
Encerrado o período de adaptação do animal, poderá enfim ser inserida a dieta dos animais, mantendo sempre alimento nos cochos, pois, do contrário, poderá ocorrer ingestão excessiva de alimento podendo desencadear distúrbios digestivos.
A EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, ao tratar do tema trouxe as seguintes considerações:
Dietas para bovinos em confinamento incluem alimentos volumosos, concentrados e suplementos. São alimentos volumosos aqueles que possuem teor de fibra bruta superior a 18% na matéria seca, como é o caso dos capins verdes, silagens, fenos, palhadas etc. Alimentos concentrados são aqueles com menos de 18% de fibra bruta na matéria seca e podem ser classificados como protéicos (quando têm mais de 20% de proteína na matéria seca), como é o caso das tortas de algodão, de soja etc., ou energéticos (com menos de 20% de proteína na matéria seca) como é o milho, triguilho, farelo de arroz etc.
No momento de definir a dieta dos animais, alguns fatores devem ser observados, como a raça, pois algumas carecem de maior suplementação; os novilhos, que estão em crescimento, necessitam de mais energia. O tipo de vegetação mais acessível também auxilia na definição da alimentação dos animais, pois o inverso, traria inviabilidade financeira no sistema de confinamento.
Quando a alimentação trata-se de matéria seca, por ter excluída sua umidade natural, devem ter suas características nutricionais comparadas, desta forma, a EMBRAPA declara:
Uma vez que a porção nutritiva de um alimento está contida na matéria seca e que a capacidade de consumo dos alimentos pelos animais está relacionada, também, à matéria seca, todo cálculo relativo à alimentação (balanceamento de rações, custo de aquisição e transporte de alimentos etc.) deve ser feito com base na matéria seca (ou seja, convertido para equivalência a 100% de matéria seca).
Ainda, no tocante a alimentação dos animais em confinamento, faz parte desta, a ração, que nada mais é que um complemento de nutrientes em proporções adequadas, normalmente formadas por volumosos e concentrados, com fito em suprir as necessidades orgânicas dos animais.
A ração será formulada com base na necessidade de cada tipo de animal, nessa esfera, a EMBRAPA confirma que:
A eficiência de utilização de nutrientes da ração para o ganho em peso depende da concentração energética da ração, ou seja, da relação volumoso:concentrado (Tabela 1). Rações com baixa concentração energética (8 MJ de energia metabolizável/kg de MS, á base de volumosos exclusivamente) são utilizadas com uma eficiência de 30%para o ganho em peso, ao contrário de rações de alta concentração energética (12 MJ de energia metabolizável/kg de MS, ou relação volumoso:concentrado de 80:20, por exemplo) que podem ser utilizadas com uma eficiência de 45% para o ganho em peso.[3]
Assim, além de ser fonte de energia, deve-se considerar a proteína necessária aos microorganismos do rúmen e a necessária ao animal. Podem ainda ser adicionadas á ração, minerais, vitaminas e alguns aditivos como ionóforos, tamponantes, dentre outros.
2.1 - Manejo da alimentação
Quando for elaborar a dieta dos animais, deve-se estar sempre atento na escolha dos alimentos para que não venham a ser utilizados alimentos mofados, rancificados ou com sinais de qualquer tipo de deterioração, pois esses fatores poderão comprometer o lote por agirem no metabolismo dos animais causando distúrbios, intoxicações além de tornar insalubre o ambiente aos tratadores.
A EMBRAPA, á respeito do assunto ainda manifesta o seguinte:
Alguns alimentos, por uma ou outra razão, têm um limite para utilização. Por exemplo, o resíduo da pré-limpeza do grão de soja, que chega a ter 16% de proteína bruta na MS não deve ser incluído nas rações em proporção superior a 25% da MS, pois, acima disto, causará diarréia e timpanismo. Como regra, para o caso de alimentos não usuais, o limite de emprego não deverá ultrapassar a 20% da ração total. A ração dos bovinos em confinamento deverá ser servida em duas ou três porções diárias.
Existe um mínimo de duas refeições diárias, e após estabelecidos os horários, não devem ser alternados pois do contrário, poderá causar distúrbios digestivo e estresse aos animais, devendo sempre manter alimento nos cochos, para isso, pode-se manter os alimentos volumosos, e o concentrado ser fornecido nos horários destinados á refeição, de forma controlada.
Os cochos deverão ser mantidos sempre limpos, especialmente antes da refeição matinal, para que a refeição nova não seja contaminada com resíduos fermentados ou apodrecidos, de forma a não serem ingeridos pelos animais.
Como já foi tratado anteriormente, quando se trata de animais estavam em pastagens, quando é inserido ao sistema de confinamento, é necessário que os alimentos novos pela dieta sejam inseridos á ração de forma balanceada de forma que os animais se adaptem de forma gradativa a dieta.
Existem dietas em que são necessários 15 a 30 dias para que os animais se adaptem a ela, não sendo recomendado também que se altere a composição da ração depois da dieta já estabilizada. Porém, havendo a necessidade de mudança de qualquer componente, também deverá ser feita de forma gradativa, até haja a nova adaptação, além da necessidade de que esteja sempre disponível água de boa qualidade.
3 - PROBLEMAS NO CONFINAMENTO DO GADO DE CORTE
Qualquer problema que ocorra no confinamento, em regra, atinge especialmente o produtor, pois a criação de animais confinados corresponde a uma pequena porcentagem de todo animal abatido no Brasil, algo em torno de 6%.
A diminuição do desempenho do animal influencia especialmente na produção e lucro do sistema, são alcançados pelos fatores que afetem os animais individualmente ou o lote. Sendo o primeiro através de distúrbios metabólicos, as doenças e intoxicações.
Esses animais costumam se destacar dos demais, podendo ser logo identificado, permitindo a análise da intensidade em que ocorre e o número de animais afetados.
Quando atinge o lote de animais, torna-se mais difícil avaliar e visualizar, pois age forma uniforme, dificultando a mensuração de animais afetados, bem como o prejuízo sofrido.
Os animais podem ser acometidos de problemas como a acidose, que é o aumento do ácido lático no rúmen, que costuma se dar quando a alimentação é rica em carboidrato que possui fácil fermentação. Nesses casos, os animais costumam perder o apetite, podendo causar a morte do animal. Porém a acidose poderá ser causada também quando a alimentação não esteja sendo inserida corretamente, deixando os animais longos períodos sem alimentar-se, com o consumo maior de grãos, quando há escassez de volumosos; bem como silagens de baixa qualidade ou ingestão de água contaminada.
Esses problemas podem ser facilmente evitados, se aplicados os princípios básicos de alimentação e manejo de animais citados anteriormente.
Outro problema que ocorrer, é o timpanismo, onde alguns alimentos favorecem seu surgimento como por exemplo, resíduos de soja, as leguminosas. Se dá também com a ingestão de alimentos inadequados, e no excesso ou ausência de consumo de concentrados. Uma reação comum aos animais que estão com este problema é o desequilíbrio, e quando não tratado a tempo, poderá morrer.
Outras doenças, como as viroses, bactérias, fungos, artrópedes, protozoários e outros vermes, costumam ocorrer, porém são de fácil prevenção, caso o manejo sanitário seja eficaz e conduzido de forma correta.
Em havendo brigas e montas, causando lesões ou gasto de energia excessiva, poderá causar prejuízo, em que em alguns casos, o melhor a ser feito é separar os animais.
Cabe também ao criador observar se há lama nos currais, se o tamanho do cocho é suficiente, o uso de uma dieta específica para o lote, se o lote não possui animais de porte, idade e condições diferenciadas, se os animais se movimentam de forma excessiva, se há alternância de alimentação e horário. Esses fatores possuem grande influencia de forma que podem comprometer negativamente no rendimento da engorda.
4 – O CUSTO E A VIABILIDADE DO CONFINAMENTO DE GADO
Ao elaborar o planejamento, deve-se observar fatores como a infraestrutura, como as instalações, água, estradas, energia elétrica; uma análise do mercado, como o preço para a compra e venda dos animais; a mão-de-obra; o meio ambiente e atividades que serão exercidas como preparo dos alimentos, armazenagem, medicação, dentre outras.
Superada a primeira fase, resta dar inicio na implantação com acompanhamento e controle das atividades, dos animais em si, da alimentação fornecida, do desempenho e habilidade dos tratadores, e também dos maquinários e implementos para o bom progresso do projeto. Há ainda a necessidade de anotações e registros sobre os custos e receitas, além das informações sobre a procedência dos animais, pesagem, comprador, cuidados sanitários, inicio e fim do período da engorda, dentre outros, ou seja, de informações suficientes para fundar em havendo necessidade de ajude, bem como base para avaliar o negócio e o planejamento escolhido.
Se faz necessário uma análise na escolha do plano de ação, como os demais fatores já tratados anteriormente, para quem deseja trabalhar com confinamento de animais. Deve-se ser coerente nas decisões a serem tomadas, estabelecendo critérios de planejamento, como a quantidade de animais a ser estabelecido por lote, o peso almejado, a alimentação, dentre outras, informações que auxiliaram ao pecuarista a avaliar os custos e os resultados da atividade, bem como o uso de tecnologia, por ser uma estratégia para entressafra, especialmente no período da seca, em que no intuito de preservar as pastagens, para evitar a degradação, em razão da lotação excessiva, busca-se trabalhar com o método de confinamento.
O Canal Rural traz que os custos de produção do confinamento deve sofrer um acréscimo de 30%, onde os pecuaristas estão investindo no confinamento a pasto para garantir a receita para o primeiro semestre.
A dieta é o principal componente ligado diretamente ao custo no confinamento, a alta do preço do milho no mercado interno não tem ajudado, pois é o insumo mais usado na ração. Porém, ainda que a alta do milho tenha aumentado os custos do confinamento bovino, o preço da arroba no mercado futuro e físico demonstra margens mais positivas do que no ano de 2015 como relata o Canal Rural .
No período de entressafra, é menor a oferta de bois magros, bem como de insumos em razão da redução na oferta de grãos por ser também período de transição de safras, bem como no período da safra, quando há aumento de chuva consequentemente tem mais alimento aos animais, aumentando também a oferta.
Nessa esfera, quanto maior a oferta, menores são os preços, já, quanto mais restrita a oferta, maior o mercado, porém esta situação não é regra. No entanto, é possível proteger o valor da aquisição, por exemplo, do boi magro, onde pode-se prevenir da valorização típica no período da entressafra, comprando contratos no mercado futuro.
Assim, mais uma vez entra em foco o planejamento estratégico como peça fundamental para otimizar custos, efetuar boa negociação, tanto no que tange a produção como na aquisição de insumos.
Segundo o médico veterinário Saulo Antônio Gentil Soares, nutricionista que dá assessoria em Confinamentos, na dieta tradicional de alto volumoso, com 75% da matéria seca em silagem e 25% de concentrado, é necessário fornecer uma dieta com 19 kg de matéria verde para tratar um animal de 420 kg. Com dieta de alto grão, na proporção de 25% de matéria seca de volumoso e 75% de concentrado, o volume cai para 15 kg de matéria verde para o mesmo animal.
“A redução média de 22% no volume da dieta leva à redução de custos operacionais (mão de obra, maquinários e combustíveis) na mesma proporção”, afirma o nutricionista. Além da redução nos custos operacionais, a dieta do alto grão reduziu o investimento em maquinários. “Para tratar 20.000 bois por rodada de engorda com dieta de alto volumoso, seria preciso ter pelo menos três misturadoras de ração total. Hoje, usamos duas”, explica Saulo.
A dieta de alto grão também se refletiu na demanda de volumoso, fundamental numa região como Mato Grosso, onde a terra é valorizada tanto para venda como para o arrendamento. Com dieta de alto volumoso tradicional, o Confinamento precisaria de 1.500 há para produzir silagem de milho para tratar 40.000 bois por ano. Com dieta de alto grão, precisa de 500 ha, diz Saulo.
Outra providência para manter os custos da alimentação controlada é antecipar a compra para o período do ano em que o preço dos ingredientes está em menor patamar, normalmente no fim da safra. No caso do sorgo, no fim da safrinha, junho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo o Brasil um grande produtor de carne é fundamental que o produto final (boi gordo) tenha qualidade para atender as exigências de mercado. Para isso, os sistemas de produção devem se adequar, no entanto necessitam de manejo que proporcione animais bem acabados, ou seja, de maior qualidade e a medida do possível, com menor custo.
Em confinamento são mais comuns as fases de engorda e terminação, ou seja, peso ideal para abate com espessura mínima de gordura, entretanto, atualmente é utilizado também para as categorias como, bezerros desmamados, novilhos e novilhas, e vacas de descarte até atingirem peso de abate.
No Brasil, o confinamento de gado de corte se tornou expressivo a partir de 1980, com o fornecimento de alimentação, água e suplementos aos animais nos meses de inverno (junho a setembro) em função da estacionalidade de produção de forragem (entressafra). Cabe ressaltar que o sistema de produção intensiva de bovinos confinados é crescente e apresenta maior densidade na região Centro Oeste devido a logística de produção de alimentos, menor custo da terra e oferta de mão de obra mais acessível. Assim, algumas vantagens da prática de confinamento que dentre elas estão o alívio da pressão de pastejo, abates programados, liberação de áreas de pastagens para utilização do plantio de outras culturas, redução na idade de abate, maior qualidade de carne (melhor acabamento de carcaça), além, dentre outros, de permitir a produção de esterco que pode gerar mais uma renda ao produtor.
Todavia, a análise econômica na atividade pecuária, atualmente, é indispensável para o bom rendimento da atividade. Planejar é a palavra chave para se obter sucesso na produção de carne. A engorda em pasto, ainda é responsável por grande parte da produção pecuária no país que contribui com 90 % dos animais abatidos, porém o confinamento de bovinos é lucrativo se os pecuaristas detiverem os conhecimentos necessários para implementar uma gestão produtiva, desde que esta atividade seja desenvolvida em módulos adequados, ou ainda, dentro da escala de produção em virtude das menores rentabilidades quando comparados com sistemas em pastagem. Os fatores de produção (insumos, mão de obra e alimentação) são usados como variáveis importantes no planejamento de custos e despesas da propriedade.
BIBLIOGRAFIA
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[1] http://dinheirorural.com.br/secao/agronegocios/arte-de-confinar-o-boi. Acessado em 08/02/2016
[2] http://dinheirorural.com.br/secao/agronegocios/arte-de-confinar-o-boi. Acessado em 08/02/2016