Condomínio da terra
Por cesar gonçalves | 21/05/2010 | PoesiasClareia ao alvorecer sob neblina
tão menina madrugada orvalhada
embalada ao som da àgua cristalina
na retina de uma tela aquarelada
O sol aparece lentamente
e contente sabiá só quer cantar
no altar da colina imponente
tanta gente já bem cedo a contemplar
De tardinha cai a chuva pelas matas
e os primatas pulam galhos alegremente
iminentes arco-íris sobre as cascatas
casamatas nessa guerra só de gente
Turbilhão estrelado ao anoitecer
O acontecer prateado da lua cheia
que semeia para o poeta o nascer
e o crer em uma mulher sereia
Apenas no ciclo de um dia
moradia maravilhosa da natureza
certeza de toda vida de magia
companhia que abasta nossa mesa
Imagine tanta perfeição
a canção de tudo ao tempo certo
onde perto é somente ilusão
uma profusão de areia no deserto
Longe seria não imaginar
e desabitar do condomínio da terra
quem erra na escolha não vê par
azar do ímpar que sozinho se enterra
A vida não é um sorteio
e quem veio tem que vencer
temer é o mesmo que receio
e recreio algo a merecer
Tudo no mundo é perfeito
o prefeito da sua vida é você
cadê o espermatozóide sem jeito
que refeito virou um bebê?
Até a natureza se transforma
faz reforma para se adaptar
captar mensagem é uma forma
que torna o homem pronto pra lutar
Deus nos concedeu a vida
a ferida não é obra do criador
a dor da blasfêmia proferida
transferida para o bálsamo do amor
não reclame daquilo que já tem
o que vem a seguir é a grande procura
ruptura com o pai é ser refém
ninguém chega ao céu com essa loucura