CONCEPÇÕES DO COTIDIANO (IV)

 Sabe-se que é muito fácil e até cômodo ser bom quando se está na companhia dos bons. Pois parece que todos estão no mesmo barco descendo a correnteza do rio da vida. Porém, a nossa personalidade, a nossa força moral, o nosso caráter, tudo isto só tem muito valor quando perdura mesmo num ambiente onde há pessoas consideradas violentas, más e sem se envolver de maneira intrínseca. É aquilo que se costuma chamar de teste de fogo. É difícil, mas não é impossível se sair ileso de uma convivência considerada de baixo nível, para não dizer, malévola, contraproducente.

Uma das maiores asneiras, idiotices é alguém exclamar, baseando-se apenas no momento presente repleto de saúde e fortuna: “jamais vou precisar de ninguém”. Não é que se deseja o contrário a essa pessoa. Porém, é pelo simples fato de se tratar de um ser humano, pois jamais pode contradizer a situação de viver em sociedade e o que é mais importante é que “ninguém tem o direito de ser feliz sozinho”, como bem escrever o escritor Thomas Merton. E, além disso, considerando ser o homem um animal político, direta ou indiretamente sempre irá precisar das outras pessoas. Pois, como o mesmo autor afirmou: “ninguém é uma ilha”.

Assim como existem vários lugares bonitos, deslumbrantes nesse mundo e poucos os conhecem, assim também há milhares de pessoas simpáticas, educadas, bonitas, cativantes. O que falta é a oportunidade de sintonizá-las, conhecê-las. Só sabemos que elas existem. Mas, enquanto isto não acontece, só existem conjeturas, imaginações e pensamentos. Mas nunca é tarde de, mais dia menos dia, encontrá-las, o que consumará num momento maravilhoso. Pensando bem, toda pessoa maravilhosa é sempre uma dádiva de Deus!!!

Ao depararmos com uma pessoa que não tenha o mesmo conhecimento que o nosso, jamais deveremos menosprezá-la ou considerá-la inculta simplesmente por isso. Pois, posteriormente poderemos nos defrontar com outra com uma bagagem intelectual muito maior do que a nossa a aí então não gostaríamos passar por uma situação semelhante. Afinal, cada um tem o saber, o conhecimento inerente à sua atividade profissional. Alguns sabem tudo de plantação do trigo; outros são exímios padeiros.

Quando se está sem um objetivo, um ideal leva-se uma vida tão vazia e à deriva tal qual uma nau sem o seu timoneiro, ficando à deriva, isto é, sem rumo. Não afunda tão facilmente, mas também não chega ao porto desejado. Se isto realmente ocorre na vida de uma pessoa, que seja apenas uma fase efêmera. Pois deve ser muito triste e decepcionante vegetar, passando pela vida, sem procurar vivê-la com alegria e entusiasmo!...