Concepções de leitura

Por Priscila Souza Queiroz | 19/09/2012 | Educação

          Para Koch (2002), no texto Leitura, texto e sentido, a concepção de língua como estrutura corresponde a de um sujeito determinado, "assujeitado" pelo sistema, caracterizado por uma espécie de " nao-consciência". Nessa concepção de língua como código o texto é visto como simples produto de codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado, logo focando apenas o texto. Porém, a concepção que mais parece coerente é a internacional da língua, pois nela os sujeitos sao vistos coo atores/construtores sociais, sujeitos ativos que se constroem e sao construidos no texto, considerando o proprio lugar da interação e da constituição dos interlocutores.Desse modo, há lugar no texto, para toda uma gama implícito, dos mais variados tipos, somente detectáveis quando se tem, como pano de fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação, logo focando na interação autor-texto-leitor. Sendo assim, para Bakhlin(1992, p. 290), o lugar mesmo de interação é o texto cujo sentido "não está lá", mas é construido, considerando-se, para tantos, as sinalizaçoes "textuais dadas pelo autor e os conhecimentos do leitor, que, durante todo processo de leitura, deve assumir uma atitude responsativa". Em outras palavras, espera-se que o leitor, concorde ou nao com as ideias do autor, completando-as, adaptando-as,etc, uma vez que toda compreensão prenhe de respostas e, de uma forma ou de outra, forçosamente, a produz.

     Koch destacou a concepção de leitura como uma atividade baseada na interação autor-texto-leitor. Nesse processo se faz necessário considerar a materialidade linguística do texto, elemento sobre o qual e a partir  do qual se constitue a interação, por outro lado, é preciso também levar em conta os conhecimentos do leitor, condição fundamental para o estabelecimento da interação com o maior ou menor intensidade,durabilidade, qualidade.É por essa razão que se fala de um sentido para o texto, nao do sentido, e justifica-se essa posição, visto que, na atividade de leitura ativamos: lugar social, vivências, relações com o outro, valores da comunidade, conhecimentos textuais. Assim, a leitura e a produção de sentidos sao atividades orientadas por nossas bagagens sóciocognitivas: conhecimento da língua e das coisas do mundo. E essas leituras vão se constituindo diferentemento dependendo do leitor. Depois de escrito o texto tem uma existência independente do autor. Entre a produção do texto escrito e a sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstâncias da escrita podem ser absolutamente diferentes das circuntâncias de leitura, fato esse que interfere na produção de sentido. Pode acontecer também que o texto venha a ser lido num lugar muito distante daquele que foi escrito ou pode ter sido reescrito de muitas formas, mudando consideravelmente o modo de constituição da escrita. Emfim, o texto é um exemplo de que o autor pressupõe a participação do leitor na construção de sentido a re (orientaçãp) que lhe é dado. Nesse processo, ressalta-se que a compreensão nao requer que os conhecimentos to texto e os do leitor coincidam, mas que possam interagir dinamicamente.