Comunicação e expressão na educação

Por Ilza Aparecida dos Santos Maciel | 14/10/2015 | Educação

Comunicação e expressão na educação Ilza Aparecida dos Santos Maciel Antes de tecer algumas considerações referentes a comunicação e expressão, se faz necessário entender o significado etimológico da palavra em questão. Segundo a definição do dicionário Aurélio o substantivo feminino comunicação , do latim communicare ;é o ato, efeito ou meio de comunicar; participação.; aviso; informação; convivência; trato; lugar de passagem de um ponto para outro; atribuição mutua das propriedades da natureza divina á natureza humana de Cristo. Do latim expressione o substantivo feminino expressione é o ato de exprimir representação escrita; palavra, frase; dito; gesto; acentuação; caráter e importância. Ponderadas tais definições é possível observar e diagnosticar quantos significados se dá, ás vezes, a mesma palavra ou expressão, seja isoladamente ou numa estrutura de texto. “Na escrita, como o tom de voz e o conhecimento do assunto são excluídos, somos obrigados a utilizar muito mais palavras, e com maior exatidão. A escrita é a forma de fala mais elaborada” (Vygotsky, 1993) . “A expressão designa e engloba todos aqueles factos humanos nos quais se dá um processo de criação ou transmissão de informação e cujo protagonista é o homem que assimila tal informação”. (Puig, 1998). “ A comunicação, é o processo vital através do qual indivíduos e organizações se relacionam uns com os outros, influenciando-se mutuamente. (Thayer, 1979). Cada contexto comunicativo não deve ser considerado como uma entidade separada, mas como uma hierarquia de contextos ajustados uns aos outros. O contexto intrapessoal ocorre quando o individuo pensa ou fala para si mesmo. É um processo de autocomunicação, ocorrendo dentro da própria pessoa, que assume as funções de emissor e de receptor. “ Aprender a escrever é em grande parte, aprender a pensar, aprender a encontrar idéias e organizá-las. Assim como não é possível transmitir o que a mente não criou ou apreendeu. (Othon Moacir Garcia 1998). Embora a linguagem oral e a linguagem escrita não sejam idênticas, sabemos que a linguagem oral é um dos principais suportes para aprendizagem da linguagem escrita. Nascemos dotados de percepção sensório motor que vai ser, em primeira estância, a ligação entre a criança e o mundo. Porém, de acordo que desenvolvemos a linguagem oral esta ligação passa a ser mediada pelos conteúdos e conceitos culturalmente desenvolvidos. É a partir do desenvolvimento da linguagem oral que passamos a substituir a imagem do objeto pelo conceito que temos do mesmo, por sua função socialmente construída. A linguagem escrita tem função de nos remeter a lembrança do conceito que foi socialmente construído. A linguagem escrita vem exercendo a função social de transmitir uma mensagem que ultrapasse a barreira do tempo e do espaço. Para exercer esta função é necessário que os signos utilizados pelo autor sejam compreendidos pelo leitor a palavra escrita não traz inserida em si a lembrança do objeto a que se refere. Para que isto ocorra tanto o emissor quanto o receptor terão que fazer uso de um mesmo código. Ou que seja socialmente construído, ou que seja previamente combinado entre eles. Outra função da linguagem escrita e a de dar suporte a memória, um bom exemplo disto ocorre quando fazemos uma lista de compras, anotamos o endereço de uma loja ou telefone de um amigo, além de transmitir uma mensagem e dar suporte á memória, a linguagem escrita tem por finalidade registrar a experiência humana e preservar a sua historia . Para exercer estas funções sociais, a linguagem escrita tem uma organização própria, complexa, formal e abstrata, para compreender esta organização não basta aprender a codificar e decodificar a linguagem escrita, é preciso entender a sua função no contexto social, é compreender como e porque utilizamos socialmente a linguagem escrita. “Todo conhecimento começa com o sonho. O conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada” (Rubem Alves). “Se uma criança sabe ler, mas não é capaz de ler um livro, uma revista, um jornal, se sabe escrever palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta, é alfabetizada, mas não é letrada” (Magda Becker Soares). “Toda arte de ensinar é apenas a arte de acordar a curiosidade natural nas mentes jovens, com o propósito de serem satisfeitas mais tarde” (Lev Semenovick Vygotsky). Recorro aos pensamentos desses escritores e educadores porque acredito que mais do que alfabetizar, a função de um educador é letrar os seus alunos e desenvolver nestes a compreensão da função social da linguagem escrita, nesta percepção de educação, a escola surge para propiciar o acesso ao saber acredito que mais ainda para propiciar o acesso ao saber sistematizado de seus educandos. Referências: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa, RJ:Nova Fronteira,1993. VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pensamento e Linguagem, SP:Martins Fontes, 1993. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro. Ed. Paz e terra, 1997. FREIRE, Madalena. A paixão de conhecer o mundo: relato de uma professora. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1983. WWW.libdigi.unicamp.br WWW.iep.uminho.pt