Comunicação, como estamos nos manifestando ultimamente…

Por Adriana Maluendas | 23/09/2018 | Crônicas

Comunicar!!! Verbalizar!!! Falar!!! Opinar!!!

Sim, todas as alternativas anteriores são verbos, ações e palavras que aplicamos para exteriorizar os nossos “Direitos” de cidadão em todas as formas de nos expressar, e que deveriam fazer parte também do nosso “Bom Senso”. E, claro, sem nos esquecermos do nosso “Dever” básico: Respeito ao próximo. A elegância, também, não se apresenta apenas na forma como nos vestimos, mas em especial, na maneira como nos expressamos. Comunicar, verbalizar nossas opiniões e falar abertamente faz muita diferença e isso, além do direito, tem a ver com a capacidade de escutar mais do que falar. Minha avó já dizia: “temos duas orelhas e uma boca”. Essa era a maneira de ela dizer: escute mais do que fale. E ainda me lembro dela como se fosse hoje. Exemplos como esse conselho de minha avó não faltam. Quem nunca ouviu esta frase, “se não puder falar bem de alguém, cale-se!”, que atire a primeira pedra, Iaiá...

Sabe gente, sou do tipo que escuto e argumento com base nos meus próprios conhecimentos e conceitos, principalmente no que diz respeito a uma comunidade ou sociedade pois e nosso dever lapidar-la e deixar-la melhor do que a sociedade em que crescemos. E se não tenho conhecimento, ouço e busco informação antes de verbalizar minha opinião. Palavras são as ferramentas mais poderosas que temos. E, infelizmente, percebo que muitos de nós ultimamente as estão usando e as utilizando de maneira cruel, e o mau uso das palavras pode muitas vezes ferir profundamente. E tenho notado isso cada vez mais entre amigos e familiares nas mídias sociais de forma brutal! São tantas teorias e fake news sem fundamentos, especulações, tristes insinuações que têm causado um efeito muito profundo e avassalador nas pessoas. Assisto amizades de anos sendo vaporizadas diante dos meus olhos. Famílias se separando por razões que na realidade deveriam uni-las e semeando divisões nocivas e que serão difíceis de cicatrizar em um futuro próximo.

Chega a ser uma obrigação moral cuidar e orientar as novas gerações para que não cometam os mesmos erros que cometemos no passado. Olhar para trás e perceber os erros e seguir adiante melhor preparado para que os mesmos erros não venham a nos assombrar -- e chega até ser um dever nosso, uma real incumbência. O mundo está mudando muito rápido: situações políticas, doenças, questões climáticas... E, levando em conta, o momento atual que vivemos é impossível não estarmos interligados uns com os outros e nossas opções e escolhas desempenham um papel crucial como um todo.

Minha reflexão é bem pessoal neste momento tão delicado, com base nas notícias atuais, nas discussões e, sobretudo, na forma que estamos nos expondo de maneira tão agressiva nas redes sociais (diversos aspectos e assuntos). É triste ver amizades e pessoas tão queridas e que cresceram com a gente tentando impor suas visões e brigando com pessoas, sem utilizar o bom senso de ouvir a outra parte. Sem mesmo ponderar sobre o “direito de opinião” de cada um, colocando em risco amizades de anos. Gente, que tal tentarmos com mais ímpeto nos entender e simplesmente respeitar um pouco mais a convicção do próximo? Somos todos seres humanos, erramos, e cada um de nós tem a sua própria opinião, contanto que essa opinião não sirva para agredir o próximo, e não tirar a vida de ninguém... Vamos nos respeitar em prol de um mundo melhor para as novas gerações.

Repito, precisamos olhar os erros do passado e virar a página de maneira culta, respeitosa e amistosa. Sim, é possível... e é uma questão de escolha. Escolha que esta em nossas maos e todos os dias e a todo momento.

Sou mulher, feminista, me considero humanitária e, sobretudo, sobrevivente de um dos maiores atentados terroristas da história da nossa geração. E se eu deixasse que o ódio e a raiva, ou qualquer outro sentimento mesquinho, tivessem me consumido... aí sim... os terroristas teriam conseguido ceifar mais uma vida. A minha própria vida teria sido destruída por uma ideologia malévola e mesquinha.

Temos, sim, que seguir adiante lutando pelos nossos direitos, aprendendo com fatos e nos unindo ainda mais em prol do que é certo e o melhor para o futuro de todos nós. Inclusive, não deixar que este momento histórico seja, infelizmente, utilizado para nos dividir, para nos manter em uma guerra extra totalmente desnecessária, por mais crucial que considere que ela seja.

Falando sobre isso, quero adicionar algo, um pequeno exemplo que presenciei...Outro dia estava participando rapidamente de um painel com mulheres maravilhosas, lindas por dentro e por fora e uma delas acrescentou algo tão simples, porém tão importante que fez meu coração sorrir e me encantei com a simplicidade mencionada, pois creio que ela conseguiu com uma frase uma palavra, mudar o painel para um ângulo mais construtivo, produtivo e sem devaneios: “o que devemos é SOMAR. Simples assim.

Sou feminista sim, e sinto uma honra enorme de estar presenciando essa geração de mulheres fortes e decididas buscando, ou melhor, exigindo respeito e as leis para um convívio mais justo entre todos nós.  É extraordinário, inspirador e motivador.

Por outro lado, não acredito em usar um movimento tão poderoso, lindo e inovador para incitar o ódio, como vemos em momentos como esse de grande polarização.  Todos têm o direito de exigir mais leis que poderão cada vez mais nos impor como mulheres, mas não acredito que direitos emanados pelo ódio ao sexo oposto tenha como base o respeito. Comunicação e mais respeito com as leis que nos regem para um futuro melhor.

Sou filha, meu pai foi um dos maiores mentores que tive, tenho um irmão, e ele se tornou um pai maravilhoso, tive excelentes figuras masculinas educadores em minha vida. Um avô que pude conviver poucos anos em minha vida, jornalista, e um homem exemplar. E eu os respeito muito. Pelos valores e princípios que me passaram. Devemos sempre tomar cuidado com os rótulos.

Termino com um pensamento maravilhoso: “Ser livre, não é apenas nos libertarmos das algemas, ou correntes que nos aprisionam, mas também viver de uma forma que respeite e valorize a liberdade dos outros”.

Ou, se preferirem:

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda pela sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, podem aprender, ensinando a amar”, Nelson Mandela.

Com um sorriso para o Mundo e muita fé no coração... Adriana Maluendas