COMPORTAMENTOS HUMANOS EM SALAS VIRTUAIS

Por MCarmo Costa | 06/04/2009 | Crônicas

Um mundo diferente, um espaço irreal, a liberdade de uma sala de bate papo que o mundo virtual permite, vez que em verdade ali uma pessoa é o que se propõe ser, da maneira mais elementar, algumas com ternura escapando pelos poros além das teclas. Um autêntico fascínio. Ali se conhece o outro pelo que ele escreve, é o que ele está passando, vivenciando, liberando ou simplesmente fantasiando.

É um lugar aonde pessoas vão por motivos diversificados. Umas por simples laser, tornar seu dia a dia mais leve, mais simpático por isso vão bater papo virtualmente e jogar conversa fora, depois de um dia cheio ou enfadonho de trabalho, vão desopilar o fígado dando boas e alegres gargalhadas, tudo ao som de uma bela midi; outras vão pela necessidade de companhia por sentirem-se isoladas do e no mundo real, em suas casas, apartamentos, muitas das vezes tendo apenas um animal de estimação como companhia viva; outras vão à cata de relacionamentos porque os reais lhes causaram tantos dissabores que elas preferem a ilusão de uma sala de encontros virtuais marcados que ficam ali ou saltitam vida afora ou então porque não têm coragem de viver no real aquilo que escondidamente vivem no virtual, não têm coragem de se assumirem a opção muitas das vezes pretendida. Mas há pessoas que vão ali para trazerem à tona sentimentos ínfimos, degradantes que existem dentro de si e que de forma habilidosa escondem nos becos escuros de suas mentes insanas, vão por motivos pernósticos e repugnantes, criminosos até.

Assim o mundo virtual tem se transformado numa sociedade paralela à real haja vista o grande número de salas, em suas diversas espécies, abertas por provedores que recebem milhares de pessoas a todo momento, num tempo infindável. É uma sociedade atuante sem espaço geográfico, sem territorialidade, sem dimensões. Sociedade formada não de casas e famílias, mas por salas sem teto e sem portas, escancaradas, onde se entra e sai sem licença, sem comedimento ou pudor, movimentado apenas pelas teclas de um computador, de uma máquina que se leva a um estabelecimento eletrônico, dos milhares e milhares existentes.

Acontece que, por trás dessas máquinas seres humanos viventes existem discorrendo personagens, seus nicknames, que a seu mando praticam suas vontades mais íntimas.

Mas o que se há de estarrecer é verificar que existem pessoas que usam o espaço virtual, as salas de encontro, principalmente, para jogar fora o lixo, os dejetos, que existem dento delas enquanto outras ensandecidas se aventuram nos riscos das noites quentes e das madrugadas frias dessas salas. Pessoas que se encerram num palavreado demente de falsos amigos quando a maledicência, a inveja e o desamor comandam suas atitudes pueris, rancorosas e preconceituosas, atitudes pequenas levadas por paixões vis, ignóbeis com aparência e encantamento de AMOR-AMIGO!