Complicações...

Por R F | 14/04/2010 | Crônicas

Há uns tempos atrás vi o trailer de um filme, fiquei tão ansiosa para o ver que, imagine-se, escrevi sobre isso. Contudo, e como nem sempre há oportunidade de fazermos aquilo que queremos, só ontem é que finalmente vi o “Amar… é complicado”. Confesso que, apesar de saber que o filme seria a típica comédia romântica, na altura em que em que vi o trailer fiquei um pouco indignada comigo mesma por o ter achado engraçado e ao mesmo tempo curiosa pelo facto de, como algo que é condenatório, como a traição e os affairs, em si (que é aquilo em que se centra o filme) se tornam engraçadas e que nos agarram à televisão.


O filme começa com o dia-a-dia de uma senhora divorciada que tem algumas posses dado o seu negócio (uma pastelaria). Divorciada há dez anos ainda sofre com o sucedido, especialmente porque o seu ex-marido acabou por se casar com uma rapariga muito mais nova e que foi, literalmente, a sua amante. E o filme centra-se no casal divorciado. Que, na cerimónia de fim de curso de um dos três filhos, se envolve “amorosamente” de novo. Durante o filme todo, que tem cenas bastante cómicas, fiquei a torcer para que os protagonistas ficassem juntos, que tudo voltasse a ser como antes com uma naturalidade enorme, como só se vê nos filmes. Sim, porque apesar de haver casais divorciados que se voltam a juntar passados anos na realidade, sabemos que as coisas não são tão fáceis assim. Acho que seriam impossíveis para mim e, por isso mesmo, fiquei estupefacta por ver que, a determinado momento do filme, estava mesmo a torcer pelo final menos lógico: ex-mulher e ex-marido reconciliados, após várias e diferentes traições (a durante o casamento e a actual, o affair que mantiveram ás escondidas). Se ponderarmos bem e foi nisso que, sinceramente, fiquei a pensar depois de ver todo o filme, a relação deles parecia que, na segunda tentativa, tinha tudo dar certo no entanto um senhor (Steve Martin) apaixona-se pela protagonista (interpretada por Meryl Streep), há um flirt, tudo durante o caso em que ela está envolvida com o ex-marido (Alec Baldwin). Aí é que começamos a ver que há sempre o lado mau. Todos sabemos que o casamento perfeito é uma utopia, há sempre coisas que são menos boas e, por vezes, as relações não resistem. Mas, neste caso, um casal que já não se dedicava à relação e o facto de haver uma traição destruiu um lar, uma família. Será que uma reconciliação juntaria as pecinhas todas do puzzle? Acho, sinceramente, que não; que haveriam sempre alguns problemas, não querendo julgar quem o faz. E as pessoas que se envolvem com outras numa situação destas saem magoadas. Neste caso, Alec Baldwin, o ex-marido, já era casado, e, num acto de egoísmo ou de percepção que afinal uns anos antes foi um completo idiota, acaba não só um casamento mas dois (mesmo não sendo inteiramente a culpa dele); os filhos ao descobrirem também ficam confusos. Acho que, já sem me referir ao filme, para haver uma reconciliação têm mesmo de se medir diversos parâmetros. Pensar no que isso comporta e, acima de tudo, se temos capacidade para ultrapassar tudo o que decorreu no tempo em que estiveram separados; há que também não ser egoísta e saber que uma atitude nossa pode prejudicar muito terceiros, especialmente quando esses são filhos e outros familiares mais chegados. Há que reflectir. Se acha que é o mais correcto, força, quem tem de estar feliz é só você mesmo.