COMPARAÇÃO SOBRE A AUTOIMAGEM CORPORAL DE...

Por Karoline Cássia Moreira de Almeida | 21/03/2017 | Saúde

COMPARAÇÃO SOBRE A AUTOIMAGEM CORPORAL DE IDOSAS PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO E SEDENTÁRIAS DE UMA INSTITUIÇÃO PRIVADA DO MUNICÍPIO DE CUIABÁ-MT

Autores:

Karoline Cássia Moreira de Almeida¹

Astolfo de Goes Silva²

RESUMO

Objetivo: Comparar a autoimagem corporal de dois grupos de idosas, o primeiro praticante de exercício físico (GP) e outro de sedentárias (GS), frequentadoras do Sesc Porto, Cuiabá-MT. Metodologia: A amostra foi constituída de 28 idosas, sendo 14 em cada grupo: GS com média de idade de 57,57 anos, participantes do grupo de convivência “Amigos para Sempre” e o GP com média de 64,92 anos, pertencentes ao grupo de “Ginástica”. O protocolo utilizado para avaliação da autoimagem corporal foi o Body Shape Questionnaire- BSQ, adaptado e validado para uso no Brasil. Resultados: A análise dos dados foi feita a partir da comparação  das respostas das 34 questões do BSQ, entre GP e o GS, obtendo-se uma média, onde através do teste de Wilcoxon não se verificou significância sob o ponto de vista estatístico na comparação entre as médias dos dois grupos, porém houve diferença significativa em três questões do questionário relacionadas à "autopercepção da forma do corpo", onde o GP obteve maior pontuação, demonstrando uma maior preocupação com o corpo. Conclusão: A avaliação dos dois grupos classificou ambos como normal e saudável, quanto à percepção da autoimagem. 

Palavras chave: Exercício físico. Idosas. Autoimagem.  

INTRODUÇÃO:

 É impossível interromper o envelhecimento, mas podem-se obter formas de retardar esse processo, adotando um estilo de vida saudável e ativo. Já foram comprovados por diversos autores os benefícios da atividade física para os idosos, através dela é possível melhorar a saúde e o bem estar físico em geral, preservar a independência nas atividades diárias e controlar as doenças crônico-degenerativas, além da possibilidade de manutenção da vida social (Fleck et al., 2003, p. 114-22). O contato social que envolve conceitos e valores impostos pela sociedade influencia diretamente a percepção que temos do nosso corpo, sendo que para os idosos, manter a autoestima através de uma análise coerente da autoimagem parece ser um desafio, visto que o envelhecimento na sociedade atual está carregado de estereótipos associados apenas aos declínios físicos. Este grupo, persuadido pela mídia e outros aspectos culturais, pode sofrer distorções na sua imagem corporal uma patologia séria que pode desencadear outras (Tavares, 2003).  Cria-se uma visão negativa em relação à velhice, baseada na falsa ideia de que envelhecer gera sempre incompetência (Néri, 2001 apud Matsuo, 2007). 

OBJETIVO:

 Comparar a autoimagem corporal de dois grupos de idosas, um praticante de exercício físico e outro grupo de sedentárias, ambos frequentadores do Sesc Porto, Cuiabá-MT.  

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS : Participantes- 

O estudo envolveu 28 idosas, divididas em dois grupos: 14 idosas praticantes de exercício físico (GP) e as demais sedentárias (GS), todas frequentadoras de atividades oferecidas pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), localizado no bairro do Porto, em Cuiabá-MT. A média do GS foi de 67,57, sendo que as idades variaram de 61 a 75 anos, no GP a idade média foi de 64,92 anos, a menor apresentou 60 anos e a maior 70 anos. Apresentando uma diferença de 2,65 anos entre as médias. O GP praticava exercícios físicos três vezes por semana, com duração de uma hora e meia cada sessão, tendo como base a ginástica aeróbia, trabalhando principalmente o sistema cardiorrespiratório através de coreografias de músicas diversas, e ginástica localizada, com movimentos repetitivos de determinados grupos musculares com a utilização de halteres, bem como outros equipamentos. O GS não realizava nenhuma atividade física, mas frequentava o grupo de convivência “Amigos Para Sempre”, onde confeccionavam diversos tipos de artesanatos, vivenciavam atividades de lazer como bingo, amigo oculto e debates. Critérios de InclusãoSer capaz de realizar suas atividades de vida diária independentemente; Não possuir nenhuma deficiência física; Não possuir déficit de compreensão que as impossibilitassem de responder aos questionários; Fazer parte do Grupo de Ginástica a pelo menos seis meses e ter tido frequência mínima de 75% nas aulas, para o GP; Não ter praticado exercício físico nos últimos 6 meses, para o GS.

 Instrumentos e Procedimentos-

 O objetivo da pesquisa foi comparar a autoimagem corporal dos dois grupos, para verificarmos se apresentavam alguma distorção na imagem corporal através do Body Shape Questionnaire – BSQ. O índice de Barthel é um instrumento que avalia o nível de dependência do sujeito para a realização de dez atividades básicas de vida: comer, higiene pessoal, uso dos sanitários, tomar banho, vestir e despir, controle dos esfíncteres, deambular, transferência da cadeira para a cama, subir de descer escadas. A pontuação da escala varia de 0 a 100, com intervalos de 5 pontos (Mahoney & Barthel, 1965 apud Araújo, et al. 2007). O Índice de Barthel é utilizado com grande frequência, principalmente em ambientes hospitalares e centros de reabilitação, vários autores o consideram o instrumento mais adequado para avaliar a incapacidade para a realização das atividades da vida diária (Wade, 2000 apud Araújo et al., 2007). Foram coletados os dados do GP e posteriormente do GS. Foi utilizado lápis de escrever e ou canetas esferográficas, o questionário foi auto-aplicável, sem limite de tempo para seu término. Só responderam os questionários as idosas que se incluíram nos critérios propostos antecipadamente e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O BSQ foi adaptado e validado para uso no Brasil por Pietro e Silveira (2008), é um inventário composto por 34 questões fechadas, com seis opções de respostas para cada questão, sendo: 1 - nunca, 2 - raramente, 3 -  às vezes, 4 - frequentemente, 5 - muito frequentemente e 6 – sempre. No final foi realizada a soma dos resultados de todas as questões, de cada idosa e classificadas através da tabela, podendo ser: nenhuma, leve, moderada ou grave (BOSI, et al. 2006). Das 34 questões da escala, as questões 04, 02, 21, 17, 24, 28, 22, 23, 30, 14, 03, 06, 34, 16, 09, 05, 11, 10, 01, 33, 15 e 19 compõem o primeiro fator corresponde a uma dimensão que, dado o seu conteúdo, poderia ser chamado de "autopercepção da forma do corpo". As Perguntas 31, 20, 29, 12 e 25 estão agrupadas em um segundo fator que corresponderia a uma "percepção comparativa da imagem corporal", enquanto as questões 32, 26, 07, 18 e 13 foram agrupadas em um fator que temos chamado "atitude relativa à alteração da imagem corporal". Finalmente, as questões 08 e 27 corresponderam a uma última dimensão, que se refere a "graves alterações na percepção do corpo" (Pietro & Silveira, 2008).  

Análise dos Dados

A análise dos dados foi feita a partir da comparação das respostas das 34 questões do questionário Body Shape Questionnaire – BSQ, entre GP e GS. Obtendo-se assim, uma média das 34 questões dos dois grupos. A classificação do BSQ foi dada de acordo com a somatória das questões que compõem o questionário, alcançando assim a pontuação total, valores ≤ a 110 indicavam nenhuma distorção em relação à autoimagem corporal, > 110 ou ≤ a 138 leve distorção, > 138 ou ≤ a 167 distorção moderada e > 167 pontos representavam uma distorção grave.  Para verificar se as idosas do GP praticavam algum outro exercício físico, foi introduzida uma questão fechada antecedente ao BSQ. Sobre a avaliação da capacidade funcional dos indivíduos, foi feita a classificação dos indivíduos de acordo com a somatória das 10 questões do índice de Barthel, seguindo a seguinte classificação, 0  ≤ a 20 dependência total, > 21 ≤ a 60 dependência severa, > 61 ≤ a 80 dependência moderada, > 80 < 100 dependência leve e = 100 independente. A análise de resultados foi realizada através do teste de Wilcoxon, parte integrante do programa de estatística Stat Plus Professional for Windows, para comparação de amostras relacionadas. A média ± desvio padrão foi calculada a partir do aplicativo Excel 2003, componente do pacote de softwares Microsoft Office 2003. Todas as conclusões estatísticas foram realizadas a 5% (≤0,05) de significância, tendo como legenda * para os dados significativos. 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Exercício Físico para Idosos-

Além de trazer benefícios à saúde física, o exercício tem grande influência sobre a saúde mental do idoso. Tendo como base a conferência da Sociedade Norte-Americana para Psicologia do Esporte e Atividade Física, que aconteceu em 2004. Em seu estudo, Melo e Giavoni (2004), fizeram uma comparação entre idosas que praticaram hidroginástica e ginástica aeróbia, as mulheres participaram de 36 sessões de 50 minutos cada, com intensidade entre 50% e 70% da frequência cardíaca máxima, o grupo que praticou hidroginástica apresentou, apenas, redução no percentual de gordura das pernas. Já a modalidade de ginástica aeróbia constatou-se reduções no peso corporal total, no percentual de gordura das pernas e um aumento significativo na massa magra, o que tem influência direta com a autoimagem corporal da pessoa idosa, além de outros benefícios. Miranda e Farias (2008), concluem que pessoas com mais de 80 anos ativas são mais concentradas e se distraem com menos facilidade do que os sedentários da mesma idade. Um estilo de vida ativo ajuda a manter a capacidade de pensar e reagir a situações na velhice, um dos motivos associados a este benefício, é a melhoria da condição cardiovascular causando um aumento do fluxo de sangue e a oxigenação do cérebro.  Em contrapartida, as consequências do sedentarismo para a saúde física incluem, entre as mais conhecidas, o diabetes, a hipertensão, a hipercolesterolemia, a obesidade, diversas formas de câncer, a osteoporose, calculose renal, biliar e até disfunção erétil. Existe também um sério impacto na saúde mental do indivíduo, compreendendo: diminuição da autoestima, da autoimagem, do bem-estar, da sociabilidade; aumento da ansiedade, de estresse, de depressão, e de acordo com estudos mais recentes influência no aparecimento de mal de Alzeihmer e de Parkinson (Weuve, et al. 2004 apud Keihan e Matsudo, 2005).  

Autoimagem no idoso-

Gardner (1996) apud Kakeshita & Almeida (p. 497 – 504 2006), define a autoimagem como “a figura mental que temos das medidas, dos contornos e da forma de nosso corpo; dos sentimentos concernentes a essas características e às partes do nosso corpo”.  A imagem corporal é um importante componente do complexo mecanismo de identidade pessoal, componente este subjetivo que se refere à satisfação de uma pessoa com seu tamanho corporal ou partes específicas de seu corpo.  De acordo com Spirduso Tribess (2006), o fracasso na tentativa de conter as transformações decorrentes do envelhecimento e de alcançar tal padrão físico idealizado pela indústria da beleza e veiculado pela mídia e pela sociedade gera insatisfação com a aparência corporal e prejudica a convicção de que se é capaz de realizar as tarefas específicas do dia a dia, sem um corpo perfeito, a pessoa pode sentir-se culpada por ser gorda ou possuir alguma imperfeição física, ou seja, contribui para uma auto-eficácia negativa.  

RESULTADOS E DISCUSSÕES:

 TABELA 1- Resultados obtidos pelo GS e GP através do índice de Barthel, seguido da classificação de acordo com a pontuação.

GS
Pontos
Classificação
GP
Pontos
Classificação
1
90
Dependência leve
1
100
Independente
2
100
Independente
2
100
Independente
3
100
Independente
3
100
Independente
4
100
Independente
4
100
Independente
5
100
Independente
5
100
Independente
6
100
Independente
6
100
Independente
7
100
Independente
7
100
Independente
8
100
Independente
8
100
Independente
9
100
Independente
9
100
Independente
10
100
Independente
10
100
Independente
11
100
Independente
11
100
Independente
12
100
Independente
12
100
Independente
13
100
Independente
13
100
Independente
14
100
Independente
14
100
Independente
Média
99,28±2,67

Média
100±0,00


Através da somatória da pontuação do índice de Barthel todas as idosas foram classificadas com independentes, com exceção de uma idosa do GS, que apresentou um grau de dependência leve. A média total do GS foi de 99,28±2,67, enquanto a do GP foi de 100±0,00. Como o grupo de idosas sedentárias, na sua quase totalidade encontra-se totalmente independente, não apresentando nenhum tipo de incapacidade que as impeçam de realizar as atividades de vida diária, é possível que este seja um dos motivos para a não opção de aderir a alguma prática de atividade física oferecida pelo Sesc. TABELA 2- Média de respostas das 34 questões que compõem o Body Shape Questionnaire – BSQ, do Grupo Sedentário (GS) e Grupo Praticante (GP):

Questões – BSQ
Média - GS      
Média - GP
Teste de Wilconxon (*significativo, ≤ 0,05)
               Z                  |                  P
1
2,50±1,45
2,35±2,09
0,26
0,78
2
2;00±1,41
2,92±1,68
1,94
0,05*
3
1,21±0,57
1,57±1,39
0,67
0,50
4
2,50±1,74
3,14±1,70
1,37
0,16
5
2,64±1,78
2,78±1,80
0,33
0,73
6
1,57±1,39
2,35±1,54
1,60
0,10
7
1,21±0,57
1,35±0,74
0,54
0,58
8
1,42±1,34
1,21±0,57
0,18
0,86
9
2,07±1,59
1,57±0,85
0,84
0,4
10
 1,00±0.00
1,00±0,00
-----
-----
11
1,78±1,42
1,35±0,63
0,98
0,32
12
1,92±1,68
1,57±0,93
0,37
0,72
13
1,28±1,06
1,21±0,57
1,34
0,18
14
1,57±1,34
2,07±1,38
1,85
0,06
15
3,00±1,79
2,28±1,48
0,59
0,10
16
1,14±0,53
1,92±1,49
1,21
0,22
17
1,71±1,48
1,92±1,49
1,27
0,20
18
1,57±1,39
1,64±1,49
0,18
0,86
19
1,42±1,34
1,35±1,33
1,00
0,32
20
1,35±1,33
1,42±1,34
0,45
0,65
21
1,92±1,81
2,85±1,35
2,01
0,04*
22
2,78±1,71
2,78±1,52
0,71
0,48
23
2,35±1,49
2,64±1,08
0,98
0,33
24
2,14±1,61
2,28±1,54
0,73
0,47
25
1,07±0,26
1,21±0,57
0,80
0,42
26
1,14±0,53
1,14±0,53
0,00
1,00
27
1,42±1,34
1,42±0,85
0,40
0,69
28
2,50±1,40
2,78±1,67
0,94
0,35
29
2,28±1,63
2,35±1,15
0,63
0,53
30
1,78±1,42
2,21±1,52
0,21
0,83
31
1,64±1,33
1,78±1,31
0,17
0,87
32
1,14±0,53
1,21±0,57
0,26
0,78
33
1,42±1,34
1,14±0,36
0,36
0,71
34
4,07±2,01
2,92±1,81
2,19
0,02*

Ao observarmos a média de todas as perguntas, podemos verificar que são diferentes, porém não sob o ponto de vista estatístico. De acordo com o teste de Wilcoxon, apenas 3 das 34 questões apresentaram diferença significante, elas foram as seguintes: Pergunta nº 02 - “Você tem estado tão preocupada com sua forma física a ponto de sentir que deveria fazer dieta?” Pergunta nº 21 - “A preocupação com a sua forma física leva você a fazer dieta?”N Pergunta nº 34 - “A preocupação com sua forma física leva você a sentir que deveria fazer exercícios?”. Das 3 perguntas somente a 34° questão foi favorável ao GP, as questões citadas acima se enquadram em uma divisão nomeada por Pietro e Silveira (2008) como "autopercepção da forma do corpo" que está diretamente ligada à consciência que a mulher tem da sua forma corporal e a sua preocupação com a mesma, em relação às duas primeiras questões o GS apresentou menor preocupação. TABELA 3: Comparação da pontuação total e médias obtidas através do Body Shape Questionnaire – BSQ entre o GS e GP.

GS
Pontos
Classificação
GP
Pontos
Classificação
1
134
DL
1
124
DL
2
108
ND
2
86
ND
3
74
ND
3
82
ND
4
60
ND
4
72
ND
5
60
ND
5
72
ND
6
54
ND
6
64
ND
7
53
ND
7
65
ND
8
53
ND
8
61
ND
9
50
ND
9
59
ND
10
50
ND
10
51
ND
11
48
ND
11
49
ND
12
47
ND
12
47
ND
13
44
ND
13
47
ND
14
42
ND
14
43
ND
Total
62,64

Total
65,85

                      LEGENDA: ND: Nenhuma Distorção DL: Distorção Leve

 

Como evidencia a tabela, apenas uma idosa de cada grupo foi classificada com uma leve distorção da imagem corporal, representando apenas 7% de cada grupo, o restante não possui nenhuma distorção, apresentando uma situação saudável quanto a essa questão. GRÁFICO 1 : Porcentagem de outros tipos de exercícios físicos praticados pelo GP 

Conforme o gráfico, 44% das idosas que compõem o GP praticam outro exercício físico além da ginástica, dentre elas: caminhada, gatte-ball e hidroginástica. A análise estatística foi realizada através do teste de Wilcoxon, onde foram comparados os resultados entre amostras independentes de GS e GP. Verificamos que de acordo com a média da pontuação total dos grupos, ambos estão em estado saudável em relação a sua autoimagem corporal, sendo que individualmente apenas uma idosa de cada grupo apresentou uma “distorção leve”, o que se entende apenas como um sinal de alerta, segundo Pietro e Silveira (2008). De acordo com Menezes, Lopes e Azevedo (2009), o idoso tem uma nítida percepção do envelhecimento do seu corpo e suas limitações, mas muitas vezes apresenta dificuldade na aceitação do corpo que envelhece, visto que na sociedade a velhice esta diretamente ligada à marcação da idade cronológica, algo que se entende como desgaste, limitações crescentes e perdas. Além de que hoje vivemos em um meio de busca constante pelo corpo esbelto e sem limites, que a mídia com frequência nos apresenta, impondo o corpo que se deve ter, no qual o corpo envelhecido não é compatível. A maior insatisfação da autoimagem corporal do GP em comparação com GS pode estar ligada a algumas mudanças na percepção de indivíduos que praticam algum exercício físico, pois segundo Damasceno (2006), se o exercício se torna algo frequente às pessoas tendem a serem mais críticas em relação ao seu corpo. Sobre o não aparecimento de distorções corporais significativas nos dois grupos de idosas (GS e GP), Franzoi e Koehler apud Damasceno et al. (2006), em sua pesquisa com idosas, constatou que elas apresentavam menor insatisfação com o peso e com as partes do corpo quando comparadas a mulheres mais jovens. Tiggemann apud Damasceno et al. (2006) ressalta que entre as partes do corpo de maior insatisfação em pessoas mais velhas, estão os olhos, as mãos, os dedos e as pernas, sugerindo que a insatisfação com a imagem corporal em pessoas mais idosas, se dá mais pela diminuição das funções corporais, do que pela forma ou peso corporal. A respeito da 34° questão, o GS teve maior pontuação, pode-se relacionar ao fato de que o outro grupo já pratica um ou dois tipos de exercícios físicos e consequentemente se sente desprovido dessa preocupação. Logo, estudos com um número maior de participantes, com mais aprofundamento e associados a outros testes com objetivo de cercar aspectos que interfiram diretamente na avaliação da autoimagem são importantes para apresentar um resultado sem margem a hipóteses. 

CONCLUSÃO

Verificou-se através desse estudo comparativo que os resultados das questões voltadas para determinar a existência de distorção da imagem corporal entre o grupo praticante e o grupo sedentário não foram estatisticamente diferentes, apesar da soma dos resultados finais, o grupo praticante apresentou um resultado levemente mais alto na autoimagem corporal, possivelmente, devido a um maior recebimento de informações sobre questões relacionadas à saúde e a beleza corporal, além de que o mesmo possa ter um senso crítico maior em relação ao seu corpo, provocado pela prática dos exercícios físicos. Em uma visão mais ampla a avaliação dos dois grupos foi dita como normal e saudável. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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1.Karoline Cássia Moreira de Almeida, Especialista em Exercício Físico Aplicado à Reabilitação Cardíaca e a Grupos Especiais - Instituição: Sesc Porto/MT- Email:  karolcassia@hotmail.com

2.Astolfo de Goes Silva, Licenciado em Educação Física - Instituição: Escola Estadual Alcebíades Calhao, Cuiabá/MT- Email: goes_ags@hotmail.com