Como se aprende?
Por Luis Carlos Borges dos Santos | 27/12/2011 | EducaçãoComo se Aprende?
[1]Luis Carlos Borges dos Santos
Educadores que trabalham com Educação Formal e Não Formal têm necessidade de entender como se aprende, não só para o relacionamento com seus educandos, mas também no sentido de ajudá-los respeitando os limites de cada um. Este ensaio parte de algumas reflexões de autores que trabalham na perspectiva da aprendizagem cognitiva. Os textos sobre a epistemologia genética e o construtivismo, de Piaget que foi um dos autores que estudou estas fases de desenvolvimento cognitivo do ser humano.
Podemos encontrar outros autores que falam sobre a epistemologia genética como Vygotsky e Wallon, onde todos foram importantes, o trabalho de Piaget é o mais consagrado e também porque pode ajudar a entender de modo mais simples como ocorre o desenvolvimento cognitivo nos seres humanos.
Temos mais estudos significativos para auxiliar no entendimento do processo de aprendizagem. Tais como: Ausubel, Novak, Palácios & Zambrano, Pelizzari, Moreira & Buchvyertz.
Ainda sobre como se aprende encontramos nos textos e nas falas dos educadores uma frase: “aprendizagens significativas”, o que será aprendizagem significativa e quem trouxe esses termos para a educação?
Para o maior entendimento vou direcionar as reflexões aos estudos de David Ausubel , relacionado-o com outros autores.
Ausubel em 1968 propõe uma teoria de aprendizagem em que modelo de ensino é a transmissão de conteúdos. Um argumento importante em favor de uma metodologia de transmissão - recepção é o de que a maior fonte dos conhecimentos é aquela que nos é transmitida e não descoberta por nós. (Palácios & Zambrano, 1994)
Segundo Palácios & Zambrano (1994) 2 apud Novak (1998, p.26) para aprender significativamente, o indivíduo deve buscar relacionar os novos conhecimentos aos conceitos e preposições relevantes que já domina. Ao contrário, na aprendizagem memorística o novo conhecimento pode ser adquirido pela memorização verbal e pode incorporar-se arbitrariamente à estrutura de conhecimentos de uma pessoa, sem nenhuma interação com aquilo que ele já sabe.
Para Pelizzari et al., (2002) , Ausubel em sua teoria propõe que a aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva, uma vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo conteúdo passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de associações arbitrárias na estrutura cognitiva.
As idéias de Ausubel, segundo Pelizzari et al., (2002) 5, cujas formulações iniciais são dos anos 60, encontram-se entre as primeiras propostas psicoeducativas que tentam explicar a aprendizagem escolar e o ensino a partir de um marco distanciado dos princípios condutistas. Neste processo a nova informação interage em comum à estrutura de conhecimento específico, que Ausubel chama de conceito “subsunçor”.
Quando o conteúdo escolar a ser aprendido não consegue ligar-se a algo já conhecido, ocorre o que Ausubel chama de aprendizagem mecânica, ou seja, quando as novas informações são aprendidas sem interagir com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Assim, a pessoa decora fórmulas, leis, mas esquece após a avaliação.
De acordo com Pelizzari et al., (2002) 6 para que a aprendizagem significativa ocorra é preciso entender um processo de modificação do conhecimento, em vez de comportamento em um sentido externo e observável, e reconhecer a importância que os processos mentais têm nesse desenvolvimento. As idéias de Ausubel também se caracterizam por basearem-se em uma reflexão específica sobre a aprendizagem escolar e o ensino, em vez de tentar somente generalizar e transferir à aprendizagem escolar conceitos ou princípios explicativos extraídos de outras situações ou contextos de aprendizagem.
Para haver aprendizagem significativa são necessárias duas condições. Em primeiro lugar, o aluno precisa ter uma disposição para aprender: se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrária e literalmente, então a aprendizagem será mecânica. Em segundo, o conteúdo escolar a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo, ou seja, ele tem que ser lógica e psicologicamente significativo: o significado lógico depende somente da natureza do conteúdo, e o significado psicológico é uma experiência que cada indivíduo tem. Cada aprendiz faz uma filtragem dos conteúdos que têm significado ou não para si próprio.
Moreira & Buchvyertz (1987) 7, dizem que Ausubel, por outro lado, recomenda o uso de organizadores prévios que sirvam de âncora para a nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos subsunções que facilitem a aprendizagem subseqüente. O uso de organizadores prévios é uma estratégia proposta por Ausubel para deliberadamente manipular a estrutura cognitiva a fim de facilitar aprendizagem significativa. Organizadores prévios são matérias a ser aprendidoem si. Contrariamentea sumários que são ordinariamente apresentados ao mesmo nível de abstração, generalidade e inclusividade, simplesmente destacando certos aspectos do assunto, organizadores são apresentados num nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade (Moreira & Buchvyertz (1987)
Segundo Moreira & Buchvyertz (1987) 9, o próprio Ausubel comenta, que a principal função do organizador prévio é a de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve, afim de que o material possa ser aprendido de forma significativa. Ou seja, organizadores prévios são úteis para facilitar a aprendizagem na medida em que funcionam como “pontes cognitivas”.
Com esse duplo marco de referência, as proposições de Ausubel partem da consideração de que os indivíduos apresentam uma organização cognitiva interna baseada em conhecimentos de caráter conceitual, sendo que a sua complexidade depende muito mais das relações que esses conceitos estabelecem em si que do número de conceitos presentes. Entende-se que essas relações têm um caráter hierárquico, de maneira que a estrutura cognitiva é compreendida, fundamentalmente, como uma rede de conceitos organizados de modo hierárquico de acordo com o grau de abstração e de generalização (Pelizzari et al., 2002) 10.
Além da aprendizagem significativa e mecânica, Moreira & Buchvyertz (1987) 11, citam mais dois tipos de aprendizagem que Ausubel trata a aprendizagem por recepção e por descoberta. Para Ausubel, na aprendizagem por recepção o que deve ser aprendido é apresentado ao aprendiz em sua forma final, enquanto que na aprendizagem por descoberta o conteúdo principal a ser aprendido deve ser descoberto pelo aprendiz. Entretanto, após a descoberta em si a aprendizagem só é significativa se o conteúdo descoberto ligar-se a conceitos subsunções relevantes já existentes na estrutura cognitiva. Ou seja, quer por recepção ou por descoberta a aprendizagem é significativa, segundo a concepção Ausebeliana, se a nova informação incorpora-se de forma não arbitrária à estrutura cognitiva. Para Pelizzari et al., (2002)12, aaprendizagem significativa tem vantagens notáveis, tanto do ponto de vista do enriquecimento da estrutura cognitiva do aluno como do ponto de vista da
Lembrança posterior e da utilização para experimentar novas aprendizagens, fatores que a delimitam como sendo a aprendizagem mais adequada para ser promovida entre os alunos. Além do mais, e de acordo com Ausubel, pode-se conseguir a aprendizagem significativa tanto por meio da descoberta como por meio da repetição, já que essa dimensão não constitui uma distinção tão crucial como dimensão de aprendizagem significativa/aprendizagem repetitiva, do ponto de vista da explicação da aprendizagem escolar e do delineamento do ensino. O autor deste texto sugere que os alunos “realizem aprendizagens significativos por si próprios”, o que é o mesmo que aprendam o aprender. Assim, garantem-se a compreensão e a facilitação
Segundo Ausubel. Revista PEC, Curitiba, v. 2, n. 1.37-42 p. 2001/2002 de novas aprendizagens ao ter-se um suporte básico na estrutura cognitiva prévia construída pelo sujeito (Pelizzari et al., 2002) 13. Na sala de aula o educador tem que ter cuidado para que seus alunos aprendam de forma significativa e não mecânica como diz Ausubel em suas obras, para isto ele tem quefazer o uso de organizadores prévios e fazer com que o estudante tenha vontade de aprender, com isso ele terá uma boa aprendizagem.
Pela leitura do texto acima, você viu a importância de entender como funciona o processo de aprendizagem porque ficará atento ao conselho que Ausubel nos deu de conhecer primeiro o que nosso educando já sabe, assim poderá construir uma nova aprendizagem significativa.
Referência:
PALACIOS, C. & ZAMBRANO, E. Aprender e Ensinar Ciências: Uma Relação A Considerar. Dois pontos. Verão 93/94
PELIZZARI, A.; KRIEGL, M.L.; BARON, M.P.; FINCK, N.T.L & DOROCINSKI, S.. Teoria da Aprendizagem Significativa
MOREIRA, M.A. & BUCHWEITZ, B. Mapas Conceituais: Instrumentos Didáticos de Avaliação e de Análise de Currículo. 1. ed. São Paulo: Moraes, 1987. 83 p. cap. 1
NOVAK, J D. Apreender, criar e utilizar o conhecimento: Mapas Conceptuais como ferramentas de facilitação nas escolas e empresas. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 1998.
[1] Educador Social Fundação Fé e Alegria. Estudante de História pela Faculdade Porto Alegrense FAPA/RS