A solidão de uma sala de aula

Por HENRIQUE CARDOSO LEMOS | 02/07/2011 | Educação

Resumo:

O  texto visa questionar e promover uma reflexão a todos  nós enquanto educadores . A reflexão mais latente é aquela que nos persegue no decorrer de nossa vida profissional, pois muitas vezes nos tornamos meros transmissores de conteúdos e esquecemos que os nossos alunos devem estar preparados para a vida em uma sociedade implacável, mal, cercada pelo tráfico de drogas, famílias que abandonam suas crianças para que a escola asuma um papel que não lhe cabe as voltas com um estado que faz de conta que investe em educação.

Palavras chaves: Educação, Politica, Sala de aula.

Tema: Como realizar uma educação critica em sala de aula?

LEMOS,H.C. HENRIQUE CARDOSO LEMOS

O QUE É UMA EDUCAÇÃO CRITICA?

A cada dia a sociedade apresenta uma cobrança nova aos professores, questionam métodos, técnicas, maneira de agir, postura. Todos os dias vemos ainda que é cada vez mais solitário o trabalho de educar em tempos em que a família se exime da educação primária, quase tudo em relação ao aluno a escola tem que prover. O professor deve tolerar seu tom, medir suas palavras, conter seus anseios e calar-se porque o cliente tem sempre razão. Se o aluno é indisciplinado: é culpa da escola, dos professores que não tem pulso, se o aluno não aprende é somente o professor que não sabe ensinar. O fato é que são muitas as tarefas e deveres de um professor frente a tempos que tudo é culpa de alguém.

Devemos refletir o papel da família na escola e seu papel na educação de seus filhos, pois esta sobrando para o professor conversar sobre problemas familiares, sexo, sexualidade porque em casa tudo parece ser tabu.

O aluno que não aprende não pode ser reprovado para que possa ser trabalhado suas habilidades novamente em outra oportunidade, pois não se pode reprovar alunos, mesmo que estes não tenham cabedal para a seriação seguinte, pois os índices precisam prevalecer.

Precisamos pensar as razões de tanto fracasso, e que geração esta ai para nos substituir .

Se pensarmos e ns dispusermos a realizar mudanças iremos ao encontro de  uma educação que deixa a hipocrisia de lado e torna-se uma educação de conteúdos que vão além das disciplinas impostas pelo currículo, embora a educação disciplinar seja um instrumentos para agir na realidade de seu aluno.

A escola controlava, de seu interior, as informações necessárias ao projeto nacional, exigindo dos educandos a assimilação e a reprodução de seus cânones (Souza,2000). Nesse contexto, a experiência e a diversidade pouco valem.

Esta forma de organização da escola "atende a uma concepção cumulativa do conhecimento, na qual o currículo escolar corresponde a um menu de informações transmitidas aos alunos em doses sequenciadas. Sustenta uma lógica de repetição da informação, que está na raiz de uma relação pedagógica de cunho autoritário e que permite reconhecer, na escola, princípios de organização similares à produção industrial de massa baseada no taylorismo" (Passarinho, p15).

 Segundo MORAN (2005) em  Ensino e Aprendizagem Inovadores com tecnologias audiovisuais, p. 29. „. "(...) possibilitar ao aluno refletir sobre seus valores e suas práticas cotidianas e relacioná-los com problemáticas históricas inerentes ao seu grupo de convívio, à sua localidade, à sua região e à sociedade nacional e mundial. A escola atual cansou, afundou e agoniza ( grifo Nosso)

COMO AGIR NA REALIDADE DE MEU ALUNO? Não quero aqui criar uma receita, quero apenas colocar que é mais salutar todos os dias você tirar alguns minutos de sua aula para conversar com seus alunos, conhecê-los do que somente lhe repassar conteúdos, sem observar se conseguem ou não avançar com as habilidades e competências que possuem.

Muitos de nós quando estudantes nos questionávamos o por que de estudarmos determinadas matérias... "O aluno vai desenvolver estudos, pesquisar em diferentes fontes, buscar, selecionar e articular informações com conhecimentos que já possui (...) Este processo implica o desenvolvimento de competências para a autonomia e a tomada de decisões, as quais são essenciais para a atuação na sociedade atual, caracterizada por incertezas, verdades provisórias e mudanças abruptas" (ALMEIDA, p. 35-38).MORAN, J. M. Ensino e Aprendizagem Inovadores com tecnologias audiovisuais, p. 29. „. "(...) possibilitar ao aluno refletir sobre seus valores e suas práticas cotidianas e relacioná-los com problemáticas históricas inerentes ao seu grupo de convívio, à sua localidade, à sua região e à sociedade nacional e mundial.

Uma das escolhas pedagógicas possíveis, nessa linha, é o trabalho favorecendo a construção, pelo aluno, de noções de diferença, semelhança, transformação e permanência. Essas são noções que auxiliam na identificação e na distinção do "eu", do "outro" e do "nós" no tempo; das práticas e valores particulares de indivíduos ou grupos e dos valores que são coletivos em uma época; dos consensos e/ou conflitos entre indivíduos e entre grupos em sua cultura e em outras culturas; dos elementos próprios deste tempo e dos específicos de outros tempos históricos; das continuidades e descontinuidades das práticas e das relações humanas no tempo; e da diversidade ou aproximação entre essas práticas e relações em um mesmo espaço ou nos espaços" (PCN História, 5ª a 8ª p. 35). „.

Devemos parar com essa Nóia, que todo pedagogo tem de discursar bonito e não ter nada para acrescentar de fato a realidade de nossos pobres alunos. Quantos de nós sabemos se nossos alunos comem bem, que o desemprego assola suas famílias, que não há saúde de qualidade, que na escola falta quase todo tipo de recursos.

Muitos de nós em seu intimo somente vamos a escola pelo burocrático. Vemos a realidade e não atuamos sobre ela. Há muito desprezamos a realidade que nos circunda como se ela não existisse, como se não fosse conosco, até dissemos ás vezes "isso è coisa para o governo".

Bem e eu burocrata que sou não posso esquecer que se mal educados um dia estes jovens vão dar ao nosso país: violência, cenas de desprazer, enfim, somente por que eu esqueci que o governo já os esqueceu a muito tempo e eu não quis tomar meu aluno questionador, mesmo que isso represente questionar minha própria pratica escolar no futuro. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente ?Pedagogia do Oprimido? e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra. Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as ?escolas burguesas?), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los. Passarinho, p. 96. Não coloquei nos encantos pedagógicos o que Paulo freire nos ensinou "que educar e um ato politico". Mesmo que eu repita isso todo dia. Durkhaim também nos diz que educar e um ato social. "O aluno vai desenvolver estudos, pesquisar em diferentes fontes, buscar, selecionar e articular informações com conhecimentos que já possui (...) Este processo implica o desenvolvimento de competências para a autonomia e a tomada de decisões, as quais são essenciais para a atuação na sociedade atual, caracterizada por incertezas, verdades provisórias e mudanças abruptas" (ALMEIDA, p. 35-38). Onde eu tenho errado? Você erra quando todos os dias esquece de perguntar a seus alunos como esta a sua rua? Sua casa?.... "Tem muito ladrão?" "Esta sem calçamento?" "Alguém foi assassinado?" "O prefeito disse que ia consertar mas ate agora nada !... Seu aluno sabe. Ele vive essa realidade. Pergunte, e você saberá o que ele pensa sobre isso e por que ele se indigna? Diga a ele por que a rua não esta asfaltada e quem deveria asfalta-la e quem prometeu. Fale o que o governo do estado tem feito pela segurança pública. Logo você verá seus alunos questionando e cobrando o que é certo. Faça. Peça sempre que puder que este assista o noticiário como dever de casa e os questione sobre . Professor você não tem idéia de seu poder politico. Se você começar a tomar essas pequenas atitudes vai ficar difícil para um pai votar em um candidato por causa de dinheiro. O aluno vai dizer "mãe você vai votar nesse cara, ele não asfaltou nossa rua, não tem remédio nos hospitais. Olhe nossa casa, a senhora esta desempregada ele não faz nada. Tomou!... Você pode! Se você disser uma coisa para seu aluno, esta será sua opinião que com o tempo será aprimorada por este, enfim você deixara de ser um professor e estara se tornado um educador. Sua palavra é lei. Se todos víssemos a educação com meio para a formação de um sujeito critico e participativo na sociedade. Chegará o dia em que se o professor fazer greve será motivo para politico nenhum reeleger, pois todos saberão que a base da pirâmide somos nós... O medico saberá... O polícia saberá... O político saberá... Enfim a sociedade saberá que o governo que não investe em educação deve cair em desgraça. Pois seremos de fato formadores de opinião. Devemos no pouco de cada dia fazer o trabalho das formiguinhas e ensinar nossos alunos a questionar nossa realidade e sistema social. Nos somos o caralho! E ao mesmo tempo bobos, pois a força da politica em nosso pais esta em nossas mãos e enquanto estivermos alienados não conheceremos o respeito pelo magistério. „. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MORÁN, J. M. Muda a forma de ensinar e de aprender com tecnologias. Transformar as aulas em pesquisa e comunicação presencial-virtual. São Paulo, 2000. Disponível em: < www.eca.usp/prof/Morán >. FERRARI, Márcio. Paulo Freire: O mentor da educação para a consciência. Nova escola, São Paulo, jul. 2008. Edição especial grandes pensadores. Disponível em: . Acesso em: 12 jul. 2009. Elaboração de projetos: guia do cursista / Maria Elisabette Brisola Brito Prado, Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida (organizadoras). ? 1. Ed. ? Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distancia, 2009. 174p. ; il.