Como nasceu a Umbanda
Por Pablo Araujo de Carvalho | 26/04/2016 | ReligiãoComo nasceu a umbanda?
Nasceu do impedimento da manifestação de espíritos oriundos de culturas e sociedades diferentes de se manifestarem de sua forma tradicional e ali propagarem uma palavra de Fé, carinho e esclarecimento. História do fundador da Umbanda Uma família tradicional de Neves, Niterói - RJ foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspectos sobrenaturais: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: "amanhã estarei curado". No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava 17 anos de idade e preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha. A medicina não soube explicar o que acontecera. Os tios, sacerdotes católicos, colhidos de surpresa, nada esclareceram. Um amigo da família sugeriu então uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e superior a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem levantou-se, dizendo: "aqui está faltando uma flor”, e saiu da sala indo ao jardim, voltando logo após com uma flor, que depositou no centro da mesa. Esta atitude insólita causou quase que um tumulto. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios. Foram convidados a se retirarem, advertidos de seu estado de atraso espiritual. Novamente uma força estranha dominou o jovem Zélio e ele falou, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação daqueles espíritos e do por que em serem considerados atrasados apenas por encarnações passadas que revelavam. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura. Um médium vidente perguntou: "Por que o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão? E o espírito desconhecido falou: "Se julgam atrasados, os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O vidente retrucou: "Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto”? Perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse: "cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei". No dia seguinte, na casa da família Moraes, na Rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar à hora marcada, 20h00min, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos. Às 20h00min, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto. Já naquele momento o amado Caboclo das Sete Encruzilhadas, já descrevia como seria essa nova religião com fundamentos divinos que são dogmas inalteráveis tais como: “O atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade”. “Todos os espíritos poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto”. “aos espíritos menos evoluídos ensinaremos, com os espíritos mais evoluídos aprenderemos e a nenhum renegaremos”. Voltando ao nosso comentário, esta implícita na história do fundador da Umbanda que por motivo idealista ou idealizador de um modelo espírita de que a mensagem de um espírito deveria ser medida pelo grau intelectual adquirido em vida, tais como médicos, poetas, escritores, filósofos, etc. sendo negada a manifestação de espíritos que não trazia um patente material, e tido como ignorantes por não concursarem em meios acadêmicos, como se uma palavra de amor, conforto e bondade, necessita-se de uma cátedra ou de um titulo nobre para ser pronunciada e dita, como se uma palavra de fé tivesse que vir não do intimo onde habita o criador e sim de um oratório exemplar. Expulsaram esses espíritos porque a sua língua trazia gírias ou um português errado, como se o amor devesse ser medido com palavras e não com sentimentos. Pois o que brilhava aos olhos nas manifestações espíritas era o espírito envolto de uma cátedra e renome, e as atitudes simples de um negro velho ao abraçar alguém e confortar o seu coração com palavras simples mais muito sábias, não bastasse e fosse necessária a pompa de um vocabulário elitista, pois para eles a luz do espírito provinha do grau de intelectualidade trazido de uma encarnação anterior, “é índio e negro escravo aqui não pode se manifestar”. Como se o espírito acumulasse só uma encarnação, pois como poderia uma religião fundamentada nas reencarnações, exigir critérios ou medir a evolução de um espírito pelo grau de intelectualidade ou roupagem perispiritual da sua ultima encarnação, haja visto muitos pretos-velhos que hoje se manifestão segunda a sua última roupagem reencarnatória, porem que em outras encarnações foram grandes poetas, filósofos, etc. A vossa religião de umbanda foi muito bem pensada, e se os espíritos que se manifestão nelas se manifestam com nomes simbólicos, tais como Caboclo Sete Encruzilhada, Caboclos Sete Luas, Preto Velho Pai José do Cruzeiro, etc. Os mesmos só faziam porque eles renunciaram todas as sua identidades pessoais, culturais, tais como escravos, filósofos, médicos, imperadores, sumo sacerdotes, gregos, troianos, africanos, alemães, judeus, etc. para se consagrarem a uma identidade divina e sagrada, abandonando seus graus materiais ou físicos para adotarem um grau divino, onde não atrairiam as pessoas pelo que foram em outras encarnações, pois o haviam anulado suas naturezas íntimas, para vivenciarem suas naturezas divinas, pois uma palavra de fé, carinho e esclarecimento, podem ser ditas por qualquer espírito encarnado ou desencarnado independente de sua cultura, origem, grau escolar, grau acadêmico, etnia, religião, etc; pois a fé, o amor , o conhecimento, a razão, o caráter, a sabedoria e a vida estão acima disso tudo, pois são sentimentos que todos nós espíritos herdamos de Deus como suas qualidades e dons divinos e temos todo direito de manifestar esses sentidos sem necessitar de nenhuma patente superior, precisamos somente de sentimentos virtuosos, que é por onde o Criador se manifesta e flui. Com os espíritos mais evoluídos aprenderemos, aos menos evoluídos ensinaremos e a nenhum renegaremos, eis o mandamento dito pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas que depois do de Jesus, Amai- vos uns aos outros como a ti mesmo, é o maior mandamento e que complementa o mandamento do grande mestre Jesus, pois só amando o próximo como a nós mesmos procuraremos aprender com os mais evoluídos e ensinar os menos evoluídos, para que assim de mãos dadas possamos cumprir nosso desígnio divino que é retornarmos ao Divino Criador, já despertos em todos os sentidos e de caminhantes tornarmos caminhos onde muitos possam vir a caminhar