Como a tecnologia pode proteger/destruir o meio ambiente em que vivemos? o poder de destruir, o poder de criar.
Por GILSON MARCOS PAGES | 09/02/2012 | GeografiaComo a Tecnologia pode proteger/destruir o Meio Ambiente em que vivemos? O poder de destruir, o poder de criar.
O poder que a sociedade atual tem para destruir atingiu uma escala sem precedentes na história da humanidade. E este poder está a ser usado, quase sistematicamente, para causar uma destruição insensata em todo o mundo da vida natural e nas suas bases materiais.
Nossa vida está intimamente ligada aos recursos que o nosso planeta oferece: ar, água, terra, minerais, planta, animais. A extensão do impacto humano sobre a Terra depende do número de pessoas existentes e da quantidade de recursos utilizados. O uso máximo de recursos que o Planeta ou uma determinada região pode sustentar define a sua capacidade de provisão. Esta capacidade pode ser aumentada pela agricultura e pela tecnologia, e geralmente isto ocorre à custa da redução da diversidade biológica ou da perturbação de processos ecológicos. A capacidade de provisão é limitada pela capacidade da natureza de se recompor ou absorver resíduos de modo seguro. As nossas civilizações estão hoje ameaçadas porque utilizamos mal os recursos e perturbamos os sistemas naturais. Estamos pressionando a Terra até os limites de sua capacidade. Desde o início da era industrial, o número de seres humanos multiplicou-se e esse aumento na quantidade de seres humanos e de suas atividades teve um grande impacto sobre o meio ambiente. A diversidade de vida na Terra diminuiu. Em menos de duzentos anos, o planeta perdeu seis milhões de quilômetros quadrados de florestas. Há uma grande quantidade de terras desgastadas pela erosão e o volume de sedimentos nos rios cresceu três vezes nas principais bacias e oito vezes nas bacias menores e mais utilizadas.
Os sistemas atmosféricos foram perturbados, gerando uma ameaça ao padrão climático, as imensas acumulações de lixo, dejetos e desperdícios industriais, a poluição invadiu nosso ar, nossa terra e nossa água e tornou-se uma ameaça crescente à saúde. Centenas de milhões de pessoas lutam na pobreza, privadas de uma qualidade de vida tolerável. A cada ano, milhões de pessoas morrem de desnutrição e de doenças que podem ser evitadas. Esta situação não é apenas injusta, ela ameaça a paz e a estabilidade de muitos países e do mundo. Se tantas pessoas padecem hoje de uma qualidade de vida inadequada, como farão tantos bilhões a mais para conseguir a comida, a água, os cuidados médicos e o abrigo de que necessitam? Como poderemos sustentar este enorme aumento no número de seres humanos sem causar danos irreversíveis à Terra? Com certeza não será continuando a viver como fazemos hoje. É preciso fazer uso das novas tecnologias e encontrar novas maneiras de viver e se desenvolver, maneiras que preservem a vitalidade da Terra e que sejam, portanto, sustentáveis a longo prazo.
Jamais em nossa história tivemos tanto conhecimento, tecnologia e recursos. Em nenhum outro momento tivemos tantas capacidades. Elevada tecnologia, o que auxilia na melhorias educacionais, no processo produtivo, novos produtos no mercado, novos serviços, o que pode gerar mais emprego, acirramento da competitividade, abertura comercial, os produtos podem ser vendidos nos diversos países atravessando a fronteira global.
Os recursos naturais são a base do desenvolvimento econômico, proteção ambiental e desenvolvimento econômico são inseparáveis. É tão conveniente esquecer que a tecnologia tem servido não só para subverter o meio ambiente como também para o melhora-lo. É verdade que existem técnicas e atitudes tecnológicas que são inteiramente destruidoras do equilíbrio entre a humanidade e a natureza. É responsabilidade nossa separar a promessa da tecnologia - o potencial criativo - da capacidade da tecnologia para destruir. Na verdade, não existe tal palavra como "tecnologia" que presida a todas as condições e relações sociais. Existem sim, diferentes tecnologias e atitudes para com a tecnologia, algumas das quais são indispensáveis para restaurar o equilíbrio, e outras que têm contribuído profundamente para a sua destruição. Do que a humanidade necessita não é rejeitar em grande escala as tecnologias avançadas, mas sim peneira-las, necessita realmente de um maior desenvolvimento da tecnologia a par com os princípios ecológicos, o que contribuirá para uma nova harmonização da sociedade e do mundo natural.
As nossas tecnologias devem ser readaptadas e formuladas em Ecotecnologias, fina e inteligentemente adaptadas para usarem as fontes de energia local e os materiais, com um mínimo ou sem poluição do ambiente. Necessitamos recuperar um novo sentimento das nossas necessidades - necessidades que fomentem uma vida saudável e que exprimam as nossas inclinações individuais, não as "necessidades" ditadas pelos meios de comunicação. Temos que restaurar a escala humana no nosso ambiente e nas nossas relações pessoais. Finalmente, todas as formas de domínio - social ou pessoal - devem ser banidas das nossas concepções, de nós próprios, dos nossos semelhantes e da natureza. A administração dos humanos deve ser substituída pela administração das coisas. A revolução que pretendemos deve envolver não só as instituições políticas e as relações econômicas, mas também a consciência, modificar atitudes e práticas pessoais, os desejos eróticos e a nossa interpretação do significado da vida. É preciso aliar o Desenvolvimento Tecnológico a Sustentabilidade de forma integrada. Integra a preocupação em proteger a base dos recursos naturais com a preocupação em reduzir a pobreza, de modo que as pessoas não sejam forçadas a destruir o solo e as florestas para sobreviverem. Integra a necessidade do uso sustentável e eficiente de energia para conservar as fontes de energia, com a necessidade de cidades despoluídas e ecossistemas globais preservados. Integra o valor da saúde humana com a importância dos recursos humanos para as economias nacionais.
Portanto, nós seres humanos somos inteligentes para criar coisas para nossa melhoria de vida, mas não somos capazes de solucionar os problemas causados por essa inteligência. È preciso que a humanidade consiga fazer algo que possa melhorar o planeta para que possamos ter um futuro sustentável para a construção de uma sociedade com outros contornos. (Gilson Marcos Pagés – Professor de Geografia)