COMO A PSICOPEDAGOGIA PODE CONTRIBUIR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZADO

Por LIVIA LEIDIANE DOS SANTOS PEREIRA | 07/07/2018 | Educação

LÍVIA LEIDIANE DOS SANTOS PEREIRA

RESUMO: Este artigo tem a finalidade de apresentar as contribuições da psicopedagogia nas instituições escolares e também visa explanar qual a importância do Psicopedagogo nos processos de ensino e aprendizagem. A psicopedagogia e um campo de conhecimento e atuação relativamente nova no Brasil. Esta área de conhecimento tem como intuito analisar os processos de ensino e aprendizagem, considerando todos os padrões de comportamento social, familiar e patológicos. Atualmente, a psicopedagogia tem se caracterizado pela sua relevância no ambiente escolar, trazendo valiosas contribuições no que se refere à aprendizagem humana e como cada um produz seu conhecimento.

OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

A escola pode ser entendida como o reflexo de uma sociedade composta por diferentes personagens, é nela que fica enfatizado o direito de ser diferente em alguns aspectos e iguais em outros, sem que isso seja considerado uma anormalidade que cause perturbações.

Buscando preencher as lacunas na educação “para todos” nasce a Psicopedagogia, cujo objeto central de estudo está se estruturando em torno da aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos.

Durante anos, muitos estudiosos dedicaram seus estudos ao entendimento da aprendizagem humana e dos processos que as cercam. Buscava-se compreender como funcionavam os mecanismos de aprendizagem, e com isso elucidar as questões do desenvolvimento cognitivo da criança em cada período ou estágio de sua vida, para isso, foi indispensável conceituar algumas características dos estágios de desenvolvimento da criança de acordo com sua idade. Compreendia-se que o desenvolvimento cognitivo era um procedimento interno, que podia ser observado através das ações e verbalizações da criança. Acreditava-se que o desenvolvimento da criança ocorria de forma contínua e, principalmente, acontecia intensamente nos seus primeiros anos de vida.

De acordo com as contribuições de Aranha (2006) a principio a criança era considerada um adulto pequeno, que deveria ser treinado para as atividades futuras. Sua natureza infantil, não era considerada, sendo assim, ela apenas obedecia às ordens dos adultos, não sendo reconhecida como um ser importante dentro do seu contexto social. Segundo a autora, no decorrer dos anos, ocorreram diversas mudanças em relação às concepções da criança, de suas necessidades e seu desenvolvimento cognitivo.

No campo intelectual, Piaget (1990) esclareceu pontos importantes sobre a memória, abstração e percepção, termos que são relacionados ao cognitivo. Em sua teoria, postulou que o desenvolvimento cognitivo humano ocorre em etapas, períodos ou estágios, que denominou de: assimilação, acomodação, equilibração e esquema.

De acordo com a teoria de Piaget (op. cit.), os esquemas são estruturas mentais que auxiliam a criança a se adaptar ao meio, funciona como uma ficha de arquivo. A assimilação é o processo que indica as tentativas em realizar uma nova atividade com estruturas mentais já formadas. A acomodação é o processo que surge se o mecanismo de assimilação falhar, nesse caso, a criança tentará novas formas de dominar a situação, irá modificar suas estruturas para obter êxito, ou seja, cria novos esquemas ou modifica esquemas antigos. E a equilibração - é um processo de organização mental, que busca a adaptação às novas situações.

Ainda segundo Piaget (1990), o desenvolvimento da criança pode ser observado de acordo com a faixa de idade. Segundo ele para cada período, o modo como a criança interage e responde aos estímulos são distintos.  Esses períodos de desenvolvimento foram denominados assim: 1º Período: sensório-motor (0 a 2 anos); 2º Período: pré-operatório (2 a 7 anos); 3º Período: operações concretas (7 a 12 anos) e 4º Período: operações formais (12 em diante).

Para o autor (op. cit), a aprendizagem depende da relação aos processos internos e evolutivos, que depende de fatores relacionados à idade, relacionamento com o meio e suas especificidades, ele acredita que a criança constrói o conhecimento por si próprio, de acordo com sua idade. Conforme suas elucidações, o desenvolvimento cognitivo é um processo interior, que pode ser observado através das ações da criança. Sendo assim, a criança se desenvolve de forma contínua, principalmente nos seus primeiros anos de vida. Outro teórico que apresentou concepções valiosas para a compreensão do desenvolvimento humano foi Vygotsky.

De acordo com Bock (2008), seus estudos buscaram compreender como os fatores psicológicos poderiam interferir no desenvolvimento humano. Sua teoria defendia que a aprendizagem depende das mudanças internas e da interação que envolve sociedade e cultura. Ocorre a princípio no meio familiar, ou seja, muito antes do indivíduo entrar na escola. Para Vygotsky, desde o primeiro ano de vida a criança interage e se relaciona com objetos e pessoas, primeiramente em seu círculo familiar e depois com a sociedade.

Se a aprender é um processo que resulta de constante interação do indivíduo com o meio, a dificuldade para aprender se caracteriza por seu impedimento, momentâneo ou persistente, do indivíduo diante do obstáculo que surgem nessa interação (...) Sendo assim, aprender implica em dificuldade de aprender (BARBOSA, 2001, P. 32).

 

 Essa interação faz com que a criança receba informações através dos estímulos por meio do contato com o mundo ao seu redor. Quando a criança é estimulada, suas habilidades motoras são desenvolvidas com grande facilidade, sendo assim, é capaz de desenvolver habilidades mais complexas.

Sendo assim, à medida que a criança vai interagindo com o meio, constrói relações e adquire conhecimento a respeito do mundo em que vive, utilizando-se de situações cotidianas, porém de forma natural. Sendo assim, a aprendizagem da criança se dá pelas oportunidades oferecidas a ela.

Essas teorias trouxeram muitas contribuições para a compreensão da aprendizagem e de todos os processos que cercam o desenvolvimento. Para a educação, essas elucidações possibilitaram analisar um fenômeno e buscar intervenções educativas pontuais. 

Enfim, há inúmeras teorias que relacionam o pensamento, o cognitivo, ao ato de aprender. De acordo com os autores que foram apresentados a aprendizagem e o conhecimento são processos indissociáveis e naturais dos seres humanos. Contudo, em alguns casos, esse aprendizado não acontece. Então surgem os questionamentos, as dúvidas, pois se não estão acontecendo, pode se presumir que há uma razão.

Sendo assim, é preciso buscar e identificar as causas ou fatores que tem impedido a aprendizagem.  Naturalmente o ensinar e o aprender são processos singulares, estruturados e cheios de significados, que quando não se interligam por alguma razão, surgem os Distúrbios ou os déficits de aprendizagem.

Conforme as contribuições de Fonseca (1995), a criança que apresenta algum distúrbio de aprendizagem enfrenta o fracasso escolar. Este educando fica privado de sentir o prazer da descoberta da criatividade, do enriquecimento pessoal.  Este fato leva esse aluno à desmotivação, devido à reprovação e aos rótulos. Nesses casos, a primeira atitude a ser tomada é a investigação das causas, para buscar as possíveis soluções para o a problemática.

Enfim, para iniciar a discussão sobre os distúrbios de aprendizagem, é necessário romper as barreiras do preconceito, do pré-conceito e buscar subsídios que propicie o desenvolvimento de cada aluno. Pensando na educação que é fator fundamental para o desenvolvimento do ser humano,  pode se entender que através da aprendizagem, a criança tem a oportunidade para se desenvolver de forma plena, autônoma, justa, humana e feliz.  Desse modo, o próximo capítulo abordará os distúrbios de aprendizagem no ambiente escolar.

 

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA 

Atualmente a educação deve ter como preocupação primordial a interação da criança com o meio, diagnosticando e problematizando situações vivenciadas através de uma reflexão crítica, de forma clara, procurando solucionar os conflitos de forma harmônica, mediando à construção do conhecimento.

Por isso, é imprescindível que uma nova visão educacional possa surgir, propondo inovação e valorização das experiências vividas, visando uma modificação no modo de ser, pensar e agir individual e expandindo para o coletivo em busca de uma formação integral, articulando a criança enquanto ser humano, como um todo.

De acordo com Weiss (1991), para concretizar a educação, com todos os ideias filosóficos instituído nas leis, é necessário preparar a escola, os métodos, os conteúdos e principalmente, qualificar os educadores. O ambiente escolar é composto por diferentes personagens, com características e necessidades diferentes, que necessitam de distintos métodos de ensino.

A escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do processo de ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual, muitas vezes, os desequilíbrios não são compreendidos (GASPARIAN, 1997, p.24)

 

Nesse sentido, esse capítulo buscará compreender quais são as principais dificuldades de aprendizagem no ambiente escolar e qual a importância do trabalho do psicopedagogo para os alunos com dificuldades de aprendizagem.

Weiss (1991), afirma que ao analisar o processo de ensino-aprendizagem de uma criança com dificuldades de aprendizagem, observa-se a necessidade de agregar as concepções psicopedagógicas que tragam conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento de suas estruturas cognitivas, sociais, afetivas e motrizes destes educandos.

Parreira e Marturano (1999) discorrem que todas as crianças com dificuldades de aprendizagem necessitam de um ambiente propicio para realizar suas atividades escolares, pois o ambiente contribui para o bom desempenho. Este ambiente deve ser seguro e calmo para permitir que a criança se concentre nas atividades.

Bossa (1994), afirma que os problemas de aprendizado podem significar uma alteração no aprendizado específico da leitura e escrita, ou alterações genéricas do processo de aprendizagem, onde outros aspectos, além da leitura e escrita, podem estar comprometidos (orgânico, motor, intelectual, social, emocional). Visto que as alterações notadas nas crianças, não se relacionam necessariamente às alterações neurológicas ou orgânicas, casos normalmente referidos como portadores de necessidades educacionais especiais.

Morais (2006, p. 24) explana que:

 

Todas as crianças têm possibilidades de aprender e gostam de fazê-lo e quando isso não ocorre é porque alguma coisa não está indo bem. Neste momento é necessário que, tanto o professor como os demais profissionais responsáveis pelo processo de aprendizagem, se questionem acerca dos fatores que podem estar contribuindo para que o aluno não consiga aprender.

 

Sendo assim, para Naddeo (2005) o educador precisa conhecer a bagagem de vida, a história, a família, enfim, é importante conhecer seu educando, pois estará buscando a compreensão de suas dificuldades, isso desafia o professor a refletir e intervir com eficiência, contribuindo para a formação de sua personalidade e aprendizagem.

[...] É fundamental reconhecermos que temos possibilidades e as soluções, que poderão ser eficazes para alguns casos, e desastrosas em outros. Entretanto, estaremos sempre envolvidos, analisando e avaliando nossa prática no sentido de evolução e de aprimoramento da nossa própria essência, criada para poder atuar na essência de tantos outros seres (NADDEO, 2005, P. 145).

Tiba (2012) acrescenta que a falta de motivação para a aprendizagem tornou-se um problema e a sua ausência representa a queda na qualidade do ensino. Para motivar os alunos é imprescindível analisar as formas de pensar e aprender para assim, desenvolver estratégias que possibilitem o interesse de cada indivíduo. Geralmente a desmotivação tem características próprias dos alunos e do ambiente escolar como um todo, faz com que o aluno passe a temer seu próprio fracasso e como lidar com ele. E que também os pais, colegas, e grupos sociais em que o indivíduo esta inserido contribuem de forma significativa para a desmotivação. Vale ressaltar que esta atual política de aprovações favorece muito aos alunos que menos, se interessem, pois eles sabem que, no final do ano letivo, terão varias oportunidades extras de não serem retidos, já que o grande objetivo na educação fundamental é não reprovar o aluno.

Segundo Fonseca (1995), há anos os educadores se queixam da queda na qualidade do ensino. Muitos educadores relacionam este fato às dificuldades dos alunos nas atividades que exigem compreensão e estruturação de textos, na escrita (troca letras), além disso, relacionam os problemas de aprendizagem às dificuldades de socialização e agressividade com os colegas, para eles todos esses fatores são as causas do baixo desempenho escolar dos alunos.

Alguns autores discorrem que essas dificuldades educacionais derivam de diversos e complexos fatores, que vão desde problemas nos vínculos familiares até envolvimento com drogas, tornando clara a necessidade de equipes multidisciplinares para agir junto ao profissional da psicopedagogia, para tentarem de forma integrada  auxiliar o aluno.

De acordo com Smith e Stick (2001), na maioria dos casos, o aluno já apresenta comportamentos diferentes que podem ser indícios uma dificuldade de aprendizagem, contudo é em idade escolar que esses comportamentos ficam mais evidentes, fazendo com que os pais e familiares busquem ajuda. É comum que essas dificuldades gerem outros problemas sociais e psicológicos o que implicará ainda mais no seu desenvolvimento escolar. Nesse contexto, surge o psicopedagogo.

 

“[...] Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa,                            favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem” (BOSSA, 1994, p.23).

Nesse sentido:

“A Psicopedagogia busca compreender, estudar e pesquisar a aprendizagem nos aspectos relacionados com o desenvolvimento e ou problemas de aprendizagem. A aprendizagem é entendida aqui como decorrente de uma construção, de um processo, o qual implica em questionamentos, hipóteses, reformulações, enfim, implica um dinamismo. A Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos neste processo” (RUBINSTEIN, 1996, p. 127).

 

De acordo com Líbaneo (2009), a Educação precisa oferecer os subsídios necessários para que todos que possuem uma dificuldade de aprendizagemtenham a mesma oportunidade de ensino.É necessário fazer adaptações que promovam o desenvolvimento e aprendizagem de todos os alunos baseados nos aspectos da diversificação e flexibilização do processo de ensino-aprendizagem, de modo a atender as diferenças individuais dos alunos.

Lembrando que cada ser humano é único, sendo assim, para cada situação precisará de um tipo de abordagem, pois é essencial considerar que cada criança assimila um conteúdo de forma diferente e por isso, necessitam de atendimento individualizado e metodologias diferentes.

Nessa perspectiva, o trabalho do psicopedagogo é de suma importância, pois ele é o profissional capaz de detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem, avaliando todo o processo metodológico na escola, sendo capaz de apresentar novas metodologias que vá de acordo com as características dos indivíduos e do grupo. Sendo que ele pode sugerir atividades, buscando estratégias,  apoiando e orientando o professor  quando necessário.

 

OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

Neste subitem apresentar-se-a uma breve explanação sobre os distúrbios de aprendizagem mais comuns no ambiente escolar. Aqui será proporcionada uma síntese de suas definições e conceitos, com a finalidade de apresentar de forma sucinta as características dos principais Distúrbios de Aprendizagem: Disgrafia, Dislexia e Discalculia.

 

“As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a integra, a retém e a exprime –, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, preceptivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente.” (Correia, 2008, p. 46).

 

Desse modo, também buscar-se-á apontar qual o papel do psicopedagogo frente aos distúrbios de aprendizagem.

De acordo com Fonseca (1995), há inúmeros distúrbios de Aprendizagem, no entanto, neste trabalho, serão apresentadas três dificuldades específicas que já foram mencionadas.

Para o autor (Op. Cit.), algumas dificuldades de aprendizagem referentes a fatores da composição da escrita são denominadas disortográfica, que está relacionada a uma falta se manifesta depois da aquisição dos mecanismos necessários à leitura e escrita.

Refere-se a problema de produção de texto e incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, fazendo trocas ortográficas e confusões de letras. Ainda relacionando as dificuldades de leitura e escrita apresenta-se a disgrafia.

 

Disgrafia é a dificuldade de coordenar movimentos dos símbolos gráficos. Suas principais características são: lentidão na escrita, dificuldade em copiar da lousa, desorientação espacial, distorção da forma das letras, mau uso do espaço gráfico, traçado pequeno ou grande demais, pressão leve ou forte,letras irregulares, rasuras, espaço irregular entre as palavras e linhas, inversões. Já a disortografia é a incapacidade de escrever corretamente a linguagem oral, com trocas ortográficas e confusão de letras (f/v, p/b,ch/j; b/d, p/q; casa/caza; pato/pelo ). Erros na Formulação e sintaxe: Criança tem linguagem oral superior e boa compreensão do que lê, mas não consegue produzir um texto próprio (MORAIS, 2006, p. 128).

A disgrafia ocorre devido à dificuldade em codificar a escrita, ou em executar a grafia e escrita das palavras. Essa dificuldade pode acontecer por causa das deficiências nos processos motores.  Para Fonseca (1995), a disgrafia é à inabilidade na integração viso motora, a criança apresenta dificuldade para escrever, isso não significa que ela possui déficits intelectuais ou neurológicos.

 

“Perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em compor textos escritos. As dificuldades centram-se na organização, estruturação e composição de textos escritos; a construção frásica é pobre e geralmente curta, observa-se a presença de múltiplos erros ortográficos e por vezes de má qualidade gráfica “(PEREIRA, 2009, p. 9).

 

As crianças que apresentam ser disgráficas, geralmente são aqueles educandos que tem dificuldade na escrita, na grafia das palavras. Geralmente, suas produções são praticamente indecifráveis. Uma característica marcante da disgrafia está relacionada à escrita, ao traçado das letras e à disposição das palavras nas linhas do caderno.

Segundo o autor (Op. Cit.), os principais erros que as crianças disgráficas apresentam ao escrever são a desordenação nos textos, as margens malfeitas, amontoam letras na borda da folha, colocam espaços irregulares entre as palavras, as linhas e entrelinhas; os traços dessas crianças são de má qualidade; elas distorcem a forma da letra; apresentam movimentos contrários da escrita convencional das letras.

As dificuldades de aprendizagem da escrita podem ser apresentadas de forma específica e decorrentes dos processos de execução relacionadas às habilidades cognitivas e meta cognitiva, à estruturação, à forma de texto e aos componentes da escrita. Outro distúrbio de aprendizagem muito comum no ambiente escolar é a dislexia. 

 

Os erros ou trocas de letras mais comuns apresentados por crianças com distúrbios de aprendizagem (disgrafia/dislexia) em idade escolar ocorre especialmente com consoantes entre vogais, além dessas trocas as crianças também podem ter problemas para memorizar e guardar o som das palavras, e consequentemente cometer erros com inversão omissão auditivas e visuais (MORAIS 2006, p. 127).

 

Morais (2006), discorre que a dislexia é compreendida como um transtorno de aprendizagem, resultante de um específico déficit na linguagem, que se caracteriza pelas dificuldades na fala, que é considerado uma falha no processamento fonológico que reflete nos processos de leitura, e consequentemente no de escrita. 

Os principais sinais apresentados pelos indivíduos disléxicos estão diretamente ligados a leitura e escrita. As características mais comuns são o atraso do desenvolvimento da linguagem oral, problemas para identificar letras, confusões na grafia de letras e sons semelhantes. Outro distúrbio de aprendizagem muito comum nas unidades escolares é a Discalculia.  

Em relação às disciplinas curriculares, sem dúvida a Matemática uma das disciplinas em que as crianças mais têm dificuldades. Essa situação torna-se mais complexa ainda, quando a criança apresenta sinais de Discalculia. 

Os conceitos matemáticos são imprescindíveis no cotidiano escolar e social de qualquer individuo, pois são inúmeras suas aplicações no mundo do trabalho e essencial para todas as áreas de conhecimento.  

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), a Discalculia se caracteriza pela dificuldade para realizar cálculos de raciocínio matemáticos, ou seja, o individuo que apresenta Discalculia, apresentará dificuldades para realizar operações matemáticas. De acordo com Bastos (2006, p.202):

Diferentes habilidades podem estar prejudicadas no transtorno da matemática, incluindo habilidades lingüísticas e perceptuais (por exemplo, reconhecer ou ler símbolos  numéricos ou aritméticos e agrupar objetos em conjuntos), habilidades de atenção (Por exemplo, copiar corretamente números ou cifras, lembrar de somar os números " levado" e observar sinais de operação) e habilidades matemáticas (por exemplo, seguir seqüências de etapas matemáticas, contar objetos e aprender as tabuadas de multiplicação).

 

A Discalculia está relacionada aos números em diversas situações. A maioria das crianças apresenta dificuldades para realizar operações simples, básicas de contagem, adição e subtração já nos primeiros passos da resolução. Outro sinal muito comum de Discalculia está relacionado a aprendizagem dos números escritos por extenso e por símbolos,ou seja, o educando não consegue estabelecer uma relação entre a escrita, a fala e o símbolo.  

Nessa perspectiva, o trabalho do psicopedagogo é de suma importância, pois ele é o profissional capaz de detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem, avaliando todo o processo metodológico na escola, sendo capaz de apresentar novas metodologias que vá de acordo com as características dos indivíduos e do grupo. Sendo que ele pode sugerir atividades, buscando estratégias,  apoiando e orientando o professor  quando necessário.

 

REFERÊNCIAS

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ABPP. Código de Ética da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. Disponível em Acesso em: 26 fev. 2014.

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