Como a Educação Influencia no Desnvolvimento Humano?

Por Clenice Paulino | 06/08/2008 | Educação

FACULDADE INTEGRADAS DE PATOS – PB
CURSO MESTRADO EM EDUCAÇÃO
DISCIPLINA:EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Prof: Dr. AFONSO C. SCOCUGLIA


COMO A EDUCAÇÃO INFLUENCIA O DESENVOLVIMENTO HUMANO?


Mestranda
Clenice Paulino S. Batista




Patos – PB
2008
Como a educação influencia o desenvolvimento humano?


Mestranda:
Clenice Paulino S. Batista


Introdução


A resposta à pergunta que serve de título a este trabalho de caráter sócio educacional abriga uma série de interrogações ou questionamentos, como:
O que é educação? Desenvolvimento e progresso não seriam praticamente a mesma coisa? Como anda o nosso sistema educacional?
Tentemos buscar respostas e tornar mais clara algumas distinções. Segundo o dicionário prático brasileiro do Furtado Mário, Educação é o professor de formação das faculdades intelectuais, morais e físicas de um ser humano, tais como polidez, civilização e bons modos. Neste sentido, o desenvolvimento e o progresso caminham juntos, no que diz respeito a educação, compreendem o conhecimento e a capacidade de aprendizagem se tornam características vitais para as pessoas, para as organizações e para a sociedade. A terceira questão buscamos apoio em Philipp Perrenoud (2000) . “Em um período de transmissão, agravado por uma crise das finanças públicas e das finalidades da escola, as representações dividem-se, não se sabe mais muito bem de onde se vem e para onde se vai”. A educação é um processo de vida e não uma preparação para a vida futura e a escola deve representar a vida presente. Sabemos que a educação brasileira ainda é um processo cheio de falhas e de investimentos escassos o que causa uma má qualidade no ensino; até porque, ensinar não é transmitir somente, é um processo de transformação e humanização, através da apropriação crítica, criativa e significava da cultura. Lamentavelmente, as escolas públicas brasileiras não estão montadas para que os nossos alunos tenham sucesso, cada vez mais, tornam-se palco de fracassos, violências e formação precária completa de pessoas desmotivadas e descrentes da educação.
A despeito das profundas transformações porque vem passando a sociedade, algumas coisas não mudaram e dificilmente se modificaram, com regra geral, a primeira referência ou modelo de conduta para as crianças e jovens são os pais e a segunda, os professores. Naturalmente, há exceções, mas pais e mestres continuam exercendo enorme influência sobre os valores e conduta futura de seus filhos e alunos. Em muitos casos os professores passam a ser a referência número um, sobretudo, para a crescente categoria dos alunos “órfãos de pais vivos”, ou seja, aqueles que têm pais extremamente ausentes, que fornecem a seus filhos meios para sobreviverem, mas nenhuma atenção. Referindo-se a essa perspectiva voltamos a primeira indagação, ou o título do nosso trabalho: “influencia no desenvolvimento humano”?
Para responder essa pergunta nos baseamos em grandes autores: Jean-Pierre Pourtois e Huguette Desmet (Educação pós-moderna, 1999, 1º e 2º cap.) e Afonso Celso Scocuglia ( A história das idéias de Paulo Freire e a atual crise de paradigmas, parte I) entre outros, onde ambos comentam sobre o desenvolvimento educacional e seus pressupostos num mundo moderno, dinâmico, interdependente e imprevisível, marcado por contínuas transformações.
Nota-se que uma das principais dificuldades dos professores refere-se a ausência da família no acompanhamento do processo educacional. A família é um núcleo fundamental na formação dos seres para o convívio social e tem um papel que só a ela cabe: introduzir as primeiras lições de cidadania e de respeito ao próximo, além de demonstrar exemplos de condutas adequadas. São valores éticos anteriores a etapa de escolarização da criança, que permitirão que ela se torne capaz de conviver harmonicamente com outras pessoas, onde os autores expressam com clareza a importância da conscientização do diálogo no desenvolvimento humano e educacional.


Enquadramento teórico


Esta nova sociedade que se descortina, exige um professor diferente, um aluno diferente, que tua num mundo em constante transformação. Não educamos mais para o futuro, porque o futuro está sendo construído pela consciência intencional de cada um de nós, e educar hoje, significa cooperar, trabalhar junto, abrir-se para as novas áreas do conhecimento. Ao se referir a sociedade educativa moderna ou pós-moderna Pourtois e Desmet (1999) afirmam: “A prática pedagógica é uma construção que se elabora e de respeito pelos outros e pelo meio”. Portanto, a influência que a educação tem com a vida é muito grande, seja na escola, na família e em toda a sociedade. E com relação a esse contato ou ela, o professor está presente na vida do seu aluno tão quanto os pais, cabe a ele organizar e estimular situações de aprendizagens. Só ele conhece o aluno, ajudá-lo a resolver problemas não só dos “exercícios” da lição, mas também como modelo dos “exercícios” propostos pela vida. Até porque, o homem não é um ser irracional, a ele é dada a capacidade de pensar, de agir, sobre esse contexto Scocuglia referindo-se a Paulo Freire comenta: “A descoberta do homem como um ser fabricante da cultura, implicaria a cultura do silêncio, a submissão e a perpetuação da subalternidade”. A educação e a cultura são essenciais para o desenvolvimento, para que as pessoas possam promover sua empregabilidade. De acordo com Freire citado por Scocuglia (2006): “O homem é um ser de relações que estando no mundo é capaz de ir além, de projetar-se, de discernir, de conhecer e de perceber a dimensão temporal da existência como ser histórico e criador cultural”. Sabemos que muitas vezes esse mundo do conhecimento é desconhecido, e que o estudo é uma forma de reafirmar e afirmar a nossa condição humana, só que não é devidamente valorizado. É muito fácil manipular e silenciar aqueles que não têm um conhecimento ou uma reflexão. Quanto mais se vai entrando nesse mundo infinito que é o do conhecimento dos livros e das pessoas, se fica mais contestador, mais crítico, mais inquieto, insatisfeito com as injustiças, e ao mesmo tempo, se vai transformando capaz de enxergar saídas e de ter uma satisfação que o conhecimento proporciona e uma diversidade cultural. Freire citado por Scocuglia ainda enfatiza: “O processo educativo deveria propiciar a elevação de um nível de consciência a outro para a aceitação da mudança, do diálogo, da democracia, e principalmente, para o consentimento das reformas favoráveis ao desenvolvimento nacional”. É muito importante que o educando tenha consciência da importância do estudo para sua vida profissional e humana. É preparando o aluno para um sujeito crítico, criativo e consciente que proporcionamos uma melhor formação, isto quer dizer que em primeiro lugar vem o diálogo como princípio para o desenvolvimento do indivíduo.
O auto conceito influencia nos processos cognitivos. Sobre esse fator Perrenoud (1999) nos auxilia: “O desestímulo no processo cognitivo é resultado também da má qualidade de ensino, que a escola evidencia como problemas exclusivos dos alunos para esconder o seu próprio fracasso”. Na medida que a escola reluta suas experiências do fracasso, o aluno começa a demonstrar inibição e insegurança pela escola, pois a baixa alto-estima acarreta problemas na aprendizagem, na adaptação escolar e quem sabe, na vida. O ensino de má qualidade e o processo podem contribuir para que o aluno apresente comportamentos difíceis e rendimentos insuficientes e acabe por ser representado, ou mesmo evitando a e escola, contribuindo assim com a pobreza crescente, o desemprego e fome.
Outro fator de fundamental importância no processo ensino aprendizagem, ou desenvolvimento educacional, trata-se do relacionamento professor/aluno. O respeito às diferenças individuais favorecem as situações de aprendizagens diversas. Muitas vezes esse relacionamento é dificultado, principalmente em sala de aula superlotadas, onde o educador não consegue atender as diversidades de estabelecer estratégias que facilitem melhor o rendimento escolar. A falta de estímulo e motivação dos alunos de classe sociais menos favorecidas tanto econômicas, quanto culturais, interferem no processo de aprendizagem, levando o aluno a obter resultado insatisfatório. Sobre esse conceito Scoz (2000) escreve: “As desigualdades, dissimuladas sob o véu das supostas desigualdades pessoais, colocam a psicologia em destaque subsidiando as escolas para justificar o acesso desigual dos alunos”. A desigualdade social, às vezes é reproduzida, no ambiente da sala de aula como forma de justificar o fracasso dos alunos de classes sociais populares.
Muitos educadores, não percebem a importância ou influência na construção e na vida de um indivíduo, não leva em conta o contexto do aluno e desenvolve a tática do fingimento. Principalmente nos dias de hoje (mundo globalizado), onde a modernidade se faz presente. Ensinar o que não é útil é uma ilusão, assim como exigir que os alunos aprendam o que não leva ao hábito de pensar por si só, é outra ilusão, usam conceitos de livros didáticos e não estão agindo como agentes de transformação. Mas como encarar todas essas perspectivas em um mundo moderno ou pós-moderno? Onde os educadores não conseguem acompanhar as mudanças repentinas da tecnologia? Pensadores nos quais baseamo-nos Pourtois e Dismet afirmam: “Nossa sociedade está marcada por ambigüidades. Modernidade e antimodernidade, eis a situação em que nos encontramos no presente.” No trabalho cotidiano com crianças e jovens percebemos a mudança que está ocorrendo no mundo cada vez maior. A dificuldade de professores em convencer os alunos da necessidade de organizar o tempo e o espaço para além do prazeroso é cada vez maior. Podemos dizer, que a medida em que nosso envolvimento aumenta, com a tecnologia, também nosso modo de pensar modifica-se, absorvendo os mesmos modelos e mecanismos expostos pela modernização.
Seremos confrontados com a necessidade de colocar o problema no sentido da vida e da sociedade que queremos construir. A novidade que a globalização introduz em nossas vidas, como aspectos positivos e negativos, nos confronta com nossos valores, com as dificuldades, com os problemas e soluções nos quais a educação já está lidando e deverá enfrentar cada vez mais.


Considerações finais


Nossa sociedade atravessa um momento marcado por profundas contradições, onde ao grande desenvolvimento científico e tecnológico se opõem os reflexos de uma grave crise econômica, política, social e ecológica que atingem dimensões planetárias. Dentre os diverso resultados dessa crise, nota-se a aparente incerteza da humanidade quanto ao seu futuro, agravada pelo surgimento de novas teorias cientificas que abalam o pensamento moderno.
Em meio a essa crise generalizada está a nossa educação que além de sofrer historicamente problemas estruturais e metodológicas pela aparente incapacidade de acompanhar o desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade, também é atingida pela instabilidade que aflige o pensamento contemporâneo e que afeta nossas estruturas escolares.
A relação entre educação e desenvolvimento já foi comprovada por órgãos nacionais. Entretanto mesmo como todos esses estudos, a relação entre educação e desenvolvimento ainda não foi assumida como prioridade pelos governos brasileiros. Apesar de termos melhorado os indicadores de aceso as crianças e jovens nas escolas, ainda vivenciamos indicadores que denunciam uma escola pública que retém com dificuldade seu educando e que em vaias regiões, estados e cidades do Brasil não conseguem promover um ensino e qualidade.
Levar crianças e adolescentes a escola é um esforço fundamental que deve ser exercido não apenas pelos governos, mas por toda a sociedade, entretanto será um esforço inútil se não houver mudança na qualidade do ensino. Para isso é preciso que a educação deixe de ser prioridade apenas nos discursos eleitorais e passem a ser prioridade rel.
Garantir a qualidade da educação significa além da melhoria nos salários dos professores, investir na informação continuada desses profissionais e na construção de projetos políticos pedagógicos mais voltados para as necessidades e características específicas de cada comunidade escolar, garantindo assim, que os conhecimentos de sala de aula tenham sentido na vida do aluno.
Muitos educandos obrigados por questões econômicas, familiares e sociais necessitam inserir-se no mercado de trabalho. Para estes alunos é uma tarefa difícil concluir os estudos considerados todas as dificuldades do dia-a-dia, o cansaço do trabalho, o trajeto desgastante, a alimentação inadequada, somados a um ensino pouco atrativo que não dialoga com realidade. Faz com que muitos se sintam desestimulados e optem abandonarem os estudos muitas vezes, ingressam em círculos viciosos de subempregos que não lhes promovem o mínimo necessário para uma vida digna e que acentua ainda mais as desigualdades sociais.
Além de serem colocados à margem de piores possibilidades de renda, os jovens sem acesso a uma educação de qualidade ainda se colocam a margem do exercício de uma cidadania.
Entretanto, apesar deste quadro é estimulante observar o esforço de muitas escolas públicas, tentam por meios próprios ou parceria com a comunidade lutar contra a má qualidade do ensino educacional. Onde professores são educadores com um amadurecimento intelectual e emocional, que facilita o processo de organização da aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas que valorizam mais a busca que o resultado pronto e o apoio que a crítica. São inúmeros os exemplos de casos de escolas públicas que estão conseguindo melhorar indicadores de rendimentos por meio de ações variadas que se fossem valorizadas e incorporadas às políticas públicas poderiam fornecer cada vez mais melhorias em seus resultados.
Observamos que a educação influencia e muito no desenvolvimento humano e que muito do que precisamos em termos de inovação metodológica para a melhoria da educação no país já foi produzido e o que falta apenas é um pacto nacional para garantir a priorização de investimentos, significa não apenas no esforço dos governos federais, estaduais e municipais, em rever suas aplicações orçamentárias, mas de toda sociedade em exigir esta priorização. Caso contrário, o desenvolvimento e o fim da pobreza serão eternas influenciando por completo na vida do ser humano.


Referências bibliográficas


SCOCUGLIA, Afonso Celso. A história das idéias de Paulo Freire e a atual crise de paradigmas. 5ª ed. Editora Universitária – UFPB, João Pessoa: 2007.

PERRENOUD, Philippe. Novas contemporâneas para ensinar, ed. Artimed. Porto Alegre, 2000.

POURTOIS, Jean-Pierre e Desmet, Huguette. A educação pós-moderna. São Paulo: ed. Loyola, 1999.

SCOL, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: O problema escolar e de aprendizagem, ed. 08. Petrópolis, Rio d Janeiro.