Comer Rezar Amar: “Um verdadeiro guia de autodescoberta pelos sentidos...

Por Claudia Gonçalez Gomez | 03/08/2016 | Psicologia

Comer Rezar Amar: “Um verdadeiro guia de autodescoberta pelos sentidos da vida, combatendo a Depressão”.

Baseado em fatos reais, Comer Rezar Amar é um filme envolvente, que nos convida a embarcar nas emoções de Liz Gilbert: escritora e jornalista americana, que vivia seguindo as habituais escolhas e ritmos da vida como ter casa, marido e filhos. Ao questionar-se, percebe-se em um estado de crise pessoal. Reconhecendo a Depressão, decide partir para uma viagem pelos belos cenários da Itália, Índia e Indonésia (Bali), onde pudesse examinar um aspecto de sua própria personalidade em cada lugar.

O filme inspirou-me a ler o livro, revelando temas de vida retratados de uma maneira tão sincera e visceral!  Senti-me impulsionada a escrever sobre o seguinte lema: “O que você já fez para superar momentos de grandes mudanças em sua vida”? 

Todos nós já nos deparamos com momentos onde necessitamos fazer escolhas e nos perguntamos: “E agora?”  Neste exato momento, podemos voltar o olhar para dentro de nós mesmos e perceber nossos reais sentimentos, se estamos satisfeitos com o que estamos vivendo, ou se sentimos vazio e frustração.

Os sentimentos de Liz Gilbert iniciam-se com uma intensa angústia: “Por que não estou feliz? Estou sem pulsação, sentindo-me devastada internamente, com o corpo e mente cansados. Ao olhar para o lado direito, noto que a solidão está chegando, vai se encostando. Ao olhar para o lado esquerdo, as sensações de desespero entram sem pedir licença”. Inicia-se assim um interrogatório com pensamentos sombrios, que dizem: “Foi nisto que se tornou? Não sendo o que imaginou? Não conseguindo manter seus relacionamentos? Não conseguindo se tornar a profissional que projetou?”

Quando este cenário se apresenta, não restam dúvidas: é a Depressão confiscando sua identidade, para ir se instalando e sugando toda a energia e os sentimentos, até os sintomas de perda de sono, pensamentos negativos, alteração de apetite, crises de choro, dores pelo corpo, irritação, dificuldade de concentração e memória, afastamento das pessoas pela irritação com os ruídos, barulhos e as diferenças de opiniões passam e ser intoleráveis. Assim sendo, as perdas de prazos a cumprir passam a não ter importância, pois a personagem passou a vida tentando seguir os padrões da sociedade para se ajustar. Contudo, ela entrou em uma performance, perdendo-se de si mesma, apenas atuando. Durante um tempo o estado depressivo parece ser controlado. No entanto, o tempo vai passando e a Depressão toma conta e a pessoa passa a não ter mais ideia de onde está e de qual direção seguir.

Esse é o momento em que Liz Gilbert nos dá um verdadeiro guia de sobrevivência, relatando como superou a própria Depressão. A premissa é reconhecer que precisa de ajuda e dar o primeiro passo, como se fosse o maior desafio de sua vida. Sim! É preciso lutar com todas as forças e em todos os níveis: físico, emocional, social, familiar, profissional e espiritual. Funcionamos em várias camadas e níveis para a produção de impulsos, objetivando o bom funcionamento do metabolismo, da produção de ações e sentimentos, quando a Depressão atinge o centro vital do organismo. Portanto, no estado depressivo ocorre o enfraquecimento da formação dos impulsos, a pessoa vai se abatendo com a falta de energia, o sentimento de vazio, tornando-se completamente desmotivada. Desta forma, a depressão significa a perda de vitalidade e, por isso mesmo, a perda de autoafirmação, motivação, segurança e autonomia.

Vejam a quantidade de fatores e influências que constitui o ser humano! Somos complexos por natureza! Por isso, precisamos nos estudar, sermos ativos nos ciclos da vida - nascimento, luto e renascimento. Muitas vezes permanecemos no sofrimento para evitar a perda e não nos desprendemos do objeto de desejo. Mas, por mais que o desligamento machuque e doa, o sofrimento deixará de existir, transformando-se em um “outro”. A tendência é sempre um desejo de mantermos tudo igual. Porém, é necessário escolher o diferente, o novo. Necessitamos criar o impulso, que nos mova para encontrar estados de satisfação e realização, que determinem o que queremos e, assim, sentir estados de autoposse e plenitude. Liz decide viajar pelo mundo pela necessidade de mudança!

O crescimento está em nos prepararmos para os momentos de caos, devastação e ruínas, por ser a oportunidade de nos colocarmos em ação, em luta e reinvindicação. O desejo de um melhor “outro jeito”, de nos sentirmos mais apropriados, mais organizados, refinados para, por fim, sairmos do caos. Então, como Liz, podemos chegar a dizer: “sobrevivi”! Sentimento este que será acompanhado de incrível estado de sensatez, calma, segurança e integração. Assim, ao conseguir dar esse impulso, moveremos o corpo com espontaneidade e sentiremos a respiração com vontade de sorrir, enquanto o cheiro da vida nos abraça novamente.

Há um contentamento e agradecimento com o pensamento: “Dolce Vita! Que bela me sinto da maneira que estou!”

Por fim, poderemos praticar todos os dias de nossas vidas, junto com Liz Gilbert, esses importantes mantras: - “ Eu te amo, eu nunca vou te deixar, vou sempre cuidar de você!”

Artigo escrito por: Claudia Gonçalez Gomez

Indicação de leitura: Livro Comer Rezar Amar, autora Elizabeth Gilbert. Esse livro foi escolhido pelo New York Times como um dos cem melhores livros de 2006.

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