Colheita da cana: tempos modernos, técnicas ultrapassadas

Por Antonio Marcio Sousa dos Santos | 21/04/2013 | Ambiental

ARTIGO DE OPINIÃO

Titulo: Colheita da cana: tempos modernos, técnicas ultrapassadas

Santa Rosa de Lima é uma pequena  e pacata cidade do interior sergipano . Segundo dados  do IBGE , o município conta com  cerca de 3.752 habitantes . A cidade, que já foi chamada de Camboatá, já viveu um franco progresso no passado. No Presente,  a estagnação econômica assolas seus moradores . Calcula-se  que aproximadamente 56% da população  santa-rosense seja pobre, nos termos da lei. Não temos comércio nem indústria. A prefeitura é a principal empregadora da cidade.

Aos que não podem contar com um emprego público no município, resta o trabalho na agricultura ou serviço de doméstica. Também merecem destaque o cultivo e a colheita da cana –de- açúcar, feitos em grandes fazendas da cidade ou de município vizinhos. A produção de cana é o segundo maior empregador da cidade. Seu impacto é, ao mesmo tempo, positivo na economia da cidade e negativo no meio-ambiente.

Como atividade econômica, o cultivo da cana além de gerar emprego e renda para a cidade e seus moradores, gera também danos ao meio ambiente  e á saúde dos santa-rosenses. A colheita da cana aqui ainda é feita de forma artesanal. Primeiramente, é queimada sua palha, em seguida trabalhadores fazem o seu corte. A queima da palha da cana facilita o trabalho dos canavieiros, aumenta a produtividade e faz cair a remuneração dos cortadores de cana e a oferta de empregos no setor.

Este método artesanal de descarte da palha da cana durante sua colheita acaba liberando grandes quantidades de compostos de nitrogênio  na  atmosfera. Entre as consequências do excesso dessa substância no ar, o aumento  de problemas  respiratórios  em crianças, adultos e idosos ; a  eliminação  dos nutrientes presentes no solo, o que acaba acarretando a necessidade de emprego adubação química; e a formação de chuvas ácidas. Além de tudo isso , os moradores da cidade têm  de conviver  entre os meses de setembro a dezembro com o incômodo do carvão da palha queimada da cana que fica em suspensão no ar , caindo mais tarde nos lares .

No meio  da discussão, surgiram algumas possíveis soluções como, por exemplo, a substituição dos cortadores de cana por máquinas que fazem a colheita da cana sem a necessidade de sua queima.

Esta técnica já é adotada em alguns estados brasileiros onde a prática antiga da queima da cana foi proibida. No entanto, a adoção de máquinas na colheita da cana na cidade ocasionaria desemprego em massa de centenas de trabalhadores rurais da localidade.

O impasse da questão no momento nos parece intransponível: acabar com a queima da palha da cana e gerar desemprego ou continuar com a forma antiga de colheita da cana e garantir o sustento de centenas de famílias?

É inaceitável que em tempos de discussões acaloradas sobre o meio ambiente tenhamos de conviver com a prática danosa e antiga da colheita da cana. Os prejuízos que a queima da palha cana traz ao meio ambiente  e ao ser humano são bem visíveis na cidade , assim, deve ser eliminada á medida  em que novos postos de emprego sejam  gerados na cidade , a partir de incentivos dos  governos como, por exemplo , a criação dos mais diversos tipos  de cooperativas -  de laticínios , de artesanato, de açudes para a criação de peixe e camarão, de pequenos agricultores, enfim, as possibilidades de  geração de emprego e renda são inúmeras e cabem sobretudo aos governos incentivá-las.

Assim como se buscam formas alternativas e sustentáveis  de  combustíveis e de energia , devem-se buscar meios não-poluentes de colheita da cana, garantindo a preservação do meio ambiente, a saúde e a empregabilidade dos cidadãos santa-rosenses.