COGNIÇÃO E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES

Por MARCIA VALERIA LUZ DA CUNHA | 21/08/2019 | Educação

Marcia  Valéria Luz da Cunha (valeriacunhadocente@gmail.com)

Resumo

O presente artigo tem como objetivo contribuir com informações para os leitores a cerca do processo de cognição e o processamento do cérebro nas dificuldades de aprendizagem pelos os quais passam alguns estudantes que não conseguem entender as informações repassadas pelos docentes, devido alguns fatores que interferem no cognitivo do aluno a exemplo de estudantes que apresentam transtornos ou dificuldade de aprendizagem como: Dislexia, Discalculia, Autismo e TDAH (Transtorno de Aprendizagem e Hiperatividade). Nessa perspectiva, compreende-se que ao aprender o cérebro entra em atividade e ocorre uma série de mudanças físicas e químicas e para compreender como funciona o processo de cognição e as dificuldades de aprendizagem é necessário conhecer sua estrutura, para que dessa forma o docente possa ajudar o seu aluno a ter uma aprendizagem significativa.

 

Palavras- Chave: Cognição. Dislexia. Discalculia.TDAH.

 

INTRODUÇÃO

Este artigo pretende de maneira necessariamente resumida refletir sobre as dificuldades do cérebro (cognição) na aprendizagem, analisando algumas teorias sobre como o cérebro trabalha diante de alguns transtornos ou dificuldades de aprendizagem. A Epistemologia Genética defende que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da vida. Diante disso, segundo Jean Piaget todo conhecimento é uma construção, uma interação, contendo um aspecto de elaboração novo.

O individuo por meio da constante interrelação com o meio o individuo constrói sua aprendizagem, mas sabemos que nesse meio termo vários fatores podem influenciar o prejudicar a aprendizagem do mesmo. Entre as dificuldades podem-se destacar alguns distúrbios ou dificuldades de aprendizagem como: Dislexia, Discalculia, Autismo, TDAH (Transtorno de Déficit Aprendizagem e Hiperatividade), entre outros.

Diante disso, e necessário que o docente busque qualificação para poder compreender como se dá o funcionamento do cérebro e o processo cognitivo de aprendizagem do individuo e compreender também as dificuldades que alguns alunos enfrentam para entender os conteúdos disciplinares.

Às vezes alguns profissionais taxam os alunos como dispersos, preguiçosos e burros até sem perceber as dificuldades pelos os quais estão passando e isso passa despercebido até pelos seus pais em casa e a criança vai crescendo sem ajuda profissional adequada para melhorar o seu processo de aprendizagem.

A aprendizagem do indivíduo depende de suas experiências, é, portanto, um processo pessoal e individual, tem fundo genético segundo algumas teorias da aprendizagem, mas também dependem de vários fatores como: dos esquemas de ação inatos do indivíduo; do estágio de maturação do sistema nervoso; do tipo psicológico (introvertido e extrovertido), do seu esforço e interesse.

Vale ressaltar, que há fatores fundamentais para que a aprendizagem seja efetivada: motivação; saúde física e mental; maturação; inteligência; concentração e atenção; memória entre outros. O processo pelo qual o individuo passa depende da integração, das funções neurológicas que precisam de exercícios para amadurecimento das bases neurológicas, ou seja, são necessários estímulos visual, tátil, auditivo, sinestésico (movimentos), além disso, há também estímulos da linguagem gestual (mímica) e os movimentos articulatórios essenciais para à aquisição da fala. 

Para que a aprendizagem ocorra devemos compreender o funcionamento do centro nervoso, da articulação da palavra e o centro da articulação da escrita que só entram em atividade pelo ensinamento com a aprendizagem de sinais ou códigos e regras. Entende-se que os nervos e o sistema nervoso funcionam com as experiências com determinada fase de maturação e não com o ensino e aprendizagem, pois nos primeiros anos de vida o individuo só aprende a memorizar com a prática.

 Diante disso,quando ocorre a malformação, distúrbio ou interrupção do cérebro, medula nervosa e nos nervos, prejudica os estímulos e consequentemente a aprendizagem. O desenvolvimento mental da criança é gradativo e vai progredindo e a educação contribui para sua capacidade do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

SISTEMA NERVOSO E COGNIÇÃO 

O Sistema Nervoso central é compreendido pelo cérebro, cerebelo e medula espinhal. O primeiro está localizado no final da coluna vertebral. Todos os nossos movimentos durante o dia como caminhar, correr, saltar entre outras exigem energia e nosso cérebro necessita de uma dieta balanceada, pois uma dieta desiquilibrada pode exigir sintomas negativos. A conexão do cérebro que existe entre uma célula e outra por onde viajam as mensagens por meio de substancias químicas são chamados de neurotransmissores. Esta substancia química é responsável de carrega mensagens entre diferentes células estes são chamados de sinapses.

As sinapses podem ser dividas em três tipos: químicas, elétricas e mistas. Na química um neurônio se comunica com outro por meio de uma substancia química, ou seja, um neurotransmissor. Na elétrica duas membranas se encontram coladas e as informações são transmitidas diretamente. Já na mista que é a junção da química e elétrica os neurônios comunicam-se de duas formas descritas anteriormente. O nosso cérebro possui duas regiões importantes o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo: o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo. Estes hemisférios apresentam cada um quatro lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. O corpo caloso é uma estrutura do cérebro que une os dois hemisférios.

O cérebro é formado por matéria branca e cinzenta. A matéria branca é formada por axônios (no centro do cérebro) e a matéria cinzenta por corpos neurais (no córtex e nos gânglios da base do cérebro). O cérebro conta também com dois tipos de proteção: Óssea, que forma uma barreira física e a líquida, que serve como amortecedora. A caixa craniana ou crânio que recobre o cérebro é uma proteção óssea, além disso, temos o líquido cefalorraquidiano que está presente e fora do sistema nervos, permitindo que o cérebro seja comprimido e amorteça-se sem sofre danos.

O cerebelo pode ser encontrado abaixo do lobo occiptal e tem como funções manter o equilíbrio do corpo e a coordenação dos movimentos, além disso, serve como a conexão entre a medula e o cérebro, além de desempenhar papel importante no processamento cógnito, coordenando os pensamentos, memória, sentidos e emoções. Já a medula espinhal é formada por células nervosas, conectada com o cerebelo ao corpo e do com corpo ao cérebro. A coluna vertebral é sua proteção que é formada por anéis ósseos que giram uns sobre os outros permitindo mobilidade.

Segundo Fonseca (2007), cognição é compreendida como um ato de captar, conhecer, exprimir e elaborar informações. Dá interação multifacetada, entre o corpo, o cérebro, e os vários ecossistemas ocorrem o desenvolvimento cognitivo pelo qual nos adaptamos ao meio exterior que nos envolve. Desta forma, o transformamos à nossa medida. O individuo necessita de condições necessárias para aprender, por isso, é de suma importância focar não somente nas funções cerebrais e sua relação com os processos cognitivos, mas entender que cada pessoa tem sua particularidade de aprender e processar as informações que não depende só do cérebro, mas também da estrutura psíquica que geralmente chamamos de afetividade.

 Entende-se que o desenvolvimento cognitivo é resultado de constantes transformações e reestruturações que ocorrem nas diversas interações que o individuo estabelece. Para que haja um bom funcionamento do cérebro e da mente não somente do biológico, mas também das suas experiências vivenciadas. Vale ressaltar também, a cerca da dimensão cognitiva que se trata do desenvolvimento das funções cognitivas que permitem a pessoa realizar movimentos, ou seja, o domínio das relações espaciais e simbólicas.

A aprendizagem desempenha papel central no desenvolvimento humano, sendo sua principal característica os processos de mudança que acontecem como resultado da experiência. Aprendizagem, portanto, é o resultado já maduro de um processo que se expressa diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência. Pode-se também afirmar que esse termo tem um sentido muito amplo, pois abrange os hábitos que os indivíduos formam os aspectos de sua vida afetiva e a assimilação de seus valores culturais. (KATO, 2009).

 Compreende-se que uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que não consegue aprender com os métodos que aprendem a maioria dos alunos, seu rendimento escolar esta abaixo de suas capacidades. Em alguns casos são encontrados indicadores neurológicos que podem ser base de um problema de aprendizagem.

Acredita-se que um dos grandes desafios do século XXI é a socialização e integração das crianças com dificuldades de aprendizagem e estas são causadas por diferenças no funcionamento cerebral e da maneira como o cérebro processa as informações. A compreensão acerca dos transtornos relacionados ao desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem exige abordar uma concepção sistêmica. Para que haja um desenvolvimento nas habilidades das crianças com problemas de aprendizagem é de suma importância a participação dos pais, professores e profissionais especializados proporcionando recursos necessários para melhoria na qualidade de vida.

Segundo Iuculano (2008), algumas crianças apresentam baixo desempenho em Cognição Numérica e isso é justificado pela literatura como por um empobrecimento do processamento e da compreensão de símbolos numéricos e esse empobrecimento tem sido relacionado a uma falta de automatização do conhecimento matemático (fatos numéricos) adquirido durante a aprendizagem.

Em suma, o desempenho em cálculos exige aspectos de processamento numérico.

Vale ressaltar, para que aprendizagem seja significativa, deve-se dá tempo aos alunos, pois a matemática é aprendida de forma gradual, o estudante deve ter um tempo adequado para organizar o pensamento para integrar novas aprendizagens às anteriores, isto é indispensável, e desta forma estará estimulando o raciocínio dedutivo do aluno.

Compreende-se que nos dias atuais o estudante não deve apenas fazer operações, mas também passem e comecem a raciocinar a cerca destes. Os discentes devem participar e os jogos e problemas devem motivá-los a buscar soluções. O docente precisa usar de estratégias adequadas que aguce a curiosidade do aluno e assim ajudá-los a chegar ás respostas.

A linguagem das operações matemáticas ou termos usados nas operações devem ser compreendidos pelos alunos, a compreensão é de suma importância, assim, como associar essa linguagem aos processos. Deve haver também a organização de espaço e tempo, pois algumas crianças com dificuldade de organização espaço-temporal apresentam erros na resolução de operações matemáticas. Há algumas áreas que podem interferir na aprendizagem da matemática como:

  • Perseverança: alunos que apresentam dificuldades em pensar mentalmente;
  • Habilidades espaciais: dificuldade em relações espaciais distancia, relações de tamanho, e formas de sequencia;
  • Linguagem: dificuldade em compreender termos matemáticos como primeiro, último, seguinte, maior que, menor que, etc;
  • Memória: dificuldade de relembrar informações que lhes foram apresentadas;
  • Processamento perceptivo: dificuldades nessa área podem apresentar problemas na leitura e escrita de quantidades, na realização de operações e às vezes na resolução de problemas.

Compreende-se, que a aprendizagem é  uma sequencia de eventos internos que representa o processamento das informações e, por conseguinte, na construção do conhecimento por meio da organização, estruturação e compreensão das informações,estas características possuem um significado ativo,construtivo, cognitivo, além da interação entre o sujeito e a tarefa para que haja uma aprendizagem significativa. [...]

Artigo completo: