Ciúme, o (des)tempero da paixão

Por Sueli Nascimento | 16/01/2009 | Crescimento

O que sabemos é que o ciúme é uma mistura de medo de abandono com sentimentos de impotência e insegurança. A ansiedade gerada por essa combinação faz com que a pessoa se comporte de modo a tentar garantir a permanência do outro controlando seus passos.

Mas, ao contrário do que deseja, o controle não traz sentimento de segurança. Resulta apenas em reclamações e, aos poucos, o amor do outro é substituído por raiva e desejo de se afastar da pessoa ciumenta que passa a odiar a si mesma por se expor, com seus comportamentos ridículos, às críticas que repercutem em cheio em sua auto-estima.

Há muitos níveis de ciúme, da desconfortável e leve insegurança diante da possibilidade de não conviver mais com a pessoa amada até graus mais elevados, patológicos mesmo, com idéias exageradas, obsessivas e delirantes sobre o que o outro faz quando está longe.

Nesse estado a pessoa gasta muito tempo e energia buscando provas sobre a infidelidade, perguntando insistentemente se a pessoa está onde disse que estaria; abrindo correspondências; ouvindo telefonemas pela extensão; examinando bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas; seguindo na rua ou contratando detetives particulares; visitando ou telefonando de surpresa atrás de um flagra etc.

Encurtando as rédeas
A pessoa julga que o controle protegerá o relacionamento das tentações do mundo, mas na verdade tais manobras diminuem a qualidade da convivência, encurtam a vida a dois e demonstram falta de confiança em si e no outro e não conseguem amenizar o mal-estar da dúvida.

É uma tortura sem fim, pois por mais que o outro apresente provas de sua inocência as dúvidas permanecem. E mais, se um dia as suspeitas se confirmarem a pessoa ciumenta exige detalhes e pormenores da traição.

O ciúme excessivo torna as pessoas irracionais. Entre absurdos causados por excesso de ciúme há o caso de uma mulher que, para saber se o marido havia feito sexo com alguém, marcava o pênis dele com uma caneta de manhã e verificava se a marca estava lá no final da tarde. E o homem que examinava as fezes da namorada procurando restos de bilhetes de amantes que ela poderia ter engolido para se safar.

Se você se relaciona com uma pessoa patologicamente ciumenta provavelmente esconde dela os elogios e presentes que recebe ou omite o que faz em sua ausência para evitar conflitos, mas como já percebeu isso agrava ainda mais as desconfianças dela.
Continua...