CINESIOTERAPIA ASSOCIADA À IMUNOMODULAÇÃO NA PREVENÇÃO DO ESTÁGIO DE CAQUEXIA NO PACIENTE COM CÂNCER DE ESÔFAGO (UM RELATO DE CASO)

Por Welcy Cassiano de Oliveira Tobinaga | 15/06/2017 | Saúde

RESUMO

O câncer de esôfago é a oitava neoplasia maligna mais comum, sendo a sexta maior causa de morte por câncer mundial. Pacientes com câncer de esôfago  podem apresentar uma progressiva dificuldade de deglutição podendo chegar ao estágio de caquexia. Pacientes caquéticos apresentam prejuízos fisiológicos e a morte é frequentemente associada à diminuição de 30% do peso corpóreo. O objetivo deste relato de caso é ressaltar a importância da cinesioterapia em conjunto com o aporte nutricional no paciente com perda ponderal decorrente de um câncer de esôfago. O tratamento concentrou-se em associar a dieta imunomoduladora com uso de glutamina, arginina e W3, aos exercícios com threshold IMT, mobilização de gradil costal, alongamento de musculatura peitoral e cervicotorácico, exercício em bicicleta ergométrica, e cinesioterapia com uso de theraband. A cinesioterapia associada à terapia nutricional mostrou-se eficaz na prevenção do estágio de caquexia cancerosa no paciente com progressiva perda ponderal associado ao câncer de esôfago. Além de aumentar os  parâmetros manovacuométricos e ventilométricos com o objetivo de assegurar um baixo risco de complicações respiratórias no pós-cirúrgico.

Palavras-chave: Caquexia, Imunomodulação, Cinesioterapia, Câncer de esôfago.

INTRODUÇÃO

O câncer de esôfago é a oitava neoplasia maligna mais comum (482 mil casos, 3,8% de todos os cânceres) e a sexta maior causa de morte por câncer (406.000 mortes, 5,4% de todos os cânceres) mundial. O câncer de esôfago, muitas vezes tem um mau prognóstico (INCA, 2003; FONSECA et al, 2002).

Cirurgia de grande porte, incluindo esofagectomia, pode oferecer uma chance de 30% de cura. No entanto, tal procedimento acarreta um elevado risco de complicações graves e tem um impacto negativo sobre a qualidade de vida (DE BOER et al, 2004; REYNOLDS et al, 2006; DJÄRV et al, 2008)

A maioria dos cânceres de esôfago é atribuída ao uso do álcool e do fumo, quer seja o fumado, mascado ou aspirado através da mucosa nasal. O fumo, isoladamente, aumenta o risco de câncer de esôfago em 2 a 4 vezes. O risco relativo aumenta com a quantidade de tabaco consumida ou de álcool ingerida, fatores que atuam de modo sinérgico. Algumas bebidas alcoólicas possuem quantidades significativas de carcinógenos, além de outros compostos mutagênicos. As deficiências nutricionais associadas ao alcoolismo podem contribuir para o processo da carcinogênese (FLECK & KRAEMER, 1999; FONSECA et. al, 2002).

Pacientes com câncer de esôfago  podem apresentar uma progressiva dificuldade de deglutição e emagrecimento sem causa aparente, podendo chegar até um estágio de caquexia cancerosa (TRINTIN, 2003)

Caquexia cancerosa é uma síndrome complexa e multifatorial caracterizada por um intenso consumo generalizado dos tecidos corporais, muscular e adiposo, com uma perda progressiva e involuntária de peso, anemia, astenia, balanço nitrogenado negativo, disfunção imune e alterações metabólicas, geralmente associadas à anorexia (BOSAEUS, DANERYD, LUNDHOLM, 2002).                                            

Os pacientes caquéticos não toleram bem o tratamento antineoplásico, são mais sensíveis aos efeitos secundários e aumentam a toxicidade da droga ao organismo, além do baixo índice de massa corpórea impossibilitar a elegibilidade do paciente para um possível tratamento cirúrgico.  A caquexia ocorre em mais de 80% dos pacientes com câncer avançado, sendo responsável por um declínio em torno de 60% da massa corpórea, em relação ao peso ideal. Em mais de 20% dos pacientes, a caquexia é a causa principal da morte. Pacientes com 15% de perda ponderal apresentam prejuízos fisiológicos e a morte é frequentemente associada à diminuição de 30% do peso corpóreo (MARTÍN, 1999; TISDALE, 2002).

Com a terapia física, priorizando um limiar anaeróbico de exercícios, associada ao aporte nutricional específico, é possível estabilizar ou até mesmo reverter a progressiva perda ponderal no paciente com câncer de esôfago, justificando assim, o presente estudo de caso.

Este relato de caso tem como objetivo, ressaltar a importância da cinesioterapia em conjunto com o aporte nutricional no  paciente com perda ponderal decorrente de um câncer de esôfago. Além de aumentar os  parâmetros manovacuométricos e ventilométricos com o objetivo de assegurar um baixo risco de complicações respiratórias no pós-cirúrgico.


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