Ciência Política - contexto histórico: Heródoto pai da história

Por Emanuel Isaque Cordeiro da Silva | 31/01/2019 | Política

CIÊNCIA POLÍTICA

CONTEXTO HISTÓRICO: HERÓDOTO O PAI DA HISTÓRIA*1

Political Science - Herodotus father of history

O Primeiro Império Persa (550-330 a.C.) representava a maior e a mais populosa organização política até então erguida. A crise e a dissensão provocada pelo militarismo agressivo dos assírios permitiram que esse Império pudesse dominar a Ásia Central. A ocupação de toda Anatólia fez com que os gregos habitantes do litoral fossem submetidos aos persas, quebrando-lhes a autonomia política. Não obstante, não se submeteram facilmente revoltando-se sob a liderança de Mileto e pedindo aos outros gregos que os ajudasse. Logo, em 499 a.C., o Imperador Dario*2 (Egito, 486 a.C.) dominou a revolta. Concluiu, então, que deveria invadir a própria Grécia continental, por meio da Trácia. As cidades gregas foram sendo conquistadas pelos persas uma a uma, mas, na planície de Maratona, em 490 a.C., os atenienses surpreenderam e derrotaram os adversários, praticamente sozinhos.

O filho de Dario, Xerxes*3 (c. 519 – Persépolis, 465 a.C.), dez anos depois da famosa batalha, começou um novo ataque, invadindo a Grécia. Os espartanos concordaram em enviar um exército para manter o desfiladeiro de Termópilas, enquanto a frota ateniense enfrentava os persas no mar. Liderado pelo Rei Leônidas (m. Termópolis, 480 a.C.), trezentos filhos de Esparta enfrentaram uma multidão e só foram derrotados pelo ardil de um traidor. Vencido o obstáculo, o grande rei persa marchou para Atenas, tomando-a e saqueando-a. Não obstante, na batalha naval de Salamina, em 480 a.C., a força naval dos atenienses conseguiu indiscutível vitória, o que forçou os invasores a recuarem da Grécia Continental.

HERÔDOTOS*4 nasceu em Halicarnasso, cidade grega da Ásia Menor, em 484-479 a.C., em uma família envolvida com a política, por conta da qual foi exilado com a idade de trinta e dois anos. Daí, deu início às várias viagens, que lhe serviram de pano de fundo para sua obra História.*5 Foi, primeiro, para a Fenícia e, dela para o Egito, onde chegou até a ilha de Elefantina, pelo rio Nilo. Depois seguiu para Cirene, na Líbia. Em seguida, foi até Susa, no coração do Império Persa. Rumou ao Norte, para as cidades gregas do Mar Negro. De suas viagens, pesquisas e diálogos, ele criou sua fascinante obra História, que também recebera a influência da obra de Hecateu*6 e outras anteriores. Em 447 a.C., fixou residência em Atenas, onde lia publicamente trechos de seus livros. De tal modo agradou aos atenienses, elevando seus homens na guerra contra os persas, que lhe recompensaram com doze talentos, uma soma hoje que daria para comprar um bom modelo da Mercedes Benz.*7

HERÔDOTOS, durante o seu período em Atenas, conviveu com Péricles*8 (495-415 a.C.), por quem demonstrou admiração em História, Anaxágora*9 (500-428 a.C.), grande filósofo pré-socrático, e SÓFOCLES*10 (496/4-406 a.C.). Durante 464 e 496 a.C., foram enviados colonos atenienses à Itália, para fundar uma nova cidade, Túria, na costa do Golfo de Tarento, no local onde existia Síboris, destruída por sua vizinha Crotara. Ele se juntou aos colonos e tornou-se cidadão local, que teve a constituição elaborada por Protágoras de Ábdera,*11 resultando na existência de ideias com influência sofista.*12 HERÔDOTOS viveu em Túria, por vinte anos, e lá morreu, em 420 a.C.

Emanuel Isaque Cordeiro da Silva - Técnico em agropecuária pelo Instituto Federal de Pernambuco campus Belo Jardim. Normalista pela Escola Frei Cassiano Comacchio.

 

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SILVA, E. I. C. da

Nelson Nery Costa

Ciência Política

NOTAS:

*1: In: COSTA, N. N., Ciência Política. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. Cap. 2. pp. 48-50.

*2: “Dario I (m. Egito, 486 a.C.), filho de Histaspe, rei dos persas de 521 a 486 a. C. Reconstituiu a unidade persa reconquistando a Babilônia, a Susiana e a Média. Subjugou a Trácia e Macedônia, mas foi derrotado pelos gregos em Maratona (490). Organizou o Império, dividindo-o em sapatrias, e fiscalizando-o por meio de enviados especiais” (KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado. Rio de Janeiro: Delta, 1998, p. 494).

*3: “Xerxes I (c. 519 – Persépolis, 465 a.C.), rei da Pérsia (486-465 a.C.), filho de Dario I. Após ter submetido o Egito, que se revoltara, retornou contra os gregos os projetos de seu pai, invadindo a Ática, derrotando Leônidas nas Termópolis e devastando Atenas. Vencido em Salamina, viu-se obrigado aretornarà Ásia. Morreu assassinado por um dos seus cortesões” (KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado, op. cit., p. 1689).

*4: “Herôdotos, historiador grego (Halicarnasso c. 484, Túrio c. 420) realizou grandes viagensà Ásia(paraalém de Susa), à África (onde subiu o Nilo atéailha de Elefantina),à Europa, ondeatingiu,ao Norte, o Bósforo cimeriano, e visitou a Grécia continental e a Magna Grécia. Por volta de 446-445 fixou-se em Atenas, onde se tornou amigo de Péricles e de Sófocles. Em 445, partiu com os colonos atenienses parafundar Túrio. Suas Histórias (divididas em nove livrosapósa época helenística) permaneceram como a fonte principal com o estudo das Guerras Médias e dos povos nelas envolvidos; apresentam-se como um conjunto de pesquisas orientadas por um espírito preocupado em explicar a origem e o desenvolvimento do conflito. Herôdotos é tradicionalmente designado como o Pai da História” (Grande Enciclopédia Larousse Cultural. s/l: Nova Cultural, 1998, vol. XII, p. 2954).

*5: A História de Herôdotos é uma obra de vasto alcance, examinando na primeira parte a civilização das terras conquistadas pelos persas,ao passo queasegunda metade trata de guerraentre persas e gregos. O historiador obteve seu material das obras de escritores peritos e dos documentos que pôde conseguir, mas baseou-se principalmente nas informações que recolhia em palestras com os agentes das terras que visitou. Esse método resultou no registro de muitos mitos e anedotas que têm grande encanto, mas pouco valor histórico. Herôdotos teve suas falhas: muitas vezes era crédulo, em especial quanto a superstições religiosas; outras, era descuidado e tinhasua parte de preconceitos. Não obstante, a obra desse astuto e amável observador tem tremendo significado para a história” (SAVELLE, Max (coord.). História da Civilização Mundial: as primeiras culturas humanas. Belo Horizonte: Vila Nova Editora, 1990, vol. I, p. 194).

*6: “Hecateu de Mileto, historiador e geógrafo da Jônia (séc. VI)” (KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado, op. cit., p. 809).

*7: “Por onde passava, ia observando e investigando com olhos de cientista e curiosidade de criança; e quando, mais ou menos em 447, fixou residênciaem Atenas,achava-se munido de riquíssimos sortimentos de notas relativasà geografia, à história e aos costumes dos Estados mediterrâneos. Servindo-se dessas notas e dum pouco de plágio da obra de Hecateu e outros precursores, compôs a mais famosa de todas as obras históricas, registrando a vida e a história do Egito, do Oriente Próximo e da Grécia, desde suas origens legendáriasaté o desfecho da Guerra Persa. Uma velha fábula conta-nos que Herôdotos leu publicamente parte de seus livros em Atenas e Olímpia, e a tal ponto agradou os atenienses com o relato da guerra e das façanhas de Atenas, que a cidade o presenteou com 12 talentos ($ 60.000) – prêmio que qualquer historiador consideraria bom demais para ser verdade” (DURAN, Will. História da Civilização: nossa herança clássica. Rio de Janeiro: Record, s/d, vol. II, p. 339).

*8: “Péricles, político ateniense (c. 495 – Atenas, 429 a.C.), filho de Xantipo. Tornou-se, em 459 a.C., rival de Címon e chefe do partido democrático. Exerceu profundas influências sobre seus concidadãos. Reeleito estratego pelo menos quinze vezes, foi durante muito tempo chefe de Estado (443-429), cujo caráter democrático acentuou. Depois da paz dos Trinta Anos com Esparta (446), firmou em sólidas bases o poder naval e colonial de Atenas no seio da Confederação Ateniense. Protegeu as artes e letras, embelezou Atenas com monumentos (Paternon) eativou as obras de urbanismo. Deu-se seu nome ao século mais brilhante da Grécia” (KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado, op. cit., p. 1240).

*9: “Anaxágora, filósofo da escola jônica (Clazómeros, c. 500 – Lâmpsaco, 428 a.C.). Introduziu na filosofia a ideia de um princípio ordenador, ainteligência. Péricles e Sófocles seguiram sualição” (KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado, op. cit., p. 84).

*10: Vide nota 2 do capítulo III, Sófocles.

*11: “Protágoras, sofista grego (Abdera c. 485 – m.c. 410 a.C.). A seu ver todos os nossos conhecimentos se originaram das sensações” (KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado, op. cit., p. 1.311).

*12: “72 [...] Se é necessário dizer uma mentira, digamo-la. Todos desejamos a mesma coisa, tanto o mentiroso quanto o adepto da verdade; uns mentem quando, persuadindo alguém com suas mentiras, esperam levar alguma vantagem, outros dizem a verdade para obter para si mesmo alguma vantagem, falando a verdade e para que se tenha mais confiança nelas. Assim, sem usar os mesmos meios visamos os mesmos objetos. Se as pessoas não esperassem obter vantagens, veriam os adeptos da verdade mentindo e os mentirosos falando a verdade indiferentemente” (Livro III) (HERÔDOTOS. História. Brasília: Universidade de Brasília, 1985, p. 174).

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