Ciência E Senco Comum

Por Robson Stigar | 17/05/2008 | Filosofia


*Robson Stigar

Introdução

As novas formas de conhecimento impõe uma realidade cientifica volátil e por isso mesmo muito confusa. Por isso a autor percorre o conceito de ciência desde os filósofos modernos ate chegar às definições contemporâneas.

Segundo Marilena Chauí é necessário fazer uma distinção entre o conceito de senso comum e de ciência, mostrando as peculiaridades do senso comum e da conduta cientifica. A sociedade moderna possui muitas dificuldades em entender o conceito de ciência devido a confusão feita com os três paradigmas existentes. O conceito clássico ou racionalista, o conceito empirista e o conceito construtivista.

Senso comum e ciência

Dentro deste, cenário CHAUI entende que a razão sofre com a crescente conduta instrumental, a reflexão sede lugar a prática tornando a razão fragmentada e dissolvida.

Com isso, as opiniões do senso comum podem apenas servir de ponto de partida, mas não se enquadram no modelo cientifico. Com efeito, a ciência é diferente de uma opinião do senso comum porque o cientista adota um rigor extremo em suas investigações e por isso é chamada de Ciência.mostrando as peculiridades dm e de ciencia ao

Chauí caracteriza o senso comum como uma visão aproximada das cosas, uma aparência, enquanto isto o cientista procura descobrir como funcionam as coisas e como as coisas são enquanto existem no mundo físico ou do movimento.

Assim, a concepção de tempo espaço se modifica com relação ao paradigma adotado pelo cientista. A autora entende que o trabalho cientifico é rigoroso e sistemático, enquanto que o senso comum aceita a magia e outras analogias possíveis como formas de conhecimento.

"o objetivo cientifico é uma representação intelectual universal, necessária e verdadeira das coisas representadas, e corresponde à própria realidade, porque esta é racional e inteligível em si mesma." (CHAUI, 2003: 221).

Assim, na experiência empírica o cientista busca verificar a sua teoria para poder avalizar seu pensamento. Portanto, comprovar a teoria e não criar outra. A autora percorre os conceitos de ciência adotados por Granger eKuhn para discutir as contradições existentes entre as diferentes formas de conceber a atividade cientifica. Desta maneira, as concepções adotadas ditam a forma de ciência que será perseguida pelos pesquisadores.

Finalmente Chauí entende que as novas tecnologias representam uma constante mudança no paradigma de ciência adoto na comunidade internacional. Com efeito, é incumbência do filosofo da ciência procurar repensar constantemente essas definições.

Portanto, a genética e as novas formas de conhecimento cientifico levam em si um desafio ético que depende de uma reflexão racional e filosófica profunda, a filosofia moderna nuca esteve presente de maneira tão viva, pois "saber é poder" como postulo BACON.

No nível superficial pode-se dizer que a nova Ciência da Natureza ou Filosofia Natural possui três características: 1) passagem da ciência especulativa para a ativa, na continuidade do projeto renascentista de dominação da Natureza e cuja fórmula se encontra em Francis Bacon: "Saber é Poder"; 2) passagem da explicação qualitativa e finalística dos naturais para a explicação quantitativa e mecanicista; isto é, abandono das concepções aristotélico-medievais sobre as diferenças qualitativas entre as coisas como fonte de explicação de suas operações (leve, pesado, natural, artificial, grande, pequeno, localizado no baixo ou no alto) e da idéia de que os fenômenos naturais ocorrem porque causas finais ou finalidades os provocam a acontecer. Tais concepções são substituídas por relações mecânicas de causa e efeito segundo leis necessárias e universais, válidas para todos os fenômenos independentemente das qualidades que os diferenciam para nossos cinco sentidos (peso, cor, sabor, textura, odor, tamanho) e sem qualquer finalidade, oculta ou manifesta; 3) conservação da explicação finalística apenas no plano da metafísica: a liberdade da vontade divina e humana e a inteligência divina e humana, embora incomensuráveis, se realizam tendo em vista fins (o filósofo Hobbes suprimirá boa parte das finalidades no campo da moral, dando-lhe fisionomia mecanicista também, e o filósofo Espinosa suprimirá a finalidade na metafísica e na ética, criticando-a como superstição e ignorância das verdadeiras causas das ações).

É essa a idéia que se exprime na famosa frase de Galileu que abre a modernidade científico-filosófica:

"A filosofia está escrita neste vasto livro, constantemente aberto diante de nossos olhos (quero dizer, o universo) e só podemos compreendê-lo se primeiro aprendermos a conhecer a língua, os caracteres nos quais está escrito. Ora, ele está escrito em linguagem matemática e seus caracteres são o triângulo e o círculo e outras figuras geométricas, sem as quais é impossível compreender uma só palavra".

Amecânica como nova ciência da Natureza. Isto é, a idéia de que todos os fenômenos naturais são corpos constituídos por partículas dotadas de grandeza, figura e movimento determinados. Que seu conhecimento é o estabelecimento das leis necessárias do movimento e do repouso que conservam ou modificam a grandeza e a figura das coisas por nós percebidas porque conservam ou alteram a grandeza e a figura das partículas.

Por outro lado, a idéia de que estas leis são mecânicas, isto é, leis de causa e efeito cujo modelo é o movimento local (o contato direto entre partículas) e o movimento à distância (isto é, a ação e a reação dos corpos pela mediação de outros ou, questão controversa que dividirá os sábios, pela ação do vácuo). Fisiologia, anatomia, medicina, óptica, paixões, idéias, astronomia, física, tudo será tratado segundo esse novo modelo mecânico. E é a perfeita possibilidade de tudo conhecer por essa via que permite a intervenção técnica sobre a natureza física e humana e a construção dos instrumentos, cujo ideal é autônomo e cujo modelo é o relógio.

Conclusão

A destruição, vinda do Renascimento, da idéia greco-romana e cristã de Cosmos, isto é, do mundo como ordem fixa segundo hierarquias de perfeição, dotado de centro e de limites conhecíveis, cíclico no tempo e limitado no espaço. Em seu lugar, surge o Universo Infinito, aberto no tempo e no espaço, sem começo, sem fim, sem limite e que levará o filósofo Pascal à célebre fórmula da "esfera cuja circunferência está em toda parte e o centro em nenhuma".

Não apenas o heliocentrismo é possível a partir dessa idéia, mas com ela dois novos fenômenos ocorrem: em primeiro lugar, a perda do centro, que levará os pensadores a uma indagação que, de acordo com o historiador da filosofia Michel Serres, é essencial e prévia à própria possibilidade do conhecimento, qual seja, indagam se é possível encontrar um outro centro, ou um ponto fixo a partir do qual seja possível pensar e agir (os filósofos falam na busca do ponto de Arquimedes para o pensamento); em segundo lugar, uma nova elaboração do conceito de ordem e que, segundo Michel Foucault, será a motivação principal na elaboração moderna do método para conhecer (sem ordem não há conhecimento possível, e a primeira coisa a ordenar será a própria faculdade de conhecer);

A geometrização do espaço. Este era na física aristotélico-tomista, um espaço topológico e topográfico (isto é, constituído por lugarestopoi — que determinavam a forma de um fenômeno natural, sua importância, seu sentido), o mundo estando dividido em hierarquias de perfeição conforme tais lugares. Agora, o espaço se torna neutro, homogêneo, mensurável, calculável, sem hierarquias e sem valores, sem qualidades.

Bibliografia

ABAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 1998.

CAPRA, Fritzof. O ponto de mutação, São Paulo, Cultrix, s/d.

CHAUIí, Marilena. Convite a filosofia. Ed: Atica. São Paulo. 1999.

REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Ed Paulinas. São Paulo, 1991

KHUN, Thomas. A Estrutura da revolução cientifica, São Paulo, Perspectiva, 1996.

SANTOS, Boaventura. Introdução a uma ciência pós-moderna. RJ, Graal, 1989.



* Licenciado em Ciências Religiosas; Licenciado em Filosofia; Bacharel em Teologia; Aperfeiçoamento em Sociologia Política; Especialização em História do Brasil; Especialização em Ensino Religioso; Especialização em Psicopedagogia; Especialização em Educação, Tecnologia e Sociedade; Especialização em Catequética; MBA em Gestão Educacional; Mestrando em Ciências da Religião. Professor de Filosofia e Ensino Religioso na rede publica estadual de ensino do estado do Paraná.