CICLOS
Por Aida Susete pietzarka | 14/09/2014 | CrônicasCICLOS
Tudo na natureza é cíclico, tem início, meio e fim. As estações do ano se alternam, os meses, dias e semanas se sucedem. Penso que em nossas vidas, também os ciclos se abrem e se fecham. Passei por muitas mudanças, cresci, amadureci e me transformei, normal que vários ciclos tenham se encerrado. Restam poucos vestígios da menina que fui, da adolescente que nem cheguei a ser, pois as responsabilidades me empurraram de vez para a vida adulta. Hoje olhando para os móveis de minha casa, todos envelhecidos, tomados pelos cupins, minhas roupas todas ultrapassadas, vejo que mais alguns ciclos terão que se encerrar. A natureza manda recados. Temo concluir que se os móveis estão sendo corroídos pelos cupins, minha vida afetiva também pode estar sofrendo os sintomas do tempo e deteriorando-se. Em três décadas, se alternaram muitos ciclos, muitas fases, e eu não sou mais a mesma, como querer que meus sentimentos não mudem? Você fica relutando, agarrando-se como náufrago a um relacionamento que está agonizando, não querendo admitir que seu fim está próximo. Estamos preso a uma cultura do "até que a morte os separe". Se não for a morte natural, será a morte em vida, a qual estaremos condenados se não percebermos que o ciclo se fechou. Mas, como tudo é cíclico, poderá haver uma "volta ao começo" e os sentimentos se renovarem, renascerem e você resgatar algo que parecia perdido, findo. Ver-se apaixonada pela mesma pessoa, inúmeras vezes, como se fosse a primeira vez. E este será o início de um novo ciclo. Aida Pietzarka