Celso Furtado e o Desenvolvimento do Nordeste

Por Bruno de Abreu Oliveira | 15/01/2018 | História

Este artigo tem como objetivo compreender as representações do desenvolvimento econômico nordestino nas obras de Celso Furtado, mediante uma análise discursiva e comparativa entre sua obra e de outros autores que já expõem os pensamentos do mesmo acerca do Nordeste. A partir desta análise, busca-se traçar uma visão panorâmica da produção acadêmica desse economista, tão importante no cenário nacional, em torno das disparidades regionais brasileiras com ênfase no Nordeste. Havendo assim a apresentação de como se formou essa heterogeneidade tanto no Nordeste em relação ao Brasil e, assim como, a América Latina. E a exposição dos principais aspectos da economia nordestina, de cunho histórico, climático e político-econômico.

Introdução

Por ter nascido e criado em Pombal, na Paraíba, Celso Furtado manteve uma relação muito forte com o Nordeste. Sua infância foi marcada diretamente pelos aspectos nordestinos, onde desde cedo pode observar o sofrimento da maior parte populacional dessa região. Mais tarde vai estudar no Rio de Janeiro, onde aprofundou seus estudos na área de direito. Posteriormente ingressou no curso de doutorado em economia, pela Universidade de Paris- Sorbonne. Onde pode analisar mais de perto a oposição entre o desenvolvimento europeu e o subdesenvolvimento vivido aqui no Brasil, mais precisamente no Nordeste. Celso Furtado tornou-se membro da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como princípios de ação impulsionar a colaboração econômica entre os países membros. Na CEPAL pode, ao lado de grandes economistas latinos, “aliar suas linhas de pensamentos teóricas e práticas acerca do subdesenvolvimento na América Latina, formulando a ideia de um processo histórico do subdesenvolvimento econômico”, segundo Wilson Cano. No livro ‘Formação Econômica do Brasil’, principal obra do autor, publicada em 1959, Celso Furtado constitui um importante estudo sobre a história da economia brasileira abordando temas como fundamentos econômicos da ocupação territorial, economia escravista de agricultura tropical, economia escravista mineira, de transição para o trabalho assalariado e de transição para um sistema industrial. Nesse mesmo ano de publicação de sua principal obra, Celso Furtado criou a ‘Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste’ (SUDENE), a pedido do então presidente da república, Juscelino Kubitschek. A SUDENE foi criada com o intuito de resolver, ou pelo menos atenuar, o retrocesso econômico e social vivido no Nordeste brasileiro. Portanto esse será o principal enfoque desse artigo. A relação entre os pensamentos sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento regional de Celso Furtado e a questão econômica e social no Nordeste.

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