CDXCVI –  “OS ‘AMIGÕES DO GOVERNADOR PAVAN FALHARAM? O QUE PENSAM OS DELEGADOS ‘TONINHO’ E JULIO TEIXEIRA E  O LAPSO DA DELEGADA KARLA”. 

Por Felipe Genovez | 05/07/2018 | História

PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 11.11.2010, horário: 12:30 horas:

Tinha a acabado de chegar na cidade de Curitibanos para almoçar com o Delegado Antonio Carlos Pereira (Delegado Toninho), Corregedor de Polícia do Interior, conforme já tinha acertado horas antes, quando ainda estava na cidade de Herval do Oeste.

Logo que cheguei na frente do Restaurante Calábria, no centro da cidade, avistei um “senhor” de costas, trajando terno, ao celular, e  imaginei que estava tentando ligar para ver onde eu andava. Para fazer uma brincadeira, liguei para o celular de “Toninho”, quando ele se virou e liberou aquele seu sorriso. A seguir, nos dirigimos para interior do restaurante enquanto Silvane concluía uma ligação na viatura Renault Logan. De início conversamos sobre o futuro da direção da Pasta da Segurança Pública e da Delegacia-Geral da Polícia Civil. Toninho de imediato foi afirmando que os nomes que estavam fortes era o cargo de Secretário de Segurança Pública era o de “Julio Teixeira”, dos Promotores Onofre Agostine e Ancelmo (este Procurador de Justiça), sendo que mais um outro que depois soube que se tratava de Grubba, sim aquele do caso “Marlene Rica”. Perguntei sobre o nome do Delegado-Geral e “Toninho” perguntou se eu já tinha feito algum contato. Respondi que até aquele momento não tinha feito nada, digo, relatei que tinha um contato com o Deputado Federal Paulinho Bornhausen e que aguardaria para ver no que daria, sempre lembrando que não tinha projeto pessoal algum, mas, isto sim, um compromisso institucional com o projeto da Procuradoria-Geral de Polícia, porém, achava muito difícil no futuro governo emplacar essa iniciativa.

Registrei que o momento oportuno era o atual, com os amigos de Pavan na Polícia Civil, leia-se: Maurício Eskudlark, Ademir Serafim, André Mendes e “Renatão”. Toninho me confidenciou que “Renatão” estava isolado, que deixaram ele sozinho...

Acabei relatando a conversa que tive com a Delegada Marilisa e Toninho comentou:

- “Tá vendo, eu não te disse, ele agora está sozinho...”.

Interrompi:

- “Puxa vida, tu vê, ‘Toninho’, enquanto o ‘Renatão’ estava nesse ‘oba-oba’ da ‘Carreira Jurídica’ estavam todos numa boa com ele, mas como o negócio da ‘carreira jurídica’ não vingou agora ele parece que está afundando, todos pularam fora e deixaram a batata quente nas mãos dele, porque se alguma coisa der errada vai explodir nas mãos de quem? Claro que ele vai virar bode-expiatório, vai queimar... Pensa bem ‘Toninho’, com essa dos Oficiais virarem ‘carreira jurídica’ o governo não vai ter como bancar aumentos salariais para todos, e daí ficamos piores ainda, porque os Oficiais é que serão beneficiados, vão ter tratamento de carreira ‘jurídica’  a reboque dos Delegados, mas e amanhã?”

O Delegado Toninho” me olhou meio que frustrado e pelo menos deixou escapar uma frase de peso:

- “É Felipe, mas o teu projeto dos Procuradores de Polícia é importante, muito importante...”.

Em seguida “Toninho” passou a mão no celular e fez uma ligação e logo que seu interlocutor atendeu passou a conversar animadamente:

- “Tu não sabes com quem eu estou aqui agora, bem na minha frente? Ah, precisas conversar com ele...”.

Bom, a curiosidade era total e pensei: “quem seria?” Logo que “Toninho” me repassou o celular constatei que se tratava do Escrivão Milton Sché Neves que me atendeu prontamente:

- “Oh, doutor, estávamos falando do seu nome. Sempre o seu nome é citado, precisamos conversar urgente.Tem um horário que a gente possa marcar para conversarmos? Bom, eu estou aqui com o Julio, fala com ele...”.

Não poderia imaginar que a “dupla” estivesse ali juntos, também, almoçando. Logo que Julio pegou o telefone foi me invocando:

- “Felipe, e daí, como é que estais?”

Respondi pronta e efusivamente:

- “Oh, Julio, como é que vais, vou bem, tenho acompanhado o teu trabalho, espero que dê tudo certo para ti”.

Julio me interrompeu:

- “Felipe, não é que se passaram dez anos sem que a gente conversasse, mas o teu nome é sempre citado para o Raimundo. Podes ficar tranquilo, mesmo que se passarem dez anos, em todos os encontros o teu nome é colocado, o Raimundo já está sabendo quem tu és. Nós precisamos fazer projetos, precisamos nos encontrar...”.

Interrompi:

- “Sim, sim, eu já conversei com o Milton e disse que na semana que vem, na sexta eu estou aí e faremos contato, vamos marcar um encontro...”.

Julio me interrompeu:

- “Tá bom querido, a coisa está indo bem, sexta, o problema é que nós não temos nada escrito, não temos projeto algum e precisamos contar contigo para escrever...”.

Interrompi:

- “Julio, tudo bem, na sexta nós conversamos. Eu tenho um contato com o ‘Paulinho Bornhausen’ e estou aguardando um retorno, ajudei ele na campanha...”.

Julio me interrompeu:

- “Felipe, o nosso negócio é puramente técnico, sem política nenhuma, podes ficar tranquilo...”.

Interrompi:

- “Isso, tu sabes que o meu negócio sempre foi institucional, nada no plano pessoal, então...”.

Julio interrompeu:

- “Eu sei querido, eu sei. Eu também não tenho pretensão política alguma, não sou mais candidato a nada”.

Acabamos a ligação de forma fraternal e “Toninho” comentou:

- “Eles não têm projeto nenhum, esse é o problema, por isso que tu tens que estar lá. Visse como foi bom o contato, a vida é isso aí, diálogo, contatos, ficou melhor do que a gente esperava. Visse, eu liguei para falar com o Milton e tu já conversasses com os dois, eles estão sempre juntos, todos os dias...”. 

No final do almoço “Toninho” pediu que eu levasse umas caixinhas de caipira para o Delegado Corregedor Nilton Andrade.  Acabei também ganhando duas e mais uma caixa de vinho colonial, que não pensei em rejeitar, como antigamente. Depois de nos despedir fiquei pensando no Delegado “Toninho”, não parecia mais o mesmo, cheio de articulações, energia, iniciativa, vontade de viver,  agora parecia cansado nos seus sessenta e dois anos, e para minha surpresa, querendo ir embora, cheguei a pensar que estivesse em “crise existencial”, já que mora sozinho na cidade e sua família, distante, noutra... e há muitos anos era assim, só que quando se é novo é uma coisa, mas quando a idade começa a apertar...hummm!

Data: 12.11.2010, horário; 10:00 horas:

Estava na DRP de Rio do Sul, no gabinete da Delegada Karla Bastos (Delegacia da Mulher), ouvindo testemunhas desde a tarde do dia anterior, sobre uma representação do Promotor Frank contra o Delegado Isomar, por não lavrar um APF em caso de acidente de trânsito (moto), com auto- lesão, sem envolver terceiros. Já tinha pensado que quando tivesse oportunidade lembraria a Delegada Karla da nossa conversa na época da tramitação da “PEC 549”, quando pedi a ela que não fosse para Brasília com a Delegada Sonéa fazer “lobbies”. Primeiramente, conversamos sobre quem poderia ser o futuro Secretário de Segurança e parecia ser unanimidade, em Rio do Sul porque todos torciam por Julio Teixeira. Em conversa que tive com os Delegados Luiz Gonçalves, Isomar e Karla naquela DRP,  me disseram que Julio era primo do Deputado Teixeira que se elegeu pela região, além disso, era filiado ao “DEM” e ex-deputado estadual, além, de ser primo de um “Bispo”, possuía dois irmãos médicos fortes na cidade. Quando tive oportunidade, me dirigi para Karla e disse:

- “Lembras aquela vez que conversamos e tu me perguntasses o que eu achava? Tu dissesses que a Sonéa, presidente da Adepol, tinha ligado para ti convidando para ir com ela até Brasília fazer lobby para a ‘PEC 549’?” 

Karla pareceu um misto de curiosidade e surpresa:

- “Não lembro disso”.

Continuei:

- “Sim, vê se lembra, tu ainda me pedisses meu conselho e eu disse: ‘não vai Karla, não aceita, não aceita, só vais queimar o teu filmem, só vais ser usada’. E olha no que deu? Vocês foram para Brasília, ela colocou a foto de vocês na ‘rede’ circulando pelos gabinetes dos Deputados, mas e daí? Bom, hoje ninguém fala mais na tal de ‘Pec’, e a doutora Sonéa deixou a Adepol pelas portas dos fundos, melhor, colocou o ‘Renatão’ no lugar dela para sair quietinha, o marido dela também não conseguiu emplacar como Secretário de Segurança, simplesmente foi mandado embora...”.

Karla fez uma cara esquisita e comentou:

- “Foi bem isso aí que tu disseste foi uma vergonha, mas foi bom”.

Interrompi sem saber o que ela iria dizer, mas aproveitei para emendar:

- “Sim, foi ótimo, pelo menos deu para dar uma passeada em Brasília, pelo menos isso...”.

Nada mais foi comentado e Karla parece que quis mudar de assunto...

Horário: 12:10 horas:

Tinha acabado de ouvir o Delegado Luiz Carlos Gonçalves e aproveitei para bater um papo, o que sempre era algo muito prazeroso. Luiz lembrou que ele e o Delegado Maurício Eskudlark eram como dois irmãos e que conseguiram mais de mil votos para o mesmo nas últimas eleições na região de Rio do Sul...

Horário: 18:15 horas:

Já estava na Corregedoria da Polícia Civil (Florianópolis) e resolvi dar uma passada no gabinete do Corregedor Nilton Andrade para avisar das “caipirinhas”  que o Delegado “Toninho” havia mandado para ele. Aproveitei para perguntar se havia alguma novidade. Nilton Andrade primeiramente falou do Secretário de Segurança Pública e de como estava repercutindo mal suas declarações na mídia impressa na última semana, falando que no Estado existe uma facção criminosa dentro do sistema penitenciário que estava comandando a onda de assaltos. Nilton Andrade não sabia de nada, e ficamos somente no plano das cogitações.

Durante o curso da nossa conversa, como já era costume argumentei que o projeto de “Pec” de criação da Procuradoria-Geral de Polícia não criava, em tese, despesa alguma para o Estado, apenas, pretendia desvincular a Polícia Civil da Pasta da Segurança Pública, coisa fácil de se fazer, diferentemente de outras instituições que apenas buscavam melhorias salariais, e conseguiram às pencas. Argumentei que então restava a pergunta: “de que adiantou a amizade de Maurício Eskudlark, Ademir Serafim, André Mendes e “Renatão” com o governador Pavan?” Comentei com Nilton Andrade que pelo jeito pensaram pequeno, se apequenaram e deixaram para os seus pares um exemplo de como se devia fazer para empurrar com a barriga e se priorizar outros projetos factóides, tipo: “os carreiras jurídica”, a “PEC 549”, os “subsídios”, dentre outras maldades.... Já outras categorias deixaram uma conta bem gorda para o Estado pagar, porque se aproveitaram da situação para tratar de seus interesses, aliás, existiam pessoas que realmente eram “grandes” amigos do Governador Pavan e que souberam – com eficiência – reivindicar o que era para ser... Enquanto isso, os policiais iriam amargar alguns anos, talvez décadas para ver melhorias na área policial..., isso se realmente viesse acontecer:

Colombo e a bomba - Raimundo Colombo vai assumir o governo, no dia 1º de janeiro de 2011, com uma bomba de efeito retardado pronta para explodir: a folha de pagamento do funcionalismo público. Os primeiros dados indicam que o aumento com despesas com pessoal deve ficar em torno de R$ 730 milhões. Resultado dos benefícios concedidos pelo governador Leonel Pavan logo após assumir o governo, em abril. Os números serão conhecidos hoje, oficialmente, pelo governador eleito. Dado grave: a folha deve ultrapassar o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Colombo desembarcou ontem, depois de permanecer quatro dias em Madri, onde participou de um curso sobre gestão pública e comunicação, e manteve encontros com o professor Jorge Rábago, diretor do Centro de Inteligência do Partido Popular Espanhol do ex-primeiro-ministro José Aznar. Visitou a sede do PP. Ficou impressionado com a estrutura. Viajou acompanhado do deputado Antônio Ceron, do publicitário Fábio Veiga e do filho Edison. A rigor, na volta, manteve contato apenas com o professor Ubiratan Rezende, com quem tratou da questão financeira do Estado e da nova estrutura. Preocupação principal de Raimundo Colombo: a situação financeira do governo. Quer todos os dados para ter um diagnóstico preciso do orçamento do próximo ano. As apreensões que tinha quando viajou para a Espanha aumentaram. Nas conversas com dirigentes do PP e outros contatos em Madri e Paris, recebeu informações nada otimistas sobre a economia europeia em 2011. O PIB deve cair. Se a queda no crescimento repercutir no Brasil, a receita estadual poderá não repetir os excepcionais índices deste ano”  (Moacir Pereira, 15.11.2010).

Deu na coluna do Prisco Paraíso, no jornal “A Notícia”:

Hoje à noite, Raimundo Colombo viaja a Brasília, onde reassume a cadeira no Senado. Quer participar da votação do Orçamento 2011. Na quarta-feira, à noite, deve voltar ao Estado. Na quinta-feira, tem planos de conversar pessoalmente com Eduardo Pinho Moreira (PMDB), iniciando na prática a discussão dos nomes e dando a largada da transição dos governos. ‘Algumas coisas são óbvias: quero um gestor na Secretaria da Saúde e um técnico na Segurança Pública’, antecipa. Estão previstas ainda reuniões com os aliados da tríplice aliança entre quinta e sexta-feira. No levantamento dos nomes, garante o futuro governador, continua valendo o critério da proporcionalidade dos aliados na Assembleia – a divisão dos cargos ocorre de acordo com o número de deputados eleitos”  - Mudanças à vista - Há pelo menos três possibilidades de mudança na estrutura administrativa do futuro governo. A fusão das secretarias da Fazenda e Planejamento depende da análise de números para ser concretizada. Outra proposta é que a Secretaria de Justiça e Cidadania e a Secretaria de Segurança Pública voltem a ter os orçamentos separados – o modelo seria o mesmo usado no governo Amin. Prioridade, mesmo, é a criação da Secretaria de Prevenção a Catástrofes, uma das promessas de campanha de Raimundo Colombo. A intenção é que a pasta seja uma versão ampliada da Defesa Civil. ‘Não vou criar novos cargos, quero aproveitar a estrutura de alguma secretaria que possa ser extinta, mas ainda não sei qual’, avisa Raimundo Colombo” (A Notícia, Prisco Paraíso, 15.11.10).

Reação - 15-11-2010 - As informações da coluna referentes à PEC que inclui policiais em carreira jurídica provocaram uma imediata reação por parte de setores da categoria destacando que ‘leia-se Delegados e Oficiais da PM’. Os agentes da Polícia Civil e Praças da Polícia Militar, mais uma vez estão de fora das benesses. Frisando: ‘a sociedade precisa saber’ (Paulo Alceu, 15.11.10 - http://www.pauloalceu.com.br/coluna_interna?colunas=ant&coluna=2010-11-15).

Sinal vermelho - 16-11-2010 - A maior preocupação do futuro governo do Estado é com o inchaço da folha de pagamento que em janeiro aumenta em R$ 730 milhões conseqüência do pacote de abril. Mas não fica só nisso. Há também o aumento dos repasses aos Poderes que soma mais R$ 80 milhões. Ou seja, Raimundo Colombo toma posse com um acréscimo de R$ 810 milhões a pagar. E agora? O vice Eduardo Moreira revelou preocupação e afirmou que nesse período de transição será o tema principal a ser tratado visando uma solução. ‘Da onde vamos tirar dinheiro,’ desabafou”  (Paulo Alceu, 16.11.10 -  http://www.pauloalceu.com.br/coluna_interna?colunas=ant&coluna=2010-11-16.

Modificações - 17-11-2010 - É praticamente certo que dos 40 deputados uns cinco no mínimo serão chamados para a administração de Colombo. Isso ocorrendo o primeiro suplente a assumir será o tucano Maurício Skudlark seguido dos peemedebistas Mauro de Nadal, Dirce Heidercheidt e Edison Andrino. Cada indicação provoca um movimento” (Paulo Alceu, 17.11.10 - http://www.pauloalceu.com.br/coluna_interna?colunas=ant&coluna=2010-11-17).

“Secretário André Luis Mendes da Silveira recebeu em gabinete o ex-Chefe da Polícia Civil de SC, delegado Maurício Eskudlark, homenageado com a Medalha do Mérito Funcional Alice Guilhon Gonzaga Petrelli, comenda entregue pelo governo do Estado - http://www.ssp.sc.gov.br/ -