Cativeiro Existencial
Por Marcia Dalva Machinski | 05/01/2011 | PoesiasHá algo em mim querendo transbordar
Derramei óleo, derrubei farofa, queimei as torradas
Talvez, atos falhos de minha realidade psíquica
E o que esteja a transbordar seja a saudade
Ou a tristeza do vazio que se fez
Meu desejo de amar não correspondido
Pelos nossos tempos desencontrados
Só queria tê-lo aqui
Impressionante como você me acalmava, como você me centrava
Estou sem rumo, pareço barco a deriva
Será que estou doente ou será isso amor
Amor difícil de ser escalado, tão íngreme, tão perigoso
Foi tão breve te conhecer e mesmo assim
Trouxeste paz, fortaleceste o meu ser, deste-me brio
Mas, assim, de repente você se foi, por precisar ficar só
Duas realidades tão antagônicas
Eu precisando ficar perto de ti
E, você precisando ficar longe de todos e, também, de mim
Transbordaram o que queria transbordar, as lágrimas
Lágrimas tristes de solidão, que não compreendem, o porquê ou para quê
Enquanto todos acham seu par, nós nos desencontramos
Você me encantou e se foi tão só eu fiquei
Tão só, eu refém do teu direito ao livre arbítrio
Tão só, você preso a tua necessidade de partir, mesmo querendo ficar
Tão só, você livre, preso pela angustia de não saber se, ao querer voltar, me encontrarás
Tão só, eu livre, presa pela angustia em decidir esquecer ou amar
Tão só, eu cativa a ti, sem saber se
Tão só, um dia você livre de suas angústias ficará, e
Tão livre, em meus braços, por ti próprio, te prenderás, enfim
Tão juntos, sem cativeiros, nos amaremos