Casos curiosos de cartões amarelos e vermelhos
Por Laércio Becker | 17/01/2011 | SociedadePor Laércio Becker, de Curitiba-PR
Em 01.10.2011, no estádio Mestalla, Valencia 1x0 Granada, o árbitro Eduardo Gonzalez escorregou e acabou dando um carrinho no meia Sergio Canales, do Valencia. Merecia um cartão? Só se fosse aplicado pelo auxiliar...
Dias depois, em 07.10.2011, no amistoso Austrália 5x0 Malásia, nos acréscimos, o zagueiro malaio K. Reuben conseguiu a façanha de dar um carrinho no árbitro! Deve ser o sonho de muito zagueiro... e ainda por cima não ganhou cartão, pois o lance foi involuntário.
Vejamos a seguir alguns casos curiosos de cartões que, ao contrário dos casos acima, foram aplicados.
Recorde de cartões numa só partida
Em 16.04.1978, pelo campeonato brasileiro, no jogo Brasil de Pelotas 0x1 Caxias, no Estádio Centenário, o árbitro paulista Edmundo Abssanra distribuiu 13 cartões amarelos para jogadores do Brasil, ou seja, os 11 que começaram jogando (um deles o então zagueiro e atual técnico Felipão) e os 2 que entraram no segundo tempo. Detalhe: sem expulsar nenhum.
Em 01.06.1993, no Paraguai, no jogo Sportivo Ameliano x General Caballero, o árbitro William Weiler expulsou 20 jogadores.
Em 26.06.1954, pelo Torneio Rio – São Paulo, no Pacaembu, quando a Portuguesa vencia o Botafogo por 3x1, uma confusão generalizada fez com que o árbitro Carlos de Oliveira Monteiro expulsasse todos os 22 jogadores em campo, entre eles Garrincha.
Em 25.10.1992, num jogo entre juniores, em Volta Redonda, o árbitro Julio Lousada Pereira expulsou simplesmente 32 jogadores do Volta Redonda e do Campo Grande. Ou seja, titulares e reservas, ninguém escapou. Depois, o STJD suspendeu-os por três jogos – resta saber com que jogadores esses times se apresentaram nessas três partidas.
Fonte:
EMEDÊ. Loucuras do futebol. 3ª imp. São Paulo: Panda, 2005. p. 25.
GUINNESS: ed. de 1995, p. 306; ed. de 1996, p. 244.
RODRIGUES, Rodolfo. O livro das datas do futebol. São Paulo: Panda, 2004. p. 53, 86.
Recorde de cartões mais rápidos
O colunista Fábio Campana conta que, em 2006, o goleiro Artur, do Coritiba, recebeu cartão amarelo antes da partida começar. Como entrou em campo com uniforme preto, parecido com o do goleiro adversário, foi obrigado a se trocar. Ao voltar do vestiário, levou o cartão. Sugestão para o diálogo:
- Foi mal, chefia. É que eu sou daltônico.
- Ah, é? Então, me diga a cor deste cartão.
Há expulsões muito estranhas. Luiz Mendes lembra do caso de Zizinho, quando atuava pelo Bangu. Inconformado com a arbitragem de Eunápio de Queiroz, que teria favorecido o Vasco no primeiro tempo, Zizinho declarou no microfone da rádio Continental que “esse juiz deveria ser chamado de Larápio de Queiroz”. O árbitro soube da declaração e perguntou a Zizinho se ele realmente tinha dito isso. Como o craque confirmou, foi expulso no intervalo mesmo – fato que Luiz Mendes considera único no mundo. Mas qual foi a expulsão mais rápida?
Severino Filho, na obra Piauí 100 anos de futebol, conta que, em 21.08.2005, no jogo Parnahyba 4x2 Imperatriz, pela Série C do Brasileirão, o jogador Eridon, do Parnahyba, conseguiu a façanha de ser expulso no minuto de silêncio, durante o qual tinha aproveitado para desferir um soco num adversário.
Fontes:
CAMPANA, Fábio. Cartão amarelo antes do jogo. O Estado do Paraná, 19.08.2006, p. 2.
MENDES, Luiz. 7 mil horas de futebol. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1999. p. 101.
FILHO, Severino. Piauí: 100 anos de futebol. Teresina: ed. do autor, 2005. p. 171-3.
Dé
O Vasco, num jogo em General Severiano, teve dois jogadores expulsos e perdia para o Bangu por 3x0. Quando o juiz validou o quarto gol, o atacante Dé não se agüentou e foi tirar satisfações com o árbitro. Em troca, ganhou um cartão vermelho. Dé arrancou o cartão de suas mãos e tentou rasgá-lo.
Como não conseguiu, já que estava plastificado, saiu correndo com ele na mão e gritando: “você me deu o cartão, agora ele é meu!”
Fonte:
APPEL, Valdir. Na boca do gol. Itajaí: S&T, 2006. p. 91.
Gascoigne
Glasgow Rangers x Hibernian, na Escócia, em 1995, corria normalmente. Foi quando caiu o cartão amarelo do bolso do árbitro Doug Smith. Paul Gascoigne, famoso jogador da seleção inglesa, catou o cartão e mostrou ao juiz, em tom de brincadeira. Doug não gostou e retrucou a sério, aplicando-o a Gascoigne, que depois ainda foi suspenso por dois jogos.
Fonte:
EMEDÊ. Loucuras do futebol. 3ª imp. São Paulo: Panda, 2005. p. 25.
Dimas
Em 09.07.1986, no Pacaembu, Corinthians x XV de Jaú, pelo returno do campeonato paulista. O jogo estava 0x0 quando André, do XV, foi expulso pelo árbitro Antonio Carlos Saraiva. Os jogadores do Galo da Comarca cercaram o juiz para tirar satisfações e ele aproveitou para expulsar mais um, o meia-direita Nívio.
Pois justamente quando ergueu o cartão, o zagueiro Dimas, por trás, tomou-lhe o cartão e “expulsou” o árbitro. Claro que foi expulso também. Só com oito em campo, o XV não resistiu e perdeu por 2x0.
Fonte:
PANSIERI JR., Antonio Carlos (org.). Edição histórica: XV de Jaú, a história, as conquistas e os bastidores. Jaú: XV de Jaú, 2004. p. 55.
Chico do Táxi
Francisco Imperiano, conhecido como Chico do Táxi e também Chico da Cuíca, falecido em 26.03.2008, foi considerado o maior torcedor do Íbis Sport Club. Fazia o possível e o impossível para assistir a todos os jogos do Pior do Mundo.
Certa vez, enquanto Santa Cruz e Sport se enfrentavam num Arruda lotado, no mesmo horário, Íbis e Ferroviário jogavam perante um único torcedor: Chico do Táxi, é claro. Como um bom torcedor apaixonado, não se conteve e começou a xingar o juiz, que não precisou se esforçar para descobrir de que torcedor vinham os gritos. Só que esse juiz, Gilson Cordeiro, era delegado de polícia: expulsou a torcida inteira, ou seja, o Chico, e mandou a PM retirá-lo do estádio.
O cabo da PM que foi cumprir a ordem propôs a Chico: se ficasse quieto, poderia permanecer no estádio. É verdade que Chico fazia de tudo para assistir ao Íbis, só que não abria mão do sagrado direito de torcer livremente – preferiu ir embora. Foi assim que ocorreu a expulsão do único torcedor daquela partida.
Fonte:
ARAGÃO, Lenivaldo. Chico amou o Íbis até os últimos instantes. Diário de Pernambuco, 03.08.2009. Coleção “Paixão Traduzida em Cores”, fascículo 17, p. 12-3.