Caso JJ Invest

Por Tarique Layon Lima Vilhena | 17/07/2019 | Sociedade

Empresa financeira que patrocinou clubes cariocas durante campeonato regional de 2019 pode ser mais um caso “à la Ponzi”;

         Jonas Jaimovick, dono da empresa JJ Invest (nome fantasia da empresa Spritzer Consultoria Empresarial), que patrocinou diversos clubes cariocas (tais como Vasco, Volta Redonda, Madureira e Bangu) durante o campeonato desse ano, pode estar em maus lençóis. A empresa dele, criada no final de 2015 e sediada na Rua Barata Ribeiro (Copacabana), é acusada de estelionato, sendo assim, exemplo de herança dos atos praticados pelo italiano Carlos Ponzi, que viveu no Brasil em 1939.

         Em 1919, o ítalo-americano inventou tal golpe de pirâmide financeira, em prometia retorno de 50% no período de 90 dias e que se revelou fraudulenta. Ele conseguiu enganar 30 mil investidores, surrupiando US$ 9,6 milhões. Tal ação entrou para a história e se apropriou do nome do rapaz, intitulada como “Esquema de Ponzi” ou pirâmide. Num esquema no qual novos investidores financiam os mais antigos, até que esta movimentação se torne insustentável, as consequências são catastróficas financeiramente para a base desta pirâmide.

         Precisamente cem anos pós o autor original, golpes dessa dimensão continuam assolando as pessoas e, aparentemente, foi o que aconteceu frente à empresa de Jonas, esta acusada de usurpar o patrimônio de milhares de pessoas. Anônimos e famosos, tais como Sérgio Loroza, Zico e Júnior tiveram prejuízo com a empresa, que prometia rendimentos de mais de 10% ao mês. Quando se lida com o mercado de ações, não se torna palpável garantir ganhos tão vultosos aos investidores. Em se tratando de uma porcentagem tão alta, a volatilidade da mesma seria notória em grandiosas perdas ou variações – vistas em investimentos de alto risco.

         A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que regula o mercado de capitais no Brasil, gerou comunicado que apontava a empresa de Jonas como não dotada de poderes para “exercer atividade de administração de carteiras e consultoria de valores mobiliários”. Após circular nos jornais de grande massa que a empresa estava sendo investigada pelas autoridades brasileiras, houve uma busca de saques de dividendos por parte de seus clientes. Entretanto, parcas pessoas conseguiram reaver seus investimentos, pois a empresa cessou sua atuação; zerou suas contas bancárias e o dono desapareceu. Com este cenário, vagas informações foram passadas aos clientes da JJ Invest – que tiveram de Jonas apenas vídeos em fevereiro de 2019 e mensagens pouco embasadas.

         Depois dos casos das Fazendas Reunidas Boi Gordo, que prometiam retornos vultuosos de 42% em 18 meses por investimentos coletivos em bezerros, e Telexfree, que seduzia os clientes com ligações telefônicas pela internet e com a promessa de ainda mais retornos se conseguissem angariar novos clientes, a empresa de Jonas ganha destaque pode se tornar mais um exemplo desse estratagema secular criado por Ponzi – que esteve por terras cariocas há 80 anos atrás. Tendo 13 contas em bancos, sendo 10 sem saldo e 3 inativas ou zeradas, Jonas empenhou-se em seduzir clientes para estruturar seus “investimentos na Bolsa” e gerar o retorno que alegava como certo aos clientes. Entretanto, para se garantir tamanhos retornos, é preciso correr maiores riscos e é fundamental analisar o funcionamento da Bolsa antes de investir sem estar dotado de informações suficientes.