Carnaval, cinzas e Egito
Por Edson Terto da Silva | 08/02/2011 | EconomiaEdson Silva
A escola do tempo e a força da profissão de jornalista me ensinam cada dia que não devemos formar opiniões precipitadas sobre qual for o assunto. Isto é difícil, afinal cada segundo de nossa vida é feito de juízos de valores. Estamos sempre opinando, defendendo certezas, tentando convencer pessoas sobre o que pensamos, analisando o que nos dizem, tirando conclusões, enfim mais querendo convencer que estamos certos do que assimilar o que pode estar certo, mas veio de opinião diferente.
A crise política que assola o Egito ou o grande incêndio que atingiu diversos barracões de Escolas de Samba e o Museu do Samba do Rio de Janeiro são (em minha opinião) campos fartos para comentários que eu diria serem, no mínimo, simplistas. Por exemplo, mais de uma vez ouvi pessoas dizendo que por elas acabariam o Carnaval e o futebol. Não é simples assim. E os lados cultural, econômico e passional? Isso não conta?
Se me dissessem que baniriam violência de torcidas no futebol ou excesso relacionado ao abuso de drogas e a exploração sexual no Carnaval seria uma discussão positiva, mas banir tradições porque não sentimos ser "nossa praia", isso eu não concordo. Vocês podem estar perguntando e o que eu tenho a ver com isso? Ou o que isso tem a ver com Egito?
No ano passado, quando o então presidente Lula se colocou, na condição de ser humano, contra apedrejar uma iraniana acusada de adultério ouvi, e não foram poucos, comentários que presidente brasileiro não devia se meter em assuntos de outro país. O mesmo tem ocorrido agora com a crise no Egito, com muita gente perguntando o que o Brasil tem a ver com isso?
É só pesquisar, estamos num mundo globalizado. Por exemplo, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que não é a Camargo, indica que o Egito foi, em 2010, o terceiro maior importador de carne brasileira. Pra lá nós exportamos também óxido de alumínio, açúcar, carne de frango, aviões e minério de ferro. Em 2009 as exportações brasileiras para o Egito chegaram a US$ 1,3 bilhão, segundo a Agência Brasil. O Egito foi um dos primeiros países a negociar com o Mercosul. É de preocupar a nós brasileiros ou não se o citado país está em crise? O mundo não tem mais fronteiras.
Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré
edsonsilvajornalista@yahoo.com.br