Carência
Por Deisiane Barbosa | 28/11/2008 | PoesiasHá quase todo o instante
Nas minhas madrugadas de rádio ligado
No laranja do pôr-do-sol
No céu azul duma manhã de domingo
Ou quando sutilmente caminhar descalça pela areia molhada,
Mas necessito vagar na lembrança de alguém
Por ao menos um segundo em cada dia.
Desejo meu coração acelerado
Por um simples beijo lembrado
Olhares trocados
Ou por loucuras num feriado,
Mas desejo também
Um outro coração
Pulsando descompassado quando eu passar
Regida pela força dos ventos que movimenta os cabelos encaracolados
Quero escrever poemas
Menos regados de lágrimas
Mas impregnados de suspiros
Por ser contempladas as pálpebras castanhas
Inspiradoras de tais versos
Quero viver histórias
Não apenas ler,
Devolver a estante o romance
Maldizer o escritor de tamanhas ilusões
Grafadas naquelas páginas devoradas
Quero provar de um puro amor
Daqueles que nos arrasta para os banhos de chuva
E pra loucuras infindas de toda uma vida
De corpo e alma
Não apenas me entregar
Quero receber:
Flores, fotos, olhares, sorrisos
Cartas, cartões, presentes, bombons,
Beijos, abraços, telefonemas, poemas
Já não desejo sentir falta
De tudo que ainda não vivi
Das bocas que ainda não beijei,
Dos olhos que não olhei,
Dos corações que nem sei se possuirei
Aguardo quase eternamente
O desabrochar de algum sentimento sincero
Para então colher as vermelhas rosas apaixonadas
E recebê-las em casa numa tarde vazia de segunda