Caracterização do município de valença

Por Janete Pereira de Sousa Vomeri | 13/10/2011 | História

1 – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO O atual território do município de Valença, por ocasião do descobrimento do Brasil, era habitado por indígenas Aimores e Tupinabás ou tupiniquins, de índole pacífica. Quando D. João III, Rei de Portugal, em 1534, dividiu o Brasil em Capitanias Hereditárias, aquela área ficou pertencente à capitania de São Jorge dos Ilhéus, sob a jurisdição da Vila de Nossa senhora do Rosário de Cairu, local onde se fez o primeiro povoamento. Entre as pessoas que vieram povoar o território de Valença, ocupava lugar proeminente Fidalgo Sebastião de Pontes, homem rico e de prestígio que recebera de Mem de Sá a Sesmaria do Una, por volta de 1557-1560 e neste mesmo período desembarcou na ponta do curral as primeiras cabeças de gado Vacum no Brasil, hoje atual território de Valença e também Bastião da Ponte já possuía dois engenhos de açúcar no recôncavo da Bahia. Muitos moradores se estabeleceram nas terras banhadas pelo rio Una, com fazendas de cana e mantimentos. Além desses moradores civilizados, havia, também, na vizinhança do engenho, uma aldeia indígena subordinada a Sebastião de Pontes, além da e uma igreja em invocação a Sâo Gens. Era o Senhor Pontes homem honrado, porém de gênio arrebatado e violento, acostumado à luta armada, havendo tomado parte em expedições contra os indígenas. Não costumava transigir com quem o ofendesse ou o contrariasse. Aconteceu por esse tempo, provavelmente em 1574, aparecer um mascate no engenho de Pontes e a este fez ofensa de que resultou mandar açoitá-lo e a ferro quente marcá-lo numa das espáduas. Conta-se que este mascate, tempo depois, em Portugal, alcançou meio de apresentar-se ao rei quando este ia à missa, deixando cair à capa, única cobertura que levava sobre os ombros, mostrando-lhe o ferrete ignóbil e com muitas lágrimas implorou-lhe justiça. Foram imediatamente transmitidas ordens para a capital do Brasil, sobre a prisão e envio para Lisboa, de Sebastião de Pontes. Fez o governo real ir ao Morro de São Paulo num navio de guerra. Seu comandante visitou Pontes no engenho do Una e ardilosa e traiçoeiramente, convidou-o para uma visita ao navio. Sebastião de Pontes atraído para bordo, quando ali almoçava foi inteirado da verdade, metido a ferros e transportado para Lisboa. Recolhido à cadeia do Limoeiro, acabou seus dias. Desta maneira, desapareceu do Una o primeiro homem empreendedor que lhe deu prosperidade. Daí, invadida a região pelos índios aimorés, de índole bravia, diminuiu o progresso e ficou obstada por muito tempo a colonização do território de Valença. Anos depois, já no século XVIII, após sangrentas represálias aos aimorés pelos bandeirantes do paulista João Amaro Maciel Parente, reencontrou à localidade em fase de progresso, que justificou a proposta do ouvidor da Comarca de Ilhéus, Desembargador Baltazar da Silva Lisboa, para a criação de uma vila na povoação de Una. Aprovada a proposta do ouvidor, foi determinada, pela Carta Régia de 23 de janeiro de 1799, a criação da Vila de Nova Valença do Santíssimo Coração de Jesus, com território desmembrado do município de Cairu. Ocorreu sua instalação a 10 de junho do mesmo ano, com a presença do dito desembargador, que sugeriu a construção da Igreja do Santíssimo Coração de Jesus. Uma vez concluída, tornou-se matriz da freguesia, em 26 de setembro de 1801. Nesta época começou a extensiva extração da madeira, fato que levou a coroa a instalar nas terras de Valença um posto de fiscalização da extração da medeira. Toda madeira retirada destinava a construção dos navios da armada real e a área desmatada foi sendo ocupada pelas atividades agrícolas, notadamente a mandioca, arroz de Veneza, café, pimenta do reino e canela. Outro fato de relevante caráter histórico é a abertura das estradas entre o litoral a cidade de areia , atual Ubaira, ato realizado pelo Conde dos Arcos . Aos poucos os habitantes das ilhas próximas que viviam em constantes enfrentamentos com os índios e não conseguiam plantar foram voltando para a área , cujo núcleo de povoação se estabelecera nas proximidades da capela de Nossa Senhora do Amparo. A denominação Valença foi atribuída a escolha deste nome ao conselheiro Baltazar da Silva Lisboa que na intenção de homenagear ao ministro Marques de Valença, elevou o povoado á categoria de vila, em 10 de junho de 1789, dando-lhe o título de Nova Valença. Em 23 de Janeiro de 1799 foi criada a vila de Nova Valença do Santíssimo Coração de Jesus, com território desmembrado de Cairu. Neste mesmo ano começaram as obras de construção da Igreja do Santíssimo Coração de Jesus, concluída em 1801 e transformada em matriz da freguesia. Por força da Resolução nº 368, de 10 de novembro de 1849, a sede municipal recebeu foro de cidade, sob a denominação de Industrial Cidade Valença. A maior cidade da Costa do Dendê é ao mesmo tempo, uma plácida cidade pesqueira e colonial do século XVI e um dinâmico pólo comercial e de serviços da região. Famosa por seus camarões. Valença conta com um cais do porto onde o casario tem a beleza de um cartão postal antigo, ofertando aos visitantes um rico patrimônio histórico que convive em harmonia com os barcos pitorescos que povoam o Rio Una, que divide a cidade. Três pontes interligam as duas partes da cidade. A Ponte principal denominada Inocêncio Galvão de Gueiroz( 1890), Luis Eduardo Magalhães(1999) e José Franco( inicio do século XX ( ou ponte da CVI) A região sofreu com a invasão holandesa na Bahia em 1624 e participou ativamente das lutas pela independência da Bahia. Quando abrigou a esquadra do Lord Cochrane, vindo para combater os portugueses em 1823. A atuação nessa luta, ao lado de Cachoeira e de Santo Amaro, foi tão notável que a cidade recebeu o título de “ a decidida “ como no hino da cidade fala. Na 2ª guerra Mundial, Valença também entrou em cena, quando submarinos alemães bombardearam os navios Itajiba e Irará, na sua costa. Os passageiros foram salvos pelo saveiro Araripe e os feridos levados para o hospital que funcionava improvisadamente no Prédio do Sindicato dos trabalhadores da Industria de Fiação e Tecelagem de Valença, antiga Recreativa , prédio de planta francesa e arquitetura neoclássica.. Este mesmo prédio foi o primeiro banco de sangue desta região, fato ocorrido em agosto de 1942.Por este gesto, Valença recebeu o título de “ a hospitaleira”. Decidida, pacifica e hospitaleira, Valença reúne hoje os principais estaleiros da Bahia, onde são construídos barcos, saveiros, veleiros, escunas e até caravelas, como a replica da nau Nina, da pequena frota de Cristóvão Colombo, que foi feita especialmente para o filme: 1492: A conquista do Paraíso, de Ridley Scott. Valença teve destaque, também, no episódio da independência do Brasil, quando obrigou a esquadra de Lord Cochrane que viera combater os Portugueses. Juntamente com Cachoeira e Santo Amaro, Valença resistiu aos ataques lusitanos ficando conhecida como "A Decidida". ASPECTOS FISICOS E TERRITORIAIS No o último censo, no município de Valença existe uma população de 88.673 habitantes, ocupando uma área de 1.192,610 km2, entre os paralelos de 13º22' de latitude sul e 39º04' de longitude oeste de Greenwich, a uma altitude de 5 m em relação ao nível do mar. O Município limita-se com o oceano Atlântico e Cairu a leste; Jaguaripe e Laje ao norte; Mutuípe e Presidente Tancredo Neves a oeste e Taperoá ao sul. A sua distância em relação a Salvador é de 262 km. Já a distancia Valença – Bom despacho é de 104 KM e Valença - Nazaré 42 Km. O relevo do Município é bastante movimentado, sendo caracterizado pela existência de planícies marinhas e fluviomarinhas, tabuleiros interioranos, tabuleiros pré-litorâneos e serras marginais. Dentre os acidentes geográficos encontrados no território municipal, cabe destaque para as serras do Abiá (ponto mais alto de Valença) e Serra do Frio, com 1.300 m de altitude, respectivamente, além de inúmeros rios e quedas d'água. A malha hidrográfica do Município está vinculada à bacia do Rio Una. Valença é cortada por inúmeros cursos d'água, a exemplo dos rios Una, Fonte da Prata, dos Reis, Vermelho, Piau, Graciosa ou do Engenho, etc. Características geográficas Área 1192.610 km² População 88.673 hab. IBGE/2010 Densidade 74.35 hab./km² Indicadores IDH 0,672 médio PNUD/2000 PIB R$ 5.338,83 mil IBGE/2008[5] PIB per capita R$ 472,711 mil reaisIBGE/2008[5] Valença –Bahia, localizada no Território de Identidade do Baixo Sul, destaca-se pelo seu patrimônio cultural material e imaterial e pelo patrimônio natural por seus rios, cachoeiras e serras e por seu artesanato naval único na região. As principais datas festivas do município de Valença compõem o calendário festivo anual são: dia 02 de fevereiro, festa de Iemanja, festa do Padroeiro da cidade no mês de Junho, festa de São Pedro, Lavagem do Amparo, Festa a Nossa Senhora do Amparo, no dia 08 de Novembro, o aniversário de emancipação política, no dia 10 de Novembro e o Reveilon em 31 de Dezembro.