CARA DE PAU

Por sander dantas cavalcante | 22/09/2009 | Crônicas

- Querida, cheguei.

- Tô vendo.

- Como é? Nem um beijinho?

- Que beijinho, hoje não tô pra graça.

- Mas eu te amo.

- Não me interessa.

- Sou seu escravo.

- Não quero ser sua dona.

- Você é a melhor mulher do mundo.

- Não posso dizer o mesmo.

- Que mau humor.

- Já falei que não tô pra graça.

- Mas eu não tô brincando. Falo sério, amor.

- Impossível. Você já é uma piada.

- Tá bom. Não quer papo, também não quero.

- É melhor, mesmo.

- Tem café?

- Você prometeu que ia ficar calado.

- Não, prometi que também não queria papo. Café eu quero.

- Só sirvo se for com chumbinho.

- Que violência.

- Isso não é nada pra o que você merece.

- Mas o que eu fiz, amor?

- Chega às 4 (quatro) da manhã, sem um centavo no bolso, com bafo de cachaça, cheiro de perfume barato e nem se dá ao trabalho de passar óleo de peroba na tremenda cara de pau. Acha pouco?