Caminho da alma em Platão

Por Daniel Leite da Silva Justino | 08/11/2011 | Filosofia

Platão estabelece a distinção entre dois mundos, o inteligível e o sensível. Partindo deste pressuposto organizará o seu sistema filosófico. O mundo inteligível é conhecido como o mundo das idéias, ou seja, é uma realidade em que se encontram as idéias ou as formas que são os elementos garantidores do conhecimento.O mundo sensível é conhecido como mundo material nela encontra se as copias das idéias. Na concepção platônica o homem é constituído da união acidental entre corpo e alma. Esta tem afinidade com o mundo das idéias e aquela com o mundo material.

A alma segundo ele preexiste no mundo das idéias, ou seja, é de mesma natureza que as idéias. Sua função era contemplar as idéias, porém, ao desconcentra-se fora incorporada em um corpo a fim de purificar-se. Ao tratar sobre o conhecimento, Platão, afirma que o conhecimento é reminiscência, ou seja, recordação das idéias. O homem ao voltar seu olhar para um objeto material ele recorda a idéia daquele objeto, pois estes não passam de copias das idéias. A verdade é atingida mediante a superação dos obstáculos da natureza corporal (as paixões e os vícios), como a alma é de mesma natureza das idéias, apenas ela é capaz de atingir a verdade, pois esta se encontra no mundo inteligível. Para que o homem vença os obstáculos que o impedem de atingir a verdade.

Faz se necessário a purificação do homem que acontece mediante o processo de ascese (mortificação) do corpo. Para que o homem se purifique é fundamental que despreze todos os prazeres do corpo, pois é mediante a superação deste que a alma atingirá os verdadeiros objetos do conhecimento. Um dos meios defendidos por Sócrates, mestre de Platão, para se atingir a purificação da alma, consistia em voltar o olhar para a vida interior (conhece-te a ti mesmo) ou para o autoconhecimento da própria personalidade. Ao voltar-se para si o homem reconhece suas amarras e por meio da prática da virtude liberta-se dos preconceitos enraizados no íntimo do próprio homem. Platão distinguiu no homem três tipos de alma: a racional, a irascível e a concupiscível. Cada uma é regida por uma virtude (areté). A primeira é governada pela sabedoria; a segunda pela fortaleza e a terceira pela temperança. A justiça na concepção platônica é o articulador entre as três almas, ou seja, é a virtude garantidora da harmonia entre ambas.

A justiça é a virtude característica do filosofo, pois, este tem como missão a pratica da justiça ou de defesa daquilo que é justo, mesmo que este seja causa de uma sentença de morte. Fundamentando esta virtude como mola propulsora da vida filosófica, Platão, em apologia de Sócrates narra à defesa de Sócrates frente às acusações de Meleto, Ânito e Líncon. Após apresentar sua argumentação de defesa, Sócrates por alguns votos dos cidadãos atenienses é sentenciado à pena de morte.

Esta é apresentada como meio de libertação da alma dos vícios do corpo, porque, a morte não é um mal, mas um bem para aqueles que foram justos durante toda a sua vida. É por isso que Sócrates permanece tranqüilo diante da condenação, pois tinha convicção que fora condenado por defender aquilo que é justo. Portanto, a alma preexiste no mundo das idéias e por um motivo de descuido é apreendida no corpo. Esta é superada mediante a ascese e a pratica da virtude. Com a morte a alma liberta-se do corpo retornando para o mundo das idéias.