BUSCA E CONFLITOS
Por AlbanìsioRibeiro | 20/04/2011 | Religião"Alguns dias depois entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa. Logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta cabiam, e anunciavam-lhes a palavra. Vieram ter com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro homens e, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o doente. Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados. Estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações: Por que profere este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? Jesus, conhecendo logo em seu espírito que arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vossos corações? Qual é o mais fácil, dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados , ou dizer-lhe: Levanta, toma o teu leito, e anda? Ora, para que saibais que o filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados(disse ao paralítico): A ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para a tua casa. Ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu na presença de todos, de sorte que todos se admiravam e glorificavam a Deus, dizendo: NUNCA VIMOS TAL COISA!"
É de perfeita aceitação que não vivemos em mundo de maravilhas ou até mesmo perto disso. Do nascimento até a morte, o ser humano vive em constante batalha, não só para viver, ou viver com o mínimo de dignidade, mas para sobreviver. Desde a terrível e grande disputa entre os espermatozóides na fecundação, passando pela gestação, parto, primeira infância("fase suicida"), etc., o homem busca permanecer vivo em um ambiente que morte é algo do cotidiano. Busca saúde, onde são intermináveis a quantidade de moléstias que atingem o único ser criado por Deus que tem noção de moralidade em si e pode pecar. Busca realização própria em um ambiente muitas vezes hostil. Simplesmente viver não é nada fácil. Este texto nos fala de um homem paralítico e sua busca e conflitos para alcançar a tão almejada graça de Deus através de seu Filho amado, Jesus.
O primeiro conflito que identificamos neste homem é em torno de si mesmo, sua impossibilidade de locomoção de forma autônoma, sem que ninguém o carregue ou lhe dirija o caminho. A perda da autonomia, a dependência dos outros prá praticamente tudo, massacra com a nossa auto estima. Fomos criados por Deus como seres únicos, livres, com uma dose de auto suficiência, vontade própria, desejos de realizações. No percurso da vida, muitos podem ser os males que possam nos atingir. Dependendo do que nos possa acontecer de ruim, provocando assim debilidades no nosso potencial de desenvolvimento, maiores serão as barreiras a serem transpassadas. Muitos se acomodam, se adequam a mediocridade, poucos, não se conformam e ultrapassam seus limites. Ainda outros, além de se esforçarem ao máximo, buscam o sobre natural de Deus, o tão cobiçado milagre, o favor do Senhor.
Este homem paralítico, que não sabemos o nome, mas o que importou para o autor do registro é a sua atitude, nos dá um exemplo de perseverança e aproveitamento de oportunidade. Ouve-se a respeito de Jesus, o possível Messias. Sabe-se que Ele está em sua casa, na cidade de Cafarnaum. O nosso protagonista sabe muito bem de suas impossibilidades, mas exerce fé e vai atrás do Senhor das possibilidades.
Este tipo de enfermidade, paralisia, é algo que estagna, não só a locomoção, mas a capacidade de querer construir algo na vida. No fundo, o homem tem um sério e curioso questionamento a respeito de o por quê que Deus permite essas doenças. Será consequência de pecado? E quem pecou? É uma maldição hereditária? Jesus mesmo, em João 9:2, foi questionado a esse respeito. A resposta foi simplesmente que "essa enfermidade é para manifestar a glória de Deus". Resposta não fácil de se entender, o que fica claro é que é uma oportunidade para exaltar o nome de Deus. Independente de qualquer coisa, o nosso personagem perseverou na busca, independente de seus obstáculos, de forma brava.
Ele não deixa uma oportunidade de ouro como essa passar. Arregimenta, não apenas um, ou dois, mas quatro homens, e homens de fé e força para o transportarem, enfrentando uma grande multidão até o mestre. Para fazer o que estes homens se propuseram fazer, nota-se que houve uma influência de fé, a fé do paralítico em crer que era possível passar todas as barreiras e alcançar o Mestre Jesus.
A paralisia deste homem era literal. Não se sabe se era de nascença. Existe muitas outras coisas na vida que também podem nos paralisar. As vezes estamos com o corpo perfeito, uma total mobilidade física, mental, social, mas no interior alguns conflitos podem estar estagnando nossa caminhada. Primeiro temos que reconhecer este tipo de imobilidade, de paralisia, que por não ser palpável, física, se torna mais difícil de admitirmos para nós e para os outros. Segundo, buscar-mos, com todas as forças de nossa fé a resposta em Deus, mas para isso precisamos nos tornar como crianças dependentes do Pai, humildes, simples, e carentes. E terceiro, precisamos deixar o orgulho de lado e admitir que precisamos de pessoas para nos auxiliar e correr atrás.
Na vida, e em situações peculiares, precisamos de pessoas certas na hora certa. A situação ímpar era ter o autor da vida estando por perto e com o coração pronto para manifestar a sua glória em favor de se revelar que era o verdadeiro Messias. Ele tinha, ao seu lado, quatro homens que eram o que precisava para varar a multidão e estar diante de Jesus. Não era nada fácil. O texto mesmo nos diz que a multidão tomou a casa e que não dava para chegar nem na porta por conta do aglomerado. Estes homens não desistiram, subiram na casa e fizeram um buraco no teto. Olhe só que audácia: fazer um buraco no teto da casa de Jesus! Deus ama os audaciosos ("mas o meu justo viverá da fé. E se ele recuar a minha alma não tem prazer nele."Hebreus 10:38). Estes homens usaram de todos os recursos que tinham: força, inteligência, habilidade, audácia e correr o risco de ser mal interpretado. Mas tudo isso mostrou um grande passo de fé, que impressionou o próprio Jesus, redundando em uma manifestação, não somente de milagre, mas que Jesus aproveitou para autenticar sua autoridade dada pelo Pai até para perdoar pecados, e que realmente é o Emanuel, Deus conosco. "...Quem pode perdoar pecados senão Deus?"
Na sua busca, identificamos outro obstáculo a ser vencido: batalhou para ter sua restauração física e Jesus diz que seus pecados estão perdoados! Uma verdadeira crise no seu propósito. Jesus, o mestre dos mestre, com o seu comportamento às vezes irônico, hilário, contraditório, inteligentíssimo, colocava, aqueles que se aproximava dele, para refletir profundamente. Muitas vezes só era entendido muito tempo depois("tu compreenderás depois...") Inúmeras são as passagens em que Jesus deixa as pessoas num grande constrangimento filosófico. No nosso caso, a mensagem para o paralítico, se ele entendeu na hora ou não, é o que é o mais importante para o homem, a cura espiritual. Jesus quer perdoar os nossos pecados, que nos paralisam na estrada que nos leva em direção a Deus.
Sorte, vamos chamar assim a presença de hipócritas religiosos, os escribas, que proporcionavam ao homem paralítico a obtenção de seu sucesso em sua busca. Jesus, como um bom Judeu, conhecedor da Lei, sabia muito bem do peso do que iria falar, "perdoados estão os teus pecados". Sabia que iria causar um escândalo para os escribas. È bem claro entender, quando Ele fala: "Qual é o mais fácil dizer: Perdoados estão os teus pecados, ou, levanta-te e anda?" Proferir qualquer palavra ao vento qualquer um profere, e tem muitos que são muito bom nisso. O resultado de perdão de pecados não é tão simples de se perceber. De visualizar. O difícil mesmo é uma cura física como essa. Isso prova a autenticidade do Messias. Temos que buscar um equilibrio entre palavras e ação. Filosofia e praticidade. As duas coisas tem que andar juntas. Nesse novo obstácu-lo, nessa batalha filosófica-religiosa judaica, com um enorme público de curiosos, quem se deu muito bem foi o paralítico. Jesus desafiou a si mesmo em contra partida aos escribas e curou o cego. Difícil de ver uma richa religiosa terminar assim. Benção pura.
"Levanta-te, tomo o teu leito e vai para a tua casa". Ao final de uma corrida com obstáculos, ver já bem perto o final da prova e obtendo a vitória, todo e qualquer obstáculo final se torna fácil e prazeroso. Levantar-se, pegar a cama e ir para casa, tudo de bom.
Vale a pena lutar, crer, contar com ajuda, passar por crises existenciais, emocionais, religiosas,etc. A Bíblia nos diz para termos como motivo de grande gozo o passar por tribulações(Tg 1:2). Esta sugestão é algo difícil de se digerir. Sofrer, sofrer e sofrer, e se alegrar? Esse gozo que a Palavra nos ensina, e que vemos neste texto está sempre no final da batalha. Na premiação. Na cura. Nos preparemos para as batalhas com grande afinco. Batalhemos com o máximo de nossas forças. E em meio a isso tudo o nosso foco deve ser sempre o lugar mais alto do pódio. A libertação e cura do nosso corpo, alma e espírito. Jesus quer arrancar de nós toda a nossa paralisia e exaltar o nome de Deus através da cura. Corra a sua corrida e vença todos os teus conflitos.
O nosso personagem é um homem debilitado fisicamente sendo transportado em um leito pela compaixão dos outros. Mas consigo visualiza-lo de forma diferente. Imaginemos ele como um grande corredor saltando com todas as forças sua última barreira para vencer a prova. Imagine também como será a vida desse homem que agora tem suas habilidades restauradas. Que grande corredor será. Haja maratonas!
Que você seja valente e vença suas maratonas e, ao final, o povo diga, para glória de Deus,: "NUNCA VIMOS TAL COISA"