BULLYING: Educação física transformando a realidade escolar.

Por JEFERSON GONÇALVES DE OLIVEIRA | 05/06/2017 | Educação

BULLYING: Educação física transformando a realidade escolar.

 

Denner Sandro Rodrigues Leal¹

Graduando do curso de Educação Física- UEPA-Conceição do Araguaia-PA1

denner_leal@hotmail.com

Jeferson Gonçalves de Oliveira2

Orientador: Esp. Gestão Orientação e Supervisão Escolar – FIA – SP2

Jrp030303@hotmail.com

 

 

Resumo: O bullying é um problema mundial que é caracterizado por comportamento ofensivo e repetitivo. O bullying escolar é um tipo de violência que sempre ocorreu, mas somente estudado nos últimos anos. O objetivo deste trabalho é apontar a importância do professor de Educação Física, como instrumento de combate, prevenção e minimização da violência nas escolas, além de mostrar como o bullying tem atingido o ambiente escolar, e como a relação entre aluno e professor pode ajudar no enfrentamento da forma mais frequente de violência, o bullying. A metodologia usada foi pesquisa exploratória, de natureza qualitativa, tendo como coleta de dados pesquisa documental e como referencial teórico os autores, VENTURA, Alexandre (2011) e FANTE, Cléo (2011). O presente estudo abordou a problemática do bullying no âmbito escolar, com o objetivo de discutir, se os professores estão preparados para intervir nas ocorrências de bullying. Os resultados desse estudo mostraram na área da educação física, há poucos indícios da existência de programas educacionais voltados para a identificação, prevenção e controle do bullying, por este motivo, faz-se necessário que o professor desenvolva estratégias de prevenção e busque informações e capacitações para estarem preparados para intervir nos atos que envolvem o bullying em suas aulas.

Palavras chave: Bullying. Violência Escolar. Educação Física. Efeitos do Bullying.

INTRODUÇÃO

Durante muito tempo a sociedade agregava algumas práticas como apelidar, “zoar” bem como manifestações normais para a idade de qualquer criança dentro das escolas, e que tais atos eram naturais e que não caracterizavam nenhum dano à criança ou adolescente.

Porém, tais práticas antes inofensivas, começaram a ser vistas de maneira mais séria por conta do agravamento e consequências destas ações sofridas por parte das vítimas. O aumento dos casos de agressões entre crianças e jovens nas escolas passou a ser considerado um problema grave a partir de 1970.

No que se refere ao Brasil, FANTE (2005) o fenômeno bullying é uma realidade inegável nas escolas brasileiras independentemente de turno de estudo, localização da escola, tamanho da escola ou da cidade onde ela se localiza ou se são series finais ou iniciais ou ainda se a escola é pública ou privada.

Tal prática apresenta-se de forma repetitiva, intencional, dentro de uma relação de poderes diferentes, por um longo período de tempo contra uma única pessoa comportamentos de natureza cruel, intimidadora, agressões físicas, emocionais, psicológicas, que com o passar do tempo gera consequências irreparáveis à vítima, como: depressão, estresse, baixo rendimento escolar, angustia, sofrimento, isolamento do meio social, intimidação por parte da vítima o suicídio da mesma ou até mesmo o homicídio daquele que tem o papel de opressor, essas atitudes são tomadas como maneira desesperadora de livrar-se das agressões sofridas.

Dentro das aulas de educação física, as relações entre os alunos se tornam mais próximas ou mesmo “livres” pelo fato de entenderem como um momento de lazer, estreitando as relações sociais, e conflitos em decorrência a gênero, classe social, condições físicas e psicológicas, fatores esses que contribuem prática do bullying.

O questionamento de como o professor de educação como deve atuar em suas aulas, visando à redução dos casos de bullying, a atuação dos professores de educação física durante suas aulas tem contribuído significativamente para redução dos casos de bullying?

Quanto à metodologia utilizou-se de pesquisa exploratória, de natureza qualitativa, tendo como coleta de dados, pesquisa documental em livros, teses, dissertações, artigos de publicações digitais, usando como palavras chave: Bullying, Violência Escolar, Educação Física, Efeitos do Bullying. Sendo encontradas doze publicações, das quais seis foram selecionadas para subsidiar a pesquisa, e como referenciais teóricos os autores, VENTURA, Alexandre (2011) e FANTE, Cléo. (2005).

 

O QUE É BULLYING

O termo bullying é bem recente, descoberto na década de 80. Bullying é uma palavra de origem inglesa, bully, (que quer dizer ameaçar, intimidar, amedrontar, tiranizar, oprimir, maltratar) que tem como objetivo caracterizar violências e agressões físicas ou psicológicas, que são causadas por um ou mais agressor sobre outro indivíduo. Nesse sentido, como afirma Botelho e Souza (2007), o bullying tem suas bases teóricas na questão da agressão e da violência.

O bullying pode surgir em qualquer ambiente, seja ele em casa, na escola ou até mesmo num grupo de amigos, ou seja, a prática do bullying não se restringe somente a um único ambiente, mas pode se manifestar em vários lugares.

O bullying é um ato que gera violência, agressão e traz grandes consequências para as vítimas, que podem ser sem volta, tais como: o suicídio. Essas atitudes são tomadas como maneira desesperadora de livrar-se das agressões sofridas. Nos casos de bullying, o agressor é sempre intimidador, buscando mostrar sua superioridade em relação à vítima e a todos que fazem parte do seu cotidiano. Hutz e Bandeira (2010), afirmam que entre os agressores, observa-se um predomínio do sexo masculino, enquanto que, no papel de vítima, não há diferenças entre gêneros. Quanto esses tipos de ocorrências, geralmente a vítima se torna uma pessoa deprimida, se isola e sofre transtornos psicológicos.

No entanto, não são somente as vítimas que necessitam de tratamentos e cuidados especiais. Os agressores, em sua grande maioria, não cometem esses atos de abuso por pura vontade de praticar a maldade contra outras pessoas que notoriamente são inferiores. Tognetta (2010) afirma que, diante dessa situação de causadores e vítimas de bullying, ambos precisam de ajuda, a saber: Por um lado, as vítimas sofrem uma deterioração da sua autoestima, e do conceito que tem de si, por outro, os agressores também precisam de auxílio, visto que sofrem grave deterioração de sua escala de valores e, portanto, de seu desenvolvimento afetivo e moral.

Vítimas e agressores precisam ser identificados e tratados. Na maioria dos casos, os agressores são indivíduos que apresentam problemas psicológicos e sociais, problemas em casa, com a família e, “[...] provavelmente, apresentam uma combinação de baixa autoestima, atitudes agressivas e provocativas e prováveis alterações psicológicas, merecendo atenção especial” (BANDEIRA e HUTZ, 2010, p. 132). No geral, eles sentem dificuldade de relacionamento com outras crianças, gostam de demonstrar continuamente seu poder em relação a todos que estão inseridos em seu convívio.

Tais agressores sofrem ou sofreram humilhações e abusos por parte dos pais ou outros adultos responsáveis pela sua educação ou cuidados, ou vivem sob constante e intensa pressão psicológica para que possam alcançar grandes méritos almejados por seus pais.

Identifica-se o fenômeno bullying através de brincadeiras de mau gosto, humilhações que deixam a vítima acuada, apelidos que diminuam a autoestima da mesma e através de atos repetitivos por parte do agressor que age sozinho ou em grupo. São diagnosticados dois tipos de bullying através de ações diferenciadas por parte do praticante. Outra forma de agressão são as ações indiretas ou emocionais, que fazem referência à disseminação de histórias desagradáveis, gerando pressões emocionais, causando na vítima distúrbios psicológicos e sua exclusão do meio social, caracterizando discriminação.

FANTE (2005) define de forma concisa o termo bullying, facilitando a sua compreensão. De acordo com ela:

 “[...] bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro (s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do "comportamento bullying" (FANTE, 2005, p. 28 e 29).

A escola é um contexto que propicia desenvolvimento de habilidades, competências, formação e desenvolvimen­to de conceitos, saberes e opiniões, por isso tem o papel fundamental de buscar alternativas para o enfrentamento e prevenção do bullying.

Nessa perspectiva, aponta-se a importância da inserção do psicólogo escolar/educacional, objetivando realizar um trabalho de prevenção e enfrenta­mento da violência no contexto em que ocorre (FREIRE e AIRES, 2012). É primordial e de grande importância que o diagnóstico de tais práticas seja feito o mais rápido possível, pais, professores psicólogos e outros profissionais da área da saúde e da educação busquem meios para identificar, coibir as práticas de bullying entre os jovens.

Os pais desses jovens devem observar o comportamento de seus filhos e perceber se há algo de errado ou incomum em algumas atitudes percebidas no dia a dia das crianças. Sendo assim, torna-se necessário buscar auxilio de profissionais que possam atuar na intervenção em casos de bullying, evitando e combatendo comportamentos agressivos, que certamente trarão consequências negativas para a vida desses jovens.

Lidar com o fenômeno bullying não é nada fácil, essa situação requer bastante atenção, dedicação e compreensão por parte daqueles que tem a missão de encontrar uma solução para esse problema tão cruel.

Sabe-se que dificilmente se consegue eliminar a prática do bullying de nossa sociedade e principalmente dentro dos ambientes escolares. Evidentemente devemos buscar meios e caminhos para amenizar e prevenir situações que gerem violência proveniente dessa febre chamada “Bullying”.

CARACTERÍSTICAS DO BULLYING

O bullying é caracterizado através de atos violentos, atos de maus tratos, agressões físicas e verbais que oprimem e suas vítimas, deixando-as isoladas do meio social. O fenômeno bullying é praticado de forma perversa por parte de seus autores, que agem sem nenhum tipo de arrependimento ou ressentimento com relação ao que estão causando a outras pessoas.

Pode-se dizer que o comportamento bullying traz consigo várias formas de agressões. Sendo que o agressor tem uma diferença de poder em relação a sua vítima, que não consegue esboçar nenhum tipo de reação ou atitude que possa lhe subtrair dos maus tratos proporcionados por seu opressor. A vítima não encontra meio ou mecanismos para sua autodefesa, e isso faz com que o agressor perceba esse ponto franco, tornando-o ainda mais superior à sua vítima. Geralmente as vítimas são crianças fracas, indefesas, sem habilidades, de porte físico inferior em relação a seu agressor.

Seguidamente, apresentamos uma lista dessas características: Dificuldade de fazer e manter amizades na escola; timidez; passividade; isolamento; meio familiar super protetor; pertencer a um grupo racial ou étnico diferente da maioria; possuir uma diferença óbvia (ex. gagueira, obesidade, sinal ou mancha muito significativa); ter necessidades educativas especiais ou uma deficiência física ou mental; comportar-se de forma inapropriada, ser intrometido ou provocador; ser considerado impopular; dificuldade de defesa. VENTURA, Alexandre. FANTE, Cléo (2011),p 29.

 

 O bullying é diagnosticado e caracterizado por apresentar uma série de agressões de maneira repetitiva, que acontecem sem motivo aparente. Esses atos violentos são cometidos por um ou mais agressores. E esses atos agressivos, violentos geram sofrimento, causam transtornos psicológicos, emocionais para com suas vítimas. Dessa maneira, as vítimas sentem-se obrigadas a se excluírem dos grupos de colegas de classe, colegas da escola e de todo meio social em que ela esteja inserida. Essa auto exclusão se dá como uma solução para refugiar-se dos maus tratos sofridos onde o bullying ocorre.

TIPOS DE BULLYING

O fenomeno bullying é cometido de diferentes maneiras. Como exemplo, sua ação pode ser:

Agressão física: empurrar, socar, chutar, beliscar, bater;

Agressão verbal: apelidar, xingar, insultar, zoar;

Agressão material: destroçar, estragar, furtar, roubar;

Agressão moral: difamar, disseminar rumores, caluniar;

Agressão psicológica: ignorar, excluir, isolar, perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, tiranizar, chantagear, manipular, ameaçar, discriminar, ridicularizar;

Agressão sexual: assediar, induzir e/ou abusar;

Agressão virtual: divulgar imagens, criar comunidades, enviar mensagens, invadir a privacidade (cyberbullying – bullying praticado por meio da internet e de celulares, geralmente de forma anônima).

PROTAGONISTAS DO FENÔMENO

O bullying envolve alguns personagens, dentre eles estão o agressor, a vítima, o espectador, vítima agressora, vítima provocadora. Todos eles fazem parte deste cenário de agressão, tendo cada pessoa um papel diferente dentro das agressões relacionadas ao fenômeno bullying.

VITIMA TÍPICA: É aquela que sofre com as agressões, geralmente a criança mais frágil, menor perante o grupo, apresenta um alto nível de timidez, um baixo nível de socialização com os demais colegas, apresenta comportamentos de submissão entre os demais alunos.

VITIMA PROVOCADORA: É aquela que não pratica o bullying, mas sim aquela que articula, planeja as ações contra os demais. Está sempre procurando motivos de gozações para os outros, criando momentos de agressões contra outras. Na maioria das vezes esta apresenta um comportamento imperativo, certa inquietação no ambiente em que está e quase sempre é a grande responsável pela incitação ao bullying.

VITIMA AGRESSORA: É aquele que na maioria das vezes se torna o agressor para simplesmente não ser o agredido. Este aluno geralmente passou por momentos de bullying e não quer revive-los novamente por isso tenta de todas as formas tirar as atenções de si mesmo e a forma encontrada pelo mesmo para que ele não seja o alvo das agressões é ele próprio comandar ou participar de forma bem ativa nas características do bullying.

AGRESSOR: Aquele que põe em prática todas as características do bullying, este agressor é o grande responsável por intimidar, violentar a vítima, geralmente este vem de uma família desestruturada, onde ele também é vítima em todos os aspectos, sofre constantes agressões por parte de familiares, na maioria das vezes não tem o carinho dos pais. Isso tudo acaba o deixando estressado, revoltado com a dinâmica de sua casa e ambiente, o que acaba levando o mesmo a praticar atos também agressivos contra os mais fracos, sobretudo por ser mais forte fisicamente em alguns esportes, e também por apresentar a necessidade constante de ser dominador, usando de ameaças e agressões para conseguir o que deseja. É considerado um mau aluno no que diz respeito às atividades escolares, tem um baixo desempenho em exames e provas, e também apresenta comportamentos de vandalismo.

ESPECTADOR: É aquele aluno que está presente durante as manifestações de bullying, mas nunca como agressor ou vítima. Este apenas observa as ações, mesmo que estas o deixem inquieto, e com vontade de ajudar a vítimas, ele não reage com nenhuma ação em defesa desta até porque tem medo de se tornar também um agredido por isso prefere ficar em silencio. De acordo com Chalita (2008), os espectadores “[...] aprendem a ser omissos e passivos para se defender [...]”18. O medo em delatar o agressor ou defender a vítima, pode transformá-los na vida adulta em cidadãos egoístas, que aceitam e até mesmo legitimam as injustiças

BULLYING NA ESCOLA.

A criança encontra na escola uma base para sua formação e seu desenvolvimento que irão lhe propiciar vivências que serão levadas para a vida toda, proporcionando conhecimentos, experiências e aprendizados absorvidos dentro do âmbito escolar.

É na escola que aprendemos a nos relacionar com outras pessoas, e adquirimos conhecimento sobre as várias diferenças que existem entre homens, mulheres e a sociedade em geral. O ambiente escolar nos prepara para as questões da vida, nos ajuda e nos ensina a sermos seres críticos, pensantes de maneira que venhamos querer mudar a sociedade para melhor. Dentro da escola há uma troca de saberes, uma troca de valores, experiências que servem para o enriquecimento e aprimoramento de tudo que absorvemos dentro do ambiente familiar. A escola nos possibilita aprimorar nossos conhecimentos e nos lança para uma vida cheia de desafios e lutas a serem enfrentadas no cotidiano.

No meio escolar também é possível encontrarmos dificuldades e adversidades que nos causam aborrecimentos, estresses e tantos outros transtornos que nos levam a situações de desconforto, ocasionados por preconceito ou falta de aceitação por parte dos colegas que fazem parte do dia a dia da escola. Muitos jovens, crianças e adultos são motivos de risadas para os colegas, pelo fato de serem pobres, negros, homossexuais, por estarem acima do peso e entre outros fatores. Dai surgem agressões e situações que são advindas do fenômeno bullying. A criança obesa sofre com apelidos que são dados por seus colegas, não somente o obeso, mas todos, que são “diferentes’’ daquilo que a sociedade adota como “padrão normal”. Muitos jovens são discriminados e rejeitados por conta de sua raça, etnia, religião, cor, opção sexual e classe social.

Com essa falta de aceitação, o fenômeno bullying traz consigo muitas manifestações agressivas, como físicas, psicológicas, emocionais, apelidos pejorativos, rejeição do meio social. Tais agressões são tão cruéis que podem causar a morte da vítima. O bullying pode causar sequelas irreversíveis para a vítima, seja ela jovem adulto ou criança.

Lopes Neto & Saavedra (2003) ressaltam que a conduta bullying gera consequências negativas e nefastas a todos os envolvidos. A não superação dos traumas sofridos pela vítima pode gerar sentimentos negativos, pensamentos e práticas de vingança, baixa autoestima, dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento escolar, transtornos mentais, psicopatologias, doenças de fundo psicossomático e dificuldades de relacionamento.

 

Comumente existem divergências e pequenos conflitos entre alunos de uma mesma classe ou até mesmo entre classes diferentes e os casos de bullying na escola se dão através de maus tratos e agressões causadas dentro da sala de aula, nos corredores, banheiros, portão da escola ou até mesmo no pátio na hora do recreio. Algumas pessoas e até mesmo estudiosos da área educacional não detectam nenhum tipo de anormalidade em brincadeiras maldosas, e que para eles são provenientes da idade dos alunos. A triste realidade muitas vezes encontrada nas escolas surge a partir do momento em que a escola tem um ou mais agressores, um ou mais alunos que tomam conta, estão sempre à frente das iniciativas que caracterizam o bullying que são agressões físicas, verbais, repetitivas por um longo período de tempo, agressões que não dão poder de reação ou chance para a vítima se defender.

Além de tudo, todas as práticas citadas acima e sofridas pelos alunos vitimados, acontecem na maioria das vezes no “interior da escola”, em espaços em que geralmente o agressor ou agressores tem certeza que não serão interrompidos, e de que não serão vistos por professores, coordenadores da escola cometendo o bullying.

Todas as práticas de bullying vão aos poucos fazendo com que a vítima se isole mais ainda e aceite sem qualquer resistência a ideia de que será violentada de todas as formas e por quem quer que seja e também de que esta não tem o direito de questionar nada, pois já aceita a condição de inferioridade imposta pelos colegas, reconhece que não pode fazer nada a não ser estranhar as vezes que as agressões diminuem.

 

DIVERSOS COMPORTAMENTOS FRENTE AO BULLYING

O bullying traz consigo diversos tipos de comportamentos que não aceitos pela sociedade, pelo fato de não fazerem parte do que se diz ser correto perante a ética e a moral. O praticante do fenômeno bullying é mal visto pela coletividade e por aqueles que fazem parte do seu dia a dia, seja na escola, no trabalho ou na rua onde mora. Esse gerador do bullying busca mostrar superioridade com relação aos outros através de suas agressões intimidadoras, maus tratos para com suas vítimas e contra aqueles que são opostos às atitudes desse provocador de violências derivadas do bullying. Já a vitima se mostra completamente diferente com relação ao seu opressor, a mesma busca alternativas para fugir de ataques e agressões que lhe causam dor, sofrimento e danos na maioria das vezes irreversíveis.

Geralmente as vitimas adotam comportamentos desesperadores, como, por exemplo, o isolamento do meio social, o suicídio pelo fato de se estar passando por algum tipo de transtorno psiquiátrico e ate mesmo o homicídio daquele que é o maior autor de suas dores e aflições. O oprimido guarda consigo a dor, sofrimento, ódio, rancor e o sentimento de vingança como forma de sanar todos os seus problemas oriundos dessas agressões e maus tratos. Algumas vítimas têm receio de ir à escola, de sair na rua, tentando evitar algum tipo de situação que lhe provoque a sensação de estar sendo ridicularizado ou oprimido por alguém. Essas são atitudes acometidas pelas vitimas e que para elas são as possíveis soluções de suas angústias e agressões suportadas.

ESTRATÉGIAS DE RECONHECIMENTO, PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO NA SUPERAÇÃO DO BULLYING

A escola em si, precisa encarar a realidade, aceitar que existe um problema que vem ganhando dimensões grandiosas dentro da sociedade, das escolas e isso não se restringe em nível de Brasil, mas em todas as escolas do mundo, isso independentemente de cultura, raça ou classe social de cada aluno. E para que se possam criar medidas de prevenção, intervenção e superação do bullying torna-se necessário que a escola busque formar e capacitar equipe gestora, equipe técnica, professores e equipes de apoio.  Olweus, apud Fante (2005) tinha as seguintes propostas em seu programa de intervenção: [...] desenvolver regras claras contra o bullying nas escolas, alcançar um envolvimento ativo por parte dos professores e dos pais, aumentar a conscientização do problema para eliminar mitos sobre o bullying e prover apoio e proteção para as vítimas.

O importante é que todos participem e façam parte no desenvolvimento das medidas que contribuirão na prevenção, intervenção, minimização e superação nos casos de bullying. Faz-se necessário buscar o envolvimento dos pais para participação e inclusão em ações com intuito de coibir, combater e prevenir os casos de bullying e suas consequências, identificação da mudança de comportamento de seus filhos dentro de casa.

É de suma importância que os pais ou responsáveis busquem acompanhar o desenvolvimento do aluno, investigando como que está seu comportamento fora do convívio familiar, tornando-se um grande parceiro das escolas nas ações de prevenção e combate ao bullying,

Dentro da escola o professor é a peça fundamental no enfretamento ao bullying, pois ele é quem trabalha e convive cotidianamente com os alunos e que de alguma forma pode diagnosticar e interferir nos possíveis casos de bullying dentro ou fora da sala de aula. Por tanto, o professor deve ser capacitado para que possa atuar efetivamente em projetos educacionais objetivando o enfretamento dos casos de bullying escolar. Sendo assim, terá condições de contribuir para mudanças de comportamentos e atitudes dos alunos.

A escola deve adotar programas educacionais, buscando o envolvimento da comunidade escolar com a participação ativa dos alunos, incentivando a cultura da paz, aceitação das diferenças sociais, raças, crenças religiosas e opções de gênero, aceitando as diferenças e melhorando o convívio social.

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA PREVENÇÃO E COMBATE DO BULLYING.

O professor de educação física pode colaborar de forma atuante e significativa para que o aluno venha se desenvolver, essa contribuição é determinante para a formação da criança. A partir das atitudes do professor, o aluno faz uma análise e avalia de maneira positiva ou negativa, dependendo do tipo de aproximação ou afetividade com os alunos. O aluno é repleto de anseios e sentimentos, que cabe ao professor de educação física entendê-los, isso é característica de um bom profissional. É por meio da motivação estabelecida pelo professor de Educação Física que o aluno irá realizar de forma espontânea as atividades propostas pelo professor, propostas essas que buscam alcançar algum objetivo referente à aula.

Na quadra, onde as brincadeiras e jogos acontecem, a aproximação entre o professor e os alunos se da de maneira mais natural, com isso o professor de educação física tem mais probabilidades de se aproximar da realidade dos alunos e descobrir possíveis problemas que eles venham apresentar. Para que o professor de educação física consiga interceder nas situações de divergências, é necessário ir além da relação entre a sabedoria e domínio do poder, e enfatizar o diálogo como medida de conscientização.  A afetividade e o compromisso por parte do professor é fundamental para que se obtenha o bem estar do aluno.

No contexto educacional, o profissional de Educação Física tem um papel relevante. Tânia Netto:

A linguagem corporal/não verbal dos alunos é importante no sentido de observarmos alguns fatos, tais como: violência corporal nas atividades e jogos, olhares e risadas desqualificantes, intimidatórias e ridicularizantes; exclusões intencionais (exaltação do erro, não passar a bola, ignorar na escolha das equipes, distanciamento físico de alguns alunos etc.); provocações corporais (tapas, empurrões, esbarrões, assédios); dentre outros. As reclamações dos alunos também são de suma importância para detectarmos a presença de bullying (Revista EF. 2010).

O profissional de educação física deve saber como repassar seu conhecimento através de procedimentos e meios que auxiliem o aluno na construção dos valores e no próprio desenvolvimento, mas para isso, o professor deve observar e entender a limitação do aluno, enxergando o potencial e ajudando no descobrimento de estratégias mais eficazes para a aprendizagem.

“A educação física é uma disciplina que não tem sido poupada pelas manifestações de violência e as brigas geralmente começam por motivos banais, como uma discussão por causa de uma rixa desportiva. No Rio de Janeiro, um triste exemplo a lembrar é o do estudante de classe média que, na saída de um jogo de um campeonato intercolegial de futebol, sacou uma arma e descarregou-a contra seus ex-colegas do colégio em que estudara e que o provocavam. Mais recentemente, em São Paulo, um estudante de 15 anos matou um colega dando prosseguimento a um desentendimento que começou durante a aula de educação física [...]” (Faria Junior e Faria, 1999: 376).

O docente de educação física é o maior responsável pelo seu ambiente de aprendizagem e por tudo que acontece, deste modo, ele precisa fazer com que esse espaço se torne mais propício para o aluno absorver todo o conhecimento repassado, oferecendo-lhe novas descobertas. Ele é quem detém o conhecimento, aquele que promove o saber. O professor deve incluir todos os alunos em sua aula, explicando e exemplificando a atividade para que todos compreendam e executem da maneira correta. Se o professor perceber que existem casos de bullying durante as aulas de Educação Física, deve agir para tentar solucionar e prevenir futuros casos, através de uma conversa amigável com todos os envolvidos, e logo após fazer com que interajam durante alguma atividade, visto que é a partir da convivência que os alunos começam a se conhecer e a respeitar as diferenças.

Nas das aulas de educação física, os professores precisam ficar atentos a brincadeiras que para muitos são provenientes da idade, no entanto, não são apenas brincadeiras sadias, são atitudes derivadas da ação do bullying. O professor precisa utilizar da educação física como método de ensinar a ética, espirito esportivo, companheirismo, disciplina, a coletividade e a união de todos, independentemente das diferenças que cada aluno apresenta. Sendo assim, a educação física pode desencadear uma enorme contribuição na diminuição e prevenção do bullying que vem sendo praticado dentro das salas de aula, pátio de recreio, portões da escola, no início e final das aulas e também nas atividades práticas na quadra de esportes, onde estão todos reunidos para um momento de lazer e descontração.

A educação física e os profissionais da área devem interagir com seus alunos para que possam contribuir com a prevenção e minimização do fenômeno bullying e suas possíveis consequências. Sabe-se que o bullying é um ato de violência, preconceito e discriminação que gera efeitos negativos para a vítima, que se sente menosprezada, excluída do meio em que a mesma faz parte. Essa exclusão se dá por conta da fragilidade da vítima/alvo, seu porte físico como um todo, cor, opção sexual ou religiosidade.  Em cima disso, os professores dentro da aula de educação física devem agir e intervir com ações e medidas favoráveis para socialização afetiva e harmoniosa por parte dos alunos.

A função do professor é a de passar seus conhecimentos para os alunos, ensinar valores, mostrar o que é correto, não somente dentro da vida escolar, mas sim cotidianamente. O professor também tem o papel de diagnosticar possíveis problemas que seus alunos possam estar enfrentando, seja na própria escola ou até mesmo no contexto familiar. É necessário que o professor busque interagir com pais e alunos, pois é através do diálogo que conseguimos entender o que se passa, e isso facilitará na descoberta e na solução de possíveis dificuldades encaradas pela família ou até mesmo pelo próprio aluno. Sendo assim, o professor apresentará maneiras de como intervir positivamente na vida do aluno, mas para isso é necessário que haja cooperação entre pais, alunos e professores, a comunidade escolar em geral. Desse modo o aluno passará a ter mais confiança em seus professores e terão como encontrar caminhos para a solução e superação de todas as dificuldades e problemas que surgiram ou ainda estão por surgir.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fenômeno bullying é um problema que certamente não terá fim, no entanto, poderá ser prevenido, moderado se diagnosticado precocemente dentro das relações sociais entre os alunos. Sua amenização ajudará na construção de uma sociedade mais fraterna e tolerante, onde todos poderão viver com a diferença ou indiferença de cada um, sem que haja exclusão ou falta de aceitação, mas para que isso ocorra é indispensável que se inicie dentro da escola uma prática de intervenção e prevenção das agressões originárias do bullying.

Para que haja maior interação entre professores, pais e alunos, o que reduz a possibilidade de ocorrência do bullying, propõe-se com uma intervenção na escola, uma efetiva prevenção deste tipo de violência, implantando-se uma política antibullying, onde todos contribuam para que este problema seja cada vez mais discutido pelo grande público. Portanto é necessária a cooperação de toda a sociedade, sobretudo: pais, alunos, professores, funcionários, enfim, todos que estão diretamente ligados com o contexto escolar para que o problema seja efetivamente controlado.

Os resultados desse estudo mostraram a importância do papel dos professores de educação física no enfrentamento do fenômeno bullying no ambiente escolar e que os mesmos devem estar preparados para intervir nos atos que envolvem o bullying.

ABSTRACT

The Bullying is a world-wide problem that is characterized by offensive and repetitive behavior. The Bullying school is a type of violence that always occurred, but only studied in recent years. The aim of this work is to point the importance of the professor of Physical Education, as instrument of combat, prevention and minimization of the violence in schools, beyond showing as bullying has reached the school environment, and as the relation between pupil and professor can help in the confrontation of the violence form most frequent, the bullying. The used methodology was exploratória research, of qualitative nature, having as it collects of data searches documental and as theoretical referencial the authors, VENTURA, Alexandre (2011) and FANTE, Cléo (2011).  The present study it approached the problematic of bullying in the school scope, with the aim to argue, if the professors are prepared to intervene in the occurrences of bullying. The results of this study had shown in the area of the physical education, have few indications of the existence of educational programs directed to the identification, prevention and control of bullying, for this reason, becomes the necessary that the professor develops prevention strategies and searchs information and qualifications to be prepared to intervene in the acts that involve it bullying em its lessons.

Keywords: Bullying. School Violence. Physical Education. Effects of the Bullying

 

 

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