BULLYING: características e consequências na turma do 6º ano...

Por Ronnie Robson Teixeira da Silva | 03/12/2016 | Educação

BULLYING: características e consequências na turma do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Jerusalém do Pau-Mulato.

 

RESUMO

 

Objetivando analisar as características e consequências do bullying na escola campo, local onde este estudo foi organizado. Nesse contexto, o bullying é visto dentro de uma perspectiva que visa priorizar a análise do fenômeno para que sejam realizadas intervenções pedagógicas que minimizem ao máximo a prática estudada. Ao mesmo tempo em que o fenômeno era reconhecido no sentido mais amplo da palavra, foram evidenciados conceitos do fenômeno e a sua posterior inserção na realidade estudada. Partiu-se então, de um conceito geral amplamente divulgado do fenômeno e assim foi inserido na escola campo. A metodologia foi uma pesquisa de campo quantitativa e qualitativa com perguntas abertas e fechadas, fundamentada por uma pesquisa bibliográfica de vários autores, resultando na certeza que medidas efetivas de combate ao bullying devem ser tomadas para que as relações interpessoais sejam priorizadas no ambiente escolar, de modo que, respeitando as diferenças, os agentes causadores do bullying, passem a ser protagonistas no combate ao fenômeno.

 

 

INTRODUÇÃO

É dentro do espaço escolar que a violência, conhecida como bullying, se revela. Mas, é prioritário compreender a violência em sentido amplo, para então, trazer à realidade escolar o fenômeno bullying. Segundo Michaud, violência é:

[...] “Violência vem do latim violentia, que significa violência, caráter violento ou bravio, força. O verbo violare significa tratar com violência, profanar, transgredir. Tais termos devem referidos a vis que quer dizer força, vigor, potência, violência, emprego de força física, mas também quantidade, abundância, essência ou caráter essencial de uma coisa” [...]. (2001, p.8).

Apesar de ser uma definição etimológica, é bastante coerente e expressa exatamente a essência do fenômeno bullying quando utilizado para se entender o comportamento violento no ambiente escolar. Ressaltamos que o fenômeno bullying vem sendo discutido recentemente, porém, não devemos esquecer que a própria escola como conhecemos hoje, é uma invenção recente. Considerando que somente no Século XII, na Europa, surgiram escolas nos moldes que conhecemos atualmente, com crianças nas carteiras enfileiradas e professores ministrando aulas. Eram instituições mantidas pela Igreja Católica e ensinavam, não só aos nobres e seus descendentes, mas também aos que eram conhecidos como menos privilegiados. Esse modelo perdura até hoje, havia uma disciplina ferrenha, que repassava conteúdos básicos necessários para ter-se um avanço intelectual, mas limitava a expressão de sentimentos e ideias que não estivessem de acordo com as regras rígidas impostas pela Igreja Católica, e por mais que houvesse todo tipo de discriminação e violência, essa, muitas vezes é descrita como um comportamento normal na relação aluno/aluno e aluno/professor.

Então, o objetivo do ensino é sistematizar o saber acumulado pela humanidade e repassá-lo às gerações futuras.

A escola, como instituição de transmissão de conhecimento, é um ambiente que os mais variados tipos de seres humanos frequentam, surgindo no campo educacional a palavra adversidade, porém, nem todos estão alinhados ao objetivo principal de adquirir conhecimento para participar da evolução de toda a coletividade, ou no caso dos professores, de serem os responsáveis pela transmissão, de modo sistematizado e adequado do conhecimento, como já afirma Paulo Freire: “O professor além de ensinar, passa a aprender e o aluno, além de aprender, passa a ensinar”.(Freire, apud Becker, 1994).

Em virtude dos fatos expostos, fica evidente, que o bullying é, portanto, um fenômeno moderno, e como tal, é a geração atual que deve compreendê-lo, analisá-lo e combatê-lo. Fante afirma que:

A tradução literal do termo bullying significa ameaçar, intimidar, dar trote, fanfarronar e bravatear. Como não existe na língua portuguesa uma palavra capaz de expressar as situações de bullying, as seguintes ações podem estar relacionadas a esta prática: colocar apelidos pejorativos, ofender, zoar, encarnar, intimidar, tiranizar, assediar, amedrontar, discriminar e agredir. (FANTE, 2005)

O significado literal da palavra bullying, não retrata exatamente o que é sofrer ou praticar o bullying. Não podemos esquecer que não é de hoje que agressões verbais, como por exemplo, apelidos pejorativos acontecem nas escolas ou na nossa vivência cotidiana.

Neste artigo investigamos o fenômeno Bullying: Suas características e as consequências em uma turma do 6º ano da escola campo. Observamos notadamente que a prática do bullying não difere em sua essência daquela ocorrida em grandes centros urbanos, tornando o tema fascinante na medida em que as questões feitas anteriormente vão sendo esclarecidas.

A escolha deste tema justifica-se pela presença do fenômeno bullying observado na escola campo, havendo a necessidade de investigar os fatores que influenciam as crianças a se utilizarem de práticas ofensivas verbais e até mesmo físicas, juntamente com a necessidade de aprofundar, analisar, verificar e vivenciar as causas e consequências, além de encontrar formas de amenizar tais práticas, após a leitura de vários artigos, alguns livros e comunicação audiovisual. Estatisticamente, segundo reportagem intitulada “Bullying – Combates às agressões devem ser Constantes”, da revista Nova Escola (Setembro de 2011), reportagem de Camila Camilo e Mariana Queen o índice da prática deste fenômeno nas regiões brasileiras está dividido da seguinte forma:

NORTE: 6,2%

CENTRO-OESTE: 11,7%

NORDESTE: 5,4%

SUDESTE: 15,5%

SUL: 8,4%

O resultado da reportagem da revista citada acima, em forma de percentual, foi feito através de uma pesquisa de forma aleatória e não especificamente com todas as escolas de cada região. A mesma foi aplicada no contingente escolar de cada região.

Porém, neste estudo o objetivo é analisar as características e consequências do Bullying na referida turma e escola, assim como, investigar a influência e a interferência familiar na prática do bullying; questionar qual o preparo do profissional para reconhecer e combater a prática do bullying; além de identificar o que leva a criança e ao adolescente a praticar a violência (verbal, física e psicológica) no âmbito escolar. Segundo Resende & Soares:

A educação voltada para a formação da cidadania dos alunos deve ser crítica ao modelo que reproduz [...] “a marginalização, os estereótipos, a individualidade, a competição discriminatória, a intolerância com as diferenças, dentre outros valores que reforçam as desigualdades, o autoritarismo, [...]” (RESENDE & SOARES, 1997, P.33).

Nessa perspectiva, devem ser combatidas as formas de violência que demonstrem as reais facetas do que é irracional, enfraquecendo todo tipo de comportamento, onde haja um ou mais indivíduos que sofram às consequências da força malévola, que pode ser psicológica ou física com a prática de Bullying.Deve-se então, incentivar a promoção do ser humano, através de campanhas, onde a fraternidade deve estar acima de princípios políticos e realizar práticas metodológicas com atividades que fortaleçam as relações interpessoais e intrapessoais, que conduzirão à prática do companheirismo, fortalecendo valores éticos familiares, considerando que a família deve estar atenta a todo tipo de mudança comportamental em seus filhos, contribuindo para a prática de atividades solidárias como: Palestras sócioeducativas, campanhas contra vandalismo, entre outras.

Portanto, na escola é que se deve praticar o companheirismo, mas, os valores reais, devem vir de casa, pois, a família deve estar atenta a todo tipo de mudança comportamental em seus filhos.

Então, estudar métodos e medidas para fortalecer os laços de harmonia deve estar sempre presente na sala de aula e nos lares e não somente quando acontecem atos provocados por bulhes, pois, sem passar a verdadeira realidade e noção do fenômeno aos educandos, os valores éticos, responsáveis de confraternização mútua, são o mesmo que se omitir diante da violência nas escolas. Miller enfatiza:

[...] Comecei a perceber que as campainhas e o confinamento, as sequências sem sentido, a segregação etária, a falta de privacidade, a vigilância constante e todo o resto do currículo nacional e do sistema escolar foram planejados como se alguém tivesse decidido fazer tudo para que as crianças não aprendessem a pensar e agir a fim de torná-las dependentes. (MILLER, 1998).

A escola ao planejar ações, não leva em consideração o conhecimento prévio de seus alunos, promovendo mudanças de atitudes e comportamentais que impulsionem a prática do respeito às diversidades e opiniões de colegas e professores. 

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 

O método de pesquisa escolhido para direcionar o artigo foi discussão e argumentação lógica, por que ele entra em nossa realidade com sua ação mútua, a qual ocorre, no meio em que vivemos e nas mudanças que nele acontecem. A pesquisa terá uma abordagem quantitativa e qualitativa, uma vez que o objetivo desta pesquisa consiste em obter informações objetivas sobre as características e consequências relacionadas ao tema: Bullying: características e consequências na Escola Estadual Jerusalém do Pau-Mulato, no município de Itaubal, Estado do Amapá.

Na primeira etapa, foi feita uma pesquisa bibliográfica aprofundada necessária para aprimorar o método de interpretação que norteará os demais procedimentos. Neste sentido, a pesquisa será orientada por uma perspectiva de analise que reconhece a importância dos alunos, professores e pais no combate à prática do Bullying.

No segundo momento, foi realizada uma pesquisa de campo com levantamento e a sistematização de informações e dados através de questionários com perguntas abertas e fechadas, qualitativas e quantitativas, sobre o fenômeno bullying, direcionado aos pais, discentes e docentes da escola campo.

Feita a coleta dessas informações, as mesmas serão organizadas e sistematizadas e, juntamente com as leituras teóricas já analisadas, será feita a interpretação coerente acerca do fenômeno bullying, e posterior elaboração e complementação do artigo. Segundo Lakatos (2008, p. 110).

Métodos de procedimentos constituem etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos menos abstratos. Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular. Nas ciências sociais, os principais métodos de procedimento são: histórico, comparativo, monográfico, estatístico, tipológico, funcionalista, estruturalista e etnográfico. (LAKATOS, 2008)

Estas etapas demonstram a importância de uma pesquisa de campo baseada em procedimentos, onde vão orientar os pesquisadores para alcançar resultados e concluir suas hipóteses. A pesquisa de campo utilizada neste artigo tem métodos de procedimentos como: histórico, comparativo e estatístico.

Na escola funcionam as séries iniciais do 1º ao 5º ano no turno matutino, e 6º ao 9º ano no turno vespertino. A pesquisa foi elaborada com o 6º ano do Ensino Fundamental, pois, além da diversidade de alunos é a série em que mais constatamos casos de bullying. Mais uma consideração é que estes adolescentes estão chegando das séries iniciais e, a relação entre eles não é tão intensa, além de que, pela primeira vez são vários professores que atuam, não havendo uma figura central que catalise as atenções, o que ocorria até o 5º ano do Fundamental I.

[...]

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