Bulling
Por Jomar Alves | 14/04/2011 | FilosofiaTanto se fala nesta palavra bullying e muitas pessoas talvez não saibam o que ela significa e representa. Diante dos últimos acontecimentos, principalmente da Chacina de Realengo, como ficou conhecido o assassinato de crianças na escola do Rio de Janeiro na primeira semana de Abril deste ano, se faz necessária uma campanha mais acirrada para a formação de opinião contrária a este ato e para um trabalho que precisa ser começado no seio da família.
Bulling é uma palavra inglesa utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo - bully ou "valentão"- ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo ou grupo de indivíduos incapaz (es) de se defender.
Este tipo de violência, agressão/humilhação ocorre geralmente na escola, mas a sociedade de um modo geral se envolve na questão, pois o ser humano não é uma ilha. O porto seguro de uma criança ou de um jovem é o lar e é no lar que muitas violências desse tipo acontecem que vai se refletir na escola.
Mesmo tendo a família como pilar da formação da criança, que se tornará o adulto espelhado na relação em que foi criada, esta pode ser o tom destoante na educação perfeita da criança. Uma realidade vista nas famílias brasileiras, principalmente nas de baixa renda, mas não isenta de famílias bem estruturadas sócio-economicamente, é chamado por psicólogos de Violência Psicológica, o Bulling Psicológico, a que muitas crianças vivenciam, sofrem e carregam para o meio escolar, refletindo em baixo rendimento e possíveis reações violentas ou de afastamento social.
A violência psicológica contra a criança por vezes acontece sem que os próprios familiares se dêm conta. É comum os pais fazerem comparação entre as notas dos filhos, "a do fulano é melhor que a sua, você não fica com vergonha?" ou "o fulano merece porque ele estuda e você só me dá problema", assim o psicológico do "outro" vai levando e armazenando estas observações e acarretando prejuízos na auto-estima do indivíduo. Reflete no seu comportamento social.
A violência psicológica é uma relação de poder desigual entre adultos dotados de autoridade e crianças e adolescentes que se julgam dominantes sobre os dominados. Esse poder é exercido através de atitudes de mando arbitrário encontrado no seio da família, da sociedade e também escolar, é o típico "obedeça porque eu quero", de agressões verbais, de chantagens, de regras excessivas, de ameaças, humilhações, desvalorização, desqualificação, rejeição, isolamento, exigência de comportamentos éticos inadequados ou acima das capacidades e de exploração econômica ou sexual que muito se vê nas beiradas de estradas.
Na escola a violência é mais declarada, mas é um ambiente em que pode ser controlada e erradicada com o esforço de todos. Professores já se mobilizam nesse aspecto, infelizmente do início do século XXI para cá, muito recentemente e graças ao destaque da mídia sobre o assunto nos últimos anos.
O caso de Realengo não é o único, é o mais violento sem dúvida, mas não é caso isolado. As palavras ditas com sarcasmo ou indiferença, uma observação mal colocada, uma brincadeira de mau gosto, piadinhas soltas que degradam podem e são consideradas Buling. No entanto quando isso acontece em casa, na sociedade de um modo geral e principalmente em sala de aulas é hora da correção. Se o professor ou outros mesmo acham graça dessa situação estão colaborando para que continuem essas violências psicológicas danosas. O individuo agredido precisa de amparo, precisa sentir que não é desprezado ou motivo de chacota dos outros. Ação simples e de resultado imenso. Os pais precisam estar atentos ao que falam e com as comparações que nada ajudam. Troquem tais observações por incentivo e abrirão uma perspectiva melhor para os filhos. É disso que precisam e não de alguém que sempre critica.